segunda-feira, 31 de outubro de 2011

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 123

Por: Luiz Fontes

Taate – 23ª Estação (parte 14)

TEXTOS: Nm 18:20-24; Mt 23:23; 1Co 9:1-14; Rm 7:12; Rm 8:3-4

Tendo já visto alguns aspectos acerca do dízimo, da oferta, e também vendo ainda algo sobre o culto a DEUS, vamos concluir este assunto focando acerca do ensino do SENHOR JESUS, como também de Paulo, sobre dízimo e sobre oferta.

O QUE O SENHOR JESUS FALOU SOBRE O DÍZIMO?

Sabemos que a única menção sobre dízimo, feita pelo SENHOR JESUS, está em Mateus 23. Nesse texto encontramos a única menção do dizimo em forma específica feita pelo SENHOR JESUS. Em Mateus capítulo 23.23, diz assim:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!.

· “hortelã” - um tipo de pequena erva odorífera usada pelos judeus para espalhar sobre as eiras de suas casas e sinagogas;

· “endro” - uma planta usada como um tempero e para medicina.

· O que o SENHOR está falando é que aqueles escribas, que eram os copistas e intérpretes da Lei, e os fariseus, os que seguiam rigorosamente a Lei, eram fiéis no tocante ao dízimo; davam os dízimos das mínimas coisas, embora, negligenciassem a “justiça, a misericórdia e a fé”.

O SENHOR não reprovou os dízimos da hortelã, do endro e do cominho”. O texto é claro. O que o SENHOR está dizendo é que eles, embora fossem fieis na entrega dos dízimos, mesmo nas mínimas coisas, não poderiam negligenciar a “justiça, a misericórdia e a fé”. Porque uma coisa estava ligada a outra. Olhem o que o SENHOR JESUS diz: devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!. Eles deviam entregar o dízimo, mas não poderiam omitir a misericórdia, a justiça e a fé.

Nunca devemos dizimar com o espírito legalista dos fariseus, e sim, entregar com um espírito voluntário, devotando nossa gratidão e louvor a DEUS por tudo que Ele é. Devemos ser generosos, cheios de justiça e fé, porque sem fé é impossível agradar a DEUS (Hb 11.6). O dízimo é uma entrega de adoração, uma entrega que fazemos a DEUS, e devemos fazer com fé. Não podemos dizimar debaixo de uma opressão, devemos dizimar como Abraão, espontaneamente. É isso que agrada a DEUS. E isso exalta ao SENHOR.

Esse foi o ensino do SENHOR JESUS. Nessa menção nós podemos ver um princípio muito claro, estabelecido pelo nosso SENHOR. E quando consideramos os escritos de Paulo, vemos que ele foca a mesma linha – agora, em outro aspecto, daquele que vemos em Números 18.

QUAL ERA O ENSINO DE PAULO SOBRE O DÍZIMO

Quando Paulo escreve aos irmãos em Corinto, no capítulo 9 e os versículos 1 e 2, ele diz:

“Não sou eu, porventura, livre? Não sou apóstolo? Não vi JESUS, nosso Senhor? Acaso, não sois fruto do meu trabalho no Senhor? Se não sou apóstolo para outrem, certamente, o sou para vós outros; porque vós sois o selo do meu apostolado no SENHOR”.

Todos que conhecem essa epístola sabem que Paulo escreveu esse capítulo por causa das acusações que alguns faziam em relação a sua pessoa. Algumas pessoas estavam censurando o ministério de Paulo com falsas acusações. Acusavam tanto a sua pessoa, quanto o seu ministério.

De uma maneira muito clara, Paulo está estabelecendo, pela direção do ESPÍRITO SANTO em seu espírito, o direito daqueles que servem integralmente no ministério. Ninguém pode abusar do direito ministerial para aproveitar, ter vantagens sobre os irmãos, achando que o ministério é um cabide de emprego. De modo algum o ministério deve ser um cabide de emprego. Nada disso.

Agora vamos ler a sequência dos textos, versículos 3-5:

“3 A minha defesa perante os que me interpelam é esta: 4 não temos nós o direito de comer e beber? 5 E também o de fazer-nos acompanhar de uma mulher irmã [DO {Bíblia Sagrada, traduzida por João Ferreira de Almeida no século XVII (ca. 1680), Edição Revista e Corrigida (1898, 1969). Uma das características da DO (também chamada de RC69) é a linguagem clássica, praticamente erudita. Embora tenha recebido atualizações ortográficas, conserva o estilo e o vocabulário empregados por Almeida ao tempo em que traduziu a Bíblia para o Português} – Nesta versão, DO, que considero muito, talvez a melhor versão em português, essa expressão mulher irmã significa uma crente como esposa. Na versão espanhola, Reina Valéria(RV), está assim: esposa cristã.],

como fazem os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas? 6 Ou somente eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar? 7 Quem jamais vai à guerra à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta um rebanho e não se alimenta do leite do rebanho? 8 Porventura, falo isto como homem ou não o diz também a lei? 9 Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi, quando pisa o trigo. Acaso, é com bois que DEUS se preocupa? 10 Ou é, seguramente, por nós que ele o diz? Certo que é por nós que está escrito; pois o que lavra cumpre fazê-lo com esperança; o que pisa o trigo faça-o na esperança de receber a parte que lhe é devida. 11 Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais? [Não podemos usar disso para exercer abuso no meio dos irmãos. Isso tem que ser lido com temor e reverência]

12 Se outros participam desse direito sobre vós, não o temos nós em maior medida? Entretanto, não usamos desse direito [Vejam que Paulo não usava desse direito];

antes, suportamos tudo, para não criarmos qualquer obstáculo ao evangelho de CRISTO. [Embora fosse um direito, Paulo nunca abusou desse direito para trazer qualquer prejuízo ao Evangelho de CRISTO]

13 Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados do próprio templo se alimentam? E quem serve ao altar do altar tira o seu sustento? 14 Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho.”

Amados irmãos e irmãs, hoje em dia muitos têm abusado do direito ministerial, e isso é reprovado pelo ensino da Bíblia aqui. O que vemos claramente aqui nas palavras de Paulo é que ele está ensinando conforme o mandamento do SENHOR no Livro de Números 18.20-24, que é essa estação, Taate.

O SENHOR disse que Arão e seus filhos não teriam parte na herança da terra que o SENHOR DEUS repartiu para as demais tribos de Israel. O SENHOR disse que Ele mesmo seria para Arão e seus filhos a porção que eles necessitavam.

Nos vv.21 e 24 de Números 18 diz:

“Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da congregação. Porque os dízimos dos filhos de Israel, que apresentam ao SENHOR em oferta, dei-os por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel, nenhuma herança tereis”.

Agora olhem o que Paulo diz em 1 Coríntio 9:14:

Assim ordenou também o SENHOR aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho.

Observem bem esta frase: Assim ordenou também o SENHOR”. Sabemos que esse princípio do sustento do ministério é encontrado claramente nesse capítulo 18 e versículos 20-24 de Números. E sabemos que o Senhor estabeleceu o princípio dos dízimos e das ofertas, da comunhão do Seu corpo e do culto a Ele, e diz que o dízimo é dEle. Ele estabeleceu isso para que houvesse provisão na Sua casa, para que houvesse suprimento para o Seu povo. Nós não podemos fazer “vistas grossas” quanto a isso.

Em João 8.39, o SENHOR JESUS disse: “... Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão”. E foi Abraão o primeiro que entregou o dízimo ao SENHOR.

Segundo os grandes estudiosos da Bíblia, quando Paulo diz: Assim ordenou também (1 Co 9.14), essa expressão, “assim”, é uma referência ao ensino do Antigo Testamento e, a expressão “também”, ao Novo Testamento. A questão do dizimo e a Lei é para muitos uma grande confusão. E isso não pode ocorrer; temos que ter clareza absoluta sobre esse assunto. Temos que entender que o Antigo Testamento é explicado pelo Novo. Não teria nenhum sentido o Novo Testamento sem o Velho Testamento. Não podemos achar que, porque o Antigo Testamento é antigo, não interessa para nós. A Palavra de DEUS é composta do Antigo e do Novo Testamento. Por ser antigo – e essa é uma linguagem humana –, não significa que ele é inadequado. Ele é completamente perfeito.

Portanto, para termos uma ajuda sobre isso, vamos ler Romanos 8:3-4:

“Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez DEUS enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou DEUS, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”.

A Lei não compreendia somente os dez mandamentos. Sabemos que há muitos preceitos nela. Mas Paulo diz: “Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne”. Embora seja perfeita, justa e boa, a Lei era incapaz de aperfeiçoar o homem. O homem, por natureza, por constituição, é adâmico. O termo “carne” aqui nesse texto é o que podemos ver por toda essa epístola. A expressão “carne” ocorre 21 vezes nessa epístola, e em todas elas descreve a natureza humana caída. O problema não é a Lei, e sim a natureza adâmica caída.

Então, sabemos que o dizimo é espiritual, voluntário, nascido de um coração puro; que ninguém se sinta obrigado, ou mesmo constrangido para entregar a DEUS. É algo voluntário, algo que faz parte do nosso relacionamento com DEUS.

O que vemos é que por mais que a Lei seja boa, nós somos incapazes de cumpri-la. Somente um Homem cumpriu a Lei: CRISTO. E se Ele cumpriu a Lei, Ele também deu o dízimo, ele era dizimista. Então, o que foi que DEUS fez? Paulo diz que DEUS enviou Seu Filho “em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou DEUS, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”. Por que DEUS fez isso? Veja o que Paulo ainda diz: “para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”.

Amados, graças a DEUS que somos salvos da ira de DEUS – esse é o aspecto jurídico da nossa redenção. Mas, também, fala que somos salvos pela vida de DEUS – e esse é ao aspecto orgânico da vida de CRISTO em nós. Ser salvos da ira é o aspecto jurídico que nos livra do inferno, mas ser salvos pela vida nos livra de sermos o que éramos em Adão. Vejam que Paulo diz: “para que a justiça da lei se cumprisse em nós” (v.4).

Em Romanos 7.12 diz: “Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom”. Mesmo sendo tudo isso não pôde alcançar um povo que agradasse a DEUS e que fizesse Sua vontade. Por quê? Por causa da nossa carne.

Agora, mediante a obra de CRISTO, DEUS nos salvou. Mediante a redenção, na cruz, nós fomos salvos e somos o povo de DEUS. E aquilo que a Lei não foi capaz de fazer, DEUS fez em nós por meio de CRISTO JESUS. Ele cumpriu isso em nós. E se Ele cumpriu, agora somos o povo adequado de DEUS. E se somos o povo adequado de DEUS, nós temos que corresponder a DEUS em Suas exigências, em Sua santidade, em Sua justiça, em Sua majestade e glória. Devemos oferecer para Ele um culto que lhe agrada. Devemos entregar para Ele nesse culto as nossas ofertas e os nossos dízimos em louvor à glória do Seu nome. Porque este é um ato de fé, e sem fé é impossível agradar a DEUS. Sem fé é impossível cultuá-lO, por isso deve haver em nós essa generosidade. Não podemos ter apego a coisas que nos afastam do SENHOR. Nós não podemos ter um coração preso às nossas circunstâncias, aos nossos valores. Temos que entender que a nossa vida é uma vida relacional.

Hoje, alguns têm tomado isso ao extremo, têm abusado da Palavra de DEUS para produzir ensinos errôneos, que ferem o caráter cristão. Nós necessitamos ser corrigidos, precisamos viver adequadamente, conforme a vontade de DEUS, conforme o Seu plano e o Seu querer. Do contrário, digo para vocês, nunca chegaremos ao padrão de DEUS, nunca poderemos viver o Evangelho de acordo com o caráter de DEUS.

Que DEUS, de uma forma maravilhosa, fale ao seu coração e lhe abençoe através dessa Palavra.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 122

Taate – 23ª Estação (parte 13)

Por: Luiz Fontes

TEXTOS: Jo 4:22; Hb 12:28-29; Gns 4:3-5; Hb 11:4

AS CARACTERÍSTICAS DO VERDADEIRO CULTO A DEUS (continuação)

Vamos dar continuidade a esta 23ª Estação, Taate, tendo já estudado alguns aspectos do culto, de como nós devemos nos aproximar de Deus para adorá-lo, para servi-lO com os nossos louvores, com as nossas ofertas, com tudo o que temos colocado diante dEle.

COMO PODEMOS APROXIMAR DE DEUS?

Um ponto importante é que somente por intermédio do nome do nosso Senhor Jesus Cristo, somente por meio do Seu sangue, de Sua justiça, é que nós podemos entrar com confiança, resultante reverência e piedoso temor diante de Deus. Nós sabemos que o Senhor Jesus foi o modelo para nós de um culto ao Pai. Quando orou ao Pai, Ele se ajoelhou na presença do Pai. Como poderíamos dizer, se alguém deveria ter o direito de ser informal e casual com Deus, essa pessoa era o Senhor Jesus. Mas Ele nunca agiu assim, nunca foi informal, nunca foi casual com o Pai. Ele se prostrava, Ele reverenciava, Ele se submetia ao Pai em todos os assuntos.

Tudo que fazemos ou dizemos tem de ser agradável a Deus, ou seja, o Senhor Deus está ciente até daqueles que no seu íntimo ofertam pequenas moedas. Ele se deleita com a alegria que demonstramos na administração dos nossos talentos e, em tudo o que fazemos, devemos ministrar a Ele em reverência e santo temor. Nosso louvor e oração precisam estar de acordo com a Palavra de Deus, de acordo com o caráter de Deus. A Palavra ministrada, a Palavra pregada, tem de servir ao propósito de Deus, tem que agradar a Deus, porque a mensagem é o aspecto mais importante da adoração. Através da mensagem Deus é expresso, Deus é ministrado.

NÃO É PROPÓSITO DO CULTO AGRADAR OS INCRÉDULOS

Não é propósito do culto, agradar aos incrédulos; não existe qualquer indício de que a Igreja do Senhor Jesus tem um chamado para afagar as emoções dos incrédulos. A reunião da Igreja tem como objetivo absoluto louvar a Deus, exaltar o Seu nome, adorá-lO em espírito e em verdade.

Não temos algo que vai além de Cristo, pois Ele é o nosso alvo na adoração. No culto temos de ser absolutamente claros e unânimes sobre o verdadeiro significado, a característica essencial do verdadeiro culto a Deus: nós nos reunimos para incentivar uns aos outros a vivermos como imitadores de Cristo Jesus, num verdadeiro serviço e culto ao Pai.

NOSSAS PALAVRAS DEVEM SER CHEIAS DE AFEIÇÕES E TEMOR A DEUS

Nossas palavras devem ser cheias de afeições e de temor e de reverência a Deus. Se, quando estamos em Sua santa presença, o estilo e a maneira de nos expressarmos na reunião congregacional do Senhor Jesus é da mesma maneira quando estamos em reuniões sociais, quando estamos diante dos nossos familiares e amigos, ou em qualquer outro lugar, nós falhamos na nossa adoração a Deus. Nós, pessoas salvas e eleitas, segundo a presciência e propósito de Deus, devemos ser sensíveis a esse aspecto fundamental, o culto a Deus. Não que venhamos menosprezar as pessoas incrédulas – não é isso –, mas que essas pessoas, quando estiverem no nosso meio, sintam-se completamente impactadas pela maneira como Deus é reverenciado por nós, pela maneira como o cultuamos.

Não podemos empregar termos vulgares, superficiais no culto a Deus. Nossa adoração tem de ser simples, espiritual, calorosa, reverente, substancial, caracterizada por orações espontâneas, com hinos que expressam a santidade, a grandeza da glória da graça de Deus. Deve haver uma expressão clara do louvor a Deus e não do nosso sucesso, não das nossas necessidades, porque todo culto é para Deus e, nesse aspecto, nós vemos que entra a questão da oferta, a questão dos dízimos, inerentemente ligados a esse assunto do culto a Deus.

A NATUREZA DA OFERTA

Vamos tocar um pouco na questão da oferta. Quando você estuda esse assunto na Bíblia, você vê que a primeira ocorrência dessa palavra está em Gênesis 4:3, onde diz:

3 Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao SENHOR.”

Aqui, pela primeira vez aparece a palavra oferta. Nós sabemos que Deus reivindicou uma oferta de Caim e também de Abel, seu irmão. Esse capítulo 4 de Gênesis nos revela a história de Caim e Abel, os primeiros exemplos do homem mundano e do homem espiritual. Sabemos que os dois nasceram fora do Éden e eram os filhos de um homem caído. Então, não houve nada nas suas condições naturais que os distinguisse um do outro, os dois eram pecadores e haviam herdado uma natureza pecaminosa.

A GRAÇA NÃO É HEREDITÁRIA

Nós temos que saber, amados irmãos e irmãs, que a graça não é hereditária. Adão não pode engendrar fé em Caim e nem em Abel. Sua própria profissão de fé era fruto do amor divino implantado em seu coração pelo poder divino, mas não estava na natureza humana comunicá-la, transmiti-la aos seus descendentes. Somente aquilo que era natural em Adão Ele pode engendrar em seus filhos, nada mais do que isso. Tendo em vista que como pai ele estava em uma condição de ruína, seus filhos tiveram que nascer no mesmo estado.

O QUE DIFERENCIAVA CAIM DE ABEL?

Então, aqui no capítulo 4 o que vemos claramente é que Abel não era diferente de Caim em sua natureza moral. A distinção entre um e outro não teve sua origem na natureza nem em circunstâncias que lhes rodeavam. Agora, como explicar o grande contraste em suas obras? A diferença não estava na natureza desses dois homens, nem na educação que eles receberam, e nem mesmo em outras circunstâncias, se não na natureza das ofertas que eles ofereceram a Deus.

Em Hebreus 11:4 diz assim:

4 Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala”.

Que texto impressionante. Esse texto vai abrir para nós uma revelação muito profunda nesse aspecto. Para um cristão salvo, toda a história de Abel assinala claramente um único modo de aproximar-se de Deus, de relacionar-se com Ele. O que aprendemos com esse texto de Hebreus 11:4 é que a diferença entre Caim e Abel não consistiu no caráter de cada um deles, e sim na oferta que eles ofereceram a Deus. A diferença não estava nos adoradores, e sim no modo de adorar. Isso é muito rico, isso é impressionante.

A Bíblia diz que, Pela fé – ora, o que isso significa? –, “Pela fé Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim”. Nós sabemos que quando Adão e Eva pecaram, eles prepararam aquelas roupas de figueira, aquelas roupas ridículas para cobrirem a nudez e a vergonha que tinham e estavam diante de Deus. Deus preparou peles de animais para cobrir toda aquela vergonha, toda a nudez. O que nós vemos é justamente isso, e Abel ofereceu para Deus um sacrifício que estava fundamentado no princípio da cruz em Deus. Por isso é que ele fez pela fé. Aquele primeiro cordeiro que foi morto e tipificava o Cordeiro de Deus, Cristo Jesus, aquele Cordeiro que João Batista viu e disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, aquele cordeiro que Deus sacrificou, revelava o princípio da cruz. Quando Abel ofereceu para Deus aquele cordeiro, ele ofereceu olhando espiritualmente pela fé para essa cruz, reivindicando o Redentor.

Oh! Irmãos e irmãs, foi olhando para a cruz, com essa visão de cruz. O sacrifício de Abel nos fala até hoje porque ele é o sacrifício que está fundamentado na cruz. Somente aquilo que está fundamentado na cruz pode agradar a Deus. O nosso louvor, a nossa adoração, têm que estar fundamentos na cruz. Sem esse fundamento da cruz jamais poderemos agradar a Deus. Esse foi o diferencial.

A OFERTA DE CAIM ERA O FRUTO DA TERRA

Vamos, pois, examinar as características dessas ofertas. Olhem os versículos 3 a 5 de Gênesis:

3 Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. 4 Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o SENHOR de Abel e de sua oferta; 5 ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante.”

A OFERTA DE CAIM REVELA SUA IGNORÂNCIA EM TRÊS PONTOS IMPORTANTES

Amados, a diferença entre uma e outra oferta era muito clara. Caim ofereceu a Deus o fruto da terra amaldiçoada, não havia sangue derramado na oferta de Caim. O sacrifício de Caim não tinha o elemento da fé. A oferta de Caim mostra a sua ignorância em três pontos importantes:

1) A exigência divina – O que Deus exige no que concerne à oferta é aquilo que está de acordo com o princípio estabelecido por Ele. Toda oferta tinha que ter o elemento do sangue – se é que essa oferta apontava para a cruz de Cristo Jesus, para o fundamento eterno em Deus –, porque a exigência de Deus estava relacionada a Sua Justiça. Tanto Caim quanto Abel eram pecadores. Aquela oferta não tinha que revelar apenas quem eles eram, mas também demonstrar a justiça de Deus e estar de acordo com a exigência divina.

2) O próprio caráter e condição como pecador perdido, condenado, pelo que não tinha nada de si mesmo para oferecer – Caim não tinha que buscar nada que fosse inerente a si mesmo, mas algo que estivesse de acordo com o padrão de Deus.

3) O verdadeiro estado da terra cujo fruto foi oferecido a Deus: a terra estava em maldição – Amados irmãos e irmãs, um pecador não perdoado, que entra na presença de Deus trazendo o seu sacrifício natural, se faz culpado da mais grave presunção diante da majestade e santidade divina.

O SACRIFÍCIO DE ABEL – OS PRIMOGÊNITOS DE SUAS OVELHAS

Veja que o sacrifício que Abel ofereceu a Deus, segundo a Bíblia, foi da primícia e da gordura do seu rebanho. A Bíblia diz que Deus agradou-se de Abel e da sua oferta. Ele não apenas se agradou do que Abel fez, no que diz respeito a sua oferta, mas da pessoa de Abel. Em outras palavras, ele compreendeu a verdade gloriosa de que se havia aberto o caminho até a presença de Deus por meio de um holocausto. Além disso, aprendeu na sua comunhão com Deus que por meio da morte do outro, isto é, de um animal, se cobre o pecado e suas consequências, e se cumpre as exigências do caráter de Deus e sua justiça e santidade mediante a substituição feita por uma vítima a quem deveria receber sobre si uma pena a que ele, pecador, merecia. Esta é a doutrina da cruz, a única que Deus exigia, na qual a consciência do pecador pode encontrar descanso e a única onde Deus é glorificado.

Amados irmãos e irmãs, como isso é impressionante. Como esse princípio é dissoluto e deve governar a nossa vida cristã, o nosso caráter, o nosso comportamento espiritual. Como esse princípio deve motivar-nos em relação a tudo aquilo que nós fazemos e ofertamos diante de Deus. Nós não podemos nos fazer de levianos, precisamos compreender a seriedade deste assunto, nesses dias em que, de modo especial, estamos estudando acerca das ofertas e dos dízimos. Como as pessoas têm buscado princípios errôneos completamente fora da Palavra de Deus para poder ensinar sobre esse assunto. Quantas pessoas têm visto nesse assunto meios de levarem vantagem sobre o povo de Deus. Devemos ser cuidadosos. Que Deus nos guarde.

Todo o capítulo 34 do livro do profeta Ezequiel trata desse assunto, daqueles que possuem uma compulsão para enganar, para mentir, para tentar levar proveito sobre a Obra do Senhor. Que o Senhor nos guarde. Que o Senhor nos livre de toda a presunção, dessa compulsão em enganar. Que haja em nós um coração totalmente tomado pela presença do Espírito Santo, para que Ele venha nos ensinar esse assunto com santo temor diante de Deus. Que DEUS fale ao seu coração.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Companheiros de Cristo



Hb 3:12-15

Como vimos nós somos um povo chamado com uma Vocação Celestial. Em 2 Tm 1:9, vimos que Paulo diz:

“que nos salvou e nos chamou com santa vocação...”

Então essa segunda exortação, que nos fala da Incredulidade, tem como privilégio a Vocação, e visa nos tornar semelhantes a Cristo. De um grau de glória de semelhança com Cristo a outro grau de glória de semelhança com Cristo. O Espírito Santo foi enviado para que todos nós sejamos transfigurados de glória em glória na medida em que “respondemos” ao trabalhar do Senhor. Qual é o significado da Vocação Celestial? Sabemos que é sermos tornados semelhantes a Cristo. Como nos diz Rm 8:29:

“... os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho...”

Mas os capítulos 3 e 4 de Hebreus vão usar três vezes a mesma expressão.

“Hoje, se ouvirdes a sua voz não endureçais o vosso coração”

Cada vez que a citação é feita nossa “atenção” é chamada para alguma coisa. Essas três citações visam mostrar para nós a nossa Vocação Celestial. Então vimos que a nossa Vocação Celestial é:

· Sermos edificadoscasa” para Deus. (Hb 3:6)

· Sermos participantes de Cristo. (Hb 3:14)

· Entrarmos no descanso de Deus. (Hb 4:1, 11)

Vimos que a nossa Vocação Celestial é em primeiro lugar sermos edificados “casa” para Deus. Nós precisamos ouvir a sua voz para sermos edificados “casa de Deus”. Vimos que o chamamento da Igreja não é apenas que sejamos pedras vivas, mas pedras vivas edificadasjuntas”, que a Igreja é um edifício que está em processo de edificação. Vimos que é isso que Deus está fazendo no presente. Edificandos-nos juntos. Este é um processo que está em andamento. Um edifício crescendo para o alto e aumentando. Então vimos também que há nesse processo:

· A idéia da escolha.

· As pedras não são idênticas.

· Preparo e adaptação.

Então o primeiro aspecto da Vocação Celestial, aqui em Hebreus, é que nós somos chamados para sermos edificadoscasa de Deus”. É assim que o Senhor edifica a Sua casa:

“... Hoje, se ouvirdes”.

Então vamos agora nos concentrar no 2º aspecto da nossa vocação revelado aqui em Hebreus – sermos Participantes ou Companheiros de Cristo. Veja o que nos diz Hb 3:14:

“Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos.”

Precisamos dar atenção à palavra “participantes” que significa integrar algo, ·fazer parte de algo. Veja o que diz Hb 2:14 :

“Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou...”

O Filho, o Senhor Jesus, participou de carne e sangue. Isso significa que Ele foi um homem real. Um homem de carne, ossos e sangue. Ele participou! Assim também, a mesma palavra é usada em Hb 3:14, veja:

“Porque nos temos tornado participantes de Cristo...”

Vamos falar um pouco mais sobre esta palavra “participante”. Ela é muito importante aqui no livro de Hebreus. Veja Hb 3:1:

“Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial,”

Basta estes exemplos para nós. Essa palavra no livro de Hebreus significa que diante do propósito de Deus nós não somos “assistentes”. Diante dos propósitos de Deus, estabelecidos em Cristo, nos viemos a fazer “parte”, “integrar”. A exortação aqui é para aqueles que são “integrantes”, que fazem parte, que estão dentro. Não estão assistindo, observando, mas sim integrando a Vocação Celestial. Assim como o Senhor Jesus em Hb 2:14, não observou a raça humana. Ele não teve aparência humana apenas. Ele se vestiu de carne humana real. Então Ele se “integrou” na carne e no sangue. O mesmo sentido do que é dito em Hb 3:1 e 3:14. A mesma palavra não pode ser usada em dois sentidos. O sentido é integração, uma participação real. E não uma participação periférica, externa. Mas uma integração. Se juntarmos Hb 2:14 e Hb 3:14, teremos uma complemento maravilhoso. Porque em Hb 2:14 o Filho está participando do que os filhos já possuem. Quem somos nós? Homens participantes de carne e sangue. Então aqui em Hb 2:14 vai dizer que esse Filho “integrou”, “participou” de carne e sangue. Porque os filhos participam de carne e sangue. Nós! Então Ele se fez um com os irmãos. Integrou, participou da raça humana.

Agora vejamos a outra parte em Hb 3:14. E veja como é importante colocar juntos estes dois textos. E é a palavra “participou” que vai ligar os dois versículos. Aqui fala da mesma “integração”. Está dizendo que o Filho participou de carne e sangue para que os filhos pudessem participar. Do que? Da Vocação Celestial. Glórias ao Senhor!!! É a parte e a contraparte. O Filho unigênito participou de carne e sangue para que os filhos, que já participam de carne e sangue, venham a participar duma Vocação Suprema. Coisa que eles não participavam. A nossa participação era na ira de Deus. A nossa integração era na morte. A nossa integração era no império das trevas, comandado pelo Diabo. Veja a seqüência do vers. 14:

“... para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo,”

Destruindo o poder da Morte e do Diabo, Ele pôde fazer com que os filhos participassem de uma Vocação Celestial. Estão vendo parte e contraparte. Os filhos em Hb 2:14 e os filhos de 3:14. Graças ao Senhor por isso!

E por isso Hb 3:15 vai nos dizer novamente:

“Hoje, se ouvirdes a sua voz não endureçais o vosso coração”

Se ouvirmos a Sua voz nos tornamos participantes de Cristo. Ser participantes de Cristo é ter o Seu caráter formado em nós. E para isso precisamos ouvir a Sua voz. Nós já somos de Cristo. Já temos a vida de Cristo. Já temos a natureza de Cristo. Mas... precisamos ter o caráter de Cristo. Natureza não é igual ao caráter. Caráter é uma natureza que passou por uma disciplina. Todos os filhos de Deus têm a natureza de Deus. Mas... nem todos os filhos de Deus têm o caráter de Deus. É muito difícil equacionar a vida cristã. Mas vamos sugerir uma equação: VIDA + DISCIPLINA = CARÁTER. Precisamos da disciplina de Deus para termos o caráter de Cristo formado em nós. É por isso que o cap. 12 de Hebreus foi escrito. Veja o que nos diz o vers. 6:

“porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.”

Por que um Deus amoroso desejaria nos causar dor, ainda que pequena...? Para chamar nossa atenção e obter um resultado altamente desejado em nossa vida. Ele utiliza-se da disciplina (Boa Dor) para moldar o seu caráter de forma que nós venhamos a viver de forma que O glorifique.

Aqui no versículo 6 de Hebreus 12 podemos ver duas coisas distintas: “corrige” e “açoita”. Veja o que isso significa:

· corrige - “educar”, “formar o caráter pela repreensão e admoestação”;

· açoita- “punição”; “algo penoso que alguém é obrigado a suportar”.

A disciplina tem um objetivo definido – levar-nos a participar da santidade de DEUS. A punição é o castigo de DEUS sobre aqueles que menosprezaram a “disciplina”. Veja o que diz Hb 12:5: “não desprezes a correção do SENHOR”. Essa é uma advertência. Se desprezarmos a disciplina do SENHOR, naturalmente seremos corrigidos.

Veja o que nos diz também o vers. 7:

“É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho que o pai não corrige?”

Ainda o vers. 8, veja o que nos diz.

“Mas, se estais sem correção, de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos.”

A disciplina parece agradável para a criança? Não! E disciplinar é agradável para o pai? Não! Se você é pai ou mãe, deve saber como reluta em trazer dor a seu filho. Há uma tremenda revolta contra a disciplina neste mundo, que rejeita toda autoridade, controle, governo. A Palavra diz que é assim que será no tempo do fim: desobedientes aos pais e assim por diante. Isto de modo algum é bom para o verdadeiro propósito que Deus tem para a família, não de crianças, mas de filhos adultos, disciplinados para uma responsabilidade eterna. — uma posição governamental no Reino vindouro. A disciplina está relacionada com a nossa responsabilidade. Quando falhamos nas nossas responsabilidades, somos disciplinados.

Precisamos ver ainda outro versículo de Hebreus 12 que nos revela o propósito de toda a disciplina do Senhor. Veja o vers. 10:

“Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade.”

Então quando somos disciplinados por Deus o caráter do Seu Filho é formado em nós. Quando lemos a Bíblia, vemos que não há nenhum versículo que nos ensine que DEUS disciplina os incrédulos. A esfera da disciplina se limita aos cristãos salvos em CRISTO JESUS; e o motivo da disciplina de DEUS é que sejamos participantes da Sua santidade. Por isso o Espírito Santo nos repete:

“Hoje, se ouvirdes a sua voz não endureçais o vosso coração”

Deus fala uma palavra nova todos os dias, a todos quantos ouvirem; muitos, porém, não podem ouvi-la porque seus corações estão endurecendo. Contra isso veja o que nos diz Hb 3:13:

exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado.”

A voz de Deus é uma voz "Hoje". É uma voz atualizada, minuto a minuto, que ele deseja que ouçamos. Uma das maiores bênçãos do verdadeiro crente é ouvir e conhecer a voz de Deus. Aqui está Deus advertindo seus filhos santos, crentes. Veja o que nos diz Hb 12:25:

" Vede que não rejeiteis ao que fala. ... como escaparemos nós, se nos desviarmos daquele que nos adverte lá dos céus"

Muitos dentre o povo de Deus não querem assumir a responsabilidade de ouvir a voz de Deus para si mesmos. Os filhos de Israel queriam ouvir a voz de Deus filtrada através de um servo santo. Disseram a Moisés: Chega-te, e ouve tudo o que disser o SENHOR, nosso Deus; e tu nos dirás tudo o que te disser o SENHOR (Dt 5:27). O povo de Deus não mudou muito hoje em dia! Ainda tem medo da responsabilidade de fechar-se com Deus para ouvir a sua voz! Não é de admirar que milhares se estão transviando. Colocaram suas próprias vidas nas mãos de um mestre ou de um pastor, que se torna Deus para eles — e seja o que for que eles ouçam ou ensinem, torna-se a própria voz de Deus. Jesus chama a última igreja, Laodicéia para ouvir a sua voz e abrir a porta: (Ap 3.20).

“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo

Aqui o SENHOR está fora da Igreja, e Ele deseja entrar. Mas é ela que tem que abrir a porta. Veja que a expressão “estou” indica que “permanece”. Ele permanece “à porta”. A idéia aqui é que Ele não sai da porta. Ele está batendo, mesmo que ela não O ouça, Ele está lá batendo. Aqui vemos o amor perseverante do SENHOR pela Sua Igreja. Ele não desiste dela. Embora, sabemos que Ele não é complacente com o pecado dela; porque sabemos que Ele irá discipliná-la. Vejo que Ele está falando a nós nesse tempo. Esse bater é através da Sua “voz”. O falar de CRISTO é o bater na porta. Quanto amor! Veja que Ele deseja entrar em nossa “casa” para “cear” (comunhão) conosco, para nos levar a sentar com Ele em Seu trono.

A voz de Deus só é ouvida pelos que se fecham com ele em oração secreta. Todos os dias Deus está chamando seu povo ao local secreto de oração porque ele quer falar. Fala apenas aos que dão valor à sua voz a tal ponto que se isolam do mundo inteiro para estar a sós com ele e esperar por ele. Deus nos diz: "Se quiser ouvir a minha voz, feche-se no quarto secreto de oração. Ore a mim em secreto e eu o recompensarei." Ocupação e os cuidados da vida abafam a voz de Deus. Você ainda o ama, porém cada vez tem menos tempo para Ele. Sua vida ocupada agora o chama, seus cuidados, seus problemas, e todas as demais coisas que consomem o seu tempo! A voz de Deus agora começa a enfraquecer. Ele o está chamando, cortejando-o, advertindo-o: "Continue assim, e você abafará e afogará totalmente a minha voz em você!" Toda vez que recusamos esse chamado e buscamos nossos próprios interesses e negócios, colocando outras coisas adiante de Deus — toda vez que deixamos passar um dia sem ouvir — toda vez que nos recusamos a dar ouvidos — nossos corações se esfriam e endurecem. Tornamo-nos um pouco mais duros. Você pode endurecer o coração, definhar, e morrer espiritualmente apenas distanciando-se do lugar onde Deus está falando. Se você vier à reunião, louvar a Deus, for bom, e fizer todas as coisas certas, ainda assim poderia definhar e morrer, muito embora ame a pregação. Você deve ouvir a Deus de maneira pessoal. Nossa maior alegria deveria ser:

"Ouço a sua voz!”

Tão importante ouvirmos a sua voz, sermos disciplinados para podermos ser participantes de Cristo. Esse foi o 2º aspecto da Vocação Celestial nos revelado aqui em Hebreus.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

AS CARACTERÍSTICAS DO VERDADEIRO CULTO A DEUS


AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 121

Taate – 23ª Estação (parte 12)

TEXTOS: João 4:22; Atos 17:23-28; João 16.1-3; Ec 5:1-2; Hebreus 12:28-29

AS CARACTERÍSTICAS DO VERDADEIRO CULTO A DEUS

Estamos diante de um assunto muito sério, no que concerne ao nosso relacionamento com Deus. Precisamos estudá-lo, pois já vimos acerca do dízimo, da oferta, e esses dois assuntos estão intimamente relacionados com o culto a Deus. Precisamos saber o que é o culto. Enfoca-se muito a questão de dízimo, de oferta, mas não se sabe o que é cultuar a Deus. Nunca devemos nos apresentar diante de Deus de mãos vazias, mas, se não conhecemos o Senhor, se não sabemos como cultuá-lO, essas coisas não têm nenhum sentido. É lógico que muitos fazem por fé e, mesmo diante da ignorância, o Senhor recebe. Agora, imagine o que significa fazer isso tendo os olhos abertos, contemplando o Senhor em espírito e em verdade. Por isso, gostaria de compartilhar acerca disso com vocês, nesta oportunidade em que estamos estudando esta 23ª Estação, Taate, falar um pouco sobre o culto a Deus.

O PRESSUPOSTO INEQUÍVOCO DA VERDADEIRA ADORAÇÃO: O CONHECIMENTO DE DEUS

Em João 4:22 o Senhor Jesus disse àquela mulher samaritana:

Vós adorais o que não conheceis, nós adoramos o que conhecemos...”.

O SENHOR JESUS colocou, de forma inquestionável, a possibilidade de uma falsa adoração: adorar a DEUS sem conhecê-lo. Nesse texto O vemos repreendendo a mulher samaritana, quando Ele disse: “Vós adorais o que não conheceis”.

A verdadeira adoração deve ser baseada no verdadeiro conhecimento de DEUS. João Calvino disse: “E é necessário sempre começar com este princípio — conhecer a DEUS a quem adoramos”.

Em Atos dos Apóstolos 17:23, Paulo repreende, muito solenemente, os atenienses pelo fato de adorarem a DEUS sem conhecê-Lo:

“porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio”.

Vamos atentar para esse texto. Na verdade, eles não estavam prestando a DEUS uma verdadeira adoração. Eles estavam querendo ficar bem com qualquer DEUS que existisse para eles. É impossível adorar a DEUS verdadeiramente sem saber quem Ele realmente é. A adoração sempre será defeituosa na medida em que desconheçamos Aquele a quem cultuamos.

Por essa razão, Paulo começou a explicar aos varões atenienses algumas coisas sobre Quem era o DEUS verdadeiro. Lendo Atos 17:24-28, você verá justamente isso.

AS CONSEQUÊNCIAS DE UM CULTO ONDE NÃO SE CONHECE QUEM DEUS REALMENTE É

Quando estudamos a Bíblia, especialmente o capítulo 16, versículos 1 e 2 do Evangelho de João, podemos ver algo muito especial, pois esses textos nos mostram as consequências de um culto em que não se conhece a Deus, não se conhece quem realmente Deus é. Vamos ler João 16.1-2:

“Tenho-vos dito estas coisas para que não vos escandalizeis. Eles vos expulsarão das sinagogas; mas vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a DEUS”.

Esse foi um dos pecados cometidos por Paulo. Ele perseguia e matava os cristãos em nome de DEUS, porque ele realmente não conhecia o DEUS a quem ele adorava. Lembram de quando ele se encontrou com o Senhor Jesus? O que ele disse? “Quem és Tu, Senhor”. Ele não conhecia verdadeiramente a Deus. Todo o conhecimento que ele tinha de Deus era um conhecimento religioso. Ele diz em Filipenses 3:7:

“7 Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo.”

Lendo esses textos, você verá que o desejo de Paulo era conhecer a Cristo. Mas, “conhecer a Cristo para ganhar a Cristo e ser achado em Cristo”.

Amados, irmãos, quando falhamos em conhecer a DEUS, cometemos torpezas no culto a DEUS, e em nome de DEUS.

Então, JESUS mostra, de maneira inequívoca, a razão do procedimento errado quanto ao culto: o desconhecimento de DEUS. Ele disse em João 16.3:

“Isto farão porque não conhecem o Pai, nem a mim”.

Quantas pessoas estão cultuando a Deus sem conhecê-lO! E, se O conhecem, conhecem religiosamente, superficialmente; não O adoram em espírito e em verdade, pois não têm desfrutado de uma intimidade com Ele. Sem intimidade, sem uma vida relacional com Deus, não existe o culto. Por mais que cantemos, por mais que adoremos, por mais que venhamos aplaudi-lO, por mais que estejamos reunidos num aglomerado de pessoas, nunca iremos cultuá-lO, porque Ele não recebe esse culto.

Obviamente, o que cremos sobre DEUS determinará o estilo, o objeto, o foco e o fervor de nossa adoração. Certamente, o conhecimento de DEUS determinará o tipo de adoração que prestamos. Se o que ensinamos, pregamos e dizemos no culto é centralizado na pessoa humana, no nosso próprio eu, na experiência humana, a tendência da adoração deverá ser a do entretenimento. Sempre estaremos realizando um culto voltado para nós.

Contudo, se o que se diz no culto, se aquilo que exaltamos, falamos, dAquele que é Independente, Alto, Sublime, Santo, Poderoso, Soberano, Aquele que está acima de tudo e de todos, Aquele que é Onipotente, Onisciente, a tendência do culto passará a ser teocêntrica, refletindo a personalidade e o caráter do Adorado, do nosso Deus.

OS ELEMENTOS ESPIRITUAIS DO CULTO A DEUS

Nós precisamos compreender quais são os elementos espirituais do culto a Deus:

1º - Uma visão de quem realmente é DEUS

Quando começamos a conhecer quem DEUS é, assustamo-nos com o quão pequenos somos diante dEle. Isso deveria ser mais que suficiente para nos impressionar, nos fazer tremer diante dEle em adoração.

2º - A adoração do povo de Deus é a mais alta expressão da aliança entre Deus e Seu povo

É esta verdade da aliança que determina que o temor do SENHOR deve controlar-nos completamente no serviço e na adoração a Deus, naquilo que a Igreja ministra a Ele.

A reunião pública da Igreja, do Corpo de Cristo, é uma reunião que revela as relações que existem nessa aliança eterna entre Deus e o homem, entre Deus e Seu povo. Contudo, essa relação de amizade entre o Adorado e os adoradores não deve ser motivo para se pensar que os adoradores podem fazer o que quiserem nas reuniões de culto ao Adorado pelo simples fato de que Ele os trata numa amizade, numa relação em aliança.

Há duas coisas muito importantes que devem ser consideradas nessa ideia de relação pactual entre DEUS e o homem:

Primeira:

Embora as relações de amizade, de conversação entre DEUS e Seu povo sejam cordiais – e, de fato, há uma conversação, um diálogo –, é importante que se tenha em mente que quando nos aproximamos de DEUS, para responder em fé à Sua convocação para a adoração, ainda persiste uma grande distância entre os adoradores e Aquele que é o "objeto" do nosso culto.

O autor de Eclesiastes sentiu enormemente o peso dessa responsabilidade diante do SENHOR quando entrou no lugar da adoração. Ele disse:

“Guarda o pé, quando entrares na Casa de DEUS; chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de DEUS; porque DEUS está nos céus, e tu, na terra; portanto, sejam poucas as tuas palavras” - (Ec 5.1,2).

Embora DEUS seja um DEUS gracioso e amoroso, quando Ele é "objeto" de nosso louvor, de nossa adoração, do nosso culto, Ele não é adorado apenas na condição de nosso Pai, mas também na condição do DEUS que habita na "luz imarcescível", do Deus que habita na Sua eterna e majestosa glória, que é quantitativamente distinto de todos nós que O adoramos, infinitamente maior do que todos nós, que está eternamente acima de todos nós. Por isso, nós temos que ter temor, temos que tremer quando O cultuamos.

Segunda:

Além da diferença quantitativa entre DEUS e o homem, nós que O adoramos temos que saber que há uma grande diferença moral entre nós e Ele, uma diferença de qualidade.

Sorën Kierkegaard, o filósofo e teólogo dinamarquês, costumava falar nos seus livros sobre a “distância qualitativa e infinita entre DEUS e os homens”. A ideia é de que DEUS está no céu, e nós na terra. Quando estamos no culto, temos que nos portar como criaturas finitas e qualitativamente e quantitativamente menores que Ele, mesmo a despeito do fato de hoje sermos chamados Seus filhos nessa eterna aliança da graça. A nossa filiação não diminui a nossa distância dEle. Essa distância ainda existe, e precisamos ter plena consciência dela, especialmente quando O adoramos.

O CULTO AGRADÁVEL A DEUS

Vamos ler Hebreus 12.28,29. O escritor aos Hebreus nos chama a atenção para este fato quando diz:

“Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a DEUS de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso DEUS é fogo consumidor”.

O contexto dessa citação do autor de Hebreus é o de culto a Deus. O termo usado para “sirvamos” deveria ser traduzido como "cultuemos", pois o termo grego é latreu, do qual deriva-se latreia, que significa “adoração”, ou “culto”. Portanto, no nosso serviço (culto) a DEUS, precisamos ter reverência e santo temor. Esse é o culto que Lhe agrada. Para que tenhamos estas posturas na adoração divina é necessário que saibamos a Quem estamos adorando.

Muitos adoradores não têm em sua adoração o senso de santa reverência por Aquele a quem adoram. O escritor desta epístola está falando de um culto reverente que devemos prestar a DEUS, cheio de santo temor, por causa da natureza do DEUS a quem adoramos. “Ele é fogo consumidor”.

Estas noções não estão presentes na maioria dos cultos prestados a DEUS. As expressões que trazem DEUS ao nível dos adoradores pecadores, usadas por inovadores litúrgicos, desvestem DEUS de Sua majestade, desvestem o culto de Sua santidade, e desvestem os adoradores de Sua seriedade.

A falta de temor a DEUS é que, em grande medida, explica o baixo padrão de moral, a mundanidade e a carnalidade, a loucura do prazer e a perversão ética, que caracterizam os nossos tempos, que caracterizam a nossa sociedade de modo geral. A falta de temor a Deus, que tem caracterizado a presente geração cristã de adoradores, tem produzido uma adoração sem qualquer senso de reverência ao Deus Eterno, Poderoso, Santo, Aquele que está assentado no Seu trono, Aquele que é digno de receber toda honra, toda glória e todo louvor.

Que eu e você tenhamos consciência da seriedade deste assunto. Como precisamos ter reverência em relação ao verdadeiro culto a Deus. Que em nosso coração possa realmente pairar o toque do Espírito Santo chamando a nossa atenção a uma adoração santa, em espírito, em verdade, em santa liberdade, em santo temor a este maravilhoso Deus, que é o nosso Pai Celeste – Aquele que em amor nos amou eternamente, nos chamou em uma santa vocação celeste, pelo plano da redenção, através da morte expiatória do Seu Filho Jesus, onde nossos pecados foram perdoados, onde fomos inseridos na Sua família, através da morte e ressurreição do Seu Filho Jesus. E hoje estamos aqui e devemos prestar a Ele uma adoração e louvor à glória da Sua graça para conosco.

Isso não pode ser tratado de uma forma banal, não pode ser feito de qualquer maneira. Deve haver em nós temor, deve haver em nós reverência.