sábado, 12 de março de 2011

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 97


Continuação do estudo das jornadas no deserto, que o Senhor fale aos nossos corações por meio da Sua Palavra.

19ª Estação – Queelata (parte 07)

TEXTO: Números 16:12-18


Vamos dar prosseguimento ao assunto que estamos estudando em Números 16, sobre a 19ª estação da peregrinação do povo de Israel pelo deserto, Queelata, também citada em Números 33:22.
Sabemos, pelos textos lidos em Números 16, que Datã, Coré e Abirão e mais 250 pessoas se levantaram contra a autoridade de Deus na vida de Moisés e Arão. Vimos, segundo a Palavra do Senhor, que esse episódio acontece no contexto em que eles estão retrocedendo, após terem desobedecido à voz de Deus, agindo com incredulidade. Quando o Senhor mandou que espiassem a terra e logo em seguida entrassem nela, eles se recusaram porque a incredulidade tomou conta dos seus corações. Agora, nós vemos este episódio triste que acontece aqui em Números 16: a rebelião de Datã, Coré e Abirão. Judas, no capítulo 1, chama isso de “a contradição de Coré”.
Nós precisamos atentar para tudo isso. Há um detalhe que devemos aprender quando a autoridade de Deus está sendo questionada na vida de Moisés e Arão, aqui no capítulo 16. Essa autoridade questionada constitui-se em algo muito sério, e o princípio que vemos aqui na vida de Moisés e Arão é que eles não defenderam essa autoridade. Isso porque, quando a autoridade de Deus é questionada na vida daqueles a quem Ele chama, é Deus quem age. E você vai ver aqui em Números 16 que Deus vem agir não apenas com o propósito de expor aqueles homens que estão sendo reprovados por causa da conduta, mas também de manifestar aqueles que são aprovados diante dEle.
O apóstolo Paulo, escrevendo aos irmãos em 1 Coríntios 11:18 e 19, diz assim:

“18 Pois antes de tudo, quando vos congregais na igreja (isto é, como igreja), ouço dizer que existem divisões entre vós; e em parte o creio. 19 Pois é necessário que haja facções entre vós, para que os aprovados entre vós se tornem manifestos.”

Não é que Paulo está dizendo que isso é uma coisa importante, uma coisa vital. Não! Mas já que há divisões, facções, entre o povo de Deus, e é isso que ele está dizendo, nesse momento de divisão, de facção, uma coisa que se nota são os aprovados. E essa é a parte final do versículo 19: “para que os aprovados entre vós se tornem manifestos”. Sempre que surge divisão no meio do povo de Deus nossa tendência é sempre olhar o aspecto negativo, mas Paulo nos exorta a olhar para o aspecto positivo. E você precisa ter discernimento para saber onde é que estão os aprovados. Em nenhum lugar a Bíblia exalta essa questão, ou mesmo trata disso como algo natural na vida da igreja – e não é isso que Paulo está dizendo aqui. Mas, quando surge esse tipo de comportamento, de manifestação no meio do povo de Deus, uma coisa que nós temos que entender, é que temos que olhar não simplesmente a facção, a divisão em si, mas onde estão os aprovados, porque isso vai ajudar-nos a compreender o mover de Deus. Veja que, voltando um pouco, em Romanos 16 e 17, Paulo diz assim:

“17 E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles.”

Então, precisamos ter discernimento, porque hoje em dia há divisões entre os filhos de Deus, porque temos visto hoje que os homens têm procurado dividir a igreja, o corpo de Cristo, em diferentes organizações, pontos de vista, conceitos. Alguns gostam de dar preferência a certa doutrina em detrimento de outras. Mas eu e você precisamos considerar que aos olhos de Deus a igreja é indissolúvel. Todas essas diferenças são exclusivamente externas, não são diferenças da realidade intrínseca da igreja. Eu e você temos que saber que a igreja é a composição de todos os santos em Cristo, é o corpo de Cristo, é Cristo incorporado. Quando todos os santos unirem-se em Cristo, teremos a realidade da vida da igreja, a expressão clara daquilo que é a igreja.
No tempo presente, na nossa realidade contextual, temos visto muitas divisões, porque os cristãos vivem na esfera incorreta – isso é muito grave. Os cristãos não vivem na nova criação em realidade no corpo de Cristo. Muitos vivem em superficialidade de doutrinas, os quais pertencem unicamente aos aspectos humanos, às atitudes humanas, condutas humanas, à vida natural dos homens. Se cada cristão estivesse disposto a abandonar comportamentos humanos, atitudes humanas, que muitas vezes tendem a se mesclar com a verdadeira doutrina daquilo que é a vida da igreja, se os cristãos estivessem dispostos a viver unicamente a realidade da doutrina daquilo que Cristo nos deixou por meio dos seus apóstolos, teríamos a realidade viva da igreja. Não haveria mais lugar para as divisões. Que o Senhor tenha misericórdia de nós, de forma que possamos hoje almejar a realidade da vida do corpo de Cristo.
O corpo de Cristo é o vaso corporativo que completa o próprio Cristo. Sabemos que Cristo é completo em si mesmo na sua divindade, mas desde que Ele assumiu a humanidade, desde que entrou no processo maravilhoso e místico da encarnação, fazendo-Se carne, fazendo-Se homem como nós, temos essa realidade da igreja, do corpo de Cristo, que completa o próprio Cristo. Nesse sentido, podemos ler aquele versículo que está em Gênesis 2:18:

“(...) não é bom que o homem esteja só (...).”

Nós sabemos que Adão é uma figura de Cristo e que aquela mulher de Gênesis 2 é uma figura da igreja gloriosa que completa Cristo. Ao ler Efésios 1:22 e 23 vamos ver que a igreja é o corpo de Cristo, a qual é a Sua plenitude. A palavra plenitude é “pleroma”, aquilo que preenche, aquilo que completa. Você entende isso? A igreja é esse pleroma, ela completa Cristo e também é cheia de Cristo. Deus quer um vaso corporativo, não um vaso individual. Não é questão de escolher um cristão que tem zelo, um cristão que seja consagrado de forma que esse cristão venha trabalhar num nível individual. Não! Esse não é o propósito de Deus. Os vasos individuais não podem completar o próprio Cristo, não podem completar o plano de Deus. Ele escolheu a igreja. A igreja é a meta de Deus. Somente a igreja, que é o Cristo corporativo, pode alcançar a meta de Deus e completar o plano de Deus. Lembram o que Paulo diz em Efésios 5:32?

“Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja”

Temos que entender que na Bíblia nós encontramos os vários mistérios, mas, do ponto de vista do supremo e eterno propósito de Deus, vamos encontrar dois grandes mistérios. O primeiro mistério está em Efésios 3, a partir do versículo 3, e é denominado de o Mistério de Cristo. E quando você estuda esse capítulo, descobre que esse mistério é a igreja. Mas lá em Colossenses 2 nós vamos ver um outro mistério, denominado de o Mistério de Deus. Quando você estuda esse capítulo, descobre que esse mistério de Deus é Cristo. Então, o mistério de Cristo é a igreja, e o mistério de Deus é Cristo. Esses são os dois mistérios universais. A Palavra de Deus não diz que a igreja é como o corpo de Cristo, a Palavra de Deus diz que a igreja é o corpo de Cristo. Qualquer coisa que negar exteriormente essa realidade não condiz com a Palavra de Deus. Podemos olhar para a Bíblia e ver que essa é a grande e suprema revelação que nós precisamos obter. Por falta de compreensão dessa verdade acerca do corpo de Cristo é que muitas divisões surgem, é que alguns homens acham que podem buscar preeminência como fizeram Coré, Datã e Abirão. Muitos gostam de ter uma posição exaltada no meio do Povo de Deus, mas no meio do Povo de Deus somente Cristo deve ter uma posição exaltada. Talvez você não veja uma rebelião nesse tipo de situação, mas quando as pessoas gostam de ser chamadas de reverendos pelo povo de Deus, temos uma rebelião direta a Deus. Como se fossem pessoas dignas de reverência! Ora meus amados irmãos e irmãs, essa é uma rebelião aberta, porque esse tipo de comportamento contradiz a Palavra de Deus. Somente Cristo deve ser reverenciado na igreja. É lógico que nós respeitamos uns aos outros, é lógico que nós precisamos reconhecer a unção de Cristo na vida daqueles que ele chamou para o santo encargo do ministério, mas isso não significa que essas pessoas sejam como uma classe, como os nicolaítas que vemos em Apocalipse, tanto na igreja de Éfeso quanto na igreja de Pérgamo.
Primeiro vemos um comportamento, depois um ensinamento. Na igreja de Éfeso, Apocalipse 2, nós temos um comportamento, mas em Pérgamo temos um ensinamento, pois o comportamento virou doutrina, uma prática. Esse tipo de comportamento deve ser banido do meio do povo de Deus. Os ministros e os ministérios no corpo de Deus estão para servir, para suprir, para se doar, para permitir que Cristo, o Pastor, que Cristo, o Profeta, que Cristo, o Evangelista, que Cristo, o Mestre, que Cristo, o Apóstolo, seja ministrado, derramado, na vida daqueles os quais Ele escolheu, e também fluir por meio deles, para edificar, para levar-nos ao desempenho do ministério, da vocação de cada membro desse corpo; para levar-nos à perfeita estatura da medida de Cristo em cada um de nós. Leia Efésios 4:11, 12 e 13 e você vai entender claramente essa realidade espiritual. Não há lugar para aqueles que almejam simplesmente posição no meio do povo de Deus, porque todos nós temos que entender que a igreja é edificada, não pela posição de alguns, mas por Cristo através da unção ministerial que nós vemos lá em Efésios 4:11: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres – homens que são dádivas de Deus no corpo de Cristo. Ninguém deve almejar para si aquilo que Cristo não lhe conferiu como dom, por mais que ache que isso é notório. Hoje, para muitos, o ministério tem se tornado uma profissão. A vida adâmica é individualista, é independente, não foi assim que Adão viveu, fez e pecou? Ele viveu uma vida independente de Deus, e todos que em Adão participam da mesma vida. Não existe qualquer comunhão entre eles, porque sempre visam viver uma vida independente. A realidade da vida da igreja não pode ser assim. Precisamos ver isso claramente.
Em Cristo todo individualismo é excluído. Se nós desejamos conhecer a vida do corpo, nós não deveríamos ser libertados somente da nossa vida pecadora, dessa vida natural que tende a nos governar, mas também da vida que tende a suprimir a obra do Espírito, essa vida que tende a agir fora da submissão a Deus. Isso tem que ser algo claro para mim e para você. Todo elemento de individualismo deve desaparecer do meio do povo de Deus, porque se não nunca poderemos viver uma vida conforme o propósito de Deus. Foi nessa perspectiva que Coré, Datã e Abirão fracassaram e esse tipo de comportamento perdura até hoje.
Amados, nós precisamos retornar à prática da vida da igreja, à prática do corpo de Cristo. Você tem que compreender que o corpo de Cristo não é uma doutrina, mas um ambiente. Não é um ensinamento, é vida. Você tem que compreender isso. Quando digo que o corpo de Cristo é um ambiente, não estou falando de quatro paredes, mas do lugar onde eu e você vivemos espiritualmente – nEle, com Ele –, e Ele vive em nós. Essa é a grandiosa doutrina chamada entremesclar – Cristo em nós, nós em Cristo; Ele vivendo a Sua vida em nós e nós vivendo a expressão da vida dEle, vivendo Ele, vivendo para Ele. Essa é a vida do corpo de Cristo e nós não podemos viver outra vida que não seja essa. O contrário disso vai gerar fracasso, derrota, rebelião, engano, mentira – é tudo isso que vai haver entre nós.
Que Deus nos ajude por meio do Seu Espírito Santo a entendermos a nossa mais extrema necessidade de vivermos a realidade do corpo de Cristo. Porque o contrário, meus irmãos e irmãs, será o fracasso da igreja. Talvez possamos não fracassar como organização, como instituição, denominação, mas fracassaremos na realidade da vida do corpo de Cristo; fracassaremos como aqueles que estão aqui nesta terra para sustentarem o Testemunho de Deus, fracassaremos em proclamar o Evangelho genuíno, por tudo aquilo que não tivermos vivido como igreja.
Em João 17:21 o Senhor Jesus, orando aquela maravilhosa oração sacerdotal, disse ao Pai:

“21 para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste.”

Como nós precisamos amar a comunhão da vida do corpo de Cristo, como nós precisamos proclamar a verdade do corpo de Cristo. Não levantar uma bandeira denominacional, com se fosse essa a verdade ou o supremo ícone daquilo que é o corpo de Cristo numa cidade. Não deve haver isso no nosso coração, precisamos considerar uns aos outros como nossos irmãos. Não podemos ser exclusivistas, somos inclusivistas, incluímos todos os irmãos os quais Deus salvou e perdoou lá na Cruz do Calvário. Temos todos que amar uns aos outros. Não temos que colocar barreiras entre nós, temos que destruí-las e olhar uns aos outros e não ver uma placa denominacional, mas ver o sangue de Cristo que nos fez um, porque nesse sangue todas as barreiras da separação caíram e nós somos o povo de Deus, a igreja de Cristo.
Por não compreender isso, pelas raízes que sustentam essa incompreensão, essa heresia que tem dividido tanto o corpo de Cristo, é que nós vemos o inimigo levar tanta vantagem no meio do Povo de Deus – Por causa da nossa cegueira e por causa da nossa ignorância. Meus amados, não podemos viver na ignorância, nem na cegueira espiritual. A Palavra de Deus é clara e nós precisamos permitir que essa Palavra penetre no nosso coração, para que não venhamos incorrer no erro de Coré, Datã e Abirão, para que não venhamos ferir o testemunho de Deus, para que não venhamos viver a vida da igreja sem experimentar a autoridade e o governo de Deus.
Que Deus venha falar poderosamente ao seu coração.

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