sexta-feira, 29 de outubro de 2010

VIDA EM UM PLANO MAIS BAIXO


Se estudarmos a Palavra de Deus, vamos descobrir que o plano de Deus é que o homem viva no plano espiritual. No primeiro homem de Deus (Adão), o Espírito divino tinha relacionamento direto com o espírito humano, e através dele, como uma ponte, podia então controlar todo o ser para torná-lo e mantê-lo espiritual, vivendo em uma vida num plano mais alto. Essa era a intenção de Deus para Seu primeiro homem bem como para toda a humanidade.
Mas não é difícil perceber que hoje as grandes maiorias das pessoas, vivem no plano mais baixo, que é a do homem natural. Nos quatro cantos do mundo vemos homens desajustados com Deus, com seus semelhantes e consigo mesmo.
A guerra, o ódio, o descontentamento, a arrogância, o crime, a ilegalidade, a anarquia predominam, e agora quando é chegado o fim dos tempos estamos vendo esses comportamentos a cada dia aumentarem terrivelmente.
Por que isso aconteceu com o homem? Por que razão ocorreu essa terrível e trágica queda?

A condição do Homem Natural

“...estáveis naquele tempo sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos pactos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo”. (Ef 2:12)

O apóstolo Paulo está falando para a igreja em Éfeso, que viviam no plano espiritual mas no passado também viveu no plano natural e por isso ele falou “naquele tempo” quando vocês viveram no plano mais baixo, “todos vocês estavam sem Deus, sem Cristo e sem esperança.”

“E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho.
Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida”. (I João 5: 11,12)

A vida eterna está em Jesus Cristo, o Filho de Deus, mas como já vimos Efésios 2:12 diz que o homem natural está sem Cristo, portanto ele não deve ter vida eterna. Deus oferece a todos a vida eterna, mas o homem pode receber ou recusar. Recebê-la é abrir caminho para viver no plano mais alto, o do homem espiritual; recusá-la é viver no plano mais baixo da vida, o do homem natural.

“Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados” (Ef 2:1)

O homem natural recusa o dom da vida, por isto para Deus, toda pessoa que não recebeu do Pai o dom da vida eterna por meio de Cristo Jesus, é descrito por Deus como morto. É possível que o leitor pense, tenho muitos parentes que não professam ser cristãos mas tem vida abundante e por isso não aceito esse pensamento.
A pessoa sem Cristo pode ser um gigante, um intelectual, alguém importante e famoso, abundante em sabedoria do mundo, pode ser um modelo em moralidade, honestidade, vivendo sua vida familiar e cívica de forma muito louvável, pode até mesmo ser um religioso, freqüentar cultos, fazer obras e dar ofertas para templos, então você pensa, certamente a descrição de Deus do homem natural não cabe para esta pessoa, pois ele é abundante em vida! Como pode ser tal pessoa descrita como “morto”?
Mas deixe fazer um teste em relação ao seu espírito. Vimos que o espírito humano é o assento da consciência de Deus e que em Adão (primeiro homem) havia um direito e vital relacionamento entre o Espírito divino de Deus e o Espírito humano de Adão. O primeiro homem de Deus foi totalmente suscetível a Deus em comunhão, seu amigo é suscetível a Deus?
Converse com ele sobre Deus e as coisas espirituais e sua linguagem simples será estranha para ele. Convide-o a ir à reunião da Igreja, para adorar com os filhos de Deus, ele certamente preferirá ir ao clube ou cinema. Dei-lhe uma Bíblia para ler e você ver á a indisposição para isto, ele preferirá o jornal ou romance da moda. Convide-o para gastar uma tarde na companhia de outros crentes estudando a Bíblia, ele estará deslocado e ansioso para a reunião acabar logo. Fale com ele das suas necessidades espirituais, explique a ele a sua condição de perigo, inste-o a receber Cristo como seu Salvador pessoal e aliar-se publicamente ao povo de Deus e ele zombará dessa idéia.
Então agora percebemos que algo está errado com seu espírito, pois não vemos resposta a tudo o que é de Deus, não há senso de necessidade de Deus. Algo está morto dentro dele, reina a morte no seu espírito.
Deus é o autor da vida, mas hoje reina a morte em todo lugar. Nenhum ser vivo está isento do seu toque, há ruínas em todos os lugares, certamente Deus não é o autor da morte, então de onde ela veio? Deus não nos deixou sem resposta esta questão, Ele disse como a morte entrou no mundo das coisas vivas.

“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram”. (Rom 5:12)

Isso nos esclarece que a morte é o resultado e o pecado é a causa. A morte veio pro causa do pecado. Mas como o pecado entrou no mundo? Entrou por um homem. Então não podemos colocar a culpa em Deus pela entrada do pecado e da morte no mundo.
Em Romanos 5:12 Deus diz que toda a humanidade estava envolvida no desastre causado pelo pecado de um homem, assim ele deve ter sido um homem representativo, alguém em que a raça humana estava latente. O contexto de Romanos 5: 13 – 21 põe em acentuado contraste pecado e morte, salvação e vida, e analisa cada um na sua fonte em somente dois homens representativos de toda história : Adão e Cristo. Por meio de Adão entrou o pecado e a morte, e por meio de Cristo, o segundo homem (representativo) de Deus, veio à salvação e a vida.

“Pois como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados”. (I Co 15:22)

Adão é o homem por meio do qual o pecado entrou no mundo e por conseqüência a morte. Mas vimos anteriormente que Adão foi criado sem pecado e que foi colocado em um ambiente perfeito, onde desfrutou de plena comunhão com Deus. Então podemos perguntar: como a tragédia da morte entrou naquele jardim? (Éden). A história é contada no segundo e no terceiro capítulo de Gênesis. Esta porção da Palavra de Deus espiritualmente aprendida e humildemente aceita dá uma resposta que satisfaz todo crente verdadeiro e sincero.
Para responder a pergunta precisamos definir o que é pecado. A resposta é simples. O único pecado que Adão poderia cometer era o de desobedecer à vontade de Deus claramente revelada. Adão poderia desejar comer daquele furto proibido, mas ele só poderia se manter sem pecado se ele obedecesse a orientação do Senhor, ...”da árvore do conhecimento do bem e do mal não comereis”. Pecado então é desobediência consciente à vontade de Deus claramente revelada.
Vamos ver dos próprios registros de Deus como o pecado entrou em Adão com sua maldição e morte.

“Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do jardim podes comer livremente;
mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. Gen 2: 16,17)

“Então, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu”. (Gen 3:6)

Deus deu a Adão liberdade quase ilimitada, mas um mandamento foi imposto, ele não poderia comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Somente de uma árvore ele não poderia comer e mesmo assim tinha uma razão benéfica, era para ele não morrer.
Adão estava em tentação, ele comeu do fruto proibido, ele desejou ter algo que Deus, por amor e razão benéfica, tinha desejado que ele não tivesse. Por aquele único ato ele pecou, porque pecado é a transgressão da lei. Pela sua própria vontade ele transgrediu um limite divinamente marcado, ele desobedeceu a voz do SENHOR.

Na próxima edição continuaremos falando mais sobre este assunto. (Estudo feito com o auxílio do livro: VIDA EM UM PALANO MAIS ALTO I – (RUTH PAXSON)

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

EXPOSIÇÃO SOBRE EFÉSIOS



CAPÍTULO 27

CIDADANIA CELESTIAL

Por. D. M. Lloyd Jones

"Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus." - Efésios 2:19

Com estas palavras o apóstolo coloca diante de nós as glórias, os privilégios e as vantagens de ser membro da Igreja Cristã. Esse é, na verdade, o tema de todo o capítulo. Anteriormente ele estivera interes¬sado em tratar do mecanismo, da maneira pela qual isso fora tornado possível tanto a judeus como a gentios, e agora ele medita na realidade propriamente dita, e está desejoso de que estes efésios a usufruam com ele e venham a entendê-la e a dar-se conta do seu significado. Ele sabe, e lhes dissera no capítulo primeiro, que isto somente será possível quando "os olhos do seu entendimento forem iluminados". Sem isso, é completamente impossível.
Para as pessoas cujos olhos não foram iluminados pelo Espírito Santo, a Igreja é tão-somente uma instituição. Eles podem gostar dela como instituição, podem gloriar nela como instituição, mas não é isso que o apóstolo gostaria que estas pessoas vissem. Ele ora no sentido de que os olhos do seu entendimento fossem iluminados para que elas soubessem qual "a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos; e qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos" (1: 18). Já iniciamos a nossa conside¬ração deste versículo mostrando como o apóstolo ressalta a vital importância de estarmos absolutamente certos de que estamos na posição descrita neste versículo. Não podemos esperar compreender os privilégios da posição se não soubermos em que consiste a posição, e se não estivermos completamente seguros de que estamos nela. Vimos a importância de saber com certeza que não somos mais estranhos e estrangeiros, de saber, como me aventurei a colocá-lo, que não residi¬mos mais baseados num passaporte, e sim que realmente nós temos as nossas certidões de nascimento, que realmente somos membros da Igreja. A minha opinião é que, se tão-somente nos déssemos conta do que é ser cristão e membro da Igreja Cristã, muitos dos nossos proble¬mas, senão todos seriam imediatamente resolvidos. Se tão-somente pudéssemos subir às alturas da nossa alta vocação em Cristo Jesus e dar¬-nos conta de que ocupamos esta posição, as picuinhas e os problemas se tomariam inimagináveis; despencariam, seriam indignos de conside¬ração. Pois bem, em certo sentido, esse é o argumento de todas as Epístolas do Novo Testamento. Todas essas Epístolas foram escritas para igrejas, para membros das igrejas, e o que cada uma delas faz é precisamente o que venho dizendo. Todas elas começam dando-nos um quadro descritivo da nossa posição como membros da Igreja Cristã, e depois, tendo feito isso, elas dizem: bem, agora, à luz disso, obviamente é assim que você tem que viver. Essa é a análise de cada uma das Epístolas do Novo Testamento.
Portanto, certamente não há nada que seja mais importante hoje, de todos os pontos de vista, do que compreendermos estas coisas. É importante para nós pessoalmente. Muitas das nossas aflições, dificul¬dades e tribulações, muitos dos nossos problemas seriam encarados de maneira inteiramente diferente, se de fato nos víssemos como somos em Cristo. E, mais importante ainda, se toda a Igreja simplesmente compre¬endesse o que ela é, já estaria na estrada real de chegada a um verdadeiro avivamento e a um poderoso despertamento espiritual. É porque deixamos de compreender estas coisas que não oramos por avivamento como devíamos, e não o buscamos e não ansiamos por ele. Não é de admirar, então, que o apóstolo dê tanta ênfase a isto. Aqui ele o coloca na forma de várias figuras. Temos as três figuras apresentadas juntas, quase concomitantemente: a primeira, a Igreja como um grande Estado ou reino; sim, mas ela é também uma família; sim, e também um templo. Ele já nos dera antes uma figura na qual compara a Igreja a um corpo, um só corpo, um só novo homem. E vocês verão que, no capítulo cinco desta Epístola, ele usa ainda outra ilustração, pois nessa passagem ele diz que a relação entre a Igreja e o Senhor Jesus Cristo é a que existe entre uma esposa e o seu esposo. É interessante notar que, desse modo, o apóstolo usa uma variedade de figuras e ilustrações; e é importante entender a razão pela qual ele o faz. Toda e qualquer ilustração é insuficiente.


A verdade é tão grande, tão multifacetada, tão gloriosa, que ele se vê forçado a multiplicar as suas figuras e imagens. Cada uma delas comunica algum aspecto particular, e nos habilita a ver uma faceta peculiar da verdade não transmitida muito bem pelas outras ilustrações e figuras.





"Não sois estranhos e estran¬geiros"!
"Concidadãos dos santos"!

Passemos agora à primeira figura. "Não sois estranhos e estran¬geiros"! (V A), diz o apóstolo. Bem, nesse caso, o que somos? "Concidadãos dos santos"! Essa é a primeira figura. Que é que isso nos diz? Ensino deveras rico! Aqui ele compara a Igreja a uma cidade, ou a um Estado, ou a um reino. Não nos surpreende que o apóstolo tenha feito Isso. Naqueles tempos antigos havia grandes cidades-Estados, ou Estados-cidades; certas cidades eram, em si mesmas, verdadeiros Estados. Mas, acima e além disso, naturalmente, havia grandes Estados, grandes reinos, grandes impérios. Na ocasião em que escreveu esta carta, provavelmente o apóstolo era prisioneiro em Roma, a própria metrópole e centro nervoso do grande Império Romano. Roma era a capital, e tinha os seus povos espalhados por todo o mundo civilizado da época, com governadores e outros funcionários importantes pondo em execução as ordens e instruções do governo central e, em última instância, do imperador. Não admira, pois, que o apóstolo tenha pensado na Igreja como algo semelhante a isso. Ela é como um grande Estado, um grande império, um grande reino, e ele usa a ilustração para transmitir a estes efésios um ensino muito precioso.
Não se trata de uma nova idéia que de repente ocorreu ao apóstolo Paulo. É uma concepção muito importante que se acha na Bíblia toda. Há grandes seções das Escrituras que simplesmente não poderemos entender, a não ser que captemos esta idéia particular. Na vocação de Abraão - que é um dos grandes pontos divisórios da história - Deus estava dando os primeiros passos para a formação de uma nação para Ele próprio. Até aquela altura Deus tratava com o mundo inteiro, por assim dizer. Os onze primeiros capítulos do livro de Gênesis tratam do mundo todo e da história do mundo todo e de toda a sua população. Mas, no começo do capítulo doze de Gênesis, no chamamento de Abraão, o registro começa a tratar especial e especificamente da história de uma única nação. Ali nos é apresentada logo a idéia de que o povo de Deus é reino de Deus, nação de Deus - toda esta concepção de Estado. No capítulo dezenove de Êxodo repete-se muito claramente a mesma coisa. Pouco antes da entrega dos Dez Mandamentos e da lei moral, Deus disse a Moisés que o povo devia dar-se conta de que era uma "nação santa", que eles eram "cidadãos de Deus", que pertenciam a Ele, que Ele era o seu Rei, e eles o Seu povo. Isso deveria dominar toda a perspectiva dos filhos de Israel. Antes de levá-los e introduzi-los na terra prometida, Ele queria que eles compreendessem isso. Toda a tragédia dos israelitas foi que não o compreenderam. Nunca se aperceberam precisamente disso, que eles eram reino de Deus, um reino de sacerdotes, uma nação santa para Deus. E por causa da sua incompreensão, toda a sua tragédia desceu sobre eles, e deixou esculpida a triste imagem que deles vemos descrita no Velho Testamento. Contudo, ainda, se vocês forem ao livro de Daniel, verão esta concepção exposta de maneira sumamente admirável. É a grande mensagem daquele livro. Em todo ele lemos sobre reinos, lutas entre reinos e a relação deste reino de Deus com aqueles outros reinos; os animais que representam aqueles outros poderes - a Babilônia, que já existia, a Medo-Pérsia, a Grécia, e Roma, que surgiram mais tarde, ¬e este reino. Na verdade, a mensagem de todos os profetas era uma tentativa de inculcar nos filhos de Israel a sua peculiar relação com Deus como cidadãos do Seu reino eterno. Depois, quando vocês chegam ao Novo Testamento, vocês vêem que este é um tema central do ensino do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Vejam as Suas parábolas do reino. Ele sempre pensava em termos do reino. Ele dizia que tinha vindo para estabelecer um reino. Ele Se dizia Rei - e foi crucificado por dizê-lo, num sentido, num nível puramente secular. Todo o Seu ensino é sobre o reino e sobre pessoas entrando em Seu reino. Ele começa dizendo a Nicodemos: "Aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus". Esse tema integra a Sua mensagem toda. O Sermão do Monte tem sido acertadamente descrito como o manifesto desse reino. E o tema se vê constantemente nos escritos do apóstolo Paulo. Vocês o verão igualmente na Primeira Epístola de Pedro. Ele cita as palavras do Êxodo, capítulo 19, e acrescenta: "Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus" (l Pedro 2:9-10). Ele aplica isso a todos os membros da Igreja Cristã. E no livro de Apocalipse vocês vêem exatamente a mesma coisa. Está claro, então, que esta é uma doutrina vital na Bíblia; e, como povo cristão, convém que a estudemos, a compreendamos e a apliquemos a nós mesmos, para que nos gloriemos e nos regozijemos nela, como se espera que façamos. Qual é, então, o ensino?

Examinemo-lo assim: o que é que isso nos fala acerca de nós mesmos? Que espécie de definição da Igreja isto nos dá? É muito simples, se vocês tiverem uma clara concepção de um Estado ou reino ou cidade. A primeira coisa que este ensino salienta é que nós somos um povo que foi separado e tornado distinto de todos os outros. As cidades antigas tinham todas um muro ao seu redor, o muro da cidade. Vocês ainda podem ver restos e remanescentes destes muros em diversas cidades. Ainda existe uma parte desta cidade de Londres chamada Muro de Londres, e há outras cidades, como Cantuária e Chester, onde se vê a mesma coisa. Qual era o propósito do muro? Bem, era para separar os cidadãos. O muro os mantinha dentro e os outros fora. Havia portas que davam passagem através do muro da cidade; as portas eram fechadas numa certa hora e eram abertas noutra hora, na manhã seguinte. Toda a concepção da cidade, da comunidade política, dá a idéia de separar, retirar, pôr à parte, circunscrever, e até mesmo encerrar.
Ou, se vocês não quiserem pensar em termos de cidade, mas preferirem pensar em termos de países ou de Estados, sempre há limites ou fronteiras. Pode ser o mar, pode ser um rio ou uma cadeia de montanhas, ou pode ser uma linha de demarcação imaginária traçada por autoridades. Não importa qual seja, contudo sempre tem fronteira, e não se pode passar de um Estado a outro sem cruzar a fronteira. Você terá que passar pela alfândega e mostrar o seu passaporte e deixar que examinem os seus objetos, porque está na fronteira! Não se pode pensar num Estado ou numa cidade ou num reino sem fronteiras. E o dever das fronteiras é dizer a certas pessoas: até aqui, sim, mas não além deste ponto; e dizer aos que estão dentro das fronteiras: esta é a sua cidade, este é o seu país, esta é a terra a que vocês pertencem.
A importância desta doutrina deveria ser evidente por si mesma. Você não pode ser cristão sem ser uma pessoa separada. Você não pode estar no reino “de Deus” e, ao mesmo tempo, no reino "do mundo". Há este "ou - ou" fundamental, gostemos ou não. Este mesmo apóstolo lembra aos gálatas que Deus, no Senhor Jesus Cristo, livrou-nos do "presente século mau" (Gálatas I :4). Escrevendo aos colossenses ele diz: "O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor" (1: 13). Que concepção tremendamente Importante é essa! Se somos cristãos, somos separados, não somos mais como os outros todos. Entretanto alguém poderá perguntar: mas isso não é ser farisaico? Não é ser orgulhoso? Nada disso! O fariseu separou-se, porém o fez de modo errado; o erro não estava na separação, estava no espírito com que ele a fez. Não estou defendendo a atitude do sou¬-melhor-que-você, mas o que estou dizendo é que, como cidadão do reino dos céus, sou diferente dos que não são cidadãos desse reino. Quão prontos estamos para afirmar isso ao nível nacional- sou inglês, ou lá o que seja! Temos todo o cuidado de ressaltar a distinção, que não somos outra coisa. E, todavia, quando passamos à esfera espiritual, há os que se opõem. Isso é ser estreito, dizem eles, é ser causador de divisão. Mas, sejamos coerentes, sejamos lógicos, acima de tudo sejamos bíblicos. Seja qual for o nosso pensamento a respeito, o fato é que, como cristão, como membro da Igreja, você foi tirado do mundo, você foi separado. E, se você não se der conta disso e não se regozijar nisso, haverá bom motivo para questionar se você é cristão afinal. É básico, é fundamental, é uma das primeiras coisas que deveriam ser óbvias.

“Os cidadãos estão ligados pela obedi¬ência a um governante”

Passemos a outra coisa, porém. O segundo ponto que sobressai necessariamente é que, portanto, os cidadãos estão ligados pela obedi¬ência a um governante, às autoridades, à lei e a certo modo de vida. Isto sempre caracteriza uma cidade, um Estado, um reino. Sendo assim separados, fomos separados para certos objetivos e propósitos especí¬ficos. Toda cidade sempre teve um chefe. Podia ser um rei ou alguém designado para isso, mas sempre havia um chefe. Todo Estado sempre teve um chefe, todo reino sempre teve um rei. Não há sentido em falar em reino se este não tiver rei. E são cidadãos do reino os que estão ligados pela obediência comum a esse Estado, a esse rei, a essa autoridade, presidente ou o que for. Como cidadãos, todos nós juntos reconhecemos isso. Há este vínculo comum, esta lealdade; temos estes interesses em comum.
Vemos a importância disso quando aplicamos o conceito à Igreja. Todos nós reconhecemos o mesmo Chefe, o mesmo Rei, eterno, sempiterno. Temos interesses comuns, os mesmos interesses. Reco¬nhecemos as mesmas leis. E por causa disso também temos lealdade uns para com os outros. Como direta conseqüência, há certas coisas que nos são peculiares e que não se aplicam aos outros. Isso é tão elementar que não tenho necessidade de salientá-lo. Naturalmente, é vital que compre¬endamos que não estamos falando simplesmente da Igreja externa, visível. O apóstolo, no contexto geral desta declaração, deixa claro que está pensando espiritualmente. Nunca percamos de vista este fato. Não estamos falando simplesmente da Igreja como organização, como uma organização externa, visível; a idéia do apóstolo é espiritual, mística e orgânica. Expressa-se externamente, mas o que é vital é este princípio interno. Pois, é possível ser membro da Igreja visível, externa, e, contudo, ter ignorância de Cristo, não conhecê-lO, não estar verdadei¬ramente, vitalmente relacionado com Ele. Que lástima! Sempre houve pessoas assim, e ainda há; foram criadas na igreja local, é tradição, é algo que faz parte da esfera social e suas modas, mas não é algo vívido, não é real. O coração delas está no mundo, não na Igreja.
Em certo sentido, a maior tragédia ocorrida na história da Igreja foi quando o cristianismo se tornou a religião oficial do Império Romano, e começou aquela fatal associação entre a Igreja e o Estado que daí em diante obscureceu e confundiu a situação. Perdeu-se esta idéia de separação, e o povo passou a pensar em termos de países cristãos, presumindo que todos os que são de um tal país são cristãos. Quão completamente contrário ao ensino de Paulo! Não, não é meramente o externo. O que Paulo quer dizer é que, como cristãos, somos cidadãos do reino de Cristo. Onde está o reino de Cristo? O reino de Cristo está onde quer que Cristo reine; portanto, o reino de Cristo pode estar no coração do indivíduo. Cristo reina nos corações de todos os que Lhe pertencem e se submetem a Ele. O reino de Cristo está na terra e no céu, em Seu povo. Seu reino não é deste mundo, é provisoriamente invisível, mas é real. O reinado, o governo e a autoridade de Cristo, onde quer que estejam, é o Seu reino. É disso que o apóstolo está falando. Cristo é o nosso Profeta, o nosso Sacerdote e o nosso Rei, e todos os que reconhecem o Seu governo e se inclinam diante dEle em obediência, são cidadãos do Seu reino eterno. O valor e a importância de se ver este assunto desse modo torna-se evidente quando nos damos conta de que ele nos diz que aqui e agora podemos ser cidadãos daquele reino, que durará para todo o sempre. Entramos nele agora, e continuaremos nele por toda a eternidade.

“os privilégios da nossa cidadania neste reino glorioso”

Vejamos agora um terceiro ponto, que é: os privilégios da nossa cidadania neste reino glorioso. Todos nós nos interessamos por privilégios, não é? Você conhece o tipo de homem que gosta de gabar¬-se de os ter e de que ele está "de bem" com os grandes. Ele poderá apresentar você, diz ele. Privilégios! Como os desejamos! Como gostaríamos de tê-los! Todo o mundo está louco por privilégios hoje. É resultado do pecado. Todavia, se você está interessado em privilégios, ouça isto: quais são os privilégios desta cidadania? O primeiro e maior privilégio é este - o nosso Rei. As pessoas se ufanam da sua cidadania, dos seus países e de certas coisas em particular. Citam a sua história, falam dos seus heróis; erigem monumentos em honra deles, escrevem sobre eles em livros. Orgulham-se da sua ligação com eles. Mas tudo isso empalidece, chegando à insignificância, quando comparado com os nossos privilégios como cidadãos do reino do céu. Acima de tudo o mais, nós nos gloriamos no fato de que temos um Rei que é "o Rei dos reis, e o Senhor dos senhores", o próprio Filho de Deus - o Rei do céu.
No entanto, continuemos a considerar a esfera deste reino. E este é um tema sumamente fascinante e maravilhoso. A esfera de todos os reinos terrenos é a terra, e o seu centro, a capital, é sempre na terra. Pertencemos à Grã- Bretanha, a uma comunidade de nações, e costumá¬vamos gabar-nos do fato de que os seus cidadãos estavam espalhados por toda a terra, e que o sol nunca se punha sobre o Império Britânico. Quão extenso, quão maravilhoso! E temos uma capital- Londres. E outras nações gabam-se de coisas semelhantes. Londres - Paris - Washington! Capitais! Poder sobre extensos territórios, amplo império e domínio! As nações têm grande orgulho disso, e muitas vezes as suas rivalidades e invejas as levam a conflitos. Isso mostra como apreciam o privilégio, e o orgulho que sentem pela esfera e pela extensão dos seus reinos. Mas por certo vocês recordam como o nosso bendito Senhor definiu e descreveu o Seu reino neste aspecto. Ele disse: "O meu reino não é deste mundo". Referiu-Se a ele como o reino do céu, ou "o reino dos céus". E o apóstolo, escrevendo aos Filipenses, diz: "A nossa cidade está nos céus" (3:20). Estamos na terra, porém a nossa cidadania é lá. Alguém traduziu essa frase com as palavras: "Somos uma colônia do céu". Sim, estamos na terra, mas agora simplesmente uma colônia; a nossa capital não é Londres, Paris ou Nova York, e sim o próprio céu.
A que cidade eu e você, como cristãos, pertencemos? Segundo o livro de Apocalipse, é a Nova Jerusalém, que vai descer do céu e estabelecer-se na terra - a Nova Jerusalém! É onde vive o Rei, onde Ele está assentado à mão direita da glória neste momento. Não uma Jerusalém terrestre, mas uma Jerusalém celeste, uma Jerusalém sempi¬terna. Que privilégio, pertencer a tão grande império, a tão amplo domínio! Contudo não é só verdade dizer que o quartel-general, a capital, é no céu. Os cidadãos deste reino estão espalhados pela terra toda. Inclui homens e mulheres "de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas" (Apocalipse 7:9). Na expressão de Isaac Watts -

Povos de toda língua, e de toda nação,
Cantam sublime canto, em Seu amor estão.

Que reino! Que esfera! O romano orgulhava-se de ser cidadão romano. Os homens pertencentes a grandes impérios sempre mostraram o mesmo orgulho. Cristãos, apercebam-se de que são cidadãos de um reino como este! Quartel-general no céu; o Rei eterno, imortal, invisível, como o seu Rei! E cidadãos em todos os reinos, terras, continentes e climas! Onde quer que vivamos e seja qual for a nossa nacionalidade, não faz diferença. Pertencemos a Ele, o quartel-general é o mesmo - a Jerusalém celeste. Que reino glorioso! Que privilégio, ser cidadão de tal cidade!
Entretanto deixem-me mencionar outra coisa. Vocês notam como o apóstolo fala da nossa concidadania. "Assim que já não sois estranhos, nem estrangeiros, mas concidadãos dos santos" (V A). Pensem em seus concidadãos! Dos santos, diz ele - vocês são concidadãos deles. Quem são eles? Não é a nação de Israel como tal, porque "nem todos os que são de Israel são israelitas". Ele está pensando nos santos entre os filhos de Israel. O que Paulo quer dizer aqui é o que o homem que escreveu o Salmo oitenta e sete, versículos cinco e seis, tinha em mente quando disse: "E de Sião se dirá: este e aquele nasceram ali; e o mesmo Altíssimo a estabelecerá. O Senhor contará na descrição dos povos que este homem nasceu ali". Vocês vêem o que ele quer dizer? Ao nível natural, os homens se orgulham de pertencer a uma nação capaz de produzir um *Shakespeare - a terra de Shakespeare! A terra de Marlborough!* A terra de Wellington; a terra de Pitt; a terra de Cromwell - a terra desses gigantes que foram estadistas, poetas, artistas etc.! Que orgulho, pertencer a uma nação como esta- tais homens nasceram aqui, foram criados em nossa terra, ossos dos nossos ossos, por assim dizer, e carne da nossa carne. Mas a Bíblia diz: "O Senhor contará na descrição dos povos que este homem nasceu ali". É esse o povo ao qual pertencemos. Somos concidadãos de Abraão, o maior cavalheiro que já viveu, aquele que teve a distinção de ser chamado "amigo de Deus". Não seria uma coisa maravilhosa entender e saber que você pertence à mesma cidade, ao mesmo reino a que Abraão pertenceu? E não somente Abraão, mas também Moisés, Davi, Isaías, Jeremias, e todos aqueles valorosos homens do Velho Testamento. Pertencemos a eles, estamos na mesma cidade, temos estes interesses comuns e esta lealdade comum. Devo confessar que para mim é, talvez, a maior emoção perceber que sou um concidadão do apóstolo Paulo, que, como cristãos somos um com ele, que temos os seus interesses em nossos corações, e que as mesmas coisas que os moviam nos movem. E o veremos e passaremos a eternidade com ele, e com todos os outros apóstolos.
Pois bem, considerem a história da Igreja. Alegra-me pertencer ao mesmo grupo, ao mesmo reino a que pertenceram Agostinho, João Calvino, Martinho Lutero, John Knox, os puritanos, Whitefield, Wesley, e tantos outros mais. Somos todos um, pertencemos àquele grupo de pessoas. Já não somos do mundo, pertencemos a este reino separado, a este reino de sacerdotes, a esta nação santa. Permitam-me lembrar-lhes os versículos 22-24 do capítulo doze da Epístola aos Hebreus, que expressa isso com perfeição: "Mas chegastes ao monte de Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos; à universal assembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos no céus,e a Deus, o Juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; e a Jesus, o Mediador de uma Nova Aliança ... ". É para onde vamos. Pertencemos a este lugar. Já não somos um pequeno reino na terra, aos pés do monte Sinai. Chegamos à Jerusalém celestial, a aos muitos milhares de concidadãos.
Mas, finalmente, para completar a figura, o último privilégio é compreender algo das expectativas futuras e da futura glória do reino. No presente ele parece fraco. Grandes multidões estão fora da Igreja, e muito cristão tolo é tentado a perguntar: devo continuar com isso, haverá de fato algo aí? Vou à igreja ou não vou? Quem diz isso não viu o real significado deste reino. Hoje somos uns poucos rejeitados e despreza¬dos, talvez, mas há uma glória vindoura. "Em ti", disse Deus a Abraão no princípio, "serão benditas todas as famílias da terra." Conte as estrelas do céu, se é que pode, disse Deus a Abraão; numerosa assim, e mais, será a sua posteridade. Conte os grãos de areia da praia do mar; inumeráveis assim serão os cidadãos do reino que se formará de você e da sua semente. Entretanto considerem também a mensagem dada ao profeta Daniel. Acaso vocês se lembram da visão que foi dada ao rei, a visão daquele grande poder que iria dominar o mundo e esmagar o povo de Deus - uma imagem com cabeça de ouro, peito e braços de prata, o ventre e as coxas de cobre, as pernas de ferro, e os pés em parte de ferro e em parte de barro? Esse poder deveria dominar altaneiro sobre a terra como um verdadeiro colosso. Mas esse não foi o fim. "Escrevas vendo isto", diz Daniel a Nabucodonosor, "quando uma pedra foi cortada, sem mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou. Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o cobre, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a pragana das eiras no estio, e o vento os levou, e não se achou lugar algum para eles; mas a pedra, que feriu a estátua, se fez um grande monte, e encheu toda a terra" (Daniel 2:34-35). Esse é o reino de Deus, que começa como uma pedra desprezada, e como nada, diante de um poder colossal; porém ela o fere e o esmiúça, e ele desaparece; e a pedra se torna um grande monte, que enche a terra toda. Virá o dia, diz Paulo aos Filipenses-, em que "ao nome de Jesus todo joelho, dos que estão nos céus e dos que estão na terra, se dobrará, e toda língua confessará que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus o Pai" (2: 10-11). Diz João, no livro de Apocalipse: "O sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre" (11 : 15). E eu e você somos cidadãos desse reino. Este vencerá, prevalecerá.

Jesus reinará onde o sol
Faz seu sucessivo percurso.

E vocês sabem disso? Sabem que eu e vocês vamos reinar com Ele? E o que Paulo diz em 1 Coríntios, capítulo 6: "Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos?" É um reino inabalável. É um reino que não terá fim. É o reino eterno de Deus e do Seu Cristo. E eu e vocês, se somos cristãos, já estamos nEle, já somos seus cidadãos. Graças a Deus, ''já não somos estranhos e estrangeiros, mas concidadãos dos santos".

terça-feira, 26 de outubro de 2010

As 42 Jornadas no Deserto - capítulo 79


Amados irmãos em Cristo, continuaremos estudando sobre Rimon Perez, esta estação que nos revela o coração do homem que anda por vista e não por fé. Quando Deus manda o povo de Israel subir e tomar posse da terra eles são rebeldes e não querem ir pois temem os gigantes moradores de Canaã, mas quando Deus fala para eles não irem, então eles em desobediência a Palavra de Deus sobem e são todos derrotados.
Que tem haver conosco (a Igreja) estas lições? Creio que muito, pois como homens podemos cometer os mesmos erros. Que o Senhor fale ao nosso coração e que possamos reter as inúmeras lições espirituais contidas neste estudo.
Que DEUS abençoe a todos!

16ª Estação – Rimom-Perez – Parte 02

Por: Ir. Luiz Fontes

Texto: Números 14:2-4: E todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e Arão; e toda a congregação lhes disse: Antes tivéssemos morrido na terra do Egito, ou tivéssemos morrido neste deserto!
Por que nos traz o Senhor a esta terra para cairmos à espada? Nossas mulheres e nossos pequeninos serão por presa. Não nos seria melhor voltarmos para o Egito?
E diziam uns aos outros: Constituamos um por chefe o voltemos para o Egito.

Números 14:40-45: Eles, pois, levantando-se de manhã cedo, subiram ao cume do monte, e disseram: Eis-nos aqui; subiremos ao lugar que o Senhor tem dito; porquanto havemos pecado.
Respondeu Moisés: Ora, por que transgredis o mandado do Senhor, visto que isso não prosperará? Não subais, pois o Senhor não está no meio de vós; para que não sejais feridos diante dos vossos inimigos.
Porque os amalequitas e os cananeus estão ali diante da vossa face, e caireis à espada; pois, porquanto vos desviastes do Senhor, o Senhor não estará convosco.
Contudo, temerariamente subiram eles ao cume do monte; mas a arca do pacto do Senhor, e Moisés, não se apartaram do arraial.
Então desceram os amalequitas e os cananeus, que habitavam na montanha, e os feriram, derrotando-os até Horma.



Vamos continuar estudando a 16ª jornada – Rimom-Perez.
Em Números 33:19 está registrado que, depois que os filhos de Israel saíram de Ritma, após aquela experiência na qual demonstraram extrema incredulidade e rebeldia para com Deus, eles partiram para Rimom-Perez.
Vimos que quando Deus quis que eles fossem, subissem, conquistassem a terra de Canaã, eles não quiseram. Ao contrário, como está em Números 14:2-4, vimos o que disseram contra Moisés, como murmuram contra Moisés, como todos se colocaram diante do Senhor por causa daquela situação. Dez espias trouxeram um relatório extremamente negativo, no qual eles viam apenas as forças humanas, estando envolvidos em uma situação de pura incredulidade. Durante todas as jornadas, até Ritma, nessas quinze jornadas que peregrinaram conhecendo o amor de Deus, Seu caráter, Suas provisões, não compreenderam a natureza dessa peregrinação. Nada do que experimentaram produziu fé no coração deles. E, agora, estão prestes a entrar na terra de Canaã. Eles poderiam entrar dali mesmo, possuir a terra confiando que o mesmo Deus que os tirara do Egito, abrindo o Mar Vermelho, é o mesmo Deus que estaria com eles vencendo todos os inimigos, destruindo todas as fortalezas, introduzindo-os naquela terra para manifestar Sua glória, Sua graça, Seu poder, Seu nome. Mas eles não quiseram entrar.
Em Números 14:2-4 vemos justamente isso, como procederam diante de Deus, chegando a dizer que teria sido melhor que morressem no Egito do que naquele deserto – ferindo o caráter de Deus, dizendo que Deus trouxera-os ali para matá-los, para envergonhá-los. Chegaram a dizer que Deus os havia trazido ali para que pudessem cair à espada com suas mulheres, seus filhos e suas crianças. “Não teria sido melhor voltar para o Egito?”, disseram. É isso que estava no coração deles. Sabem por quê? Porque o Egito nunca havia saído dos seus corações. Pessoas mundanas. São pessoas que não são capazes de conhecer o caráter de Deus; pessoas mundanas não são capazes de andar por fé, apenas por vista. Elas só andam por aquilo que vêem. E é isso que vemos aqui; é sobre isso que estamos estudando.
Sabemos, então, que ali eles foram reprovados pelo Senhor. O Senhor havia reprovado toda aquela geração e, por causa da atitude deles, não entraram na terra. E sabem o que eles fizeram? Ficaram dando voltas de estação a estação; voltas e mais voltas durante quase trinta e oito anos, por causa da incredulidade, até que, a geração velha, incrédula, corrompida pela rebelião, pudesse morrer e ser enterrada ali mesmo, no deserto, para que uma nova geração pudesse nascer e assim tomar a terra. Foi justamente o que aconteceu, pois Josué e Calebe, os dois espias que tiveram uma visão focada em Deus, andaram por fé e não por vista.
Lendo Números 14:40-45, vemos justamente o que realmente aconteceu. Tendo sido incrédulos em Ritma, a 15ª estação, agora eles querem, agora estão desejosos de andar na direção que Deus lhes havia proposto. Irmãos, notem que eles queriam andar na visão de Deus, mas seus corações não estavam em Deus. Tem que haver uma sintonia, porque nós temos que enxergar as coisas espirituais não com os nossos olhos, mas com o nosso coração. Por isso, nosso coração tem que estar em Deus. Não andamos segundo as nossas emoções, andamos segundo a vontade de Deus. Quando Deus quis, eles não quiseram. Agora Deus não quer e eles querem.
Números 14:40 nos revela que eles levantaram pela manhã, de madrugada, e subiram ao ponto mais alto do monte dizendo:

“(...) Eis-nos aqui e subiremos ao lugar que o Senhor nos tem prometido (...)”.

Agora eles querem subir, mas Deus não quer que eles subam, porque Deus não está com eles, pois pecaram contra Deus. Isso é muito sério, porque quando Deus quis, eles não quiseram; e quando eles quiseram Deus não quis. Isso é muito sério e nos revela muito da nossa vida cristã hoje. Corremos sempre o perigo de vivermos a vida cristã centrados em nós mesmos. Um exemplo clássico disso é a lição que temos no livro de Cantares de Salomão, capítulo 5, a partir do versículo 2. Temos nesse texto uma lição na qual o Noivo Amado tem algo a ensinar à noiva. Aparentemente há um certo conflito expresso nesse texto. Vejamos:

“2 Eu dormia, mas o meu coração velava; eis a voz do meu amado, que está batendo: Abre-me, minha irmã, querida minha, pomba minha, imaculada minha, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos, das gotas da noite.”

Vejam que é o noivo que está do lado de fora, batendo, querendo entrar, e a noiva está do lado de dentro. Olhem o que ela diz:

“3 Já despi a minha túnica, hei de vesti-la outra vez? Já lavei os pés, tornarei a sujá-los? 4 O meu amado meteu a mão por uma fresta, e o meu coração se comoveu por amor dele. 5 Levantei-me para abrir ao meu amado; as minhas mãos destilavam mirra, e os meus dedos mirra preciosa sobre a maçaneta do ferrolho. 6 Abri ao meu amado, mas já ele se retirara e tinha ido embora; a minha alma se derreteu quando, antes, ele me falou; busquei-o e não o achei; chamei-o, e não me respondeu.” (Ct 5:3-6)

Vejam o quanto isso é tão sério para nós – esse lindo retrato que o Espírito Santo pinta para nós aqui no livro de Cantares. Aqui há uma certa crise entre essas duas pessoas que se amam. Aqui ocorreu um certo problema, pois a noiva dormia mas o seu coração estava acordado. Notem a parte b do versículo 2, que diz:

“Abre-me, minha irmã, querida minha, pomba minha, imaculada minha, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos, das gotas da noite.”.

O noivo está chamando a sua amada, porém ela, acordada, permanece onde está. Ela começa a dizer para ele que já havia despido as suas vestes. Como tornaria a vestir-se? Já havia lavado os pés, como tornaria a sujar? Vejam que ela coloca dificuldades para se levantar para abrir a porta para ele. Ela permanece onde está. Muitas vezes nós somos assim, pessoas fechadas à voz do nosso Senhor. O amado está chamando: “Abre-me!”. Muitas vezes nosso comodismo, nossas ocupações, impedem que atendamos à voz do nosso Amado. Lembram das palavras do nosso Senhor Jesus a Igreja de Laodiceia?

“Eis que estou à porta e bato (...).” (Ap 3:20)

A noiva não atendeu ao chamado do noivo. Quando ela vai abrir a porta, quando ela resolve abrir a porta, o que ocorre? Ele já tinha ido embora. Meus amados, quão solene são essas palavras, porque nosso Noivo Amado não viola nossas decisões. Mesmo que Ele tenha que meter a mão por uma fresta, ainda assim Ele não agride nossa decisão. Se nós não queremos, o desejo dEle vai permanecer com Ele e nunca será desfrutado por nós. O Seu desejo é tornar nossa vontade atraente a Ele. Se a noiva não atende o chamamento, o Noivo vai embora.
Amados, não podemos deixar Deus passar de nós, não podemos deixar de responder a Deus em momento oportuno. Será que conseguimos ver a gravidade da situação? Se não entendermos tudo isso, vamos perder o tempo de Deus; se não atendermos ao Seu chamamento, Ele vai prosseguir sem nós. Temos que ser profundamente impactados por essa verdade.
Voltemos para o livro de Números, capítulo 14, versículo 42. Vejam que Moisés diz:

“Não subais, pois o Senhor não está no meio de vós (...).”

Antes o Senhor estava com eles para subir; antes eles podiam subir porque o Senhor estava com eles. Mas agora eles querem subir e o Senhor não está no meio deles. Voltando para a sequência dos textos de Cantares, veremos que a noiva diz:

“7 Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me e feriram-me; tiraram-me o manto os guardas dos muros” (Ct 5:7).

“Os guardas do muro”. Vejam que coisa tão séria! Vejam a gravidade, a seriedade de tudo isso. O Senhor está tentando nos atrair. Pelo modo como o Senhor está falando a cada um de nós, eu creio que isso nos toca profundamente. A noiva não deu ouvidos ao chamamento do seu amado e, por isso, ficou sem proteção. Quando não seguimos a vontade de Deus, perdemos a Sua proteção e ficamos inseguros, sem proteção nesse mundo.
Há uma diferença que quero que vocês notem aqui em Números 14:43:

“Porque os amalequitas e os cananeus estão ali diante da vossa face, e caireis à espada (...)”.

Essas são as palavras de Moisés ao povo. Ele ainda prossegue dizendo:

“(...) pois, porquanto vos desviastes do Senhor, o Senhor não estará convosco.”

Meus amados, não importa quantos amalequitas surgem contra nós. Se o Senhor está conosco, não importam os ataques do inimigo, não importam quantas fortalezas se levantam contra nós. Se o Senhor está conosco tudo isso não é nada.
Ainda vamos atentar para o versículo 44 de Números 14:

“Contudo, temerariamente, subiram eles ao cume do monte; mas a arca do pacto do Senhor, e Moisés, não se apartaram do arraial”.

Quero que vocês notem a palavra “temerariamente”. No original hebraico essa palavra é “aphal”. Ela ocorre apenas mais uma vez aqui no Antigo Testamento, isto é, em Habacuque 2:4:

“Eis o soberbo! A sua alma não é reta nele (...)”.

Esta palavra “soberbo” é a mesma palavra hebraica “aphal” e é a mesma palavra “temerariamente”. Em sua obstinação, eles desejaram subir, mas a Bíblia é clara:

“(...) mas a Arca da Aliança do Senhor, e Moisés, não se apartaram do meio do Arraial”. (Nm 14:44)

Eles foram sem um testemunho da presença de Deus. É disso que a Arca fala (Nm 14:44). Partiram, mas a presença de Deus, assim como Moisés, não foram com eles e, em consequência, foram derrotados. Números 14:45 diz que:

“Desceram os amalequitas e os cananeus que habitavam na montanha e os feriram, derrotando-os até Horma”.

“Horma” era uma cidade cananeia onde eles foram definitivamente perseguidos e derrotados. Vejam que o texto diz “até Horma”. Quando lemos Números 21:1-3, mais uma vez vemos uma citação de “Horma”. Em Nm 14:45 eles foram derrotados, mas Nm 21:3 nos traz a restauração:

“O Senhor, pois, ouviu a voz de Israel, e entregou-lhe os cananeus; e os israelitas os destruíram totalmente, a eles e às suas cidades; e chamou-se aquele lugar Horma.”

Então, Números 21 é diferente de Números 14, pois lá em Números 14:45 eles foram derrotados até Horma, mas, passado um tempo, em Números 21, em outra etapa, numa outra estação, em Horma, eles derrotaram os filisteus. Temos aqui uma restauração.
Em Rimom-Perez eles agiram sozinhos, foram impetuosos, arrogantes. E o que aconteceu? Caíram, sofreram perda, foram derrotados pelo inimigo até Horma. Mas, depois, o Senhor tratou com eles, disciplinou, restaurou. Muitas vezes nós temos que entender que não basta confessar os pecados e tudo estará resolvido. Tem que haver disciplina; tem que haver o tratamento de Deus. É isso que estamos vendo agora, Deus tratando com eles por causa da incredulidade, por causa da rebelião. Deus é amor, mas também é justiça. Nesses dois aspectos – amor e justiça –, nós vemos que Deus trata conosco.
Então, vamos aprender mais, pois o Senhor ainda tem algo a nos falar, a nos ensinar. Como é tão perigoso andarmos nos nossos caminhos! O quanto é perigoso não ouvirmos a voz do nosso Senhor, não seguirmos a vontade do Senhor, não andarmos em conformidade com ela! Como é perigoso agirmos como a noiva que não ouviu atentamente a voz do seu noivo (Ct 5)!
Irmãos, peço a vocês nesta ora, no nome de Cristo Jesus: sejam sensíveis em ouvir a voz do nosso Noivo Amado. Não sejamos desobedientes ao Seu chamamento. Que o nosso coração possa velar pelo Noivo e ser obediente a Sua voz. Que Deus lhe abençoe.

domingo, 24 de outubro de 2010

A CARREIRA CRISTÃ


A Carreira Cristã - Hb 12:1,2

Por: Ir. Clístenes Neri

1 – “Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas...” “... corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta”

 Precisamos compreender alguns pontos importantes neste texto de Hebreus.

− Somos chamados a “considerar” nesta “corrida cristã” aqueles que “correram” antes de nós.

• Seus testemunhos servem de exemplo para nós.
• Rm 15:4 - Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito.

− Somos chamados a “ter consciência” da corrida cristã.

• Sabemos da carreira?
• Quando você começou a correr?
• Você está correndo para onde?

 Fl 3:12 – “ ...prossigo para conquistar aquilo (para o que) também fui conquistado por Cristo Jesus”.

− Uma vez que temos “consciência”, somos chamados a “tirar do caminho” todo “peso ou embaraço” e “pecado”, tudo aquilo que “nos atrapalhe” nesta corrida.

• Embaraço – colocar de lado, tirar do caminho.
• Pecado – o poder na natureza pecaminosa.
• Algo que envolve habilmente, que cerca e incomoda continuadamente.

− Somos chamados a ”considerar uma carreira” que “nos foi proposta” – pelo próprio Deus.

• Proposta - Significa que a nossa carreira cristã já estava programada. No plano de Deus, havíamos sido escolhidos para esta carreira.

− Somos chamados a “considerar” esta carreira “pela fé”, olhando para Jesus o “Autor e Consumador” da nossa fé.

• Somente vivendo uma vida de comunhão com Cristo é que podemos fixar nossos olhos nEle.

− Somos chamados a “contemplar” o que Cristo “viu” na Cruz. Ele “tinha em vista” uma “alegria” que lhe estava “proposta”. Que alegria era esta? A Igreja! (Lc 9:51)

1º - Somos chamados a considerar nesta corrida cristã aqueles que correram antes de nós.

 Tem alguns “testemunhos na Palavra de Deus” que “precisamos atentar”, pois eles deixaram para nós, “exemplos de uma boa carreira de fé”:

 Hb 11:1,2 - "ORA, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. Pois, pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho.

− Diz o texto: Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas...

• Seus testemunhos servem de exemplo para nós.
• Rm 15:4 - Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito.

− Quem são estas testemunhas e o que fazem?

− Precisamos considerar o contexto para descobrir quem são estas “testemunhas”.

• Pela fé, Enoque...
• Pela fé, Abraão...
• Pela fé, igualmente Isaque...
• Pela fé, Jacó...
• Pela fé, Moisés...
• Pela fé, tantos outros – Pedro, Tiago, João, Paulo...

− Estas “testemunhas” são os chamados “heróis da fé”.

− Por que são chamados de heróis da fé? Porque correram suas carreiras pela fé, guardando a sua fé.

• Hb 11:6 - De fato, sem fé é impossível agradar a Deus,

− Eles agradaram a Deus através da fé. Formando assim a “galeria dos heróis da fé’, servindo de testemunhas para que nós igualmente corramos a carreira pela fé como eles.

• Hb 11:13 - Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra.

− Que é um estranho? Estranhos são os que se acham entre um povo que não é o deles.

− Que é um peregrino? Peregrino é quem está num lugar (que não) é o seu próprio país.



2º - Somos chamados a ter “consciência” dessa carreira cristã.

− Diz o texto: Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas... “... corramos, com perseverança” “a carreira proposta”.

 A perseverança aqui tem a sua origem na “comunhão com Deus”, no “acesso que temos” em Cristo a Deus.

 Hb 10:19 - Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus,

 Na divisão dessa epístola aos Hebreus, o contexto desse texto de Hb 12, começa no cap. 10:19 e vai até o cap. 12:29.

 Irmãos a nossa corrida cristã - começa - do Santo dos santos. É ali, no Santo dos santos que a corrida foi proposta.

 Hb 6:19 - a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu,

 Você sabe o que está escrito em Hb 12:29, onde termina este contexto da carreira cristã?

 Hb 12:29 - porque o nosso Deus é fogo consumidor.

− Que corrida é esta? Diz respeito a que?

• É a corrida da Vocação. Diz respeito à vocação celestial.

 Hb 3:1 - Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial, considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus,

 O contexto de Hebreus cap. 3, nos fala da supremacia do Sacerdócio de Cristo Jesus. Somos chamados a considerar atentamente o nosso Sumo Sacerdote.

− Como devemos correr esta corrida?

• 1 Coríntios 9:24 – “ ...Correi de tal maneira que o alcanceis”.

• 1 Coríntios 9:26 – ”Assim corro também eu, não sem meta...”;

− Qual é o fim desta corrida?

• Filipenses 3:12 - prossigo para conquistar aquilo (para o que) também fui conquistado por Cristo Jesus.

• Filipenses 3:14 - prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.







A Carreira Cristã - Hb 12:1,2

1 – “Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas...” “... corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta”

 Precisamos compreender alguns pontos importantes neste texto de Hebreus.

− Somos chamados a “considerar” nesta “corrida cristã” aqueles que “correram” antes de nós.

• Seus testemunhos servem de exemplo para nós.
• Rm 15:4 - Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito.

− Somos chamados a “ter consciência” da corrida cristã.

• Sabemos da carreira?
• Quando você começou a correr?
• Você está correndo para onde?

 Fl 3:12 – “ ...prossigo para conquistar aquilo (para o que) também fui conquistado por Cristo Jesus”.

− Uma vez que temos “consciência”, somos chamados a “tirar do caminho” todo “peso ou embaraço” e “pecado”, tudo aquilo que “nos atrapalhe” nesta corrida.

• Embaraço – colocar de lado, tirar do caminho.
• Pecado – o poder na natureza pecaminosa.
• Algo que envolve habilmente, que cerca e incomoda continuadamente.

− Somos chamados a ”considerar uma carreira” que “nos foi proposta” – pelo próprio Deus.

• Proposta - Significa que a nossa carreira cristã já estava programada. No plano de Deus, havíamos sido escolhidos para esta carreira.

− Somos chamados a “considerar” esta carreira “pela fé”, olhando para Jesus o “Autor e Consumador” da nossa fé.

• Somente vivendo uma vida de comunhão com Cristo é que podemos fixar nossos olhos nEle.

− Somos chamados a “contemplar” o que Cristo “viu” na Cruz. Ele “tinha em vista” uma “alegria” que lhe estava “proposta”. Que alegria era esta? A Igreja! (Lc 9:51)

1º - Somos chamados a considerar nesta corrida cristã aqueles que correram antes de nós.

 Tem alguns “testemunhos na Palavra de Deus” que “precisamos atentar”, pois eles deixaram para nós, “exemplos de uma boa carreira de fé”:

 Hb 11:1,2 - "ORA, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. Pois, pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho.

− Diz o texto: Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas...

• Seus testemunhos servem de exemplo para nós.
• Rm 15:4 - Pois tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito.

− Quem são estas testemunhas e o que fazem?

− Precisamos considerar o contexto para descobrir quem são estas “testemunhas”.

• Pela fé, Enoque...
• Pela fé, Abraão...
• Pela fé, igualmente Isaque...
• Pela fé, Jacó...
• Pela fé, Moisés...
• Pela fé, tantos outros – Pedro, Tiago, João, Paulo...

− Estas “testemunhas” são os chamados “heróis da fé”.

− Por que são chamados de heróis da fé? Porque correram suas carreiras pela fé, guardando a sua fé.

• Hb 11:6 - De fato, sem fé é impossível agradar a Deus,

− Eles agradaram a Deus através da fé. Formando assim a “galeria dos heróis da fé’, servindo de testemunhas para que nós igualmente corramos a carreira pela fé como eles.

• Hb 11:13 - Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as, e confessando que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra.

− Que é um estranho? Estranhos são os que se acham entre um povo que não é o deles.

− Que é um peregrino? Peregrino é quem está num lugar (que não) é o seu próprio país.



2º - Somos chamados a ter “consciência” dessa carreira cristã.

− Diz o texto: Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas... “... corramos, com perseverança” “a carreira proposta”.

 A perseverança aqui tem a sua origem na “comunhão com Deus”, no “acesso que temos” em Cristo a Deus.

 Hb 10:19 - Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus,

 Na divisão dessa epístola aos Hebreus, o contexto desse texto de Hb 12, começa no cap. 10:19 e vai até o cap. 12:29.

 Irmãos a nossa corrida cristã - começa - do Santo dos santos. É ali, no Santo dos santos que a corrida foi proposta.

 Hb 6:19 - a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu,

 Você sabe o que está escrito em Hb 12:29, onde termina este contexto da carreira cristã?

 Hb 12:29 - porque o nosso Deus é fogo consumidor.

− Que corrida é esta? Diz respeito a que?

• É a corrida da Vocação. Diz respeito à vocação celestial.

 Hb 3:1 - Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial, considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus,

 O contexto de Hebreus cap. 3, nos fala da supremacia do Sacerdócio de Cristo Jesus. Somos chamados a considerar atentamente o nosso Sumo Sacerdote.

− Como devemos correr esta corrida?

• 1 Coríntios 9:24 – “ ...Correi de tal maneira que o alcanceis”.

• 1 Coríntios 9:26 – ”Assim corro também eu, não sem meta...”;

− Qual é o fim desta corrida?

• Filipenses 3:12 - prossigo para conquistar aquilo (para o que) também fui conquistado por Cristo Jesus.

• Filipenses 3:14 - prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

CONTINUAÇÃO DO ESTUDO DA CARTA DE PAULO AOS EFÉSIOS

CAPÍTULO 26

JÁ NÃO SOIS ESTRANGEIROS


"Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus." - Efésios 2:19


Conforme fomos percorrendo o nosso caminho através dos diver¬sos pormenores da argumentação do apóstolo iniciada no versículo 11, vimos que o apóstolo esteve dando ênfase a duas coisas. A primeira é a grandeza da mudança que necessariamente tem que ocorrer em nós, antes de sequer nos tornarmos cristãos. Não se conhece maior mudança em qualquer esfera ou departamento que aquela pela qual todos nós passamos quando nos tornamos cristãos. É uma nova criação, nada menos que isso. A segunda coisa que obviamente emerge é o privilégio da nossa posição como cristãos e como membros da Igreja Cristã, como membros do corpo de Cristo. As duas coisas estão aí, vocês notam, em todo o transcurso da argumentação. Os efésios eram aquilo, e se tornaram isto; e agora são um com os judeus, pois também eles se tornaram cristãos, e juntos são um só corpo, a Igreja, e servem a um só Pai.
Chegamos agora ao privilégio dessa posição. É a esse assunto que o apóstolo se dedica neste versículo dezenove e que ele desenvolve no restante deste capítulo. Ele deixa de pensar em termos de judeus ou gentios, ou de quaisquer diferenças; ele agora nos descreve o privilégio de alguém que é cristão, quer judeu quer gentio. A diferença não importa mais, tudo isso já terminou - um só novo homem! Aqui ele está focalizando este novo homem, esta nova humanidade, esta nova reali¬dade que veio a existir, a Igreja Cristã. Seu interesse é mostrar-nos quão maravilhosa ela é. Ele o faz empregando três figuras. A primeira é a figura de um Estado - os cristãos são cidadãos de um grande reino, de um grande Estado. A segunda é que eles são membros de uma família - "da família de Deus". E em terceiro lugar ele pensa nos cristãos e na Igreja Cristã como um templo no qual Deus habita.

O privilégio de ser cristão.

Esse é o tema aqui - o privilégio de ser cristão. Ele quer que estes efésios se dêem conta disso. É um retorno ao tema do versículo dezenove do capítulo primeiro e o seu contexto. O apóstolo disse a essas pessoas que ele estava orando por elas, pedindo que os olhos do seu entendimento fossem iluminados, para que elas soubessem "qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos; e qual a sobreexcelente grandeza do seu poder sobre nos, o que cremos". É isso que ele quer que eles vejam - o privilégio de ser cristão. E é a isso que nos devemos apegar, mais do que a qualquer outra coisa. Todas as exortações desta Epístola, e de todas as outras, dirigidas aos cristãos, realmente são resultantes desta doutrina. Se apenas compreendêssemos exatamente o que somos e quem somos como cristãos, a maior parte dos problemas da nossa vida diária seria resolvida automaticamente. E porque não compreendemos isso, e o privilégio da nossa posição, que surgem os problemas. Se compreendêssemos, nunca invejaríamos os não cristãos, nunca procuraríamos viver tão perto deles quanto possível, nem nos lamentaríamos por não estarmos na posição deles. Tudo isso se deve à incompreensão do que somos. Assim, o apóstolo o diz dessa maneira maravilhosa. Vocês notaram que, antes de chegar a estas três figuras positivas, ele começa com uma negativa? O povo não gosta de negativas hoje em dia; mas o apóstolo gostava. "Assim que", ou "Portanto, agora" (V A); será que ele Vai dizer alguma coisa positiva? Não, ele vai começar com uma negativa. "Portanto, agora já não sois estrangeiros e forasteiros, mas ... " Depois ele passa à colocação positiva.
Obviamente, o apóstolo se sentira constrangido a introduzir a negativa outra vez. Noutras palavras, ele volta aos versículos onze e doze, onde dissera: "Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranho aos concertos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo”. Ele apenas olha de relance para isso de novo e daí começa com esta negativa: "Portanto, agora já não sois estrangeiros, nem forasteiros”. Por que vocês acham que ele faz isso? Parece-me obvio que a sua razão para fazê-lo deve ser que não será de nenhuma utilidade prosseguir e considerar os privilégios da nossa posição, se não estivermos completamente seguros de que estamos nessa posição. De nada vale que lhe digam exatamente o que se aplica a uma certa posição, se você não está nessa posição. Portanto, é essencial que deixemos bem claro para nós mesmos que tudo isso realmente se aplica a nós. Antes de começar a ver a minha cidadania, ou a minha relação como membro dessa família ou a mim mesmo como uma pedra desse edifício, desse templo, devo indagar a mim mesmo: estou ali? Isso tudo é aplicável a mim?
No caso dos efésios não havia dúvida ou questão alguma acerca desta matéria. Diz o apóstolo: portanto, agora vocês não são mais aquilo, são isto. Era óbvio, estava claro e patente para todos. Essas pessoas, quando pagãs, haviam tido certo tipo de vida. Por outro lado, os judeus tinham vivido um diferente tipo de vida e seguiam um padrão muito diferente de culto. Ninguém podia ser convertido do paganismo ao cristianismo e estar na fé cristã sem passar por uma mudança muito grande. Tinha que deixar certas práticas e costumes, tinha que renunciar a certos deuses aos quais servia antes, declará-los "não deuses", e muitas outras coisas. Era uma mudança óbvia. Paulo dizia: "Já não mais sois..., mas (sois)...”. Isso é algo que se aplica verdadeiramente aos chamados "cristãos da primeira geração". Aplicava-se ao caso da Igreja Primitiva. Também é aplicável ao contexto da obra missionária estran¬geira. As missões estrangeiras ocupam-se de lugares onde o evangelho nunca fora ouvido. O evangelho é pregado a pessoas que estavam no paganismo e nas trevas. É ouvido pela primeira vez, e as pessoas crêem, e a mudança delas é óbvia.
A primeira geração de cristãos! Mas não é tão simples quando se trata da segunda geração de cristãos; e é mais difícil ainda quando se trata da terceira, da quarta, da quinta - da décima - da vigésima geração. Assim é que, ao passo que a coisa estava perfeitamente clara no caso destes efésios, nem sempre está tão clara agora. Nunca é tão fácil e simples num país que se diz cristão, e onde muitos supõem tacitamente que todo aquele que nasce em tal país só tem que ser cristão. Não é tão fácil quando as pessoas foram criadas nas igrejas e numa atmosfera cristã, e sempre freqüentaram um local de culto e a Escola Dominical e participaram de atividades cristãs. Portanto, é muito importante que interpretemos isto não somente no cenário no qual foi originariamente escrito, e sim também em nosso próprio cenário particular; pois, como tentarei mostrar, o princípio é sempre exatamente o mesmo; a aplicação é que difere. Aqui o apóstolo estava primariamente preocupado com o princípio. Ele não estava simplesmente se regozijando no fato de que estes efésios eram membros de uma igreja como tais, e tinham os seus nomes num rol de igreja. Não é disso que ele está falando. Ele está falando sobre o princípio de vida. Ele estivera fazendo isso o tempo todo neste parágrafo altamente espiritual. Ele chega a nós, portanto, nesta forma particular de pergunta. Era óbvio que estas pessoas tinham sido Incrédulas e agora eram cristãs. A questão quanto a nós é: isso é tão definido, tão claro e inequívoco em nós como era nos efésios?
As duas palavras utilizadas pelo apóstolo nos ajudarão a encarar este assunto da máxima importância. A primeira, como vocês vêem, a palavra "estrangeiros" (V A: "estranhos"). "Portanto, agora já não sois estranhos." Que é um estranho? Estranhos são os que se acham entre um povo que não é o deles. Quando você é um estranho, você está no meio de um povo que não lhe pertence. Todos pertencem uns aos outros, mas você é um estranho, não lhes pertence, eles não são o seu povo. A segunda palavra é a que é traduzida por "forasteiros" (V A: "estrangeiros"). Às vezes vocês a verão traduzidas por "residentes temporários", ou "forasteiros" (ARC). Ambas as expressões são muito boas. Que é que significa essa palavra? Originariamente era a descrição de alguém que morava perto de uma comunidade, porém não nela; por exemplo, um homem que vive perto do muro da cidade, do lado de fora. Ele está perto da cidade, mas não está nela. Ele não pertence à cidade; mora perto, todavia não nela. Esse era o sentido original, mas agora passou a ter o sentido de pessoas que se acham num lugar que não e o seu país. O primeiro termo, "estranhos", dá mais a idéia de uma unidade familial, de uma espécie de relação de sangue, ao passo que esta outra, "estrangeiros" ou "forasteiros", compele-nos inevitavelmente a pen¬sar mais em termos de uma comunidade política, um Estado, ou um país, ou um reino. Estrangeiro é quem está num lugar que não é o seu próprio país. Quer dizer que, embora este homem esteja vivendo no país, não possui a cidadania desse país, não se naturalizou, não tem direito a residência permanente nesse país. Ou, para dizê-lo de modo ainda mais simples, reside ali baseado num passaporte. Pois bem, são estas as duas palavras empregadas pelo apóstolo Paulo: estranhos e estrangeiros (V A) ou forasteiros, pessoas que vivem ali, talvez há bastante tempo, mas continuam sendo estrangeiras. Outro lugar é o seu lar; aqui esses estrangeiros residem graças a um passaporte, e têm que renová-lo periodicamente. É essa, então, a figura que o apóstolo coloca diante das nossas mentes. E vocês podem observar que quando ele chega à argumentação positiva, ele inverte a ordem: começa com a cidadania e depois passa ao relacionamento familiar. No entanto, neste momento estamos interessados primordialmente na negativa.
Notem como esta questão é sutil. Vemos isso muitas vezes na prática. Alguém pode estar vivendo na família há anos, é quase da família e, contudo, não é da família. Embora esta pessoa esteja compartindo a vida da família de todas as formas que possamos conceber, ele ou ela ainda não pertence à família. E é aí que entra a dificuldade. Um estranho, um visitante, poderia muito bem pensar e dizer: obviamente, esta pessoa é da família. E, todavia, depois de conhecer os moradores passando breve tempo, descobriria não ser este o caso. É exatamente a mesma coisa com um país. Pode haver pessoas vivendo num país, residentes há muitos anos, e alguém, em visita ao país, vendo-as poderia ter como certo que qualquer delas é de fato daquele país, é simplesmente um cidadão típico - que faz o mesmo tipo de coisas que os outros cidadãos fazem, vão ao trabalho de manhã, voltam à noite no mesmo trem, seguem exatamente a mesma rotina. E, na verdade, aquela pessoa não pertence a esse país, não é um cidadão local, mas vive ali mediante um passaporte.
Aí vemos, numa figura, a idéia que precisamos ter bem presente em nossas mentes. Esse tipo de coisa acontece na Igreja de Deus; esta mesma situação, de viver com uma família e não pertencer a ela, estar num país e não ser seu cidadão. É possível estar num grupo e não ser do grupo. Certamente vocês se lembrarão de que quando os filhos de Israel subiram do Egito e foram para Canaã, é-nos dito, numa frase deveras extraordinária, que "subiu também com eles uma mistura de gente" (ou, "uma multidão mista", VA, Êxodo 12:38). Foram com eles, partilharam os mesmos riscos, os mesmos problemas e dificuldades que os filhos de Israel enfrentaram, porém não pertenciam a eles. Eram uma "multidão mista". Mas de fato o apóstolo leva mais longe o ponto, na Epístola aos Romanos, quando diz: "Nem todos os que são de Israel são israelitas" (Romanos 9:6). Que frase! Você olha para aquele monte de gente, e diz: são todos de Israel. Todavia não é essa, necessariamente, a conclusão certa. Há Israel e "Israel". Há um "Israel" do espírito, como também há um Israel da carne. Há um remanescente no povo. Esse é o ensino do apóstolo, e nestas Epístolas do Novo Testamento, é uma doutrina vital e sumamente importante. Você pode ser de um grupo e, contudo, não pertencer realmente a ele. O apóstolo João diz a mesma coisa acerca de certas pessoas que tinham saído da Igreja Cristã Primitiva. "Saíram de nós", diz João, "mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco" (l João 2: 19). Tinham estado entre eles, mas não eram deles. Tinham estado na Igreja e pareciam cristãos, porém nunca pertenceram realmente à Igreja.

A diferença entre o cristão e o não cristão é clara e definitiva

Essa é a espécie de questão que se nos apresenta aqui. Consideremo¬-Ia na forma de alguns princípios. O primeiro é que a diferença entre o cristão e o não cristão é clara e definitiva. A despeito de tudo o que eu estive dizendo, permanece o princípio segundo o qual há uma clara distinção entre um cristão e um não cristão. Paulo diz algo semelhante 11 isso, para expressá-lo: "Vocês - não são mais". Há uma mudança, uma mudança de alto a baixo. Que houve uma mudança exterior evidente, mas ele não está interessado na mudança exterior, e sim, na interior. E portanto, não há nenhuma necessidade de hesitar em afirmar que cada um de nós, neste momento, ou é cristão, ou não é. Ou estamos "em Cristo", ou estamos "fora de Cristo". Aristóteles uma vez lançou como proposição, sem dúvida verdadeira, que "Não há meio entre os opos¬tos". Os opostos são opostos, e não há nada no meio, não há nenhum meio entre eles. É "ou - ou." No capítulo sete do Evangelho Segundo Mateus, o nosso bendito Senhor e Salvador dá ênfase exatamente a este ponto. Você não pode estar ao mesmo tempo no caminho estreito e no caminho largo. Você não pode entrar por duas portas no mesmo instante. Você não pode passar ao mesmo tempo por uma borboleta ou catraca, e por uma porta larga. É impossível. Pois bem, é aí que começa a diferença entre o cristão e o não cristão. O cristão entra por uma porta estreita e segue um caminho estreito. O outro faz exatamente o contrário. Temos que ser uma coisa ou outra. Essa é a afirmação do nosso Senhor. Vocês podem notar como Ele vai repetindo isso - o profeta verdadeiro, e o falso; a boa árvore, e a ruim; o bom fruto, e o mau; e, finalmente, nessa tremenda descrição da casa sobre a rocha e da casa sobre a areia. É sempre uma coisa ou outra, é ou - ou. Ou vocês são cristãos ou não são cristãos. E estas coisas são absolutas. Vocês não são mais estranhos e estrangei¬ros; vocês são cristãos, estão no corpo.
A posição do cristão não é uma posição vaga, indefinida, incerta. É verdade que se vocês pensarem nela principalmente em termos de conduta e de comportamento superficiais, então ela pode muito bem ser vaga. Posso traçar facilmente um quadro descritivo e mostrar a vocês dois homens. Um deles é notável por sua elevada moralidade, nunca faz mal a ninguém, sua palavra é sua promissória, é honesto, justo ereto, um homem completamente bom, em todos os sentidos da palavra. Entre¬tanto, vejam agora o outro homem. Olhando os dois de maneira geral, vocês não podem dizer que o segundo é bom como o primeiro. Às vezes faz coisas que não devia fazer, ele não tem, talvez, um caráter louvável. E, todavia, pode dar-se o caso deste segundo homem ser cristão e o outro não. Pois o que determina se um homem é cristão ou não, não é a sua aparência geral e o seu comportamento. Aquele estrangeiro que vive em nosso país se parece exatamente com um inglês, faz as mesmas coisas, etc.; não obstante o fato é que ele continua sendo estrangeiro. O fato de que ele se parece com o outro homem não significa que é como ele. A questão é: sua residência se apóia num passaporte ou em sua cidadania? Vocês vêem, a prova não é esta aparência geral, superficial. É exatamente isto que o Novo Testamento está sempre salientando. Este é um ponto realmente fundamental. Concordaríamos que, ou somos definidamente cristãos, ou senão, não somos cristãos? Concordaríamos que não existe isso de haver uma posição intermediária em que o indivíduo espera ou tenta ser cristão? Se você está simplesmente esperando ou tentando ser cristão, você não é. Estar na soleira da porta não é estar dentro, e não ajuda nada estar na soleira quando a questão é: você está dentro ou não? Quantas vezes isso é descrito nas Escrituras! O nosso Senhor traça o quadro das pessoas que vêm bater à porta e dizem: "Abre para nós"; mas a resposta que vem de dentro é: não, vocês estão fora, não são daqui. Ou somos cristãos, ou não somos cristãos.

A importância vital de sabermos o que somos.

Assim, o segundo ponto que apresento, o meu segundo princípio, consiste em acentuar a importância vital de sabermos o que somos. Ora, aqui, de novo, a ilustração de Paulo nos ajuda. Pergunto: como se toma claro e óbvio se somos estranhos e estrangeiros (forasteiros), ou se realmente somos do lugar? Sempre acaba ficando claro. Não importa quão íntima seja a relação, e quão amigo você seja de alguém que esteja vivendo com você na família. Temos um dito que resume tudo muito bem - "Afinal de contas, o sangue é mais grosso do que a água." Certas coisas aparecem na vida quando o que de fato importa é a relação de sangue. E é nesse ponto que o pobre estranho começa a sentir que não passa de um estranho, afinal. Durante anos ele pode achar que as distinções eram irrelevantes, e pode ter dito: eu sou um deles, sou membro da família e sempre fui tratado como membro da família. Mas, de repente, numa crise, ele descobre que não é. "O sangue é mais grosso do que a água." Não se pode explicar estas coisas; vocês até podem dizer que há muita coisa errada numa situação como essa. Pode ser, porém é como funciona na prática. Se alguma coisa fundamental, elementar, subitamente vier à superfície, logo você verá toda uma família que talvez estivesse em confusão, repentinamente tomar-se unânime. E o pobre estranho percebe que é um de fora.
Ou vejam a outra ilustração que talvez coloque isso de maneira mais clara ainda. Tomem o caso de uma pessoa que se acha noutra terra como forasteiro, como estrangeiro. Pode ter vivido ali vinte, trinta, quarenta anos, gosta de viver ali, é estimado por todos e se sente feliz. Todas as distinções parecem irrelevantes. Que importa se o que ele tem é um passaporte, e não uma verdadeira cidadania, e tem que providenciar renovação e visto e tudo o mais? Mas, esperem! Subita e inesperada¬mente, o país natal deste homem e o no qual ele está vivendo, têm um litígio; não resolvem o litígio, e é declarada guerra. E este homem, que pode estar vivendo há quarenta anos no país, de repente vê que é um estrangeiro, e que todos o olham com suspeita. Poderá ser posto em reclusão ou ser enviado de volta ao seu país. Parecia ser um membro da comunidade, um cidadão do país, unido aos verdadeiros cidadãos; porém quando surge uma crise, uma prova, uma tribulação, logo fica claro que, afinal, ele é um estrangeiro. Vimos muito desse tipo de coisa neste país em 1914 e em 1939. Às vezes chega a ser trágico, contudo acontece.
Retornemos, então, ao princípio que achamos percorrendo as Escrituras, de capa a capa. Por que é importante saber se você é cristão ou não? Vou dizer-lhe. É na hora da prova que isso se torna de vital importância para você. É nas provas e tribulações que isso vem à luz. Você vai vivendo anos e anos enquanto você está bem, robusto e saudável. Você está na igreja, você parece que é da igreja, os seus interesses estão lá e você é um dos que pertencem à comunidade. Mas, de repente, você adoece e fica meses de cama. Não demorará muito para você saber se é cristão ou não. Isso faz uma vital diferença então. Ou quando um membro da família fica enfermo, quando há privação ou luto, ou alguma terrível tristeza de arrebentar o coração. Ah, é então que isto se torna da maior importância. Se você só "reside baseado no passa¬porte", isso não parece ajudá-lo. No entanto, se você realmente pertence à comunidade, isso fará toda a diferença do mundo. Mas, levemos isto à última instância. Esta nos é dada pelo Senhor mesmo. Não seria disso que trata a parte conclusiva do capítulo sete de Mateus? Estas pessoas que parecem cristãs e que dizem: "Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome... e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?" ¬estavam na igreja, eram ativas na igreja, eram gente de igreja. Todavia Cristo diz: "E então lhes direi abertamente: nunca vos conheci; apartai¬-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade". Um estranho, afinal, um estrangeiro, em última análise; passaporte devolvido, navio ao largo, expulso do país! Ah, a vital importância de certificar-nos absolutamente do que somos, se continuamos sendo "estranhos e estrangeiros", ou se realmente somos daqui.

Como podemos saber disso? Como podemos resolver esta questão? Quais são as provas?

Para ser prático, deixem-me colocar o meu terceiro princípio em termos de perguntas. Como podemos saber disso? Como podemos resolver esta questão? Quais são as provas? Vou sugerir algumas respostas bem simples, baseadas na ilustração utilizada pelo apóstolo.
Começo com a mais superficial delas. É a seguinte: um sentimento geral. Não vou testar vocês, vocês vão testar a si próprios. Amigo, você quer saber se você é ou não um estranho e forasteiro? Bem, responda estas perguntas: você se sente realmente bem na igreja? Você se sente à vontade entre os cristãos? Você se sente em casa? Ou você tem a incômoda sensação de que, de algum modo, é de fora? É o que acontece quando você vai hospedar-se numa casa de família, não é? Os hospedei¬ros são excelentes e mostram amizade, mas você sente que não é dali, não se sente muito à vontade, está cônscio de que não está em seu próprio lar, não consegue descontrair-se. Você é um estranho, afinal de contas, embora todos lhe sejam bondosos, afáveis e amigos. Você se sente em casa entre o povo de Deus? Você fica à vontade? Ou, apesar de tudo, não passa de um estranho, um de fora, um intruso que realmente não se enquadra? Ou, permitam-me colocá-lo assim: você se sente bem, tão bem entre os cristãos como noutros círculos sociais e com outros tipos de companhia - e com as risadas e pilhérias, as brincadeiras, e tal vez as bebidas e o jogo, você tem liberdade com eles e tem muito que dizer? Você é um deles? E assim? Você se sente um pouco fora do seu elemento na igreja? Isto é tremendamente importante. Quando você o coloca em termos de família, você vê como isso é inevitável. É um desses imponderáveis, como lhes chamamos, algo que dificilmente você poderá escrever, isto é, pôr no papel, mas você simplesmente sabe o que é. É assim que eu me sinto, você diz; e o seu sentimento está certo.
Ou vejam outra abordagem. Haveria um real e vivo interesse? Quando você pertence a um grupo, trabalha ativamente pelo seu interesse, você tem vivo interesse. Mais que isso, você realmente se deleita nisso, seu coração está posto nisso, é o que você ama, é onde você gosta de estar. Você gosta de estar em casa, você gosta de estar em seu país; você pode admirar outros, porém, afinal de contas, este é o seu lar. Ora, a mesma coisa aplica-se a este relacionamento. O homem que verdadeiramente lhe pertence se delicia nisso. Não é questão de esforço para ele. Não é mera questão de dever. É uma coisa na qual ele tem satisfação própria e que ele preza acima de tudo mais. Permitam-me resumir toda esta seção colocando-a nas palavras da Primeira Epístola de João: "Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos" (3:14). Sentimos que pertencemos a eles. Haverá alguns deles dos quais não gostamos, talvez, mas nós os amamos, porque são irmãos. Podem gostar mais doutras pessoas do que deles, todavia não é questão de gostar, é questão de amar. Às vezes acontece que um membro de uma família gosta mais de um amigo do que de um irmão ou irmã; isso não afeta o relacionamento, este é algo elementar, fundamental, orgânico, e mais profundo que qualquer outra coisa. "Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos." Sentimento geral!
Passemos a uma segunda prova. Entendimento! Quando você está convivendo com uma família, esta questão de entendimento torna-se tremendamente importante; e dá-se o mesmo quando você é estrangeiro noutro país. Eis o que quero dizer: você sabe e entende o que se está falando? Haveria algo que faça você se sentir mais molestado do que, embora estando assentado com um grupo, sentir-se, de um modo ou de outro, fora da conversa e não conseguir penetrar no que está sendo dito? Todos parecem entender-se, usam certas frases, olham-se uns aos outros como se entendendo, estão todos dentro do assunto, é uma espécie de maçonaria, por assim dizer; mas você, de algum modo, não está nisso. Você ouve, faz parte do grupo, está na conversação, entretanto não é capaz de penetrar no que se diz e não sente prazer nisso. Por isso, faço¬-lhe perguntas como estas: você entende a linguagem do povo de Deus? A família tem o seu linguajar próprio. Há os que dizem: não posso entender esta prosa sobre justificação, santificação, e todos estes termos - você se sente assim? Não o permita Deus! Eles são termos preciosos para os filhos de Deus. Estes não se impacientam com eles. São como a criança que ouve os adultos. De repente ela aparece com uma palavra grande, que ela não entende. Que é que a criança está fazendo? Está tentando provar que é membro do grupo. Está usando uma palavra que o pai usou. E os filhos de Deus são desse jeito. Eles podem não saber o que significam justificação e santificação, mas, porque são filhos, querem saber, e se põem a ler, a estudar e fazer perguntas. No entanto, se você fica impaciente com isso tudo, você está simplesmente procla¬mando que é um de fora e que não entende a linguagem. Porventura a linguagem de Sião é agradável a você? Imagine-se o caso de um homem que foi para outra terra e teve que falar uma língua estrangeira; ele toma o navio de volta e, mesmo antes de desembarcar, ouve de novo a sua língua materna e, maravilha, como se regozija! É assim com o cristão.
Mas não é só questão de linguagem, há algo mais. Você sabe algo dos assuntos que estão discutindo? Você os entende, tem interesse nas questões? Outra vez, permitam-me usar uma ilustração. Todos nós já tivemos este tipo de experiência. Estamos hospedados numa casa de família, talvez. São todos excelentes, bondosos e afáveis, e nos pomos a conversar. Então, de repente, alguém entra e, observando o seu semblante, você pode dizer que aconteceu algo de grande interesse para a família. Eles ficam sem graça, querem falar sobre o assunto, porém você está ali, e eles não podem fazê-lo. Por isso falam por meio de insinuações, alusões indiretas e rodeios. Você não sabe do que estão falando. Eles se portam desse modo porque você é um estranho - eles gostam de você, não o estão insultando, mas você não os entende. Há estes problemas e questões íntimos que eles não podem compartilhar com você, embora gostem muito de você, porque você não pertence à família. Dá-se o mesmo com um país. E também é assim na vida cristã. As questões, os assuntos e os problemas da vida cristã são do seu conhecimento? Você se interessa por eles? Ou quando você se assenta e ouve pessoas falando sobre eles, ou talvez quando você ouve alguém que está tentando pregar, você diz a si mesmo: de que se trata? Não entendo. Se ele estivesse falando sobre a visita de algum estadista estrangeiro, ou sobre alguma nova medida apresentada no parlamento, claro que eu, entenderia; todavia estas outras coisas - deque se tratam? Que é isso? E tão aborrecível! E desse tipo a maneira pela qual você pode verificar se é da família ou não.

Você conhece os segredos?

Finalmente, permitam-me dizê-lo de um modo que, suponho, é uma das provas mais definitivas. Você conhece os segredos? Há segredos familiares, há segredos nacionais. Você está por dentro dos segredos? E possível que um homem tenha interesse por religião, por teologia, por filosofia; e enquanto você está tratando de questões abstratas e teóricas, ele parece estar integrado, parece um da família. Mas, subitamente você começa a falar espiritualmente - quer dizer, você começa a falar experimentalmente, você começa a falar sobre a sua alma e sobre a sua experiência pessoal - e imediatamente o homem que se mostrava tão interessado teoricamente, sente-se fora. Você sabe algo sobre isso? Outro dia ouvi falar de um homem que estava num certo seminário teológico. Ele foi para lá porque soube que lá ensinavam as grandes doutrinas da fé, e ele estava apreciando aquilo, para alegria do seu coração. Contudo, de repente se defrontou com um problema e quis falar com alguém sobre a sua alma, e quis falar a fundo sobre algum segredo. Mas não conseguiu achar ajuda. Pareciam não entender, não queriam falar sobre tais questões. Enquanto era uma questão de argu¬mentar sobre filosofia - maravilha! Interessados em teologia? - sim, certamente! Todavia quando o homem teve uma necessidade relacio¬nada com a sua alma e queria algo experimental, de repente começou a sentir que estava vivendo num iceberg. Totalmente ortodoxos - mas frios. E possível ter um interesse geral, sem este interesse íntimo e pessoal pelos segredos da vida. Essa é uma prova vital!
Eis outras provas que sugiro: você está se amoldando às leis e aos costumes do país? Diz o apóstolo João que, para o cristão, os manda¬mentos de Deus "não são pesados" (1 João 5 :3). São pesados para todos os outros, porém não para o cristão. O cristão diz: "Quanto amo a tua lei!" Davi pôde dizê-lo no Salmo (119:97), e o cristão o diz. Proclama¬mos onde estamos e o que somos pelo modo de viver. Você vai deste país à França, digamos, ou a alguma outra parte do continente europeu, em seu carro, e se põe a dirigir na faixa da esquerda na estrada, e em dois segundos se verá que você é um estrangeiro. Exatamente! E não há muitos que estão dirigindo na faixa errada da estrada na igreja? Eles não sabem talvez, mas estão proclamando que são estrangeiros e estranhos, estão dirigindo no lado errado da estrada. Não conhecem e não honram as leis e os mandamentos do reino. Não se comportam de maneira condizente e coerente com os costumes e hábitos desta família ou deste país particular. Estranhos e estrangeiros, embora vivendo com o grupo! Outra prova vital é o interesse pelo estado e condição da família ou do país, pelo seu bem-estar. Isto surge instintivamente.

Eis a prova final: que é que você tem, um passaporte ou uma certidão de nascimento?

Finalmente se chega a isto: comecei num nível superficial e fui me aprofundando. Eis a prova final: que é que você tem, um passaporte ou uma certidão de nascimento? E uma prova absoluta, não é? Está acima do sentimento, do interesse, do entendimento e de todas estas coisas. Em última análise, é uma questão legal. Você tem certidão de nasci¬mento, ou está simplesmente residindo com base num passaporte? Vocês perguntarão: qual é a certidão de nascimento do cristão? Eu lhes direi. Está acima e além de tudo quanto estive dizendo. "O mesmo Espírito testifica com o nosso Espírito que somos filhos de Deus" (Romanos 8: 16). Trata-se de receber o selo do Espírito (Efésios 1: 13). É a segurança que só pode ser dada pelo próprio Espírito Santo, que nos selou e que é "o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida" (Efésios 1:14). Não me entendam mal. Você pode ser cristão, embora não tenha um definido conhecimento do selo do Espírito. Se você passou nas minhas outras provas, asseguro-lhe que você é cristão. Mas eu o exorto, eu o concito, não se contente com isso. Insista em que tenha a sua certidão! Vá à Embaixada do Reino Celestial, até consegui-la! Não deixe que nada o detenha. Procure obtê-la das mãos do Senhor! Dirija-se a Ele. Torno a usar a expressão de Thomas Goodwin* - "corteje-O" para obtê-la até consegui-la. E depois você saberá e poderá dizer: não sou mais estranho ou estrangeiro, sou concidadão dos santos, sou da família de Deus; sou uma pedra viva no templo em que Deus habita.

* Teólogo puritano inglês (1600-1680). Do período mais recente dos puritanos. O termo que emprega, traduzido aqui por "corteje-O" é sue. Nota do tradutor.

Por: D. M. Lloyd Jones

ESTUDO DAS JORNADAS

Essa estação nos traz, como as outras, importantes lições. Quantas vezes queremos fazer as coisas do nosso jeito, segundo a nossa vontade? Que o Senhor nos revele as profundas lições espirituais contidas neste estudo. Que possamos ter um coração humilde, manso e obediente a voz do nosso Senhor, para que ele ache descanso em nós e nos veja como filhos obedientes e não filhos rebeldes. Que o senhor nos abençoe com a Sua Palavra.


As 42 Jornadas no Deserto

16ª Estação – Rimom Peres – Parte 01
Texto: Números 33:19

Em Números capítulo 33, versículo 19, diz assim:

“partiram de Ritma e acamparam-se em Rimom-Perez;”

Esta é a 16ª estação por onde eles peregrinaram. Nós estamos seguindo passo a passo, com a ajuda do Senhor, este estudo das Jornadas, das estações pelo deserto, onde o povo de Israel foi caminhando, aprendendo lições que hoje nós podemos ver o quanto Deus está ministrando a cada um de nós. Em cada um desses nomes, olhando para Números, capítulo 33, veremos estas quarenta e duas jornadas; e veremos que cada uma dessas jornadas, desses nomes, destas estações nas quais o povo foi conduzido por Deus para aprender, em cada oportunidade, lições diferentes, se aplica a nós hoje.
O Novo Testamento diz que estas coisas aconteceram a eles como exemplos e foram escritas para admoestar-nos, nós que estamos vivendo nesta geração. Isto está escrito para o nosso ensino. Nós não estamos lendo história, uma historia passada do povo de Israel, estamos sim sendo admoestados, estamos sendo corrigidos por Deus. Essas são verdades para a Igreja hoje. Cada uma destas etapas onde eles estiveram um dia tem haver com uma experiência espiritual. Então irmãos e irmãs, essas jornadas de Israel são exemplos e temos estado seguido uma por uma até aqui. Estamos na 16ª. Hoje chegamos a Rimom-Perez.
Se pudermos olhar em um mapa histórico dessa região neste tempo, veremos que eles estão bem perto do final do deserto de Parã, entre o deserto de Sim e o deserto de Cades. E ali em Cades, como nós iremos estudar, eles demoraram trinta e oito anos dando voltas, principalmente por Cades. E por estarem ali naquele lugar, ao sul do Neguebe, voltando para o Mar Vermelho, em sentido do Golfo de Ácaba, porque o Golfo de Suez e o Golfo de Ácaba são duas partes do Mar Vermelho. Então, nós temos que saber tudo isto, compreender tudo isto, porque todas estas verdades focam a nossa vida cristã. E aqui quando olhamos veremos essa região de Rimom-Perez.
No estudo de Ritma, vimos que eles se recusaram a crer no Senhor, se recusaram a entrar na terra conforme a vontade do Senhor. Então, o Senhor lhes disse que eles voltariam pelo caminho do Mar Vermelho, isto é, pelo Golfo de Ácaba, porque temos que diferenciar o Golfo de Ácaba e o Golfo de Suez ou Canal de Suez. Porque o Canal de Suez foi por onde eles passaram, atravessaram. Agora nós estamos falando do Golfo de Ácaba que é outra região do Mar Vermelho. Então, quando nós estávamos estudando Ritma, vimos que eles foram incrédulos quando viram os gigantes; quando viram todas aquelas fortalezas, tremeram, sentiram-se incapazes de vencer aqueles gigantes e entrarem na terra. Tudo isso é muito claro e muito sério para nós! E por terem agido assim Deus fez com que eles peregrinassem mais trinta e oito anos dando voltas. Isso é o que nós aprendemos quando estudamos Ritma.
Agora nós vemos que desde Ritma, por causa da rebelião, da incredulidade, porque não quiseram entrar na terra prometida, duvidando de Deus, então Deus jurou que eles não entrariam no Seu repouso. Eles haviam irritado Deus com as murmurações dez vezes. Então Deus fez com que eles dessem voltas pelo deserto em várias etapas, aprendendo muitas lições, até que a geração velha fosse sepultada no deserto. Então, se levantou depois uma geração nova que regressou depois a Cades; depois de dar uma série de voltas, eles agora podem entrar realmente na terra prometida.
Meus amados, vejam quanto tudo isso é de extrema importância para nós. Porque quando estudamos estas 42 Jornadas, compreendemos com toda a clareza os livros de Êxodo, Levitico, Números e Deuteronômio. Teremos uma visão estupenda de tudo isso! E muito mais, seremos ajudados pelo Espírito Santo a aprender e aplicar lições a nossa própria vida hoje.
Agora vamos iniciar vendo essa jornada de Rimom-Perez, que é uma das jornadas que envolve voltas e mais voltas nesse processo de trinta e oito anos de peregrinação pelo deserto. Vamos iniciar vendo esta jornada, como também, vamos prosseguir vendo outras jornadas e nas demais jornadas vamos ver que eles ficaram dando voltas e mais voltas durante trinta e oito anos.
O texto relativo à Jornada de hoje está em Números, capítulo 14, versículos 40 a 45 e também está em Deuteronômio, capítulo 1, versículos 41 a 46. Nós precisamos atentar para estas duas passagens, para acompanharmos uma com a outra. Tudo isso é muito importante fazer, porque esta jornada foi contada duas vezes. Foi contada aqui em Números 14.40-45, como acabamos de relatar, e também em Deuteronômio 1.41-46. E nós não podemos perder isto de vista, porque Moisés voltou a recordar esta jornada em Deuteronômio trinta e oito anos depois que a jornada foi escrita por ele no livro de Números. Quando o Espírito Santo faz que uma coisa se conte duas vezes é porque estes dois relatos são complementares. Nós temos que ver isto! O Senhor está mostrando para nós algo muito particular, muito distinto. Porque a questão aqui não é a repetição em si, mas que em um texto veremos uma porção e no outro a outra porção, quando juntamos os dois textos podemos ver essa jornada e teremos uma visão clara dela de acordo com a mente do Senhor. Uma está sendo complementada pela outra. Aqui nós vamos seguir os dois relatos.Primeiro em Números capítulo 14, versículos 40 aos 45, a essa parte que corresponde a Rimom-Perez, depois nós vamos ler Deuteronômio capítulo 1, versículos 41 aos 46.
Vejamos Números capítulo 14, versículos 40 a 45:

“Levantaram-se pela manhã de madrugada e subiram ao cimo do monte, dizendo: Eis-nos aqui e subiremos ao lugar que o SENHOR tem prometido, porquanto havemos pecado. Porém Moisés respondeu: Por que transgredis o mandado do SENHOR? Pois isso não prosperará. Não subais, pois o SENHOR não estará no meio de vós, para que não sejais feridos diante dos vossos inimigos. Porque os amalequitas e os cananeus ali estão diante de vós, e caireis à espada; pois, uma vez que vos desviastes do SENHOR, o SENHOR não será convosco. Contudo, temerariamente, tentaram subir ao cimo do monte, mas a arca da Aliança do SENHOR e Moisés não se apartaram do meio do arraial. Então, desceram os amalequitas e os cananeus que habitavam na montanha e os feriram, derrotando-os até Hor.”

Precisamos notar com muito cuidado tudo isso. Você se lembra que lá em Rítma Deus ordenou a Moisés que ele escolhesse doze espias e os enviasse para avistar, espiar a terra de Canaã. E nós sabemos muito bem que eles foram e quando voltaram, dez desses espias trouxeram relatório negativo, duvidando da Palavra de Deus, do caráter de Deus; se rebelaram contra Moisés e Arão, se rebelaram contra Deus. Eles não quiseram entrar. Eles queriam retornar para o Egito, queriam eleger um novo capitão e retornar ao Egito. Precisamos conhecer isso! Agora eles querem ir, querem avançar. Depois que o Senhor trouxe disciplina; veio sobre eles, tratando duramente com eles, agora eles se voltam para o Senhor e querem subir. Mas Moisés diz que não. Eles não deveriam subir, não poderiam subir. Precisamos prestar atenção em tudo isso. Veja que o versículo 40 diz: “Levantaram-se pela manhã de madrugada e subiram ao cimo do monte, dizendo: Eis-nos aqui e subiremos ao lugar que o SENHOR tem prometido, porquanto havemos pecado.”. As pessoas que disseram estas palavras são as mesmas pessoas que duvidaram; que havia dito que Deus os tirara do Egito para os matar no deserto; que diante daqueles gigantes eles eram como gafanhotos, que seriam pisados.
Quando estudamos sobre este monte descobrimos que este monte aqui no versículo 40 é uma montanha que têm vários montes. Subiram ao primeiro monte e deste monte tinham que subir a outro monte que estava em continuação e formava a parte do mesmo núcleo montanhoso. Aqui nós temos uma cordilheira. Veja que eles subiram ao cimo do monte dizendo: Eis-nos aqui e subiremos ao lugar que o SENHOR tem prometido. Veja que, todavia, queriam subir um pouco além. Já haviam subido ao cimo, mas queriam subir mais. E Moisés diz que eles haviam transgredido o mandado do Senhor e por isso não iriam prosperar. Nos versículos 2 a 4 de Números capítulo 14, diz assim:

“Todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e contra Arão; e toda a congregação lhes disse: Tomara tivéssemos morrido na terra do Egito ou mesmo neste deserto! E por que nos traz o SENHOR a esta terra, para cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos para o Egito? E diziam uns aos outros: Levantemos um capitão e voltemos para o Egito.”

Veja que eles não crerão e por isso o Senhor os repreendeu. Agora veja que coisa interessante – eles querem ir, estão dispostos a ir - Eis-nos aqui e subiremos ao lugar que o SENHOR tem prometido. Amados vejam que aqui há um grande problema. Eles querem subir quando Deus não quer. E quando Deus quer, eles não querem. Que lição importante é essa! Nós, às vezes somos assim! Nossa vida cristã é segundo os nossos desejos. Vou quando quero e não vou quando não quero. Subo quando quero e desço quando quero. A nossa vida é muitas vezes dirigida pela nossa própria vontade. Deus tem que nos ensinar que não é quando nós queremos, mas é quando Ele quer. Não é como queremos, é como Deus quer. Essa é a lição que nós temos que aprender nesta jornada. Olhe para as palavras de Moisés: Não subais, pois o SENHOR não estará no meio de vós. Isso é tão sério! Eles queriam ir, mas Deus não estava com eles. Se estivessem na vontade de Deus, as nações, os inimigos, os gigantes não representariam nada. Mas se estão sem Deus são vulneráveis.
Não podemos viver a vida cristã assim, de altos e baixos, baseado em emoções. Quando gosto de algo estou bem e quando não gosto não me interessa. Essa não é a vida cristã para a qual fomos chamados a viver. Precisamos aprender a conhecer a vontade de Deus. E quando conhecemos a vontade de Deus, a primeira coisa que fazemos é crucificar a nossa vontade. Este povo foi rebelde porque quiseram andar nos seus próprios caminhos. Amados, quantas vezes nós somos assim, andando nos nossos próprios desejos, fazendo tudo conforme queremos, andando segundo as nossas emoções. Quantas vezes até mesmo a incredulidade é que governa o nosso próprio viver. Excluímos Deus dos nossos negócios, da nossa própria vida. Este é um exemplo que caracteriza um viver incrédulo, uma pessoa que não anda segundo a vontade de Deus, segundo o caráter de Deus. Este povo foi reprovado, foi rejeitado. É isto que nós vamos ver aqui em Rimom-Perez. A seriedade de tudo isso. A seriedade de excluir Deus dos nossos relacionamentos, dos nossos negócios, da nossa própria vida. Nós não podemos viver a vida cristã assim. Nós temos que colocar tudo aos pés do Senhor, todo o nosso viver diante do Senhor. Que o Senhor nos ajude a sermos sensíveis a Sua voz, sermos sensíveis a direção do Seu Espírito, para que a nossa vida possa ser uma vida que viva a experiência de viver sempre na vontade de Deus e não na nossa vontade. Porque a nossa vontade não interessa, nossa vontade tem que estar crucificada. Nós temos que ter uma vontade governada pela cruz de Cristo. Enquanto a nossa vontade não for crucificada não podemos segui-lo, não podemos corresponder ao Seu chamamento, ao Seu caráter, a Sua vontade.
Nos próximos estudos nós vamos ver as conseqüências de tudo isso, a seriedade de tudo isso. O quanto é perigoso viver a vida cristã baseado nas nossas emoções, nos nossos desejos e não colocar os nossos desejos e as nossas emoções debaixo da vontade de Deus, porque ai nós conheceremos o governo de Deus, nós nos submeteremos à vontade de Deus. A vontade de Deus pode ser aquilo que não queremos, pode ser, no momento, o que não busquemos, mas sempre será aquilo que é melhor para nós.
Que Deus continue nos abençoando com a Sua rica Palavra.

Por: Ir. Luiz Fontes