quarta-feira, 31 de outubro de 2012

CONFERÊNCIA

O irmão Luiz Fontes estará conosco a partir do dia 03 de novembro ministrando a Palavra do SENHOR. A conferência vai do dia 03 a 06 de novembro. As reuniões acontecerão na escola Nova Dimensão a noite às 20:00h e no domingo às 09:00h.

Venha ouvir a Palavra do SENHOR e ser abençoado!

O DOMÍNIO DO ESPÍRITO




Efésios 5:18-21

Voltamos à consideração deste versículo em razão da sua crucial im­portância para a vida cristã. Vamos agora examinar isto mais diretamente. Precisamos descobrir o que significa “encher-nos do Espírito”, e devemos tentar descobrir também como encher-nos do Espírito. Vejamo-lo, primeiramente, à luz de usos semelhantes na Bíblia. Esse é sempre um processo sábio. Sempre que topamos com uma proposição ou frase de algum modo difícil, a primeira coisa que devemos fazer é buscá-la noutros lugares das Escrituras, procurar paralelos. Quando procedemos assim, logo fazemos certas descobertas.
Ao que me parece, o primeiro ponto que temos que tomar claro em nossas mentes é que “encher-nos do Espírito” não é a mesma coisa que “batizados com o Espírito”. Ora, é precisamente aqui que grande parte da confusão tende a surgir. Encher-nos do Espírito não é o mesmo que sermos “selados” com o Espírito, que eu considero como sinônimo de sermos “batizados com o Espírito”. E digo isto por esta razão - que as pessoas que o apóstolo está exortando a encher-se do Espírito, são as mesmas das quais dissera, no capítulo primeiro, versículo treze, que foram “seladas” com o Espírito (Ef 1:13,14). Portanto, encher-se do Espírito não é a mesma coisa que ser selado por Ele. E Paulo lembra a mesma coisa em Ef 4:30: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção”.
É importante manter estas coisas bem claras. O “batismo” com o Espírito, o “selo” do Espírito, é uma experiência definida e concreta. Relaciona-se principalmente com a questão da segurança e da certeza - é uma experiência muito definida. Não é uma coisa que “se recebe pela fé”; a pessoa sabe se foi selado pelo Espírito ou não. Não se pode ser batizado com o Espírito e ignorá-lo. Vê-se isso muito claramente em Atos 2, e em vários outros capítulos desse mesmo livro. Ora, principalmente, o propósito desse batismo é capacitar-nos a testemunhar com poder e com ousadia. Esse foi o efeito imediato do batismo do Espírito que se vê com clareza no em Atos 2. Essa, naturalmente, foi a promessa feita pelo Senhor aos apóstolos - “e ser-me- eis testemunhas”, depois que isto lhes fora feito (At 1:8). A confusão tende a surgir por esta razão, que no capítulo dois de Atos dos Apóstolos - o qual é um relato de como os apóstolos e outros foram batizados com o Espírito Santo - a expressão realmente empregada é que eles “foram cheios do Espírito”. Daí as pessoas saltam para uma conclusão - “Ah”, dizem elas, “é-nos dito que eles foram “cheios do Espírito”, e aqui os efésios são exortados a “encher-se do Espírito”; portanto, é a mesma coisa”. Aí é onde e como a confusão entra.
O que vem descrito em Atos 2 é “batismo com o Espírito”. Ora, o “batismo com o Espírito” evidentemente inclui o “encher-se do Espírito”; porém é mais do que isso. Aí, parece-me, está a diferença essencial. Não se pode ser “batizado com o Espírito” sem “encher-se do Espírito”. O batismo é uma experiência distinta, concreta e especial, ao passo que, como vou demonstrar, o “encher-se do Espírito” visa a ser um estado continuado, uma condição na qual sempre se deve estar. Esse é, pois, o ponto no qual traçamos a nossa distinção mais importante - selo ou batismo é uma experiência muito definida, enquanto que “encher-se do Espírito” é mais uma condição continuada. As duas coisas não são idênticas, e diferem desse modo.
Ao abordarmos o presente vocábulo “cheios” ou “encher-vos”, vemos este vocábulo é empregado de duas maneiras diferentes. Uma delas é a seguinte: lemos que certas pessoas foram cheias do Espírito a fim de realizar a seguinte tarefa especial ou peculiar que lhes fora confiada. Vemos, por exemplo, no Velho Testamento, o caso de um homem chamado Bazaleel, perito no trabalho com diversos metais, e que, portanto, foi utilizado na construção do tabernáculo. Lemos sobre isso em Êx 31:3. Este homem foi cheio do Espírito de Deus a fim de poder fazer aquele trabalho particular. Foi um revestimento especial, um ato especial pelo qual foi cheio do Espírito, para que ele pudesse cumprir aquela tarefa. Mas existe demonstração mais interessante de como certas pessoas foram cheias do Espírito antes do dia de Pentecoste. Esta é a profecia concernente a João Batista, em Lucas 1:15. Depois se nos fala de Isabel, mãe de João em Lucas 1:41-42. A mesma coisa lemos a respeito de Zacarias, pai de João Batista, também em Lc 1:67. Em cada um destes casos, pode-se observar, estas pessoas foram cheias do Espírito Santo para poderem falar ou fazer alguma coisa. E um revestimento de poder com um propósito especial.
O outro emprego do termo no Novo Testamento está, como já disse, em Atos 2:4: “E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”. Essa é uma proposição singular, porque as duas coisas aconteceram juntas. Houve o batismo e, inclusive, o encher-se do Espírito; e foi isso que os capacitou a falarem noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem. Mas em Atos 4:8 lemos isto: “Então Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse”. Aqui é outro encher-se do Espírito. O homem que já fora batizado e cheio naquele dia de Pentecoste, agora é cheio de novo, com um objetivo especial. O mesmo Pedro é enchido do Espírito outra vez. Estou confirmando o ponto que há esta diferença essencial entre ser batizado e ser cheio. Mas ainda estamos tratando do encher-se do Espírito em termos de capacidade e poder outorgados para a realização de uma tarefa específica.
A seguir, tomemos outro exemplo. Após o seu julgamento, Pedro e João voltaram aos seus companheiros, à igreja, e relataram o que lhes acontecera, e todos se puseram a orar. Depois, é-nos Atos 4:31: “E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus”. Repetiu-se a mesma coisa. Estas pessoas já haviam sido batizadas, tinham sido cheias quando foram batizadas, mas tornam a ser cheias nova­mente. Isto é uma coisa que pode repetir-se muitas vezes. Na verdade, há outro exemplo notável, em conexão com o apóstolo Paulo. A narrativa da sua conversão e a do seu batismo com o Espírito Santo estão em Atos 9. Mas em Atos 13:9, vemos que Paulo está falando, e eis o que nos diz: “Paulo, cheio do Espírito Santo, e fixando os olhos - ele, disse”. O apóstolo tomou a resolução de repreender Elimas pelo que ele dissera. Daí se nos diz que Paulo, cheio do Espírito Santo, fixou os olhos nele. Ele foi “cheio” para poder falar a esse homem e repreendê-lo severamente.
À luz disso tudo, é óbvio que estamos lidando com uma experiência nítida, precisa. Todas estas pessoas estavam cônscias do fato de que o Espírito lhes sobreviera, que tinham sido dotadas de novo poder e de autoridade. Sabiam exatamente o que havia acontecido. Portanto, esta é uma experiência que descreve algo que nos sucede, a nossa tomada de consciência de aumento de poder com um propósito específico. É, pois, uma coisa bem distinta e clara.
No entanto isto não se restringe ao novo Testamento, graças a Deus. Leiam as biografias dos grandes pregadores da Igreja através dos séculos, e especialmente nas épocas de avivamento e despertamento, e verão essa espécie de coisa repetida interminavelmente. O pregador, subitamente, fica ciente de que o Espírito de Deus veio sobre ele. Recebe luminosidade, compreensão, poder e capacidade para falar com convicção; e coisas tremendas acontecem. O homem toma consciência pessoal disso, e o mesmo se dá com os que o estão ouvindo. Muitos são os exemplos disto, durante a longa história da Igreja cristã.
Graças a Deus, isto não se limite à história passada. Pela graça de Deus, continua acontecendo. Há homens ainda vivos que sabem disso, que se regozijam com isso, homens que servem a Deus com honestidade e sinceridade e que de vez em quando ficam conscientes desta experiência. Então, esse é um nodo como se emprega a expressão; estas diversas pessoas foram cheias do Espírito, e receberam poder e capacidade incomuns.
Agora se levanta a questão: é esse o sentido desta proposição de Ef 5:18? Opino que não, e que é preciso que não nos deixemos confundir pela simples similaridade da expressão. Então, que será? Para mim é uma descrição de um estado ou condição. Talvez a melhor maneira de entendê-la seja relembrar o que se nos diz do Senhor em Lucas 4:1. Lemos que “Jesus, cheio do Espírito Santo... foi levado pelo Espírito ao deserto”, para ser tentado pelo diabo. Pois bem, essa é uma afirmação de que o Senhor foi “cheio do Espírito Santo”. Igualmente nos fala a Seu respeito em João 3:34, dizendo que “não lhe dá Deus o Espírito por medida”. Ele sempre estava cheio do Espírito, em toda a Sua plenitude.
Mas observemos outras afirmações. Tomemos, por exemplo, o que lemos acerca de Estevão em Atos. Ele foi um dos escolhidos, como vemos Atos 6, para tratar de várias questões para que os apóstolos pudessem entregar-se à oração e à pregação da Palavra. E isto lemos sobre ele: “Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo.” Ele era cheio do Espírito Santo. Não se declara que num dado momento ele foi cheio do Espírito para fazer certa coisa. Não, ele foi escolhido para fazer esse trabalho porque já estava “cheio do Espírito Santo”. Mas tomemos outra afirmação sobre ele em Atos 7:55. Aqui Estevão estava sendo julgado, e lemos: “Mas ele, estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus que estava à direita de Deus; e disse...”
Ora, para mim essa declaração se enquadra nas duas categorias. Estevão estava habitualmente cheio do Espírito Santo, mas, em função das circunstâncias, da crise em que agora se achava, embora estivesse cheio do Espírito, foi “cheio do Espírito” outra vez. Significa que, embora estivesse cheio do Espírito, houve uma manifestação posterior, um posterior “encher-se” até ao transbordamento, e lhe foi dada uma capacidade particular para enfrentar os seus caluniadores e acusadores, e a proferir a Palavra de Deus com ousadia e convicção. Mas examinemos também a declaração a respeito de Bamabé, companheiro de Paulo. Sobre Bamabé lemos em Atos 11:24. Parecido com Estevão. Era cheio de fé, e também era cheio do Espírito Santo. Concluo com uma declaração a respeito dos discípulos como um grupo. Em Atos 13:52 leio: “E os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo”.
Não é tanto uma questão de poder agora; é mais uma questão de como vive a pessoa. Estevão escolhido - por quê? Porque era um homem “cheios de fé e do Espírito Santo”. Assim falavam dele e, portanto, quando foram escolher os diáconos, disseram: pois bem, aí está um homem cheio de fé e cheio do Espírito Santo. Barnabé foi escolhido pela mesma razão.  À luz de todas estas passagens das Escrituras, acaso não fica clara e evidente que neste versículo - Ef 5:18- estamos lidando com o segundo emprego da expressão? Aqui nos é dado um relato de um estado ou condição. De fato penso que se pode provar isso, além de toda dúvida, da seguinte forma: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas continuai enchendo-vos do Espírito”. O tempo verbal é da maior importância, e aqui consta o o presente contínuo. A tradução mais correta deste versículo é a seguinte: “... mas continuai enchendo-vos do Espírito - sede perpetuamente cheios do Espírito. Prossiga ,continue, seja constantemente esta a vossa condição”. É o presente contínuo. Argumento que, sendo o presente contínuo, não pode ter o primeiro significado, que, evidentemente, é algo que vem, e toma a vir, e ainda se repete, como aconteceu com Pedro, Estevão e o apóstolo Paulo em várias circunstâncias. O ser cheio para uma tarefa é algo que vem e passa; já este ser cheio do Espírito significa uma condição constante, permanente, que não varia nem muda. Noutras palavras, o que nos é dito nesta passagem é que se tem em vista que sejamos sempre como Estevão, Barnabé, Paulo e como outros que eram homens “cheios do Espírito”.
É vital que isso fique firmado.  As pessoas ficam esperando por uma experiência de encher-se do Espírito porque têm uma concepção equivocada deste ensino particular. Então já está firmado o que isto significa em termos do uso típico do Novo Testamento. Mas, que significa na prática hoje? Eis aqui a questão prática para nós. Parece-me que a maneira de abordar isto é lembrar-nos de que o Espírito Santo é uma Pessoa. Não é apenas uma influência. Muitos parecem falar em encher-se do Espírito como se o Espírito Santo fosse uma espécie de líquido. Isso é um erro completo, porque esquece que o Espírito Santo é uma Pessoa. Ele não é uma substância, nem um líquido, nem um poder ou força como a eletricidade. Todos tendemos a cair neste erro. O Espírito Santo é a terceira Pessoa da bendita e santíssima Trindade. Mas, se é assim, por que a Bíblia emprega as expressões “derramar” etc., com referência ao Espírito? Estas são apenas figuras, é claro. As Escrituras desejam transmitir a idéia de que a influência do espírito sobre nós é um poder. Estes são apenas termos e expressões empregados com o fim de colocar a verdade para nós de maneira vívida, para podermos perceber as variações que ocorrem na força da influência e do poder pessoais; mas não devemos liberalizar uma analogia ou uma ilustração e começar a pensar nela de algum modo matéria-lista.  A influência é influência exercida por uma Pessoa, a Pessoa do Espírito Santo.
Então, que significa ser “cheio”, neste sentido? Vem nestes termos: “Daquilo que toma plena posse da mente se diz que a enche”. E comum dizer que uma coisa que toma posse da minha mente, enche a minha mente; assim, falamos em ser ou estar “cheio” de alguma coisa. Alguém, de repente, passa a ter um novo interesse. “Ah”, dizemos, “ele está cheio disto”. Ou falamos disto em termos de pessoas. Se vemos uma pessoa ficar falando sempre doutra, dizemos: “Ah, ele está absolutamente cheio de Fulano”. Estamos falando acerca da influência da pessoa “A” sobre a pessoa “B”, e dizemos que a pessoa “B” está cheia de “A”, sempre falando dessa pessoa.  Isso tudo é com referência a pessoas. Mas, deixem-me fazer a seguinte colocação: tomemos a analogia do apóstolo aqui - “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito”. Que é que dizemos de um bêbado? Dizemos: “Ele está sob a influência da bebida”. Assim, o que o apóstolo está dizendo, em certo sentido, é: “Não fiquem sob a influência do vinho; fiquem sob a influência do Espírito Santo”. “Ser cheio” significa “estar sob a influência de”. O homem que está cheio de vinho, “encharcado”, está sob a influência do vinho. Muito bem, diz o apóstolo, não fiquem sob a influência do vinho, mas fiquem sob a influência do Espírito Santo. E exatamente a mesma expressão.
Estar “sob a influência” significa que toda a nossa personalidade - mente, coração e vontade - está sendo dominada por essa outra influência ou poder. Mas aqui há uma analogia - como a mente, o coração e a vontade daquele homem são afetados por aquele vinho, assim devemos ser influenciados e afetados na mente, no coração e na vontade pelo Espírito Santo. O homem que está sob a influência do vinho, não pode mais controlar-se. Muito bem, Paulo diz, deixem que o Espírito Santo os controle. É isso que significa ser cheio do Espírito. Não é uma coisa derramada em mim de modo que eu tenho que tentar esvaziar o vaso primeiro, e então receber.... Essa maneira de pensar é completamente errada, faz violência à Pessoa do Espírito. Não, a exortação é: “Continuem sendo dominados pelo Espírito Santo”. Como um assunto ou uma pessoa do seu interesse pode encher-lhes, assim sejam cheios do Espírito Santo.
Se é esse, então, o seu significado, a subseqüente questão que se levanta é: como isso vem a ser possível? Como uma pessoa pode encher-se do Espírito? Nossa primeira observação é que se trata de uma ordem, uma injunção: “Enchei-vos”, “continuem sendo cheios” do Espírito, “continuem sendo dominados pelo Espírito Santo”. Infere-se, pois, necessariamente, que não se trata de uma experiência isolada. Dado que é uma ordem, não é uma experiência; dado que está no presente contínuo, não é uma crise, não é um experiência crítica; e, portanto, não deve ser procurada como “uma bênção”. Há muitos que giram por todo lado, de reunião em reunião, procurando, esperando conseguir “a bênção” de serem “cheios do Espírito”. Às vezes são convidados para virem à frente, no fim de uma reunião, para “receberem” a plenitude do Espírito. Mas, certamente, isso é fazer total violência ao ensino das Escrituras. Não é uma experiência, é um estado ou condição em que devemos viver sempre, permanentemente. É como devem ser sempre, diz o apóstolo; e ele nos ordena que sejamos assim. Daí deduzo que isto não é uma coisa que nos acontece; é uma coisa que nós controlamos, e que nós determina­mos.  Portanto, é-lhe dada uma ordem, uma injunção, uma exortação. Devemos, pois, parar de pensar nisso em termos de “ter uma experiência”.
De novo, permitam-me fazer a seguinte colocação, para maior clareza. O que aconteceu com os discípulos no dia de Pentecoste foi uma experiência, o que aconteceu com Cornélio e sua família, quando o Espírito caiu sobre eles, foi uma experiência, o que aconteceu com os de Samaria, quando Pedro e João desceram para lá, de Jerusalém, e impuseram as mãos sobre eles e oraram por eles, foi uma experiência. Ser “selado”, ser “batizado” com o Espírito é um experiência definida. Não dominamos isso; é inteiramente ação do Senhor. É algo que Ele nos faz. Mas é patente que este encher-se é uma coisa que está sob o nosso controle; e, portanto, é-nos colocado na forma de uma ordem ou de uma exortação. Noutras palavras, devemos livrar-nos de todas as noções de passividade, aqui; não esperamos, apenas, que isto aconteça. Está em nosso poder determinar se estamos cheios do Espírito ou não. Está claro? Não está em nosso poder determinar se vamos ser regenerados ou não, não está em nosso poder determinar se vamos ser batizados com o Espírito ou não, mas está em nosso poder decidir se vamos continuar sendo cheios do Espírito ou não. Encher-se do Espírito não é uma experiência pela qual esperamos, ou pela qual oramos, ou pelo qual ansiamos. Ao contrário, vocês e eu temos que fazer certas coisas, se desejamos continuar a encher-nos do Espírito. Quais?
Primeiro, permitam-me colocá-las negativamente. Se pretendo continuar a encher-me do Espírito, não devo “entristecer” o Espírito. Encontramos essa expressão em Ef 4:30. Que quer dizer? Quer dizer que se eu e vocês nos rendermos a alguma coisa oposta ao Espírito, não estaremos sob o controle do Espírito. Se eu permitir que minhas cobiças e paixões me dominem, então o Espírito Santo não me estará dominando. “Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro” (Gl 5:17). Se eu desejo ser cheio do Espírito e ser dominado por Ele, preciso cuidar que as minhas cobiças, paixões e maus propósitos não me estejam dominando; nem tampouco o diabo deverá dominar- me. Devo resistir ao diabo, e também devo resistir ao “mundo”. Isso é óbvio; não devo entristecer o Espírito. Se estou levando uma vida de pecado, Ele Se entristece; e Ele não me controla; quando está entristecido. Lembremo-nos de que estamos lidando com uma Pessoa. Portanto, devo ser muito cuidadoso para, em termos negativos, não entristecê-LO de modo ne­nhum. Ele é comparado com uma pomba - gentil e sensível.
De igual modo, não devemos extinguiro Espírito. O Espírito está em nosso interior estimulando, dando idéias, produzindo pensamentos, fazendo sugestões. Toda vez que as recuso ou as rejeito, toda vez que digo, “Não, espera um minuto, quero fazer isto primeiro, e depois...”, estou extinguindo o Espírito, e na mesma proporção não estou sendo dominado pelo Espírito. Isto é voluntário, está sob o meu controle. Se deliberadamente O rejeito, se deliberadamente faço coisas que Ele me diz que não faça, bem, não estou sendo controlado pelo Espírito; e não desfrutarei os resultados da bênção de ser dominado pelo Espírito.
Mas, passemos para a visão positiva - isso é o mais importante. A visão negativa certamente é óbvia. Não podemos encher-nos de vinho e do Espírito Santo ao mesmo tempo; não podemos encher-nos do pecado e do Espírito Santo; são incompatíveis. “Não há comunhão entre a luz e as trevas, entras” (2 Co 6:14-16). Isso é elementar, por certo. Temos que parar de entristecer o Espírito; temos que resistir ao diabo, temos que sujeitar o corpo, temos que lutar contra os resíduos e restos do pecado que há em nós. Essa é a primeira parte, mas é negativa.
E a positiva, que é? É isto - e nada pode ser mais importante que isto - temos que dar-nos conta de que Ele está dentro de nós. O Espírito Santo está em todo cristão. Para empregar as palavras de um hino, Ele está dentro de nós - “hóspede bondoso e bem disposto”.
Já notaram como o Senhor se expressa a respeito? Ele ia deixar os Seus discípulos, e eles estavam desanimados. Disse Ele: “Não se turbe o vosso “oração” - não se entristeçam. “Não lhes deixarei sem consolação”; que significa: “Não lhes deixarei órfãos, enviarei outro Consolador” (Jo 14). “Enviar-lhes-ei Alguém que fará por vocês o que tenho feito enquanto estive com vocês. Vocês me procuravam quando estavam em dificuldade, me consultavam. Eu estava sempre aqui para responder-lhes. Porque lhes digo que parto, dizem: “E agora, que faremos?” Não se perturbem, porém. Vou enviar-lhes outro Consolador, vou enviar-lhes outro Advogado, Alguém que estará para sempre com vocês, em vocês; estará com vocês o tempo todo para guiar-lhes, dirigir-lhes e fazer tudo de que tiverem necessidade. O meio pelo qual somos dominados pelo Espírito Santo consiste em lembrar-nos de que Ele está aí, “hospede bondoso e bem disposto” dentro de nós, habitando em nós. Temos que fazê-lo deliberadamente. Devemos começar o nosso dia dizendo a nós mesmos alguma coisa como isto: “O Espírito Santo está morando em mim, Ele está em meu corpo; o meu corpo é templo do Espírito Santo, que vive e mora dentro de mim. Devo lembrar-me disso”.
Mais que isso; temos que desejar tê-lO, temos que ansiar por Ele, por Sua companhia e Sua comunhão. Já notaram quantas vezes o Novo Testamento fala da “comunhão do Espírito Santo”? Vejam a bênção: “A graça do Senhor Jesus (Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos” (2 Co 13:13). Precisamos que nos lembrem desta comunhão? Temos que lembrar-nos a nós mesmos dela, e que buscá-la. Se Ele está em mim, devo comungar com Ele, devo ter comunhão com Ele. Devo consultá-lO, considerar Sua presença e pedir-Lhe que Se manifeste a mim cada vez mais. É assim que podemos ser cheios do Espírito.
Em seguida, também, preciso prestar a máxima atenção a todas as Suas sugestões. Se alguma vez vocês sentirem um súbito desejo de ler a Palavra de Deus, será o Espírito Santo agindo em vocês. Ele os está incitando. Obedeçam-Lhe; vão fazê-lo. Se se sentirem impulsionados a orar, façam-no. Obedeçam-Lhe; parem de fazer o que estiverem fazendo; não adiem a obe­diência. ELE lhes solicitou isto; portanto, larguem tudo; façam o que Ele pede. Sejamos sensíveis às Suas sugestões. Dessa maneira é que seremos cada vez mais dominados pelo Espírito. Quanto mais Lhe obedecermos, mais indicações dará dos Seus desejos, mais sugestões nos dará. Portanto, devemos ser cui­dadosos e meticulosos na obediência a cada um dos Seus mandados ou exigências.
Todas estas coisas nos sucedem com freqüência. Ele quer conduzir-nos avante, quer guiar-nos. Sempre o faz, sempre está desejoso de mostrar-nos mais e mais do Senhor Jesus Cristo. Deixem-nO fazê-lo. Não nos pesará a culpa de apagar saudáveis insinuações acerca da freqüência à casa de Deus, acerca da leitura das Escrituras, acerca da oração, e etc? Ocorrem as sugestões do Espírito Santo com vistas a conduzir-nos, dominar-nos e dirigir-nos. Deixemos que Ele o faça. Esse é o sentido da exortação em foco.
Não recebemos isto como uma experiência isolada. Quisera Deus que o fosse! Quão mais fácil seria! É questão de relacionamento pessoal; e, como cristãos, somos criaturas responsáveis. Ele não vai ficar fazendo tudo enquanto ficamos na passividade. Não é que tudo é feito maravilhosamente para nós, não nos restando mais nenhuma luta. Há luta! O mundo, a carne e o diabo continuam aí, e temos que resistir-lhes. E também temos que ouvir positivamente o Espírito e dedicar tempo e atenção para fazê-lo. Nessas questões não existem atalhos. Não recebemos isso num pacote fechado e amarrado, como artigo de pronta entrega, já tudo pronto e completo. Não, esse método é próprio das seitas; não é esse o ensino do Novo Testamento. E psicologia; não é o ensino das Escrituras.
Demos ouvidos às sugestões do Espírito, e a seguir demos ouvidos à Palavra, às Escrituras. Que é esta Palavra? É a Palavra do Espírito Santo. Ele é o Autor. “Homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:21). Nada desta Palavra é de particular interpretação; ela não é do homem, é a Palavra de Deus. Leiam-na, digo-lhes, estudem-na, devorem-na, procurem compreendê-la, dediquem-lhe tempo e atenção. Vocês têm aprovei­tado todas as oportunidades para aprofundar-se nesta Palavra? Basta compare­cer a um culto por semana? Quantas vezes damos atenção à exposição pública da Palavra e ao estudo privado para compreendê-la? É dessa maneira que somos conduzidos pelo Espírito. Conhecer a Sua Palavra e todas as suas injunções, dar-lhes ouvidos; ter sensibilidade ante elas, e então obedecê-las! Obedecer à Palavra de Deus! O Espírito Santo agrada-Se quando um de nós toma uma palavra das Escrituras e a põe em prática, quando deixamos que ela governe as nossas decisões, as nossas ações e todo o nosso comportamento.
Aí estão, pois, alguns dos princípios. Mencionei apenas alguns títulos dos meios pelos quais havemos de encher-nos do Espírito. Constitui submissão voluntária ser dominado em toda a nossa vida, mente, coração e vontade, pelo Espírito Santo de Deus.A que isso leva? É o que o apóstolo vai dizer, na seqüência. Significa que fruto do Espírito se manifestará em nós. Onde Ele exerce o controle, o fruto e evidente e óbvio - “caridade (ou “amor”), gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança” (Gálatas 5:22). Ei-los! São evidentes. E também todas as coisas que o apóstolo passa a dizer no versículo seguinte, o verso dezenove deste capítulo cinco de Efésios - acerca de como devemos conduzir-nos na casa de Deus, de como devemos conviver harmoniosamente, maridos e esposas, pais e filhos, senhores e servos. Quando os homens e as mulheres são dominados pelo Espírito Santo na mente, no coração e na vontade, essa é o tipo de vida que levam. Prossigamos, continuemos sendo dominados pelo Espírito Santo, que habita em nós como “hóspede bondoso e bem disposto”.

domingo, 14 de outubro de 2012

O ESTÍMULO DO ESPÍRITO





Irmãos segue o estudo para o nosso compartir desta terça e quinta feira

Como vimos, nestes últimos meses, estudando sobre a Pessoa e Obra do Espírito Santo, agora o Senhor nos direciona a aplicar este ensinamento, este depósito que ele fêz em nós. Onde vamos aplicá-los? Esta série de estudos irão nos conduzir nas seguintes áreas da nossa vida: Casamento, Lar, Igreja e Trabalho. Irmãos que necessidade temos de ser "cheios do Espírito" para termos a expressão ou o bom perfume de Cristo nestas áreas. Vamos irmãos! podemos ser cheios do Espírito neste tempo! Como disse Josué e Calebe "Eia subamos e possuamos". Irmãos o Espírito irá nos encher! O que temos que fazer? Vamos agora mesmo, individualmente e coletivamente, "ficar em Jerusalém até que sejamos cheios do Espírito". O que isso significa? Não sair da presença do Senhor. O que isso nos implicará? Cruz, negar a nós mesmos, abrir mão de certas coisas lícitas. Irmãos não temos mais tempo para brincar de cristãos. O Senhor tem pressa em "adornar a sua Noiva". Não basta ser Igreja. Temos que ser Noiva. Não basta ser salvo. Temos que conquistar o Reino. "Eia subamos e possuamos".

Números 13:30 - Então, Calebe fez calar o povo perante Moisés e disse: Eia! Subamos e possuamos a terra, porque, certamente, prevaleceremos contra ela.

O Horário da reunião será às 20:00 agora.




Efésios 5:18

“E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito”

Nada é mais notável acerca do apóstolo Paulo do que o variado caráter do seu ministério, suas exposições das grandes doutrinas da fé O apóstolo jamais aborda qualquer problema prático da vida cristã de maneira imediata ou direta: sempre o faz doutrinariamente. Assim, nesta passagem vemos que quando o apóstolo passa a tratar dos problemas do cristão em sua vida conjugal e familiar, e em seu trabalho, ele o faz lembrando-nos que a vida cristã é vida no Espírito. Ele expõe isto de maneira extraordinária, com as palavras, “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito”. O objetivo do apóstolo não é apenas denunciar ou proibir a embriaguez. Isso certamente está incluído no texto; mas não constitui a mensagem principal do versículo. E se nos detivermos aí, podemos tornar-nos legalistas. E, ainda, perder a glória desta exortação.
Aqui o apóstolo começa a dar-nos uma visão ainda mais positiva da vida cristã do que fizera até esta altura. Até este ponto, ele se interessara, em expor de maneira negativa, a diferença existente entre a velha vida e a nova. Agora, porém, ele se toma muito mais positivo e pinta o quadro da nova vida no Espírito. No entanto, no meio de tudo que estivera dizendo e de tudo que iria dizer, diz de repente: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito”. Por que Paulo introduziu este elemento de embriaguez, de bebida excessiva?
Parece-me haver duas principais respostas para essa questão. A primeira é que não havia nada mais característico da velha vida do que a embriaguez e a devassidão. Vemo-lo, por exemplo, na Epístola aos Romanos, e também no capítulo quarto de Efésios. A forma comum de viver era de embriaguez e libertinagem, de todas as coisas que acompanham o beber em excesso. Esse era o modo de viver desses efésios, em geral. Mas agora, haviam sido transformados. Tomaram-se novas pessoas, são cristãos, estão “no Espírito”; por isso o apóstolo diz que a nova vida é completamente diferente, um contraste.
Ao mesmo tempo, ele tem também um segundo objetivo em mente - mostrar que, nalguns aspectos, há certa similaridade entre os dois estados e vidas. Não tenho dúvida de que havia na mente do apóstolo, neste ponto, a lembrança do que aconteceu em Jerusalém. O relato é dado em Atos cap. 2. É-nos dito que pessoas de diferentes países os ouviam, e outros, zombando, diziam: “estão cheios de mosto”. Estão bêbados! “Pedro, porém, pondo-se em pé, disse-lhes”: “estes homens não estão embriagados, como vós pensais”. A passagem fala de homens que subitamente foram cheios do Espírito Santo; mas certas pessoas pensavam que eles estavam bêbados, cheios de vinho. Há, portanto, certa semelhança entre os dois estados e condições.
Opino, pois, que o apóstolo se expressa desta maneira para poder apresen­tar tanto o elemento de contraste como o de similaridade. Existem essas claras diferenças essenciais entre as duas vidas; mas há certos aspectos em que ambas são semelhantes. Assim, o apóstolo nos dá um maravilhoso quadro da vida cristã em toda a sua plenitude. Primeira­mente, daremos uma olhada no que ele nos fala acerca desta vida do cristão cheio do Espírito. Depois consideraremos como esta vida se toma possível, e o sentido exato da expressão “Encher-se (Ser cheio) do Espírito”. E posteri­ormente, passaremos a considerar como esta espécie de vida se mostra e se manifesta.
duas expressões que nos cabe considerar antes de examinarmos o quadro geral. A primeira é a palavra “embriagar-se”. “E não vos embriagueis”; que significa? Noutras palavras, a noção toda não é apenas a de um homem que toma um pouco de vinho, mas de um homem cheio de vinho. De fato, a própria palavra que o apóstolo empregou aqui, também era empregada com referência ao processo de “embebedar-se”, “encharcar”. Por exemplo, quando queriam fazer uso da pele de um animal e desejavam esticá-la, embebiam a pele em diversos óleos e gorduras, e deste modo ela ficava mais flexível. Pois bem, a mesma palavra era empregada para esse processo de embeber; “Não vos encharqueis com vinho, mas enchei-vos do Espíri­to”.
A palavra subseqüente é “excesso”. Isto dá-nos a chave para explicar a ilustração que o apóstolo está empregando. Quando ele diz: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda” (ou “excesso”), não está simplesmente chamando a atenção para a quantidade de vinho consumida, mas está afirmando que embriagar-se com vinho leva a excesso. A mesma palavra é empregada com relação ao filho pródigo. Lemos sobre ele em Lucas 15, que “desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente” - a palavra traduzida por “dissolutamente” é exatamente a mesma do nosso texto aqui em Efésios. O filho mais novo, o pródigo, foi para uma terra distante com os bolsos cheios de dinheiro; mas desperdiçou “a sua fazenda”, o seu dinheiro, “vivendo dissolutamente”. Assim, podemos ler em Efésios: “E não vos embriagueis com vinho, que “causa dissolução”, ou “prodigalidade”, ou “esbanjamento. Quando nos pesa a culpa de “excesso”, é porque não “poupamos”, não “guardamos”, não “conservamos”; desperdiçamos de maneira pródiga, desregrada, com esbanjamento; e acabamos ficando sem absolutamente nada. Portanto, em última análise, a palavra leva consigo a idéia de “destrutibilidade”. Agora temos, então, o sentido: “E não vos encharqueis com vinho, que leva ao desregramento, ao esbanjamento, ao desperdício e à destruição final; mas enchei-vos do Espírito”.
À luz disso, observemos o quadro positivo que o apóstolo nos dá aqui da vida cristã. A vida cristã é uma vida controlada, ordenada. Temos aqui um elo de ligação com o que veio antes; porque ali Paulo nos disse que devemos andar “prudentemente”, “não como néscios, mas como sábios”. “Pelo que não sejais insensatos”. Na passagem que estamos focalizando, ele desen­volve aquela idéia. A vida cristã é uma vida controlada, uma vida ordenada; é exatamente o inverso da condição do ébrio, que perdeu o controle e está sendo controlado por outra coisa, por assim dizer, e que, portanto, jaz num estado de completa desordem e desarranjo.
A bebida não é um estimulante, é um agente de depressão. Deprime antes de tudo os núcleos mais elevados do cérebro. Eles controlam tudo que dá ao homem o domínio próprio, a sabedoria, o entendimento, a capacidade de avaliar tudo; tudo que faz o homem. A bebida é algo que imediatamente escapa do controle; e aqui o apóstolo nos está lembrando que não há nada que deva ser mais óbvio quanto ao cristão, nem mais característico deste, do que a ordem - esta qualidade do que é bem ordenado, este equilíbrio, esta esta disciplina. Não deve existir nada no cristão que lembre aquela falta de controle que constitui o sinal mais patente da embriaguez.
A vida cristã não é de desperdício ou dissipação, mas, sim, uma vida produtiva. Que é um cristão? Não posso pensar num melhor modo de descrevê-lo do que este: ele é exatamente o oposto do filho pródigo. Nessa parábola temos um comentário perfeito deste versículo que estamos examinando. Vemos dois lados: o filho pródigo na terra distante, o filho pródigo depois que voltou para casa. Aqui está este maravilhoso contraste. Quero dizer que a bebedeira é sempre dissipadora, ela sempre esbanja. Esbanja o que? Esbanja tempo, a sua energia, lança fora a pureza, joga fora - a capacidade de pensar, de raciocinar, de compreender, e de todo o equilíbrio de que venho falando. Tudo isso é dissipado. É isso que faz da embriaguez uma coisa tão terrível. Vemos um homem assim atirar pela janela as coisas mais preciosas que lhe pertencem. A embriaguez é sempre destrutiva.
Por outro lado, a vida cristã é o oposto disso tudo. A grande característica da vida cristã é que ela conserva, edifica e aumenta o que temos. O cristão está sempre ganhando algo, sempre aprendendo algo novo. Sobre a vida piedosa, o Velho Testamento declara que é uma vida que enriquece - que nos faz ricos em todos os aspectos; de fato nos introduz nas insondáveis riquezas de Cristo”. A vida cristã faz isso. É uma vida que preserva, conserva e aumenta tudo que há de melhor no homem. É precisamente o oposto do tipo de vida que o filho pródigo levava; e o é em todos os aspectos. O pródigo jogou fora seu dinheiro com as suas mãos. O cristão não é um miserável, mas diz o Novo Testamento que ele é um “mordomo”.
Outro contraste notável é este: a vida cristã, diversamente da vida de em­briaguez e de excesso, não esgota o homem. O pobre sujeito pensa que está sendo estimulado; na verdade está se exaurindo por causa do seu pródigo uso da sua energia. Mas a vida cristã não produz exaustão; na verdade faz exatamente o oposto, graças a Deus. Todas as outras fontes de influência nos esgotam, ao passo que o Espírito sempre coloca poder dentro de nós. O Espírito Santo, volto a dizê-lo, não nos esgota; Ele coloca poder dentro de nós, mas a energia produzida e gasta pelo homem esgota. O álcool, ou qualquer estímulo artificial produzido pelo homem, sempre nos deixa exaustos e fatigados. O Espírito não! A embriaguez esgota; o Espírito Santo não esgota, mas comunica energia.
Da mesma maneira podemos indicar que este excesso, esta embriaguez, sempre empobrece. O pobre bêbado se vê sem nada. Observem isto na parábola do filho pródigo. Lá estava ele, coitado: o dinheiro tinha acabado, tudo tinha desaparecido, e ele estava tentando conservar-se vivo comendo as bolotas que eram dadas para alimentar os porcos. “E ninguém lhe dava nada”. Ele não possuía absolutamente nada; estava completamente empobrecido. Lembra-se do seu lar e do seu pai, e diz: “Ora, os servos de meu pai estão em melhor situação que eu, têm pão “para dar e vender”, e eu não tenho nada”. A vida cristã é o exato oposto disso. Estamos edificando, estamos aumentando, estamos crescendo, estamos a desenvolver-nos? Esse é um penetrante teste para vermos se o Espírito está em nós em Sua plenitude, ou não.
Tenho acentuado que a vida cristã é uma vida controlada e ordenada, que é uma vida produtiva, em contraste com todas as outras maneiras de viver. Mas, acima de tudo, quero acentuar que a vida cristã não é uma vida meramente negativa. Acredito que foi para dizer isso que o apóstolo usou esta comparação. Podemos ler esta Epístola aos Efésios, especialmente cap 4:17 até este ponto, e talvez, lendo-a superficialmente, fiquemos com a impressão de que a vida cristã é tão somente negativa - que não devemos fazer isto, não devemos praticar aquilo, que não nos devemos dar a conversas tolas, que não devemos embebedar-nos, e assim por diante.  Muitos pensam assim, é apenas uma vida de proibições, e vocês estão sempre dando ênfase a ordem, controle, disciplina, zelo e coisas seme­lhantes. Esta sua vida cristã é inteiramente negativa?” Dizem eles. A resposta é: “Não, mil vezes não”. Alguns parecem pensar que o cristão é um homem triste, quase miserável, um homem meramente moral.
São os homens morais e bons da igreja que hoje constituem os maiores inimigos da cruz de listo; e, portanto, eles devem ser denunciados. Surpreende-se alguém de que eu fale deste modo da moralidade? Faço isto porque, de muitas maneiras, a moralidade é o maior inimigo do cristianismo. O cristianismo não é morali­dade apenas ou ausência de certas coisas da vida do homem. Certamente não há nada que faça mais dano à fé cristã do que esse modo de ver. Estou dando ênfase a este ponto porque Igreja cristã tem estado pregando moralidade e ética, esta pregação do “viver bem”. Tais homens deixam cair às doutrinas; eles não gostam da idéia de expiação, e consideram ridículo falar do novo nascimento.  Para eles, cristianismo é aquilo que ensina o homem a viver bem. Mas isso é inteiramente falso. O cristianismo dá vida nova ao homem. Não é apenas uma espécie de moralidade negativa que entorpece a alma e a priva de todo vigor e vitalidade. O apóstolo, digo eu, ao utilizar esta comparação, troveja para nós este fato tremendo, que a vida cristã não é tão somente uma vida negativa, uma simples ausência do mal e do pecado. O cristianismo é estimulante, é entusiasmante, é emocionante! É isso o que Paulo está dizendo: “E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda” (ou “excesso”) - não vão atrás de bebida, se é que vocês estão procurando emoção, estímulo, alegrias - “mas enchei- vos do Espírito”, e terão isso tudo, e mais. Esta é a tremenda idéia que é tão característica do ensino do Novo Testamento. O Espírito Santo é um estímulo real, positivo, ativo.
Que é que Ele estimula? Estimula todas as nossas faculdades. Estimula a mente e o intelecto. Ele realmente desperta as faculdades da pessoa e as desenvolve. Todavia, Ele não estimula somente o intelecto. Também estimula o coração. Toca o coração; e não há nada que possa tocar as profundezas do coração como o Espírito Santo. A influência do Espírito Santo toca e estimula a vontade. Os cristãos de todos os tempos sempre concordaram em que a vida cristã que receberam é o maior estímulo que se pode conceber. Está sempre levando a algo novo, a algo maior. Posso dar meu testemunho pessoal a respeito disto? Talvez vocês pensem que um homem que por mais de vinte anos prega no mesmo púlpito, começa a achar que já esgotou a Bíblia, ou que esta já deixou de estimulá-lo. Ao contrário, o que acho é que estou apenas começando. É um trabalho cada vez mais maravilhoso. Acho-o cada vez mais emocionante, semana após semana. Às vezes gostaria que houvesse dois domingos por semana, e até mais! É tão extraordinário! A riqueza, a profundidade e a amplitude são tais que sinto como se estivesse apenas nas antecâmaras; e lá dentro estão estes grandes tesouros. Tive um vislumbre deles, e quero examiná-los. Que vida estimulante, emocionante, entusiasmante é esta! Nela sempre estamos em movimento, sempre nos movendo para diante, virando esquinas e contemplando sempre panoramas mais majestosos. Nunca tínhamos ouvido nada a respeito deste, e outro mais, e ainda outro.
O cristão é o homem cuja mente se expande, cujo coração é tocado e se alarga. E ele deseja dar de si, deseja ampliar as fronteiras do reino de Deus, para que outros venham a partilhar dele. A vida cristã afeta o homem completo - o intelecto, as emoções, a vontade (alma). Que estímulo! A vida cristã é uma vida feliz; é uma vida repleta de alegria. “Vocês estão interessados em felicidade e alegria?”, pergunta o apóstolo. Pois bem, se estão, “enchei-vos do Espírito”. Vocês pensavam que esta vida cristã era uma vida insípida e enfadonha? Se a resposta é sim, estavam errados em sua opinião sobre isso. Deus tenha misericórdia de nós se representarmos esta vida como insípida e enfadonha! Digo novamente que ela é emocionante, feliz e repleta de alegria. Ouçam o Velho Testamento: “A alegria do Senhor é a vossa força(Ne 8:10). Ouçam o apóstolo, em sua Epístola aos Fp 4.4: “Re­gozijai-vos no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos”. Estas são as grandes expressões da vida cristã.
Ainda mais: esta vida não é apenas feliz e alegre, é uma vida que capacita a pessoa a ser feliz e alegre, mesmo em meio a provações e tribulações. Ouçam o que apóstolo Pedro diz sobre isso. (1 Pedro 1:6). “Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações”. Eles estavam passando por um período muito duro e difícil, estavam em meio a provações e tribulações. Isto é cristianismo! Os cristãos se regozijam, mesmo em meio a tribulações. Esta é a única vida verdadei­ramente feliz! As alegrias naturais muitas vezes levam à miséria e à infelicidade, ao “dia que vem depois da noite”, ao remorso e à exaustão. A alegria do Senhor não me faz feliz somente de noite, mas também de manhã, e durante o dia subseqüente, e dez, vinte anos depois - em meu leito de morte, e para todo o sempre na glória. Esta é a única alegria que persiste até na adversidade. “Minha alegria”, diz Cristo à sombra da cruz, “vos darei, e minha alegria ninguém tirará de vós.” Graças a Deus, homem nenhum poderá tirá-la, porque se trata da alegria do Senhor, da alegria do Espírito Santo.
A vida cristã é uma vida convival. “Convivência social”, dizem eles, “é impossível sem o estímulo da bebida” - naturalmente querem dizer, sem o efeito da bebida! Naturalmente, os cristãos gostam da companhia uns dos outros. Se você não gosta da companhia de cristãos, não posso ver como você pode ser cristão, de maneira nenhuma. Porventura há na terra alguma coisa comparável ao encontro de cristãos? Eu sacrificaria tudo que o mundo tem para oferecer para ter cinco minutos com um santo! Que é que o mundo tem para oferecer-nos de melhor e mais elevado? A comunhão dos filhos de Deus reunindo-se, conversando acerca da grande libertação, acerca da nova vida e da bendita esperança que jaz diante deles, conversando acerca do lar, conversando acerca da glória vindoura, contentes juntos, enfrentando juntos os problemas, ajudando uns aos outros, fortalecendo uns aos outros, estimulando uns aos outros. Essa é a alegria dos Efésios que convivem em comunidade na vida da igreja. Não há nada que se lhe iguale, contanto que seja genuinamente cristã. Ser membro da igreja não lhes dará isso necessariamente, como tampouco o fará a moralidade. Mas quando os membros da igreja estão cheios do Espírito, o resultado é essa vida comunitária, têm interesse uns pelos outros, têm compaixão, desejo de ajudar, e estão todos juntos num grande e glorioso espírito de convivência, louvando o Senhor, unindo as suas vozes em cânticos e antecipando juntos aquilo que ainda lhes está reservado!
Não se trata meramente, nem unicamente, de uma vida de abstenção de bebidas, de renúncia ao cinema, de não fumar, de não fazer isto ou aquilo. A pessoa pode ser transparentemente limpa em todas essas questões e ainda não ser cristã. E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda (ou “excesso”), mas enchei-vos do Espírito.”