domingo, 30 de janeiro de 2011

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 93


Por: Luiz Fontes

19ª Estação – Queelata (parte 3)

Textos: Nm 33:22 e Nm 16


Vamos continuar estudando essa estação – “Queelata” –, aqui em Números 16:5,6:

“5 E falou a Corá e a todo o seu grupo, dizendo: Amanhã pela manhã, o SENHOR fará saber quem é dele e quem é o santo que ele fará chegar a si; aquele a quem escolher fará chegar a si. 6 Fazei isto: tomai vós incensários, Corá e todo o seu grupo”.

Quero que você note alguns pontos aqui nesses textos que lemos.
Primeiro olhe para o teor das palavras relacionadas aqui a Coré, veja a arrogância dele, como os textos expõem o próprio coração de Coré. Diz assim: “falou a Coré e a toda a sua congregação”. Veja: “a toda sua congregação”. Coré já tinha uma predominância sobre algumas pessoas. Ele já era um líder sobre algumas pessoas, já tinha se constituído líder sobre 250 pessoas.
Dentro desse mesmo contexto, podemos olhar a nossa própria realidade. Podemos ver que esse comportamento tem as suas raízes aqui, quando a gente olha para muitas pessoas que gostam de dominar, gostam de exercer o poder, gostam de exercer a influência, pessoas que não sentem nenhum pudor quando dizem “Minha Igreja”. Esse tipo de comportamento tem suas raízes aqui nas palavras destinadas a Coré: “a ele e toda a sua congregação”. Vemos aqui o cúmulo da pretensão. Quantas pessoas acham que são os donos da Igreja do Senhor Jesus, quantos hoje não têm temor quando afirmam “Minha Igreja”.
Em Mateus 16 o Senhor Jesus diz:

“Eu edificarei a minha Igreja”.

A Igreja não é propriedade do homem; a Igreja é propriedade do Senhor Jesus. Ele está falando de algo particular, pessoal, de uma propriedade exclusiva dEle. “Eu edificarei minha Igreja”, isto é, Ele está dizendo que vai edificar a Igreja sobre Ele mesmo, o Filho do Deus vivo. Ele diz: “Eu edificarei a Igreja sobre mim mesmo”. Isso é importante e você tem que atentar, porque aqui nós encontramos as raízes do tipo de pretensão que vemos dentro do nosso próprio contexto. Que o Senhor nos guarde.
Ainda em Números 16:6, diz assim:

“Fazei isto: tomai vós incensários, Corá e todo o seu grupo”.

Na tipologia bíblica nós sabemos que incensário fala de oração. É isso que os grandes eruditos ensinam e é isso que nós aprendemos na própria Palavra de Deus. Incensário está ligado à oração e nós temos que ver aqui o porquê de Moisés fazer essa colocação. Esses assuntos precisam ser resolvidos diante de Deus, eles não podem ser resolvidos de qualquer maneira. Temos de encontrar o lugar da oração na nossa própria vida. O nosso chamado à oração é conhecer o coração de Deus, e a chave para entrar no coração de Deus é a oração. Somente aí nós poderemos conhecer Sua vontade, conhecer Sua Palavra e também conhecer a nós mesmos, as pretensões ocultas que residem dentro de nós.
Uma coisa muito importante que temos que aprender é que a oração é o retrato do caráter cristão. Precisamos reconhecer que a oração é o meio de relacionamento com Deus. Ela nos oferece um duplo retrato: o de Deus e o nosso. A oração tem um papel importante no relacionamento entre o homem e Deus. Primeiro ela vai nos mostrar um quadro muito descritivo do caráter humano e também do caráter divino. O que falamos para Deus quando oramos, quando estamos diante de Deus e todas as palavras de gratidão ou louvor, nossos desejos, as situações, tudo o que envolve a oração, revelam as nossas motivações secretas, revelam a nossa moral, revelam o nosso caráter. Da mesma forma, algumas afirmações que fazemos sobre Deus na oração, quando falamos do Seu amor, da Sua justiça, da Sua misericórdia, do Seu poder soberano, tudo o que nós falamos, revelam convicções daquilo que nós temos da natureza de Deus. E nossas orações quase sempre revelam também a nossa própria natureza. Por isso a oração não é somente um meio de relacionamento, mas também um meio de transformação. Isso porque nós somos revelados, as motivações secretas são expostas, os caminhos da nossa carnalidade são trazidos à tona. Se queremos saber quem somos, ou o que pensamos sobre Deus, quais são as nossa motivações primárias, secretas e a raiz do nosso caráter, é só olhar as palavras às quais usamos na oração. Aqui nós vamos ter uma revelação tanto da teologia quanto da antropologia. Então, a oração não apenas revela as distorções antropológicas e teológicas, mas também a forma e o caminho para corrigir essas distorções e nos transformar. Oração é o instrumento que transforma o nosso caráter.
Assim, nós temos que ser ajudados aqui. Precisamos olhar para a atitude de Moisés, porque é justamente esse ponto que ele quer tocar. Moisés entendeu que nada poderia ser tão importante para revelar as motivações secretas dessa situação do que a oração. Por isso ele introduz o incensário. Que o Senhor nos ajude a buscar nEle o caminho da oração, a fim de que venhamos conhecer as nossas motivações, as motivações secretas que estão por detrás das nossas atitudes impensadas, pois devemos entender que sempre somos passíveis de correção e, muitas vezes, não ouvimos ninguém, não queremos ouvir as pessoas que estão do nosso lado. Mas quando você ora verdadeiramente, a oração vem mostrar, vem revelar, o seu próprio caráter, as suas motivações e as distorções do seu próprio caminhar. Que Deus nos ajude.
Ainda precisamos continuar lendo Números 16:8-11:

“Disse mais Moisés a Corá: Ouvi agora, filhos de Levi: 9 acaso, é para vós outros coisa de somenos que o Deus de Israel vos separou da congregação de Israel, para vos fazer chegar a si, a fim de cumprirdes o serviço do tabernáculo do SENHOR e estardes perante a congregação para ministrar-lhe; 10 e te fez chegar, Corá, e todos os teus irmãos, os filhos de Levi, contigo? Ainda também procurais o sacerdócio? 11 Pelo que tu e todo o teu grupo juntos estais contra o SENHOR; e Arão, que é ele para que murmureis contra ele?”.

Podemos prosseguir mais um pouco aqui em Queelata. Já disse a vocês que o significado da palavra “Queelata” é assembléia e que vemos aqui uma confusão, uma crise profunda. Isso nos faz lembrar da síndrome de Lúcifer. Ele era um grande querubim, mas achou que era pouco e então desejou ocupar o lugar de Deus na Sua glória. Por causa da queda de Lúcifer, consequentemente nós tivemos a queda do homem e o homem herdou essa compulsão de querer ser Deus. A mais perversa compulsão que reside no coração do homem é desejar ser Deus. Lembra quando a serpente disse para Eva “e sereis como Deus conhecedores do bem e do mal” (Gênesis 3)? Essa é a compulsão do coração humano. Oh, amados! Será que essa situação não nos leva a refletir um pouco sobre nós mesmos? Não é verdade que nós nos preocupamos constantemente em sobressair? Quantas vezes desejamos ser considerados dignos de prêmio, de valorização? Não estamos sempre procurando a nós mesmos se somos melhores ou piores, mais fortes ou mais fracos, mais rápidos ou mais vagarosos do que aqueles que estão do nosso lado? Não temos considerado os nossos amigos, nossos companheiros desde o banco da escola primária, como rivais na corrida pelo sucesso, influência, pela popularidade? E não nos sentimos tão inseguros em relação ao que somos que nos agarramos a todas as oportunidades com o único propósito de obtermos poder, popularidade, influência, o controle sobre as pessoas? Meus amados irmãos e irmãs, quando nós nos dispusermos a olhar para todas essas coisas com os olhos do nosso querido Pai Celeste, imediatamente veremos que o que está acontecendo hoje, como vemos lá no Iraque, no Afeganistão, em Israel, lá na Palestina, não é muito diferente do que o que está ocorrendo no nosso próprio coração. Desde que a nossa própria segurança, desde que a nossa própria popularidade, desde que essa compulsão obstinada pelo poder está sendo ameaçada. A primeira atitude nossa é sempre procurar uma arma para poder proteger todos os nossos interesses, todos os nossos privilégios, todas essas compulsões perversas que permeiam o nosso coração. Oh, amados! Essa busca compulsiva pelo poder que o homem tem dentro de si, que o homem carrega dentro de si, que dá a ele essa autoconsciência, essa autovalorização, tem um poder perverso e terrível. Esse tipo de conduta nos afasta de Deus, nos afasta uns dos outros e nos torna isolados das pessoas. Isso tem em si uma característica diabólica, porque esse tipo de comportamento carrega a divisão, a rebelião. Deus deseja nos libertar disso. Olhe o que aconteceu com Datã, Coré e Abirão, nos versículos finais de Números 16.
Esse poder religioso é um dos piores e mais insidiosos que existe. A pior manifestação de poder que existe é o poder religioso. Infelizmente muitas pessoas que dizem hoje “Senhor, Senhor”, muitos daqueles que louvam, que O adoram, muitos daqueles que se dizem fiéis servos de Deus são pessoas que se têm deixado corromper pelo poder. Esse é o poder mais insidioso – o poder religioso. Ele é divisório, ofensivo. É impressionante o número de pessoas que foram ofendidas, massacradas pela religião. Quantas pessoas, homens e mulheres, estão separados, divorciados, rejeitados pela sociedade, desajustados, fracassados, por causa da perseguição religiosa, por causa do poder religioso. Quantas pessoas foram afastadas de Deus por terem sido abusadas pelo poder religioso. Enquanto esperavam uma expressão de amor, foram abusadas, violentadas. Nós precisamos ser guardados, precisamos ser ajudados, porque esse não é o Evangelho de Cristo. Você tem que ver que a influência devastadora do poder nas mãos de homens que se disfarçam de piedosos, homens que se julgam ser “homens de Deus”, torna-se evidente quando ao redor, em nossa própria realidade contextual, vemos tantos impérios megalomaníacos tendo o disfarce de eclesia. Mas vemos ali dentro uma busca desenfreada pelo sucesso e o reconhecimento pessoal. A busca pela fama, não sabendo das suas consequências repulsivas e insidiosas. Oh, meus amados irmãos e irmãs! Que Deus, no poder do Seu Espírito, guarde as nossas vidas para que nunca venhamos perder a simplicidade do Evangelho de Cristo Jesus. Neste tempo em que estamos vivendo, tempos de incerteza econômica, de incerteza política, uma das maiores tentações é a de usar a fé como instrumento para exercer poder sobre os outros e, por conseguinte, suplantar o mandamento de Deus com mandamentos humanos – tirar a Palavra de Deus e colocar a palavra humana. Quando o poder é usado para proclamar a Boa Nova, esse poder humano, esse poder insidioso, perverso, essa Boa Nova, a Palavra eficaz de Deus, torna-se depressa em uma mensagem enganadora e perversa. Por isso você precisa saber que o meio que Deus escolheu para se revelar ao homem foi através da fragilidade. Observe o que Paulo diz em Filipenses 2, a partir do versículo 5:

“5 Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, 6 pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; 7 antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, 8 a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. 9 Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, 10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, 11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai”.

Veja, Ele se tornou em semelhança humana, em forma de servo, morreu a pior das mortes no Seu tempo, que foi a morte de cruz, foi rejeitado, humilhado. Mas Deus O exaltou sobremaneira e O ressuscitou e O colocou acima de todo o principado e potestade, de todo o nome que se possa referir. É isso que está em Efésios 1, a partir do versículo 20:

“20 o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais, 21 acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de todo nome que se possa referir, não só no presente século, mas também no vindouro”.

Deus O exaltou e O colocou acima de todo principado e potestade e Lhe deu um nome que está acima de todo o nome. É isso que precisamos ver. O Deus Todo Poderoso, um dia, teve essa opção divina. E essa verdade, Deus escolher fazer parte da nossa história humana em completa fragilidade, é o centro, é a essência, da nossa fé cristã. Na pessoa bendita de Jesus, o Filho de Deus, nós vemos o quê? O Deus Homem. Esse Deus que se esvaziou para desmascarar a ilusão do poder, para desarmar o príncipe das trevas que tem governado o mundo. Foi isso que Ele fez, foi isso que Deus fez e é isso que Ele deseja nos mostrar. Esse é o caminho pelo qual Ele deseja levar eu e você. Deus quer mostrar isto para mim e para você: que o caminho de Datã, Coré e Abirão é um caminho que nós precisamos repudiar, porque esse caminho vai nos afastar de nossos irmãos, vai nos afastar do próprio Deus, viveremos para nós mesmos – porque existe dentro do homem esse desejo de mandar, de ordenar, de estar por cima, de ser o melhor, de sobrepujar. Oh! Nós não precisamos dessa expressão, da nossa própria vida adâmica. Autoridade espiritual é algo que vai muito além disso; é a expressão do governo de Deus fluindo na vida daqueles os quais Ele escolheu. Esse poder não opera com a força humana, esse poder opera com o Espírito de Deus no homem. É isso que eu e você temos que entender.
Que Deus fale ao seu coração e lhe abençoe com esta Palavra.

sábado, 29 de janeiro de 2011

A VERDADE DAS PROFECIAS DA BÍBLIA


Amados irmãos em Cristo, acompanho o Blog do irmão Haroldo Maranhão, um pastor que mora em São Paulo e que escreve sobre a revelação bíblica sobre os eventos futuros.
Estou compartilhando um post que ele escreveu sobre a verdade do texto bíblico e sobre o cumprimento das profeciais. Existem pessoas que não crêem e querem julgar a Bíblia, isso é um grande erro, porque a Bíblia é a Palavra de Deus, é a revelação de Deus para o homem e nós temos que crer, pela fé, não duvidar de um Deus que vela em cumprir a Sua Palavra.
Que venhamos nos render ao Senhor, despertar do sono, porque quantos de nós não estão dormindo, distraídos? A vinda do Senhor está cada vez mais próxima, que possamos guardar a Sua Palavra e não negar o Seu nome, lembra o que Ele falou à igreja de Filadéfia?
Que o Senhor nos ganha mais e mais, leia o texto e reflita, que o PAI lhe dê espírito de sabedoria e de revelação.

Ao longo dos tempos, compartilhando a Palavra de Deus com os outros, encontrei pessoas que, fazendo uma expressão condescendente, do alto de uma tremenda sabedoria, me diziam: “Haroldo... a Bíblia é uma fraude”!
Os manuscritos foram manipulados.
A tradução adulterou uma série de dados e datas, para que as profecias pudessem se cumprir.
Muito me admira que alguém como você, que estuda, uma pessoa séria, possa acreditar nestas “bobagens”.
E, quando a conversa tomava este rumo, a partir de determinado momento, eu me retirava, pois, não tinha mesmo como provar.
Não que eu tivesse qualquer dúvida acerca da verdade da vida em Cristo, revelada pela Palavra...
Sempre pude perceber e testemunhar a transformação de vida de milhares de pessoas.
Mas embora pudesse experimentar e testificar a presença de Deus em minha vida, de forma tremenda, pela libertação do pecado, curas físicas, emocionais, pela transformação de várias situações, neste tipo de conversa eu precisava reconhecer que tudo passava a ser uma questão exclusiva de fé.
Não que a questão de fé seja uma questão menor, muito pelo contrário...
Sem FÉ é IMPOSSÍVEL agradar a Deus...
Deus não se move por religião, por boas obras, mas, sim, por Fé na Sua Palavra.
Tomé foi censurado por Jesus, por que precisou ver para crer...
Seria necessário que esta pessoa de meu exemplo abrisse o seu coração para experimentar a realidade da experiência da vida com Deus pela fé.
Entretanto, especificamente nos dias de hoje, quem quiser constatar que a Bíblia não é uma fraude por provas "materiais", vai poter satisfazer seu desejo.
Mas, claro, ainda assim, precisará se relacionar com Deus pela fé.
Esta é a linguagem dEle.
Mas, vamos ao ponto de hoje, que, aliás, gerou um dos maiores conteúdos que já publiquei...
Peço um pouco mais da sua paciência em ler até o fim.
A Bíblia, ao longo dos séculos, e até algum tempo atrás, pareceu ser um livro contendo histórias antigas, algumas delas milenares, e também relatos de eventos futuros.
Apenas eventos PASSADOS E FUTUROS.
Um passado bastante distante.
E um futuro bastante distante e de data incerta.
Ou seja, seu cumprimento aconteceria apenas em gerações futuras...
Mas você, que acompanha este BLOG, sabe que estamos vivendo dias em que percebemos que algo começou a mudar.
Hoje lemos a Bíblia continuamos lendo e aprendendo com os relatos de eventos PASSADOS. A questão é que agora não mais lidamos com eventos futuros, mas, sim, aparentemente, PRESENTES!
Ou seja, o futuro bíblico é HOJE!
Os nossos dias.
Entenda meu argumento: a partir de agora, fatos bíblicos que foram registrados em TODAS as Bíblias existentes ao redor do mundo, em QUASE TODOS IDIOMAS nos últimos 200/250 anos, não podem mais sers manipulados.
Alterados.
Ajustados para um falso cumprimento...
O que permite que, tudo aquilo que está escrito, e que se cumpre diante de nossos olhos, não poderiam mais ser modificados nem adulterados.
Concorda?
Mas ainda assim, mesmo que venham a ser absolutamente incontestáveis até para críticos e céticos, continuará a ser matéria de FÉ.
Meu objetivo com este post é mostrar uma breve relação de fatos ou tecnologias atuais que cumprem profecias, registradas a Bíblia há pelo menos 2000, mas vou contar estas datas apenas do seu registro comprovável, ou seja, pelo menos, nos últimos 200/250 anos.
Embora saiba poderia considerar uma data mais antiga.
Estes fatos estão na Bíblia, e não podem mais ser modificados por ninguém, por que seria facilmente comprovado e denunciado publicamente.
Quero então mostrar para você que a Bíblia contém revelações IMPOSSÍVEIS de serem previstas por pessoas de carne e osso como eu e você.
Que estas coisas estão acontecendo diante dos seus olhos hoje!
E que por isso mesmo, a partir de agora, você precisa tomar uma posição em relação à Palavra de Deus.
SE ela é a verdade, você precisa aceitá-la com tudo o que está escrito.
SE apesar desta comprovação irrebatível você preferir não crer na Bíblia como a Palavra inerrante de Deus... bem... é uma decisão sua, que lamento profundamente.
Veja alguns textos que estão se cumprindo hoje, diante dos nossos olhos:

O conhecimento se multiplicará
Dan 12:4 Mas tu, Daniel, fecha estas palavras e sela este livro, até o fim do tempo. Muitos correrão de uma parte para outra, e o conhecimento se multiplicará.
Este é um indicador tremendo acerca dos últimos dias, que seria impossível alguém prever 600 anos antes de Cristo, e mesmo publicar em 1800/1900.
O que seria o conhecimento ser multiplicado?
A resposta vem pelo fato de que conhecimento gera mais conhecimento.
Isso só se tornou possível, entre outros aspectos pela tecnologia!
Aliás, o conhecimento se multiplicou de tal forma nos dias atuais, que todos nós sabemos hoje que vivemos na chamada Era do Conhecimento.
A força, a exatidão e precisão do termo usado na profecia bíblica, é, sem dúvida, admirável.
Até por que os que batizaram e usam este termo para definir este tempo que vivemos, nem crêem em Deus...

A Inversão dos pólos magnéticos da terra
Amós 5:8 Procurai aquele que fez as Plêiades e o Órion, e torna a sombra da noite em manhã, e transforma o dia em noite; o que chama as águas do mar, e as derrama sobre a terra; o Senhor é o seu nome. 9 O que faz vir súbita destruição sobre o forte, de sorte que vem a ruína sobre a fortaleza.
Isa 24:1 Eis que o Senhor esvazia a terra e a desola, transtorna a sua superfície e dispersa os seus moradores.
Amós 8:8 Por causa disso não estremecerá a terra? E não chorará todo aquele que nela habita? Certamente se levantará ela toda como o Nilo, e será agitada, e diminuirá como o Nilo do Egito. 9 E sucederá, naquele dia, diz o Senhor Deus, que farei que o sol se ponha ao meio dia, e em pleno dia cobrirei a terra de trevas.
Jó 9:5 Ele é o que remove os montes, sem que o saibam, e os transtorna no seu furor; 6 o que sacode a terra do seu lugar, de modo que as suas colunas estremecem; 7 o que dá ordens ao sol, e ele não nasce; o que sela as estrelas; 8 o que sozinho estende os céus, e anda sobre as ondas do mar; 9 o que fez a ursa, o Órion, e as Plêiades, e as recâmaras do sul; 10 o que faz coisas grandes e insondáveis, e maravilhas que não se podem contar.
A inversão dos pólos magnéticos da terra é um conhecimento científico recente.
Entretanto, a Bíblia descreve este fenômeno de forma clara há milhares de anos.
O efeito na percepção do movimento do sol em seu eixo, não nascendo pela manhã, a terra sendo sacudida para este fim, o mar sendo lançado na terra em poderosos tsunamis, e outros detalhes dos textos bíblicos, parecem, em muito, com os textos científicos que descrevem o que acontecerá quando de uma inversão abrupta dos pólos magnéticos da terra.
Que inclusive terá seu efeito na superfície da terra, sendo modificada, ou, transtornada.
Curiosa ainda a associação/vinculação com Órion e Plêiades, também registrada na Bíblia, e sempre associada nestes estudos científicos.

O Efeito do Sol
Vemos cada dia mais informações sobre o efeito do sol nos próximos anos sobre a terra...
Os ciclos solares de aproximadamente 11 anos.
As observações recentes sobre as mudanças hoje em curso.
O ápice deste ciclo previsto para os próximos anos.
Veja um post deste BLOG sobre o assunto:
http://apocalipseem2010.blogspot.com/2010_12_01_archive.html
E a Bíblia também já falava sobre isso, e seu efeito nos homens.
Muito se tem falado de forma retrita sobre o efeito eletromagnético sobre toda a tecnologia que usamos... mas... recentemente, começam a "supor" o que poderia acontecer se tivéssemos ondas de calaor.
Que na verdade, poderia haver também um efeito sobre a humanidade.
Que na verdade, vai haver.
A Bíblia diz.
Isaías 30:26 E a luz da lua será como a luz do sol, e a luz do sol sete vezes maior, como a luz de sete dias, no dia em que o Senhor atar a contusão do seu povo, e curar a chaga da sua ferida.
Isaías 13:8 E ficarão desanimados; e deles se apoderarão dores e ais; e se angustiarão como a mulher que está de parto; olharão atônitos uns para os outros; os seus rostos serão rostos flamejantes.

Fome e inflação em escala Global
As últimas tragédias como nevascas, enchentes e ondas de calor afetaram as projeções sobre a produção de alimentos para o futuro imediato e de médio prazo... os analistas estão pessimistas.
Seria necessário dobrar a produção de alimentos na terra até 2050 segundo os especialistas.
Tivemos quebras de safras e perdas enormes de lavouras por todos estes efeitos climáticos.
Ocorreu uma queda de produção e, na sequência, havera queda da oferta.
Se for confirmado um cenário assim, a fome será seguida pela inflação, por que claro está, vai haver um aumento absurdo do preço dos alimentos.
De forma ainda pequena, já é possível sentir isso nos supermercados aqui no Brasil...
Apocalipse 6:6 E ouvi como que uma voz no meio dos quatro seres viventes, que dizia: Uma medida de trigo por um denário, e três medidas de cevada por um denário; e não danifique o azeite e o vinho.
Apocalipse 6:8 E olhei, e eis um cavalo amarelo, e o que estava montado nele chamava-se Morte; e o hades seguia com ele; e foi-lhe dada autoridade sobre a quarta parte da terra, para matar com a espada, e com a fome, e com a peste, e com as feras da terra.
Para você que talvez não esteja familiarizado com medidas bíblicas, um denário é o equivalente a um dia de trabalho de um trabalhador que ganhasse um salário digno.
Não um salário mínimo.
Ou seja, teria que trabalhar um dia inteiro para comprar apenas uma medida de trigo!

O homem chegando ao céu e ao fundo do mar
Amós 9:2 Ainda que cavem até o Seol, dali os tirará a minha mão; ainda que subam ao céu, dali os farei descer. 3 Ainda que se escondam no cume do Carmelo, buscá-los-ei, e dali os tirarei; e, ainda que se ocultem aos meus olhos no fundo do mar, ali darei ordem à serpente, e ela os morderá. 4 Também ainda que vão para o cativeiro diante de seus inimigos, ali darei ordem à espada, e ela os matará; enfim eu porei os meus olhos sobre eles para o mal, e não para o bem. 5 Pois o Senhor, o Deus dos exércitos, é o que toca a terra, e ela se derrete, e pranteiam todos os que nela habitam; e ela toda se levanta como o Nilo, e diminui como o Nilo do Egito.
Este texto de Amós mostra claramente o programa espacial que coloca homens no céu, em algo tipo uma estação orbital ou satélites, naves espaciais ou, no mínimo, aviões.
E também submarinos.
Ambas as coisas impossíveis e impensáveis para a época.
Veja que o Senhor fala em subir ao céu, algo diferente de falar em altura no cume do monte Carmelo.
Ou seja, ele não estava falando de alpinismo, mas de voar, e de permanecer no céu, a ponto de ser derrubado de lá.
Além disso, quando diz ocultos no fundo do mar, isso é impossível sem submarinos e estruturas que pudessem permitir ao homem permanecer no fundo do mar.
Em ambos os casos, e nos outros, também fica claro que o homem tenta se esconder de Deus.
Na verdade, de Sua Ira.

Israel se tornou uma nação em um único dia, em 13 de maio de 1948.
“Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisas semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia? Nasceria uma nação de uma só vez? Mas Sião mal sentiu as dores de parto, e já deu à luz seus filhos”. Isaías 66:8
Complementando, Jesus propôs a Parábola da figueira, que sempre representa Israel na Bíblia, em Mateus 24 declarando que quem testemunhar este cumprimento, o retorno de Israel, deve saber que o tempo do fim está próximo!
Sião é Israel.
O relógio profético de Deus começou a fazer tic-tac...
Veja, Israel não existia mais como nação há dezenas de anos, mas a verdade da Palavra de Deus se cumpriu nos nossos dias.
Em um único dia, como disse o profeta Isaías, inspirado por Deus.

O anticristo e o Templo
A Bíblia diz que o anticristo vai querer se assentar no Templo para ser adorado como Deus, pela boca do Apóstolo Paulo, em II Tessalonicenses 2:4.
Mas em que Templo?
Este foi destruído no ano 70 d.C.
Entretanto, hoje eu posso dizer que, com certeza isto se cumprirá na reconstrução do Templo que volta e meia retorna à pauta de negociações quanto à divisão de Jerusalém ou algum dos acordos de paz possíveis.
Se você lê inglês, acesse o site do Instuto do Templo http://www.templeinstitute.org/ e veja a forma como eles tratam do assunto.
Portanto, quando o Templo tiver o início de sua reconstrução num futuro próximo, diante dos nossos olhos, bem, veremos, ao vivo, o cumprimento de mais uma palavra impossível de ser prevista com tanta precisão pela Palavra de Deus.

O anticristo e os sacrifícios
Também foi predito, nesta Bíblia que está aí, com você, e, portanto, não pode mais ser manipulada nem alterada por ninguém, que o anticristo, vai interromper a oferta de sacrifícios de cordeiros e a de cereais, na metade da última semana de anos da história da humanidade (Daniel 9:27) antes da volta gloriosa de Jesus... mas... que oferta de sacrifícios?
Não existe mais ninguém sacrificando cordeiros em Jerusalém há décadas, como você e eu sabemos.
Mas, quando o templo for reedificado, voltará a acontecer.
Aliás, hoje eles já sacrificam ainda que fora do Templo.
Veja um post do ano passado sobre o assunto:
http://apocalipseem2010.blogspot.com/2010/04/sacrificios-em-jerusalem-desde-2008.html

As duas testemunhas para o mundo todo
A Bíblia diz textualmente que as duas testemunhas apresentadas em Apocalipse 11 serão mortas em Jerusalém, e que seus corpos serão expostos para que homens de vários povos, línguas, tribos e nações vejam, por 3 dias e meio.
Pense comigo: como seria possível que isso acontecesse sem o advento das tecnologias de satélite, internet, e redes de televisão com alcance mundial, para que as pessoas ao redor do mundo vejam estas pessoas mortas?
Isso acontece todos os dias nos noticiários que assistimos em casa pela TV, e acompanhamos fatos importantes mundialmente...
Esta palavra foi escrita nas primeiras décadas depois de Cristo.
Ninguém que não fosse inspirado por Deus poderia dizer isso, até por que, imaginemos que o profeta pensasse que todas as pessoas viajariam até Jerusalém para ver pessoalmente.
Em 3 dias e meio, a pé ou sobre animais, seria impossível!
Mas não foi o que aconteceu.
O profeta falava sobre uma TECNOLOGIA impossível de ser conhecida em seu tempo!
Mas que tornaria isso possível

Um governo global, uma moeda global
Ao longo de nossa história, alguns líderes ou ditadores como Cesar, Alexandre, Napoleão ou Hitler, tentaram se tornar controladores do mundo todo, mas não conseguiram... Isto não aconteceu, por que não havia nem desejo das pessoas de terem um único líder ou sistema, nem condições políticas ou econômicas para que se justificasse um fato como este... mas o que vemos nos últimos meses, depois da grande crise econômica de dois anos atrás, por conta de algumas situações de medo do terrorismo ou de iniciativas atômicas de alguns países, é que algumas lideranças passam a considerar como aceitável um organismo único de controle para determinadas situações.
Já leu ou assistiu algo sobre isso?
Isso tem sido dito, por exemplo, quando se discute a questão climática, ou seja, muitos aceitariam um organismo mundial que regulamente esta questão.
Aliás, já existe, inclusive, financiamento global para tal organismo...
Quando algo assim acontecer, em meio a uma crise econômica pior que a última, ou uma guerra ou uma tragédia sem precedentes, será mais fácil a possibilidade da necessidade de uma intervenção global.
Assim analisando, podemos ver que as bases do governo do anticristo estão sendo lançadas diante de nossos olhos, conforme está em Apocalipse 13:3 e 4.
Se você ler o texto, perceberá que é uma situação emocional extrema, mas, seria impossível um líder mundial liderar sem leis, regulamentos, política e tudo o mais. Portanto todo este cenário prévio tem que existir, e já começa a existir, para que este governo se estabeleça... como você pode ver, muito já está sendo preparado.

A marca da besta e o comércio global
Outra profecia de cumprimento impossível até nossos dias é o sistema da marca da besta, que, mesmo quem não conhece a Bíblia, já ouviu falar.
Uma marca para que ninguém consiga comprar nem vender, se não fizer parte do sistema, conforme Apocalipse 13:16 e 17.
Veja que haverá uma autoridade mundial com PODER LEGAL E DE POLÍCIA, para fazer todos receberem esta marca...
Uma marca como esta seria impossível alguns anos atrás, e aqui estamos falando novamente de tecnologia, integração de sistemas global, análises de crédito, bloqueios eletrônicos dos recursos de pessoas no mundo todo.
Há quantos anos isso é possível?
Menos de 30, com certeza.
Portanto, mais um acerto tecnológico do profeta João, se cumprindo diante de seus olhos.
Fato registrado na sua Bíblia há dezenas de anos, sem manipulação, nem fraudes!

Montes e ilhas mudando de lugar
Apocalipse 6:12 E vi quando abriu o sexto selo, e houve um grande terremoto; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua toda tornou-se como sangue; 13 e as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira, sacudida por um vento forte, deixa cair os seus figos verdes. 14 E o céu recolheu-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares.
Lemos neste texto que montes e ilhas serão movidos de seu lugar por conta de um poderoso terremoto.
Isso parecia uma figura de linguagem até que pudesse ser comprovado que os terremotos recentes e mais poderosos LITERALMENTE mudaram a Indonésia, o Chile e o Haiti de lugar.
Pode pesquisar você mesmo no Google.
Portanto, Deus disse algo pela Sua Palavra, dois mil anos atrás, que, mesmo que publicado há 200 anos, era impossível de ser comprovado em sua literalidade.
Apenas hoje, com satélites, podemos comprovar que o que Ele disse era uma verdade literal.
E... nós AINDA NÃO tivemos um terremoto como o descrito no texto... por ser um terremoto global!

Terror aguardando Tsunamis e outros eventos
Lucas 21:25 E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; e sobre a terra haverá angústia das nações em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas. 26 os homens desfalecerão de terror, e pela expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto os poderes do céu serão abalados.
Outra coisa que só tornou-se mais possível e comum após o terremoto da Indonésia.
Pelos sensores de alerta de tsunamis, passa a ser possível prever a chegada destas ondas gigantes a um determinado lugar.
E, tragicamente, quando tivermos as maiores tsunamis de nossa história, os moradores dos lugares que serão atingidos saberão com algumas horas de antecedência.
E cumprirão este texto de forma literal.

Concluindo
Embora entenda que estes argumentos são fortes o suficiente, sei que muitos não vão levar em consideração, por que estes fazem questão de cumprir outras palavras de Jesus em Apocalipse, quando Ele disse: “quem tem ouvidos para ouvir, ouça”.
Ou seja, temos sempre pessoas que, mesmo ouvindo, não vão ouvir.
Por que não querem.
Por outro lado, sei que tenho pessoas lendo este texto que o próprio Deus, através da ação do Espírito Santo, trouxe até este BLOG para ler este conteúdo.
Pessoas que estão em dúvida, inseguras com tudo o que tem acontecido nos últimos tempos, em escala global.
E estão preocupadas com o futuro.
Se for o seu caso, é para você que escrevi este texto.
Não existem manipulação nem fraude na Palavra de Deus.
Ele é A Verdade.
Ele garante Sua Palavra para que se cumpra.
Só Ele pode garantir a sua vida e a de seus queridos, guardando vocês destes tempos terríveis que virão.
E virão, mesmo!
Você precisa conhecer a Jesus!
Se quiser, envie um email para mim e eu vou ter o maior prazer em explicar como você poderá fazer isso.
Se você já é de Jesus, e sentir desejo, envie este texto para seus amigos.
Por favor, faça.
Sem autorização, sem nada.
Precisamos alcançar rapidamente o maior número de pessoas, por que temos pouco tempo...
Precisamos nos santificar.
Precisamos vigiar e orar.
Leia sua Bíblia.
Veja os sinais!

SHALOM

Haroldo Maranhão

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

CAPÍTULO 4 - CONTINUAÇÃO DO ESTUDO SOBRE A EPÍSTOLA DE PAULO AOS EFÉSIOS



Por: D.M. Lloyd Jones

"AS INSONDÁVEIS RIQUEZAS"


"Do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder. "A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas insondáveis de Cristo." – Efésios 3:7-8

Tendo descrito a natureza da mensagem que o Senhor Deus lhe revelou e o comissionou a pregar, o apóstolo continua a tratar disto de maneira ainda mais profunda e com uma declaração sumamente comovedora. Ele começa dizendo que foi feito "ministro" do evangelho. Um ministro é aquele que serve aos interesses de outros e em benefício de outros; assim, o que Paulo está dizendo é que o "mistério" lhe fora revelado por Deus a fim de que ele pudesse ensinar os gentios, de que pudesse levar-lhes este grande beneficio. Eles estavam "separados da comunidade de Israel, e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo"; estavam nas trevas do paganismo, e a ele fora dada esta dispensação da graça de Deus para que pudesse levar-lhes esta grande bênção. Por isso ele foi pregar-lhes. Ele foi chamado para fazê-lo, e foi habilitado para fazê-lo.
O apóstolo estava particularmente interessado em que os Efésios compreendessem que todos os benefícios que agora desfrutavam como co-herdeiros com os judeus, tinham chegado a eles por meio do evangelho que ele pregara, e do qual era ministro. E aqui ele faz uma descrição magnífica do ministério cristão como uma vocação divina. Presumivelmente esta é, talvez, a primeira coisa que a Igreja Cristã precisa recuperar nos dias atuais. O fato de que a Igreja tem tão pouco valor para o mundo moderno deve-se em grande parte à sua incapacidade de compreender a origem e o caráter da vocação ministerial. Toda a idéia de ministério sofreu rebaixamento. Muitas vezes ele é considerado como uma profissão. O filho mais velho de uma família talvez vá para a Marinha, outro para o Exercito, outro para o Parlamento; depois, o filho caçula "entra" no ministério cristão. Outros acham que o ministro é alguém que organiza jogos e entretenimentos agradáveis para os jovens; ou alguém que visita os idosos e toma com eles uma saborosa chávena de chá. Tais conceitos do ministério cristão se tornaram por demais comuns. Contudo estes casos são caricaturas do ministério. O ministro é um arauto das boas novas, é um pregador do evangelho. Em grande medida é porque a verdadeira concepção da obra do ministério foi rebaixada, que o ministério perdeu a sua autoridade e tem tão pouco valor no presente. Queira Deus que num tempo como este os homens retomem a esta velha e neotestamentária concepção do ministério. O mundo de hoje está precisando de um Savonarola. Os homens e as mulheres precisam ser sacudidos para saírem da sua letargia, da sua pecaminosidade, da sua indulgência ociosa e do sem relaxamento. Os ministros são chamados primordialmente para ensinar aos homens e mulheres a grande revelação de Deus sobre Si mesmo, sobre o homem, sobre o único meio de reconciliação, sobre a qualidade da vida que a humanidade foi destinada a viver.
Depois o apóstolo passa a expressar o seu assombro por lhe ter sido dirigido este chamamento para o ministério. Notem o modo como ele se expressa. "A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça." Não é falsa modéstia , nem afetação, nem hipocrisia. Ao mesmo tempo, não é, em nenhum sentido, uma contradição daquilo que ele diz noutro lugar sobre si mesmo, quando alega, "em nada fui menor aos mais excelentes apóstolos" (2 Coríntios 11:5). Como conciliar estas afirmações? A resposta é que ele nunca deixou de admirar-se do fato de que o pernicioso e blasfemo Saulo de Tarso fora chamado, não somente para a vida cristã, e sim também para ser apóstolo, e de que lhe fora dado o privilégio único de ser, de maneira muito especial, "o apóstolo aos gentios". É um mau dia na vida de qualquer cristão quando este se esquece da sua origem, quando se esquece da fossa da qual foi tirado. Não significa que devemos ficar perpetuamente olhando para trás e tomar-nos mórbidos, sempre nos lembrando dos nossos pecados. A essência da posição cristã é que sempre devemos compreender que é pela graça que somos salvos, que somos o que somos única e inteiramente pela graça de Deus. Se deixarmos de agir assim, perderemos o elemento de ação de graças e louvor em nosso testemunho cristão. O apóstolo jamais caiu nessa condição. Jamais se esqueceu de que era o que era “pela graça de Deus”. Ah, o privilégi0 disso tudo!
Mas havia outro elemento também nesta situação. Paulo era um homem que vivia tão perto do seu Senhor que tinha vívida consciência das suas deficiências e defeitos. Trabalhando infatigavelmente como trabalhava não obstante estava cônscio de quão pouco fizera e de quanto mais poderia ter feito. Ele expressa isto em muitos lugares e de muitas maneiras, demonstrando com isso verdadeira humildade, verdadeira modéstia. Se a pessoa não estiver sempre consciente da honra e dignidade de sequer ser cristão, especialmente de pregar o evangelho, e se não tiver consciência da sua inaptidão e insuficiência estará numa posição muito falsa. Quanto mais percebermos estas coisas mais maravilhados ficaremos, juntamente com o apóstolo, ante a graça a bondade e a benignidade de Deus.
Ademais, o apóstolo explica aos efésios, e a nós, como tudo isso lhe aconteceu; e mais uma vez a sua explicação é que tudo lhe veio “pela graça de Deus”. Notem como ele fica repetindo esta palavra, "dado": “Do qual”, diz ele no versículo 7, "fui feito ministro, pelo dom da graça de, Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder. A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça". Esta é a palavra que apresenta o evangelho e a salvação - dado. É tudo de graça, tudo é “dado”. O apostolo não se achava digno de coisa alguma; tudo lhe fora dado livremente segundo o amor, a misericórdia e a compaixão de Deus. Torno a dizer que: se não percebemos isto, é porque todo o nosso entendimento da salvação e defeituoso.
Paulo, porém, continua e nos diz que o dom lhe foi dado de maneira particular: foi “segundo a eficaz operação do seu poder". Desafortuna¬damente a Revised Standard Version, tão popular hoje em dia e também a Versão de Almeida, mormente a Edição Revista e Corrigida são fracas neste ponto. Dizem simplesmente: "pela" ou "segundo a operação do seu poder. Mas a palavra é muito mais forte; e a Versão Autorizada (Authorized Version) a traduz acertadamente: "pela eficaz operação do seu poder". Também poderíamos traduzi-la "pela vigoro¬sa operação do seu poder". A palavra empregada veicula essa idéia; e o apóstolo a utilizou com o fim de explicar o que é que transformara aquele perseguidor e blasfemo inimigo de Cristo num dos Seus principais pregadores e apóstolos. Nenhuma outra coisa pode produzir tal mudança.
Uma das questões mais fundamentais que nos confrontam quando pregamos evangelho é, o que é que pode levar uma pessoa a deixar de ser um inimigo de Deus para ser alguém que ama a Deus? O que é que pode transformar o homem natural, para quem as coisas de Deus são “loucura”, num homem que se deleita nelas e as desfruta e vive por elas, e cuja suprema ambição é conhecê-las mais e mais? De acordo com o apóstolo Paulo, há somente uma resposta: é a "eficaz operação" do poder de Deus - nenhuma outra coisa.
O apóstolo Paulo estava bem cônscio deste poder. Se tivesse sido deixado a si mesmo, teria continuado sendo o fariseu perseguidor e blasfemo. Ele tinha ouvido falar da pregação de Cristo, tinha ouvido a pregação de Estevão; sabia, tudo que os cristãos pretendiam. No entanto ele odiava as boas novas; nada via nelas, exceto blasfêmia. Que foi que aconteceu com este homem? Ha só uma resposta: ele tinha sido feito um novo homem. Tinha sido regenerado, tinha nascido de novo, tinha sido feito "uma nova criatura" - nada menos que isso! E tudo como resultado da "eficaz operação" do poder de Deus.
É a eficaz operação do poder de Deus que faz deste ou daquele um cristão. Isto significa renascimento, regeneração. Não é resultado da nossa decisão, não é algo que eu e vocês podemos decidir fazer; é o que nos é feito! "A eficaz operação do seu poder!" Paulo nunca teria sido um cristão, se não fosse este poder. Mas mesmo após tornar-se cristão, ele teria sido ineficiente, sem este mesmo poder. E esta operação, e este poder de Deus que não só transformou totalmente a sua perspectiva, porém também o chamou para o ministério e lhe deu os dons que são os requisitos para o ministério, para a compreensão da verdade, para a capacidade de falar, para a capacidade de escrever, para a capacidade de ensinar. Era tudo de Deus. O apóstolo trata disto detalhadamente no capitulo subseqüente e afirma que quando Cristo ressurgiu dos mortos e ascendeu às alturas, "deu dons aos homens", a alguns, apóstolos, a alguns, profetas, a alguns, evangelistas; e a alguns, pastores e mestres.
Tudo é dado por Deus. Os ministros são dados por Deus a Igreja, e todos os dons e toda ajuda presentes na Igreja são dados por Deus. Em nós e por nós mesmos, somos desvalidos. Ninguém pode pregar verdadeiramente o evangelho por sua própria força e poder. Talvez se possa falar, e falar eloqüentemente; mas falar não e pregar, e não levará a nada. Sempre que há um ministério eficaz, é por causa desta "operação", desta "operação vigorosa" do poder, de Deus mediante o Espírito Santo. Como nos diz o apóstolo em 1 Coríntios, capitulo 2, sua pregação "não consistiu em palavras persuasivas de sabedoria humana". Ele não dependia de quaisquer dons ou métodos, ou artifícios humanos. Foi "em demonstração do Espírito e de poder”. Assim, aqui ele de novo salienta que recebeu o seu ministério e foi posto em sua posição pela "vigorosa operação” do poder divino.
Sabemos alguma coisa sobre isto? Vocês sentiram a mão de Deus sobre vocês? Vocês experimentam a operação de Deus em suas vidas e em suas almas? Vocês sabem o que é receber tratamento e ser moldado e modelado? Isto está envolvido no cristianismo verdadeiro. É tudo resultado da "vigorosa operação do seu poder” O apóstolo resume isto com perfeição numa grandiosa frase, no capitulo primeiro da Epístola aos Colossenses (vers. 29). Vinha ele dizendo que pregava "admoestando a todo o homem e ensinando a todo o homem em toda a sabedoria; para apresentar todo o homem perfeito em Jesus Cristo”, e em seguida acrescenta: "E para isto também trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente”. Estou labutando, diz Paulo, estou trabalhando, para não dizer agonizando em meu trabalho. Sim, mas este é o resultado daquilo que Ele está fazendo em mim e operando em mim. Estou externando o trabalho que Ele está realizando em mim, Estou labutando, claro, porém em conformidade com esta tremenda operação de Deus que age em mim poderosamente. Temos assim: esta perfeita fusão do divino e do humano, o poder de Deus “energizando” um homem e capacitando-o a levar avante a sua obra no ministério.

“As insondáveis riquezas de Cristo”

Diz o apóstolo que deste modo ele foi preparado, equipado e chamado para pregar entre os gentios "as insondáveis riquezas de Cristo”. Que frase! Que profunda, que sublime afirmação! Todavia é também uma declaração que nos prova e nos examina. Não hesito em asseverar que a prova de toda pregação está em sua conformidade com esta definição da mensagem, e com este padrão. A função de todo aquele que alega ter sido chamado para ser ministro do evangelho é pregar as “insondáveis riquezas de Cristo".
Examinemos esta obra e vocação do ministro, primeiro negativa¬mente. Ele não deve pregar simplesmente sobre eventos comuns. Há os que nos criticam por gastarmos tempo domingo após domingo exami¬nando Efésios, capitulo 3, por causa da situação do mundo e de muitos e graves problemas internacionais, políticos, industriais e econômicos. Acham que, para ser relevante, a pregação deve abordar diretamente essas questões. Mas, será essa a tarefa do ministro cristão? Será sua função expressar sua idéia sobre o que o governo devia ter feito na semana, ou sobre o que não devia? Será que a missão da Igreja é viver mandando resoluções aos governos e aos estadistas, e proferindo seus minuciosos conselhos sobre muitas questões especificas? Minha res¬posta e que eu não tenho a pretensão de conhecer mais a situação internacional do que qualquer outro membro da Igreja. Não tenho diante de mim todos os fatos; assim expressar eu a minha opinião seria uma impertinência. Tenho minhas idéias, como todos nós temos, porém não estou em condições de levantar-me e dirigir-me a um grupo de cristãos dando minha opinião quanto ao fato de o governo agir acertada ou erradamente. Esta, reitero, não é a ocupação primordial do ministro cristão. E tenho a Impressão de que, devido muitas vezes a Igreja ter feito esse tipo de coisa, não só ela é o que é hoje, mas também, o mundo é o que é. Há evidências muito fortes que dão a entender que foi a ação da "Igreja", e particularmente de certas pessoas da Igreja na década de 1930, que levou diretamente à guerra de 1939 a 1945.
A Hitler e a outros da Alemanha foi dada a impressão de que o seu país se tomara completamente pacifista e a preço nenhum se envolveria noutra guerra. É perigoso para os ministros, quer ocupem posição elevada na Igreja quer não, exprimir as suas opiniões sobre esses assuntos. O ministro cristão é chamado para pregar "as insondáveis riquezas de Cristo".
Por outro lado, não é função da Igreja Cristã pregar patriotismo. Ela o tem feito numerosas vezes. Muitas vezes a Igreja não tem passado de agência de recrutamento, de posto de recrutamento em tempos de guerra. Isso é uma falsificação do ministério cristão. O mundo estava envolto em grande dificuldade quando Paulo escreveu estas coisas; e o mundo sempre esteve em dificuldade; mas a ocupação e tarefa peculiar à Igreja Cristã e a seus ministros é fazer o que o apóstolo diz aqui. Muitíssimas vezes os ministros cristãos não têm sido senão uma espécie de Capelão da Corte, declarando vagas generalidades.
Tampouco é tarefa da pregação simplesmente apregoar e inculcar moralidade pública geral ou alguma ética geral. Tem havido muito disso nos últimos cem anos, e o ministério foi se tomando cada vez menos profético. O cristianismo foi ficando cada vez mais diluído e, conseqüentemente, cada vez menos eficiente. A missão da Igreja não consiste em produzir "pequenos cavalheiros perfeitos". O mundo pode pregar moralidade e ética, e o tem feito de várias maneiras. Os filósofos podem fazê-lo, e o têm feito. Os judeus do primeiro século A. D. ensinavam moralidade; e os filósofos pagãos pregavam moralidade antes de Paulo ter sido chamado para o ministério. No entanto Paulo foi chamado para pregar "as insondáveis riquezas de Cristo".
Além disso, tudo, a tarefa do pregador não é pregar religião. Nem mesmo religião! Nem mesmo a vida piedosa em geral! O judaísmo estivera pregando a importância da religião e a importância vital da vida piedosa. Permitam-me ir mais adiante. Nem mesmo constitui a tarefa primordial do pregador do evangelho dizer ao povo que ore, que se amolde a determinados padrões e que exercite a disciplina pessoal. O maometanismo faz isso, e na verdade o faz com muita eficiência. Ele prega uma disciplina austera. Prega um culto a Deus. Contudo isso não é cristianismo. Em certo sentido, vocês podem vi ver piedosamente sem o cristianismo. E uma piedade falsa, bem sei, porém é um tipo de piedade. Igualmente vocês podem ter religião, e ser muito zelosos nela. Mas não é isso que Paulo fora chamado para pregar. Ele estivera fazendo isso tudo como fariseu.
Vou dar mais um passo; tampouco constitui a função primária dos ministros cristãos ensinar e pregar a doutrina de Cristo relacionada com certas questões específicas. Há homens que parecem reduzir "as insondáveis riquezas de Cristo" a nada mais que pacifismo. Pregam-no todos os domingos: a guerra é o pecado absoluto e, se tão-somente nos portássemos com boas maneiras para com as outras pessoas, e nos negássemos a brigar por qualquer coisa, seríamos muito mais felizes. Para eles esse é o supra-sumo do cristianismo. Todas estas coisas ficam desesperadamente abaixo desta grande e prodigiosa definição do evangelho dada aqui pelo apóstolo. Pensem em todos os pomposos pronunciamentos feitos por ministros da Igreja domingo após domingo sobre a situação internacional. Onde entram "as insondáveis riquezas de Cristo"? Pensem nos apelos ético-morais, e nos apelos feitos em nome do país, sistematicamente repetidos. Onde Cristo e as Suas insondáveis riquezas entram nisso tudo? Isso é uma máscara do evangelho; é um desperdício de tempo. É uma negação do dever e da tarefa de que fomos incumbidos.
Então, que é que Paulo prega? Que devemos pregar? Primária e essencialmente, o Senhor Jesus Cristo. As riquezas são "as insondáveis riquezas de Cristo"! A essência do evangelho é Cristo e o que Ele nos dá. Não o que fazemos, não o que Ele pede que façamos. Isso vem mais tarde. O claro princípio e essência do evangelho é o que Ele nos dá, o que recebemos dEle. Paulo vibra de emoção simplesmente ao pensar nisso. Diz ele, noutras palavras: foi-me dado este grande privilégio de chegar até vocês, e eu lhes dei as boas novas, as maravilhosas e emocionantes novas concernentes às riquezas de Cristo - o que Ele lhes deu, o que pode dar-lhes e o que lhes dará - "as insondáveis riquezas de Cristo". A primeira mensagem é, pois, sobre o dom de Deus, antes de qualquer chamamento para fazermos alguma coisa.

A seguir devemos tentar analisar este evangelho _ "tentar", porque a própria tentativa é quase ridícula. Em última instância, não podemos analisá-lo, mas, visto que temos a tendência de apenas repetir estas frases sonoras sem considerar o que significam, devemos ao menos aventurar-nos a fazer esse trabalho. Felizmente o próprio apóstolo faz a análise das "boas novas" no restante do capítulo.
A primeira coisa que devemos acentuar é que o evangelho é o próprio Cristo. "As insondáveis riquezas de Cristo." Primeiro, não as insondáveis riquezas que Ele nos deu, porém Cristo mesmo como as insondáveis riquezas. Naturalmente isto inclui o que já consideramos sob o termo "mistério" - "o mistério de Cristo". As "riquezas" estão nEle graças ao mistério da Sua encarnação, assumindo a natureza humana e Se tornando verdadeiramente homem. A mensagem do cristianismo é o próprio Cristo. Como muitas vezes tem sido assinala¬do, "o cristianismo é Cristo". Tudo está nEle, e não há nada fora dEle. Deus entesourou todas as Suas riquezas em Seu Filho; e tudo que vem II mim e a vocês na vida cristã, vem-nos diretamente dEle. Sem contato com Ele, não teríamos nada. "Sem mim", disse Ele, "nada podeis fazer." João, no capítulo primeiro do seu Evangelho, diz: "E todos nós recebemos também dá sua plenitude, e graça por graça"! (versículo 16) _ "da sua plenitude"! Estamos unidos a Ele e dEle fluímos; Ele é o manancial. Assim, pois, a mensagem do evangelho é o próprio Cristo; o que Ele nos dá, apesar da sua imensa importância, vem em segundo lugar.
Em seguida, vejam a segunda palavra de Paulo, a palavra insondáveis. Se tão-somente pudéssemos enxergar o que há em Cristo! Mas é insondável, inescrutável. Isto nos faz lembrar a nossa definição da palavra mistério. É um mistério, porém foi revelado. Graças a Deus que é assim, pois, doutro modo, nada saberiamos a respeito. Segue-se que não há quem possa achar e apossar-se dessas riquezas por sua iniciativa e poder. Muita gente tentou fazê-lo. Muita gente abordou o cristianis¬mo filosoficamente e tentou compreendê-lo de fora. Fariam bem em desistir logo no começo, pois nunca se poderá fazer isso. As riquezas são inescrutáveis, são insondáveis; por si mesmo o homem é incapaz de consegui-las.
Além disso, porém, as riquezas que há em Cristo são insondáveis no sentido de que nenhum homem, mesmo sendo cristão, pode compreendê¬-las plenamente. À medida que Paulo prosseguia na vida cristã, foi ficando cada vez mais maravilhado ante essas riquezas. Talvez ele pensasse, às vezes, que já tinha estado em todos os compartimentos deste grande tesouro, mas então encontrava outro. Há sempre outro compartimento mais para o fundo, e mais outro, e mais outro. Passare¬mos a nossa eternidade descobrindo novos aspectos e facetas das insondáveis riquezas de Cristo. Insondáveis, inescrutáveis!
Outro significado da expressão é que as riquezas jamais poderão ser descritas plenamente. Daí Paulo se vê obrigado a juntar superlativo a superlativo _ falta-lhe a linguagem. As "insondáveis riquezas", "as abundantes riquezas" da Sua graça, diz ele. Uma e outra vez ele fala de superabundância, e afirma que Deus “é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente alem daquilo que pedimos ou pensamos" (3:20). São estas as suas expressões e elas significam que as riquezas não podem ser descritas porque são extremamente gloriosas e infindáveis. O subseqüente sentido do termo é que as riquezas de Cristo são inesgotáveis; jamais faltarão. Conquanto os homens e as mulheres venham extraindo delas durante séculos, continuam existindo riquezas ali como se ainda fosse o começo. Jamais será possível reduzi-las. Elas são "um mar sem maré vazante", como no-lo recorda um dos nossos hinos. As insondáveis riquezas de Cristo! Quanto sabemos delas? A expressão nos emociona? Significa algo de real e concreto para você'!
Que são estas insondáveis riquezas de Cristo? Embora seja impossível descrevê-las, devemos tentar mencionar algumas delas. Que há em Cristo para qualquer de nós neste momento? Vejamo-lo da seguinte maneira: sou pobre, estou de mãos vazias, sou um mendigo; de que preciso? Cristo tem tudo de que preciso. Quais as coisas de que tenho maior necessidade? A resposta acha-se numa expressão de Paulo, na Primeira Epístola aos Coríntios, onde ele diz: “... O qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção" (1 :30). São estas as riquezas, as "insondáveis riquezas".
A primeira coisa de que necessitamos é "sabedoria", isto é, conhe¬cimento e entendimento. Aqui estamos nós, neste grande mundo, perplexos ante os seus problemas e possibilidades. As primeiras questões a serem respondidas são: que dizer de tudo isso? Por que o homem é como é? Existe um Deus? Por que Deus não faz alguma coisa com relação a isso tudo? Como podemos conhecer a Deus? Com o mundo ruindo ao nosso redor, não haveria nenhum lugar seguro e estável? Essa é a nossa primária e fundamental necessidade. E aí está por que não prego diretamente sobre a situação internacional. Eu não poderia ajudar vocês, se fizesse isso. Mas esta é a maneira cristã de ajudá-los. Se eu e vocês conhecemos a Deus, muito bem, então o que lemos no Salmo 112 é verdade quanto a nós: "Não temerá maus rumores: o seu coração está firme, confiando no Senhor" (versículo 7). E como poderemos chegar a este conhecimento e a esta sabedoria? Notem a resposta do apóstolo: "em Cristo". “(Ele) para nós foi feito por Deus sabedoria".
O Senhor Jesus Cristo me ensina sobre Deus, porém isso me faz cônscio da minha pecaminosidade. Sinto-me incapaz de ousar aproxi¬mar-me de tal Deus. Estou em agonia, estou em crise, porquanto posso morrer a qualquer momento e ter que me apresentar a Deus. Como pode um pecador apresentar-se a Deus? "Como se justificaria o homem para com Deus?" (Jó 9:2). Cristo foi feito "justiça" para nós. Embora vocês tenham vivido uma vida de pecado ate este momento, se crerem no Senhor Jesus Cristo os seus pecados serão perdoados, vocês serão revestidos da justiça de Jesus Cristo neste exato momento e poderão estar na presença de Deus. A justiça faz parte das "insondáveis riquezas de Cristo".
Mas não termina aí; devo prosseguir. Como poderei continuar com Deus? Embora saiba que estou perdoado, e que me foi dada a justiça de Cristo, sei que o pecado continua em mim, e sei que o diabo continua sendo meu inimigo. Como poderei permanecer firme na luta contra o pecado e o mal? Paulo responde: Cristo foi feito para nós, não somente sabedoria e justiça, e sim também santificação. Seja quando for que venhamos a morrer, podemos estar certos disto, que em Cristo compareceremos perante Deus "irrepreensíveis e inculpáveis" (Colossenses 1:22). Ele é a nossa santificação, e Ele nos ajuda a desenvolvê-la em nossa vida diária pondo em nós o Seu Espírito Santo.
Cristo é também a nossa redenção, o que significa que Ele ressus¬citará o meu corpo e o glorificará e o transformará. A redenção é completa e total; nada estará faltando em meu corpo, mente e espírito. Em sua pobreza, em sua necessidade, vocês se defrontarão com "as insondáveis riquezas de Cristo". Ele é tudo de que vocês necessitam.

Redimido, curado, restaurado, perdoado, quem como tu louvor irá cantar-Lhe?

Ou vejam-no assim: de que realmente necessitamos, qual é a nossa maior necessidade? A nossa maior necessidade é a vida. Na maioria, as pessoas hoje apenas existem; mas não têm vida. Quanto os seus prazeres lhes são vedados, quando por causa da guerra os cinemas, os teatros, as casas de diversão e os salões de dança têm que ficar fechados, elas não têm nada. Elas não têm vida; apenas existem, e dependem de coisas externas; carecem de vida. Contudo, onde achar vida? Cristo de novo foi quem disse: "eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância" (João 10: 10). Vida significa vida espiritual; vida significa ter relação com Deus e fruir Sua comunhão; e Cristo, Senhor nosso, a tem em toda a sua plenitude. Diz Ele: "aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede" (João 6:35). "A água que eu lhe der", disse Jesus à mulher samaritana, "se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna". Ainda que o mundo tire tudo de vocês, ainda que vocês venham a ficar nus e privados de todas as coisas, esta vida procedente de Cristo continuará a jorrar em vocês, eternamente.
O apóstolo desenvolve mais este ponto no final deste capitulo três, mas devo acentuar de novo que Cristo mesmo é as riquezas, e é quando eu O conheço e O tenho, que sou participante das riquezas. O apóstolo teve um conhecimento pessoal do Senhor Jesus Cristo, e esse é o maior tesouro do mundo. Muitas vezes dizemos, e é verdade, que a maior bênção que podemos ter neste mundo é ter um bom marido ou mulher ou amigo. Dizemos que isso é uma possessão inapreciável. Entretanto no evangelho nos é oferecido este conhecimento de Cristo e este companheirismo com Ele. Escrevendo aos Filipenses, diz o apóstolo: "Para mim o viver é Cristo" (Filipenses 1:21). E vida para ele ¬conhecer a Cristo. Depois ele prossegue, dizendo que a sua maior ambição é "conhecê-lo". Não quer dizer simplesmente conhecer algo acerca dEle; quer dizer conhecê-lO, para poder andar e falar com Ele, e ouvi-la. Assim vivia o apóstolo Paulo. Ele vivia neste estado de comunhão com Cristo. Cristo estava mais perto dele e lhe era mais precioso e mais real do que qualquer coisa no mundo. Ele já desfrutava isto e disto queria mais e mais.
Ele ora pelos outros: "que Cristo habite pela fé nos vossos corações" (3: 17). O Senhor vem ao coração e nele habita. Ele mesmo diz: "Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo" (Apocalipse 3:20). Todas as riquezas e todos os tesouros de Deus estão em Cristo, e Ele entra na vida e no coração, e ali habita - "Cristo em vós, a esperança da glória" (Colossenses 1 :27). O apóstolo prossegue e ora por estes efésios, no sentido de que sejam "fortalecidos com poder pelo seu Espírito no homem interior; para que Cristo habite pela fé nos vossos corações". E o objetivo disto é que venham a compreender "a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento". Nada no mundo é compará¬vel a isto - ser amado por Cristo, senti-lo e experimentá-lo. Que são as riquezas do universo inteiro, em comparação com isto? Ser amado pelo Filho de Deus! "As insondáveis riquezas de Cristo."
Ainda assim, além da dádiva de Si mesmo, Cristo também nos dá o Seu Espírito Santo. "Eu, na verdade, vos batizo com água", disse João Batista; "ele vos batizará com o Espírito Santo, e com fogo" (Mateus 3: 11). Recebemos o dom da habitação do Espírito Santo, residente em nós; e, ademais, o Seu poder de ativar-nos e habilitar-nos para "operar a nossa salvação" (Filipenses 2: 12) e para sermos testemunhas disto para os outros.
Mas há também certas riquezas particulares que resultam disto. A primeira que Cristo nos dá é descanso: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei" (Mateus 11 :28). Vocês têm experiência disto? Ele o pode dar-lhes copiosamente. Depois é a paz. Isto é o que Ele diz: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize" (João 14 :27). Não posso ajudar nenhuma alma necessitada e atribulada pregando sobre a situação internacional, mas eis a mensa¬gem de Cristo para vocês: "Paz vos dou", não importa o que lhes esteja acontecendo. Os jovens podem ser convocados para a luta, não sei; calamidades podem sobrevir, não sei; porém sei que o de que necessi¬tamos é paz interior. Aconteça o que acontecer no mundo exterior, Ele nos dá Sua paz. "Não estejais inquietos por coisa alguma", diz Paulo; isto é, "Em nada vos oprimais com ansiosa preocupação"; aconteça o que acontecer com o seu marido, ou com os seus filhos, não se inquiete. "Antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e suplicas, com ação de graças." E logo a seguir: "a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus" (Filipenses 4:6-7). Tudo isso está incluído nas riquezas "insondáveis".
Pensem então na alegria. "Até agora", diz o Senhor, "nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis, para que o vosso gozo se cumpra”. Isso foi dito no contexto, "no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (João 16:24, 33). Acaso vocês precisam de sabedoria? "Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada", diz Tiago em sua Epístola (1:5). O Senhor nos oferece direção, entendi¬mento, sabedoria e discernimento. Isto leva a uma das coisas mais maravilhosas, a saber, a capacidade de estarmos contentes com o quinhão que nos toca, haja o que houver. Paulo diz aos filipenses: "já aprendi a contentar-me com o que tenho. “Sei estar abatido, e sei também ter abundância... Posso todas as coisas naquele que me fortalece" (4:11-13). Que maneira de enfrentar o futuro, por mais trevoso e problemático que seja! Seja o que for que aconteça, podemos encará¬-lo com serenidade e firmeza. "Posso todas as coisas naquele que me fortalece”.
O Senhor também pode transfigurar a morte. "Para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho", diz o apóstolo aos filipenses (1:21). Ah, "as riquezas da Sua graça"! A bem-aventurada esperança que Ele nos oferece por sermos filhos de Deus, e "se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo" (Roma¬nos 8: 17), capacita-nos a sorrir mesmo em face da morte. Embora se usem bombas atômicas e de hidrogênio, e o nosso mundo seja reduzido a nada, resta para nós "uma herança incorruptível, incontaminável, e que se não pode murchar" (1 Pedro 1:3-5).
Mal comecei a falar-lhes das riquezas, mas estas são algumas das coisas que se acham na casa do tesouro da graça de Deus. Vocês estão usufruindo estas riquezas, "as insondáveis riquezas de Cristo"? Vocês são infelizes? Estão abatidos? Sentem-se despojados de tudo? Deus tenha misericórdia de vocês! Com todos estes tesouros dados gratuita¬mente, não temos direito de passar necessidade; e somos uma desonra para Cristo, se estamos nessa condição. Vocês usufruem a Cristo? Ele está à porta e bate. Esse texto não é para os incrédulos; é para os convertidos. É mensagem para a igreja em Laodicéia (Apocalipse 3:20). Ele está à porta, e bate; Ele quer entrar e enchê-los de paz, de alegria e de tudo quanto vocês necessitam. Deixem-nO entrar! Con¬templamos estas riquezas? Demoramo-nos nelas? Nós as estamos recebendo cada vez mais? Seu desejo por elas vai ficando cada vez maior, cada vez maior? Vocês vivem por essas coisas? Como vocês vão passar o restante deste dia? Será em termos das "insondáveis riquezas de Cristo", ou vocês vão cair de novo nos jornais ou na leitura de um romance ou no rádio ou na televisão? Em Cristo é que são abundantes as riquezas. Não permita Deus que sejamos como os crentes em Laodicéia, que achavam que tinham tudo e que estavam ricos! A mensagem do Filho de Deus aos que pensam assim é: "Como dizes: rico sou, e estou enriquecido ... " Se alguém tende a dizer, sou conver¬tido, não sou como esses incrédulos; sou fundamentalista, e não modernista; comigo está "tudo bem", e posso sentar-me e relaxar; se pensa assim e acredita que não precisa de nada, a verdade a respeito dele é: "Não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu". Acaso vocês estão em dúvida sobre si mesmos e sobre o que têm? Se é assim, esta é a palavra do Senhor para vocês: "Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos brancos, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas" (Apocalipse 3:18). Dessa maneira Ele oferece a todos os que nEle crêem as suas "inson¬dáveis riquezas".
Não permita Deus que nenhum de nós viva como mendigo! Não permite Deus que qualquer de nós esteja em penúria, em necessidade e carência, em angústia, em condição alarmante e insegura! O mundo hoje nos oferece uma oportunidade única de falar aos homens e às mulheres das "insondáveis riquezas de Cristo". Estamos sendo vigia¬dos, estamos sendo observados; e muitos, em sua ruína espiritual, ficam a indagar se, afinal de contas, a resposta está em Cristo. O mundo O julga pelo que vê em nós. Se dermos a impressão de que, afinal, ser cristão não ajuda muito quando há uma crise, não ouvirão a nossa mensagem e não olharão para Ele. Mas se vêem que somos inteiramen¬te diferentes deles, e capazes de manter calma, equilíbrio, paz, estabi¬lidade, e até alegria em meio aos furacões da vida, sob Deus isso poderá ser o meio para abrir os seus olhos e levá-los ao arrependimento, trazendo-os ao Senhor Jesus Cristo e às Suas "insondáveis riquezas".

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

CONTINUAÇÃO DO ESTUDO DAS 42 JORNADAS NO DESERTO

CAPÍTULO 92

Por: Luiz Fontes

Queelata – 19ª estação – parte 2

TEXTO: Números 16; Judas 11




Vamos a mais uma palavra da parte do Senhor acerca de Queelata – 19ª estação. Com a ajuda do Espírito Santo vamos entender toda a situação que envolve esta estação. Nós sabemos que os textos relativos a esta estação ocorrem em Números 16. O versículo 1, diz assim:

Corá, filho de Isar, filho de Coate, filho de Levi, tomou consigo a Datã e a Abirão, filhos de Eliabe, e a Om, filho de Pelete, filhos de Rúben.

Aqui podemos ter o vislumbre dessas pessoas, quem eles eram. Veja que a Palavra diz “Corá, filho de Isar, filho de Coate, filho de Levi”. Corá, filho de Isar, Isar filho de Coate, Coate filho de Levi, o qual era o terceiro filho de Jacó e Lia (ver Gn 29:34). Mas dentro do contexto do que estamos estudando aqui Corá era um levita – alguém chamado para servir no encargo da obra do ministério. Depois nós temos Datã e Abirão que eram filhos de Eliabe e Om, filho de Pelete, filho de Rúben. Eliabe e Pelete e Om eram filhos de Rúben. Rúben era filho primogênito de Jacó. E estes eram aciãos e príncipes do conselho de Israel. Devemos notar que a Palavra é muito clara. Veja que eles eram príncipes da congregação, foram eleitos por ela, eram varões de renome. Isso é muito significativo! Porque nós vemos aqui que esses homens eram aciãos, príncipes do conselho de Israel. Essas eram pessoas que tinham autoridade, que exerciam autoridade. Mas que não tinham claro que, autoridade que se exerce, não pode ser exercida como se quer. Não é algo segundo a nossa capacidade, segundo a nossa vontade. Autoridade na vida do povo de Deus deve ser conforme a vontade de Deus.
Na epístola de Judas, versículo 11, temos uma palavra muito importante com relação a tudo isso. Esse é um texto do Novo Testamento que corresponde a essa jornada. Por isso nós temos que ler. Judas 11, diz assim:

Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho de Caim, e, movidos de ganância, se precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na revolta de Corá.

Veja bem: “revolta de Corá”! Todos nós sabemos que a epístola de Judas está na esfera do contexto da história da Igreja. E quando tomamos esta frase “revolta de Corá”, no original grego, “revolta” é “antilogia”, esse é um vocábulo que ocorre apenas quatro vezes no Novo Testamento. Primeira vez ocorre em Hebreus 6:16, fala de “contenda”. A segunda vez ocorre também em Hebreus 7:27, fala de “dúvida”. Ainda em Hebreus 12:3, fala de “oposição”. E por último aqui em Judas 11, que fala de “revolta”. Então essa palavra fala de contenda, dúvida, oposição, revolta. O que sabemos é que Corá juntou em volta de si um grupo de pessoas de renome em Israel para se levantarem contra a autoridade de Deus na vida de Moisés e Arão. Embora Corá fosse um levita e ministrasse diante de Deus, queria algo mais – poder, influência, reconhecimento. Ele não se contentava com a posição a qual Deus havia dado a ele. O que vemos claramente é que esta revolta de Corá não era diretamente contra Moisés e Arão, era contra Deus, contra a autoridade de Deus na vida de Moisés e Arão. A revolta de Corá levantou 250 homens para a morte. É isso que está em Números 16:35. Agora o que Judas está nos dizendo é que estas mesmas coisas ocorrem na Igreja – porque Judas não menciona isso de uma forma aleatória. O que está explicito aqui é que esta realidade de rebeldia contra a autoridade de Deus na vida daqueles os quais Ele escolhe, se manifesta também dentro do nosso contexto. Irmãos e irmãs, retornando para Números 16, percebemos que aqui nós temos homens de valores, importantes. A tribo de Levi era muito importante, pois tinha o encargo da obra e do ministério no Tabernáculo. A tribo de Rúben tinha preeminência da primogenitura. Sabemos que Rúben perdera, pois maculou o leito do seu pai, mas havia esse respaldo, respeito, não podemos esquecer isso. Mas mesmo assim ainda havia de uma forma clara a exposição na Palavra de Deus que esses homens eram príncipes, anciãos, homens respeitados. Então eles persuadiram uma assembleia, a qual nós chamamos aqui de Queelata, que é o nome desta 19ª estação.
Então em Números 16:2,3 diz:

2 - Levantaram-se perante Moisés com duzentos e cinqüenta homens dos filhos de Israel, príncipes da congregação, eleitos por ela, varões de renome, 3 - e se ajuntaram contra Moisés e contra Arão e lhes disseram: Basta! Pois que toda a congregação é santa, cada um deles é santo, e o SENHOR está no meio deles; por que, pois, vos exaltais sobre a congregação do SENHOR?

Será que podemos imaginar o peso dessas palavras? Eles falavam com Moisés e Arão como se fossem eles que os tivessem tirado da terra do Egito. Como se fossem Moisés e Arão que os estivessem guiando durante todo aquele tempo pelo deserto. Agora é muito bom sabermos que eles não puderam prosseguir. Agora o povo está retornando, e é neste retorno que a revolta se inicia. Porque eles achavam culpa em Moisés e Arão, porque eles estão retornando. E nesse retorno a primeira estação é Queelata, porque estão retornando para o Mar Vermelho, não pelo Golfo de Suez, e sim pelo Golfo de Ácaba (ver Dt 2:1). E eles vão rodear a planície, o Monte de Seir, região cuja extensão é de 160 km. Eles ficaram rodeando aqui nesta região em muitas estações. Isto está muito claro para nós. E o que iremos aprender, estudar, aqui é justamente isso. E agora neste momento de incerteza, de uma aparente insegurança (o que não é verdade) esses homens estavam achando que Moisés e Arão estivessem enfraquecidos porque o povo não podia entrar na terra. E eles não entraram na terra por culpa de Moisés e Arão, e sim por causa daqueles 10 espias que inflamaram o povo contra Deus e contra Moisés e Arão, lá em Ritma, quando viram os gigantes e as cidades fortificadas. Não foi isso? Sim, foi isso. É o que nós temos que entender aqui (ver Nm 15). Todas essas estações fazem parte desse contexto aqui de Queelata. Então tudo isso é muito importante.
Agora, Corá juntamente com Datã e Abirão inflamaram 250 pessoas, e se rebelaram contra a Autoridade de Deus na vida de Moisés e Arão. Esses homens estavam equivocados. Estavam olhando os instrumentos de Deus e não discernindo o Deus que está por trás dos Seus instrumentos. Eles estavam se opondo ao próprio Deus quando pretendiam mudar a delegação da Autoridade divina, a qual Deus havia estabelecido. Esse foi um grave erro que eles cometeram!
Precisamos saber que a Autoridade de Deus é algo que flui do Seu trono. O trono de DEUS é a revelação da Sua autoridade, da Sua majestade. DEUS age a partir do Seu trono, e o Seu trono está estabelecido sobre autoridade. Todas as coisas são criadas pela autoridade de DEUS e todas as leis físicas do universo são mantidas através da autoridade. Nós que desejamos servir ao SENHOR necessitamos conhecer a natureza da autoridade de DEUS.
Você se lembra da origem de satanás? Havia um arcanjo, e ele foi transformado em satanás. Por quê? Porque tentou usurpar a autoridade de DEUS. Foi a rebeldia que provocou a queda. Tanto Isaias 14.12-15 como Ezequiel 28.13-17 falam da ascensão e queda de satanás ou de Lúcifer. A primeira passagem, a de Is 14, enfatiza como satanás violou a autoridade de DEUS. A segunda, de Ez 28, enfatiza sua transgressão contra a santidade de DEUS. Então, primeiro satanás procura ferir a questão da Autoridade, para depois tocar na questão da Santidade de Deus. Irmãos e irmãs, vamos extrair algumas lições aqui. Quando servimos a DEUS não devemos desobedecer às autoridades porque isso é um princípio satânico. Como podemos pregar a CRISTO de acordo com o princípio de satanás? Como vamos sustentar o Testemunho de Deus nesse mundo quebrando o princípio de autoridade? É possível em nossa obra permanecermos com CRISTO em doutrina e, ao mesmo tempo, permanecermos com satanás em princípio. Isso é muito perigoso, porque é sutil, não percebemos. Quanto à doutrina nós estamos muito bem, pregamos a doutrina, mas com relação ao princípio da nossa conduta somos rebeldes. Então, é importante permanecermos na doutrina, mas precisamos estar fundamentados no princípio da autoridade. Porque não podemos quebrar o princípio da autoridade, não adianta ser fiel à doutrina se você é rebelde. O Senhor não quer isso para nós. O medo de satanás não é quando pregamos a Palavra, e sim quando nos submetemos à autoridade de DEUS. Satanás sabe que se quebramos princípios a nossa mensagem é diluída, não tem expressão, nossa doutrina não tem eficácia. Quantas pessoas são fieis no caráter da doutrina, mas não têm expressão na sua conduta, isto é, a doutrina não trás expressão naquilo que ele fala. Porque falta a autoridade, não apenas autoridade naquilo que ele fala, mas em não viver no princípio da autoridade. Isso é muito sério!
Veja que esses homens dizem assim: “Basta!” – olhe a palavra que eles dizem. Eles chegam até Moisés e Arão e dizem “Basta!”. Aqui eles querem substituir a teocracia, que é o governo de Deus, pela democracia, ou melhor, pela “carnocracia”, que é o governo da carne, do eu. Temos aqui um ambiente muito perigoso. Moisés e Arão estavam ali, não pela vontade deles, mas pela vontade de Deus. Moisés e Arão sabiam o quanto aquele encargo não era fácil. Desde Êxodo 3, como Moisés resistiu a esse encargo, como durante toda peregrinação falou com Deus acerca do peso desse encargo. Sentia uma enorme dificuldade em face de sua fraqueza e o peso dessa responsabilidade. Ele dependia 100% de Deus. Irmãos e irmãs, tudo isso é muito sério, precisa ser considerado por nós.
Precisamos ver três princípios para uma autoridade delegada para que nós possamos viver uma vida cristã sadia, uma vida de acordo com o caráter de Deus na sua Palavra.
Primeiro ponto a vermos é que ninguém pode constituir se uma autoridade. Um texto para meditarmos está em Romanos 13:1: “não há autoridade que não proceda de Deus”. Só aquilo que procede de DEUS constitui autoridade e se torna digno de obediência. A autoridade delegada expressa somente a autoridade de DEUS. Não podemos gerar a autoridade em nós mesmos. Conhecer a vontade de DEUS é um princípio fundamental para expressar a autoridade de DEUS. Nossa capacidade intelectual não é requisito para expressar a autoridade divina. Somente a compreensão da vontade de DEUS e a obediência a Sua vontade constituem a autoridade espiritual. Precisamos conhecer profundamente a mente de DEUS e seus caminhos, para que venhamos conhecer este assunto de uma maneira muito clara na nossa experiência cristã.
O princípio de DEUS para estabelecer Sua autoridade através de alguém é pelo que essa pessoa tem de conhecimento da vontade de DEUS. Esse é o caminho nobre para entendermos como exercer autoridade espiritual. Por isso que há tanta confusão hoje no meio cristão, por não conhecer a mente de Deus, a vontade de Deus, o plano de Deus, o propósito de Deus. Como está em Juízes 17: “cada um vive como bem entender”.
Segundo princípio - para que nós venhamos compreender o que é autoridade espiritual precisamos anular toda vontade da nossa alma. Em Mt 16.25,26, diz assim:

25 - Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á. 26 - Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?

Aqui DEUS nos chama para expressar a Sua autoridade e não para substituí-LO. Negar a nós mesmos e anular a nossa própria vontade. Esse anular significa o caminho do quebrantamento. Toda nossa vida almática deve experimentar o quebrantamento. Foi por esse caminho que os apóstolos trilharam com o propósito de expressar a autoridade de DEUS. O quebrantamento gera em nós o temor de DEUS. Jamais poderemos usurpar o lugar que pertence a CRISTO na Sua Igreja. Precisamos ser esmagados no nosso ego para que tenhamos uma vida livre do controle da alma, da nossa mente, vontade, emoção, que são as faculdades da alma. Para não permitir que nosso ponto de vista venha sobrepujar os nossos irmãos. Enquanto não formos anulados na nossa vida, na nossa alma, não experimentaremos a autoridade delegada de DEUS fluindo na nossa vida. A autoridade de DEUS flui para cada um de nós, isto é, através de mim, de você para outros. A diferença está no que DEUS é e não no que eu sou. Isso tem que ser prático, claro e vivo na nossa experiência cristã.
E, por último, para entendermos o que é autoridade espiritual delegada, expressada, precisamos compreender que a vida cristã é ascensional e relacional. Esta é uma exigência, um princípio fundamental para aqueles que estão exercendo autoridade delegada por DEUS. Está é uma vida de íntima comunhão com DEUS. Quem não tem comunhão com DEUS não conhece a DEUS. Somente aqueles que vivem uma vida de íntima comunhão com DEUS podem ministrar aos irmãos, pode ministrar na Igreja. Por ser representativa na sua natureza, a autoridade só pode ser expressa por aqueles que vivem na presença de DEUS. Por isso Moisés em Ex 33.1-3 sabia que seria melhor permanecer naquele deserto do que possuir a terra de Canaã sem a presença de DEUS. Veja que o governo de Saul foi marcado pela rebelião a DEUS, porque, embora tenha governado quarenta anos, nunca se preocupou em trazer a arca para Jerusalém. A Arca estava fora de Jerusalém. A arca era a expressão do testemunho da presença de DEUS. Saul nunca se preocupou. Foi Davi quem trouxe a Arca lá da casa de Abinadabe para Jerusalém. Precisamos entender que no governo da casa de DEUS, quando a comunhão cessa, a autoridade é interrompida.
Que Deus nos ajude e nos faça aprender Sua Palavra e sua Vontade. Que Ele nos abençoe.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

ESTUDO SOBRE A EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS

CAPÍTULO 3 - "OS DOIS MISTÉRIOS"

Por: D.M. Lloyd Jones

"Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada; como me foi este mistério manifestado pela revelação como acima em pouco vos escrevi; pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas; a saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um só corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho; do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi dado segundo a operação do seu poder." – Efésios 3:2-7

Ao darmos continuidade ao nosso estudo desta frase que vai do versículo 2 ao versículo 7, lembramos que estamos interessados em suas declarações, não simplesmente porque fazem parte da exposição desta grande Epístola, mas porque elas têm uma significação prática muito importante para nós. Estamos vivendo num mundo em que muitos cristãos estão sofrendo agudamente porque são cristãos. No caso de alguns deles, sua fé pode ficar abalada, e a nossa fé pode ficar abalada por causa daquilo que eles têm que suportar. Na verdade, poderá vir o dia em que nós, cristãos, talvez tenhamos que suportar provações semelhantes neste país. O apóstolo nos ensina como estar preparados para essa eventualidade. Todavia, mesmo sem isto, que poderá ser mais proveitoso do que meditar na grandeza desta plano de salvação? Somente quanto compreendermos isto é que louvaremos a Deus como devemos, e Lhe prestaremos culto como se espera que o façamos.
O apóstolo está lembrando a estes cristãos efésios a extraordinária maneira pela qual Deus planejara levar-lhes o evangelho. Paulo os faz lembrar-se de que ele, dentre todos os homens, recebera o grande privilégio de pregar-lhes em Éfeso; ele, apóstolo de igual nível e posição dos outros apóstolos, apesar de nunca ter estado com o Senhor nos dias da Sua carne como eles, e apesar de não ter recebido sua comissão da parte do Senhor enquanto Ele estivera na terra, como acontecera com os outros apóstolos. Não obstante, acrescenta ele, fora¬-lhe dada uma revelação especial no caminho de Damasco e, portanto, ele é um apóstolo da mesma categoria dos outros, e nisto se gloria.
Passamos agora à questão quanto à natureza deste mistério que lhe fora revelado. Nesta longa frase o apóstolo emprega a palavra "misté¬rio" duas vezes, nos versículos 3 e 4; primeiro, "como me foi este mistério manifestado pela revelação" - depois, na Versão Autorizada inglesa há uma afirmação entre parênteses. Infelizmente, outras ver¬sões, entre elas a Versão de Almeida, tanto a Edição Revista e Corrigida como a Edição Revista e Atualizada no Brasil, não utilizam os parên¬teses, e isto confunde a questão. A Versão Autorizada acertadamente começa com parêntese ("como acima em pouco vos escrevi;" - quer dizer, "quando reexaminais isso" - "pelo que, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo"). A seguir, depois de fechar o parêntese, o trecho continua: "O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens". Fica claro que a expressão entre parênteses é definidamente um parêntese. A afirmação principal é: "Como me foi este mistério manifestado pela revelação, o qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas; a saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo". As palavras entre parênteses são uma afirmação subsidiária ("como acima em pouco vos escrevi."), Paulo se refere aí, não alguma outra suposta Epístola, e sim ao que já disse nos capítulos 1 e 2. Hoje expressaríamos isto com as palavras: "Como eu disse acima, como vocês poderão reler". O apóstolo os faz lembrar-se de que ele já lhes indicou algo da sua "compreensão do mistério de Cristo".
Está bem claro que o apóstolo está empregando a palavra mistério com relação a duas coisas diferentes. Já definimos “mistério” como tendo o sentido de algo que a mente humana não pode alcançar por seus próprios esforços desassistidos, e que só pode ser revelado pelo Espírito. Não significa algo nebuloso ou incerto sobre o qual nunca se pode ter idéia clara; porém algo que, sem a iluminação e a revelação do Espírito Santo, nunca poderemos compreender. Ele utiliza o termo em dois sentidos. O mistério a que se refere no parêntese, no versículo 4, é "o mistério de Cristo". Podemos denominá-lo mistério geral. Mas o que ele está realmente interessado em desenvolver é outro mistério, o mistério que ele descreve nos versículos 5 e 6. Este é um mistério que "noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas; a saber, que os gentios são co-herdeiros". Este é o mistério particular.
Este esclarecimento é essencial, pois, se não estivermos cientes da distinção, provavelmente ficaremos atrapalhados e confusos quanto à declaração inteira. Mais uma vez é interessante observar, não somente como funciona a mente deste grande apóstolo, mas também seu espírito. Ao que parece, é como se houvesse certas coisas que o apóstolo não pode deixar de fazer. Embora isto cause estrago em seu estilo literário (como vimos), parece que ele é totalmente incapaz de controlar-se. Assim, conquanto esteja primordialmente interessado em expor o mistério particular, não pode conter-se de dizer uma palavra sobre o mistério geral.
Começamos, pois, com o mistério geral, o mistério a que ele se refere no versículo 4 e que descreve como o "mistério de Cristo". Ele se refere àquilo que já esteve expondo a estes efésios. Vocês não precisam ficar na incerteza, parece dizer ele, quanto ao meu conheci¬mento desta mensagem a mim confiada; já lhes disse o bastante, já lhes escrevi o bastante para que tenham certeza. O "mistério de Cristo" é simplesmente outra maneira de referir-se a toda a mensagem do evangelho, ou a toda a verdade concernente ao Senhor Jesus Cristo; pois, na realidade, Ele é o evangelho. O evangelho está todo "nEle". Noutras palavras, o apóstolo está se referindo à mensagem a ele confiada, mensagem que ele já tinha pregado oralmente a estas pessoas. E essa mensagem é Cristo, o mistério de Cristo. Ninguém pode ler os escritos de Paulo sem ver que é sempre este o seu grande tema e a sua consumidora paixão. Leiam as epístolas de Paulo e vão pondo no papel todas as referências que ele faz a Cristo, ao Senhor Jesus Cristo, a Cristo meu Senhor, e assim por diante. É surpreendente e espantoso. Como alguém já o expressou, Paulo era um homem "intoxicado de Cristo". Não admira que ele diga: "Para mim o viver é Cristo" - Cristo é o princípio, o fim, o centro, a alma, tudo! Sua mensagem era que tudo que Deus tem para o homem está em Cristo, e em nenhum outro lugar. Assim o vemos escrever em sua Epístola aos Colossenses estas palavras: "Em quem (em Cristo) estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência" (2:3). Tudo está em Cristo; e em nenhum outro lugar. Portanto, Paulo não pode passar a tratar do mistério particular sem dizer uma palavra acerca deste grande mistério geral.
O mesmo elo de ligação se vê na Primeira Epístola de Paulo a Timóteo, uma epístola particularmente prática e pastoral em que ele instrui Timóteo sobre a ordenação de presbíteros e diáconos, e sobre outras questões. O capítulo três é uma das passagens mais práticas de todos os seus escritos; mas aqui de novo ele é arrastado pelo seu tema dominante. Preocupa-o que Timóteo saiba conduzir-se "na casa de Deus, que é a igreja de Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade". A seguir, repentinamente: "E sem dúvida alguma grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, e recebido acima na glória" (3:16). "Grande é o mistério da piedade!".
Paulo não pode deixar de fazer esta declaração porque a vinda de Cristo ao mundo é a coisa mais tremenda, mais emocionante, mais grandiosa e mais gloriosa que já aconteceu na história. O mistério é a espantosa maneira pela qual Deus enviou a salvação aos homens; é a maneira pela qual Ele o fez; é tudo quanto aconteceu com o Senhor Jesus Cristo e por meio dEle. Que mistério! Quem jamais teria tido um simples vislumbre dele, quem jamais o teria conhecido, não fora a iluminação, a revelação que só o Espírito Santo pode dar!
Vamos examiná-lo de novo. Nasce um bebê em Belém e é posto numa manjedoura. Isso acontece muitas vezes. O nascimento de um bebê! Milhares de bebês nascem diariamente. Mas "O Bebê de Belém" é o maior mistério que o mundo já conheceu porque aquela criança, aquele bebê, é o eterno Filho de Deus. O mistério está em que resultou em “duas naturezas numa pessoa!” Ele é Deus, Ele é homem. Há estas duas naturezas nEle e, todavia, Ele não é duas pessoas é uma. "Não entendo isso", dirá alguém. Naturalmente que não, e não se espera que entenda! Se você pensa que a sua mente é suficientemente grande para captar e apanhar esse conceito, será melhor pensar de novo. Este é "o mistério da piedade". Este homem, o apóstolo Paulo, que provavel¬mente o penetrou mais profundamente que todos quantos já viveram, simplesmente recua e diz: "Grande é o mistério da piedade". Este lhe foi revelado, de modo que ele sabe que há duas naturezas numa só Pessoa. Agora ele sabe quem é essa pessoa; não por um processo dele próprio, mas, como ele nos diz, pela revelação vinda mediante o Espírito Santo. De fato o Filho mesmo lho dissera quando, no caminho de Damasco, perguntara: "Quem és tu, Senhor?" - "Eu sou Jesus a quem tu persegues”. Esse é o mistério de Cristo! Este é o meio divino de salvação. Deus é Todo-poderoso, o eterno e sempiterno Deus, para quem as nações são “como o pó miúdo das balanças", são vaidades, são menores e mais leves que a vaidade. Foi Ele que do nada fez tudo e disse: "Haja luz, e houve luz". Assim teríamos pensado que, quando Ele' desejasse salvar o homem e o mundo, tornaria a proferir alguma palavra grandiosa que faria o universo inteiro balançar e tremer. Teríamos esperado alguma dramática exibição de poder pelo qual Deus salvaria os homens e destruiria o mal. Mas Deus não agiu dessa maneira. Seu meio de salvação acha-se neste mistério de Cristo num, num frágil bebê. Não há nada que seja mais fraco ou mais frágil; nada que seja menor, nada que seja mais indefeso. Esse é o método de Deus!
Depois considere tudo que aconteceu a Ele e com Ele. Procure contemplar todo o processo da encarnação. Considere como Ele Se despojou da insígnia da Sua eterna glória para nascer como um bebê. Depois continue a pensar em Sua humilhação e em tudo que Ele suportou e sofreu; e então a morte, o sepultamento, a ressurreição e a ascensão. Esse é o caminho da salvação estabelecido por Deus! Esse é o modo como Deus trata as críticas condições do homem, o problema humano! Esse é o meio pelo qual Deus reconciliou conSigo os homens e pelo qual produzirá finalmente ordem e glória do caos das coisas como estas são agora! Esse é o mistério ao qual Paulo está se referindo! Esse é o mistério, a compreensão que lhe fora dada do mistério de Cristo!
Deixem-me fazer uma pergunta: "o mistério de Cristo" é o interesse mais absorvente da sua vida? O "mistério de Cristo" é, para vocês, a coisa mais comovente do mundo? Está ele no centro das suas vidas, ocupa ele a parte suprema dos seus corações, o ponto central das suas meditações? Nas Escrituras Cristo está sempre nessa posição central. Os nossos hinos mais grandiosos olham para Ele, contemplam-nO e, com Paulo, expressam grande admiração face ao mistério. O mistério de Cristo! Este nada dizia aos judeus e aos gentios. Esta é a última Coisa em que Paulo jamais teria pensado ou imaginado. Mas é fato, é evangelho. É o que pessoalmente Cristo tornara conhecido a Paulo na estrada de Damasco e o comissionara para pregar aos judeus e aos gentios, dizendo-lhe que somente nEle se Pode obter a remissão dos pecados, a vida eterna e a esperança da glória eterna.
Creio que já não estamos tão surpresos como talvez estávamos quanto à razão pela qual Paulo fez este parêntese, deixando de lado o estilo. Muitas vezes achei que grande parte da explicação do trágico estado da Igreja moderna está no fato de que já não temos parênteses! Somos perfeitos demais, a nossa forma literária é soberba; o ensaio pode ser belo, mas falta vida, falta realização. Somos demasiadamente auto-controlados; e isto é porque não temos Visto “o mistério de Cristo". Graças a Deus pelos parênteses que nos lembram "o mistério de Cristo"!

Devemos agora dirigir a atenção ao mistério particular. O mistério particular a que o apóstolo começou a referir-se no versículo 3, é por ele retomado agora no versículo 5 - "O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas; a saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da prol?essa em Cristo pelo evangelho". Esta porção se refere à matéria particular das relações entre judeus e gentios na Igreja cristã. Diz-nos o apóstolo noutro lugar que se gloria no fato de que ele é, em particular, “o apostolo dos gentios", e se gloria nesse encargo. Ele se refere a isso nesta altura porque está escrevendo aos cristãos efésios, que tinham sido pagãos, e o seu objetivo, como eu já disse, é habilitá-los a dar-se conta da maravilha e do portento da sua salvação.
Mas nós temos nosso próprio motivo para dar cuidadosa atenção a esta declaração particular. Digo com a maior franqueza que preferiria não tratar deste assunto, porém o trabalho da pregação não é só exortar e consolar, e sim também instruir; e é só quando compreendemos as doutrinas com as nossas mentes que podemos viver verdadeiramente a vida cristã e desfrutá-la, como é o seu propósito para nós. Sei que há aqueles que usam certas "Bíblias" com notas que dão muita ênfase a esta declaração particular, e dela constroem toda uma perspectiva e esquema de ensino. Refiro-me ao ensino comumente conhecido como dispensacionalismo e sei que há sempre o perigo, quando vemos notas na Bíblia, de crer inconscientemente que as notas são inspiradas como o texto. Temos a tendência de as engolir e tomá-las como autênticas. Portanto, somos Impulsionados a ver essa declaração a partir desse ponto de vista particular.
O ensino dispensacionalista afirma que todas as promessas que se acham no Velho Testamento foram feitas aos judeus somente, e a estes se aplicam; Isto e, não se aplicam à Igreja; afirma-se que a Igreja Cristã é algo que "entra" - este é o termo que empregam - como uma espécie de "parêntese". Os dispensacionalistas sustentam que quando o Senhor Jesus Cristo veio a este mundo, veio para oferecer o reino dos céus aos judeus, e foi somente porque os judeus o recusaram que a idéia da Igreja foi introduzida. Se os judeus tivessem aceitado o reino dizem eles, nunca teria existido Igreja Cristã nenhuma. No entanto tendo os judeus rejeitado o reino, a Igreja foi introduzida como urna nova dispensação, como uma espécie de parêntese. A Igreja terá fim e, então, mais uma vez haverá uma restauração dos judeus como nação, e Cristo estabelecera Seu reino entre eles. Traçam uma aguda linha de divisão entre a Igreja e o reino. Dizem eles que os judeus ainda constituem um povo separado e especial, e que as profecias do Velho Testamento só se aplicam a eles.
O significado disto para a nossa posição hoje é que aqueles que acreditam no ensino dos dispensacionalistas estão ocupados demais pregando sermões e fazendo discursos sobre o Egito e sobre o que está acontecendo na Palestina e no Oriente Próximo. Alguns têm até a pretensão de que podem predizer o que vai acontecer, e quando. Encontraram isso tudo nas Escrituras, dizem eles. Por esta razão fazem grande uso da declaração particular que estamos examinando. Salientam que o apóstolo diz: "Como me foi este mistério manifestado, o qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens", e param nisso. Depois dão prosseguimento, argumentando que estas palavras deixam perfeitamente claro que o "mistério" pertencente à Igreja não foi conhecido sob a antiga dispensação; na verdade, enquanto não foi revelado ao apóstolo Paulo. De fato alguns se aventuram a afirmar que em parte alguma o Velho Testamento ensina que os gentios seriam salvos.
Há só uma resposta a tal ensinamento. Se os seus expositores lessem o Velho Testamento sem preconceito, veriam muitas referências à matéria em discussão entre nós. A promessa foi feita a Abraão, como Paulo no-lo faz recordar no capítulo três de Gálatas: "Todas as nações serão benditas em ti" (3:8). Em Isaías há referências às "ilhas", aos "gentios" etc. Essa é a resposta pura e simples. Mas há outras respostas, e mais importantes, a modo de réplica aos que dizem que a Igreja, como tal, não foi conhecida sob a antiga dispensação. Aqui vai uma citação das notas de uma bem conhecida "Bíblia". “A Igreja corporativamente não está na visão dos profetas do Velho Testamento”, e depois, entre parênteses, para provar seu ponto de vista, "(Efésios 3: 1-6):'. Efésios 3: 1-6, segundo essa afirmação, indica que a Igreja, corporativamente, não está na visão do profeta do Velho Testamento. Essa citação acha¬-se na introdução dos livros proféticos do Velho Testamento naquelas Notas particulares. Talvez eu deva acrescentar, para tomar completa a minha exposição, que há um sistema de ultra-dispensacionalismo associado ao nome do Dr. Bullinger, o qual vai tão longe que chega a dizer que é somente nas Epístolas que temos realmente o evangelho do Novo Testamento aplicável a nós. O Dr. Bullinger ensinava que os Evangelhos nada têm a ver conosco, que eles eram só para os judeus; é aqui no capítulo 3 de Efésios que temos a mensagem para esta era, para judeus e gentios na Igreja.
Qual será a resposta a este ensino? Certamente a doutrina concernente à Igreja foi claramente ensinada por nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Considere o que transpirou em Cesaréia de Filipe, quando o Senhor disse a Pedro: "Sobre esta rocha edificarei a minha igreja". As famosas Notas têm que admitir que de fato Ele disse isso, mas afirmam que Ele não desenvolveu a idéia. O fato, porém, é que Ele o disse; assim, esta verdade concernente à Igreja não foi revelada somente a Paulo; já havia sido revelada. O Senhor a ensinara. Além disso, Pedro, pregando no dia de Pentecoste disse: "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, e recebereis o dom do Espírito Santo; porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe". É uma clara referência aos gentios. Do mesmo modo, é óbvio que Pedro e João compreenderam este principio quando reconheceram que os samaritanos, que não eram judeus, também tinham recebido os benefícios da salvação, pelo que impuse¬ram as mãos sobre eles para que recebessem o Espírito Santo. De novo Pedro, no dramático acontecimento que ocorreu antes de sua ida à casa de Cornélio, foi levado a ver a mesma verdade. Foi necessária uma visão oriunda do céu para fazer Pedro enxergá-la. Como judeu, ele não podia entender isto. A despeito do fato de que ele era um homem salvo e de que passara pela experiência do Pentecoste, a idéia de que os gentios haveriam de tomar-se co-herdeiros com os judeus era, em sua opinião, impossível. Mas com a visão que teve, e havendo testemunha¬do o cair do Espírito Santo sobre Cornélio e sua casa, ele viu esta verdade uma vez e para sempre, e assim admitiu os gentios na Igreja. Ele foi criticado por fazê-lo e se defendeu, como se nos diz nos capítulos 11 e 15 do livro de Atos dos Apóstolos. Fica, pois, claro que, antes de Paulo haver-se tomado apóstolo aos gentios, esta verdade já fora pregada.
No entanto, esta verdade realmente se encontra no Velho Testamen¬to. Há passagens, como Ezequiel capítulo 36 e outras, que mostram este retrato da Igreja. E como Paulo argumenta no capítulo três de Gálatas, na promessa a Abraão ela está perceptivelmente implícita. Quão importante é dar-nos conta do perigo de começar com uma teoria e impô-la às Escrituras! Eis o que de fato diz o apóstolo: "O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens" - e então vem não um ponto final, e sim uma vírgula - "como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas". O apóstolo não está dizendo que o mistério nunca fora revelado antes. O que ele está dizendo é que ele não fora revelado antes “como", "na medida em que", agora foi revelado. Lá estava em embrião; agora está em plena florescência e desenvolvimento. Lá estava em sombra, como uma sugestão; agora está plenamente revelado. A expressão é, "como agora tem sido revelado...”. Como são extraordinárias as sutilezas da mente humana, mesmo quando cristã, mesmo após ter recebido o Espírito Santo! Não é questão de desonestidade. Estou apenas indicando que as nossas mentes são falíveis e que, portanto, temos que ser cuidadosos quando estudamos as Escrituras para não suceder que elaboremos um sistema completo de doutrina baseados num texto ou numa compreen¬são errônea de um texto.
O mistério agora feito claro e simples não é apenas o fato de que é para os gentios serem salvos, mas que é para os gentios e os judeus estarem juntos na Igreja Cristã - em estreitas relações uns com os outros. Paulo não está dizendo que agora se deve permitir que os gentios se tornem judeus prosélitos. Nisso os judeus já criam; na verdade eles tinham praticado o proselitismo. Muitos gentios chega¬ram a ver a verdade de Deus nas Escrituras do Velho Testamento, e os judeus os instruíam e os circuncidavam e, assim, eles se tomavam judeus prosélitos. Permitia-se que o gentio entrasse, mas somente como prosélito; não era ainda um judeu completo. Não obstante, o mistério que fora feito claro para Paulo e para os demais apóstolos era que os gentios agora tinham ingressado, não como acréscimo, nem como prosélitos, mas haviam entrado nesta nova realidade, a Igreja, exatamente da mesma maneira como o judeu. Ele está afirmando que agora a Igreja é o reino, que aquilo que a nação judaica era no Velho Testamento, a Igreja é agora; e que aquela distinção antiga não existe mais. Noutras palavras, ele está dizendo que se cumpriu a profecia do Senhor registrada em Mateus 21 :43: "Portanto eu vos digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que dê os seus frutos". O apóstolo Pedro repete isto a seu modo aplicando-o à Igreja, consti¬tuída de judeus e gentios, as próprias palavras que Deus empregara, mediante Moisés, referentes à nação de Israel, em Êxodo, capítulo 19: "Vós sois o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido" (ou "um povo peculiar"). A Igreja é a forma atual do reino.
O ponto defendido pelo apóstolo é que a velha distinção entre os judeus e os gentios foi abolida uma vez por todas. Ele já mostrou isso no capítulo dois, afirmando que "a parede de separação que estava no meio" já não existe, que Cristo a demoliu e criou "um novo homem, fazendo a paz". A antiga distinção se foi. A maneira particular como Paulo o afirma é sumamente interessante. Ele o expressa empregando a palavra "companheiro" três vezes (vs. 3 - 6 Infelizmente a Versão Autorizada (em inglês) e a Versão de Almeida omitem isto e dizem: "co-herdeiro, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa". Todavia, na verdade Paulo disse: "companheiros herdeiros, compa¬nheiros membros do corpo, companheiros participantes da promessa" (ou "co-herdeiros, co-membros do corpo, co-participantes da promes¬sa").
Os gentios, diz ele, devem ser co-herdeiros com os judeus, o que significa que todas as promessas feitas por Deus aos judeus no Velho Testamento estão agora acessíveis aos gentios. O judeu é participante com o gentio, ambos no mesmo nível - igualmente o gentio com o judeu. Não há diferença. Ambos são co-herdeiros e, por assim dizer, têm o mesmo lugar na vontade de Deus; ambos recebem os mesmos benefícios. Isto se refere à nova aliança que Deus tinha prometido. Ele dissera que ia fazer uma nova aliança, não semelhante à que fizera quando os tirara do Egito. Esta é: "Dos vossos pecados e das vossas iniqüidades não me lembrarei mais"; "Serei para vós Deus, e vós sereis para mim um povo". Entretanto isto não é mais somente para os judeus; é também para os gentios; é para mim e para você. Estamos na vontade de Deus, somos herdeiros junto com os judeus, a velha nação, o antigo povo de Deus, nesta admirável promessa dos benefícios da nova aliança.
A segunda expressão é "co-membros do corpo". Poderíamos ter pensado que "co-herdeiros" diz-nos tudo e que não há nada que possa ir alem. Talvez se possa explicar este elemento adicional com uma ilustração. Imaginemos um homem que só tem um filho, mas também um criado da família que está com ele, digamos, há quarenta anos, e que ele passou a considerar quase como filho. Assim, quando ele faz o seu testamento, declara que todos os seus bens deverão ser repartidos entre o seu filho e o seu fiel criado. Um criado pode se tomar co-herdeiro, porém continua sendo criado. Isto não faz dele um membro da família: não significa que ele tem o mesmo sangue; não significa que houve mudança na relação essencial. Por isso o apóstolo acrescenta a "co¬-herdeiros" o termo "co-membros do corpo". É isto que põe abaixo todas as tentativas para fazer perpetuar a distinção entre os judeus e os gentios. Não é, diz Paulo, que os gentios são apenas acrescentados superficialmente a alguma coisa; eles são interligados de forma com¬pacta, unidos como juntas neste corpo. Já não há distinção; não há superioridade, nem inferioridade. O sistema dispensacionalista afirma que há, que existe um "povo celestial" e um "povo terrenal", e que os judeus serão trazidos de volta e que tornarão a receber um lugar muito especial numa era futura. Este ensino é uma negação do que nos é dito na passagem em foco, negação de que tudo isso terminou para sempre, de que há um só corpo, e que o Judeu e o gentio são partes (juntas) Igualmente Implantadas no corpo.
O apóstolo dá mais um passo ainda, dizendo que somos "co-¬participantes da promessa". A luz doutras partes das Escrituras, isto significa duas coisas. Em Gálatas 3: 14 lemos: "Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito". Esta é também chamada "a promessa do Pai", e isso passa como um fio de ouro através do Velho Testamento. É o que aconteceu no dia de Pentecoste que Pedro explicou assim: "Isto é o que foi dito pelo profeta Joel", A promessa do Pai é o derramamento do Espírito e os resultados dele decorrentes. Vocês são co-participantes da promessa, diz Paulo aos efésios, vocês receberam a plenitude do Espírito exatamente como os judeus. Mas eu acredito que as palavras têm mais um sentido. Outra grande promessa foi a da ressurreição e do glorioso reino do Filho de Deus. Paulo afirma isto com muita clareza em Atos 26:6-8, ao fazer a sua defesa perante o rei Agripa e Festo. "E agora", diz ele, "pela esperança da promessa que por Deus foi feita a nossos pais estou aqui e sou julgado. À qual as nossas doze tribos esperam chegar, servindo a Deus continuamente, noite e dia. Por esta esperança, ó rei Agripa, eu sou acusado pelos judeus. Pois quê? Julga-se coisa incrível entre vós que Deus ressuscite os mortos?" A promessa é que o Messias viria e venceria a morte e o túmulo, e traria à luz a vida e a imortalidade. É a promessa da ressurreição, da ressurreição final, e da vinda do reino glorioso, "novos céus e nova terra, em que habita a justiça". Isso era uma coisa que o judeu pregava acima de tudo mais. Ele teve que sofrer muito em sua vida neste mundo, mas olhava para além disso tudo, como se nos diz em Hebreus, capítulo 11 - ele aguardava o cumprimento daquela promessa, a ressurreição e a vida gloriosa. Primeiro essa promessa estava restrita ao judeu; o gentio estava sem esperança, sem Deus no mundo, como Paulo já dissera no capítulo 2, versículo 12; mas agora diz ele que os gentios são co-participantes da promessa de Deus em Cristo pelo evangelho.
Para nós isto significa que podemos aguardar anelantes a ressurreição do corpo, um corpo glorificado. Podemos aguardar anelantes nossa morada numa nova terra sob novos céus, em que habita a justiça; co¬-participantes da promessa, "Cristo em vós, a esperança da glória".
Esses são os dois mistérios que o apóstolo nos diz que lhe foram dados, para os pregar: o mistério geral, o mistério de Cristo; e o mistério particular de que o propósito de Deus agora é manifesto e está em operação na Igreja; e de que a Igreja é a forma final deste propósito, até completar-se. O judeu e o gentio estão juntos em Cristo, compartem as bênçãos de Deus agora e participarão dos benefícios da glória eterna e sempiterna. Estarão sempre surpresos e maravilhados por toda a eternidade ante a graça de Deus que fez isto possível, que nEle nos juntou e que a nós e aos judeus fez co-herdeiros, co-membros do corpo e co-participantes de tão bem-aventurada esperança.