quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A RESTAURAÇÃO DE DEUS - PARTE III A PEDRA ANGULAR

Como vimos anteriormente, o Senhor primeiro nos leva à Sua Palavra e então restaura a vista aos cegos, nos dando visão espiritual. Mas como vimos, a finalidade da revelação da Palavra e da visão é nos levar a Cristo. As Escrituras é uma candeia que alumia em lugar escuro, até que a estrela da alva, a estrela da manhã, a aurora lá do alto surja em nossos corações (II Ped. 1.19; Apoc. 22.16). Aquele que disse a Palavra é o mesmo que resplandece em nossos corações, para iluminar (II Cor. 4.6).
Não que no coração de Deus Cristo não esteja em primeiro lugar, mas para que em Cristo tenhamos vida, é necessário que primeiro o Senhor restaure a Sua Palavra e por ela a visão. Como vamos ver a seguir, Ele primeiro envia a Sua Palavra, e dá visão para que à partir de Cristo comece a edificação, ou a restauração daquilo que já tinha sido edificado e que agora está destruído.
A Palavra de Deus é viva, não somente palavras, por isso é que o Verbo se fez carne. A Palavra enviada não pode voltar para Ele vazia (Isa. 55.11). A candeia alumia em lugar escuro, a profecia é para este tempo, mas um dia ela cessará, um dia essa candeia será apagada (I Cor. 13.8), mas o sol da justiça que resplandeceu em nossos corações jamais será apagado. Quando o último inimigo for vencido, aí não haverá mais noite; não necessitaremos da luz da lâmpada, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus nos alumiará pelos séculos dos séculos (Apoc. 22.5). Aleluia!
Aprouve a Deus que em Cristo convergissem todas as coisas; que Ele tivesse toda a preeminência, isto é, que tudo que tivesse algum valor espiritual e eterno estivesse apenas nEle (Col. 1.18). Ele é o Alfa e o Ômega de todas as coisas; o princípio, meio e fim (Apoc. 1.8). Porque dEle, e por Ele, e para Ele são todas as coisas. Ele é a pedra angular, a pedra de esquina por onde começa toda a edificação de Deus.
Não pode haver algum tipo de visão espiritual fora de Cristo. Toda visão fora de Cristo é falsa, é um embuste, uma armadilha, uma mentira astuciosa, ainda que seja usada a Palavra de Deus. Esse é outro grande erro, criar algo baseado na Palavra de Deus, mas sem o Cristo da Palavra. Como Jacó que chamou o lugar da visão que teve de casa de Deus, para depois conhecer o Deus da Casa de Deus (Gên. 35.7). Ele viu somente depois, mas muitos que vieram depois dele não viram a Deus, e aquele lugar se tornou um tropeço para o povo.
Quando Deus criou o mundo criou tudo para Cristo. Ele é antes de todas as coisas, e tudo subsiste por Ele. O Verbo estava no princípio com Deus, e o Verbo era Deus. Tudo foi criado por Ele e para Ele, e sem Ele, nada do que foi feito se fez (Jo. 1.3). Deus fez assim para que em Cristo habitasse toda a plenitude (Col. 1.10).
Por isso depois de Deus criar os céus e a terra, ele disse: "Haja luz. E houve luz... E Deus chamou a luz Dia, e as trevas noite. E foi a tarde e a manhã o dia primeiro" Gênesis 1.3-4. O que é essa luz, ou melhor, quem é essa luz? A mesma Escritura nos diz em II Coríntios 4.6 que é Cristo: "Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo".
Notem também que a palavra "Dia" está em letra maiúscula, indicando que o Dia é uma pessoa. Ele é o primeiro Dia para o universo, e Ele é o primeiro Dia da nossa vida cristã. Sem Ele não há luz, não há Dia, é tudo trevas. Não que havia trevas na eternidade passada, mas depois de tudo criado, sem Cristo tudo era sem forma e vazio; em trevas e só abismos (Gên. 1.1-2).
Quando Deus plantou um jardim no Éden, Ele começou a fazer brotar da terra toda qualidade de árvores, mas Ele começou pelo meio do jardim. A primeira árvore que plantou foi a árvore da vida (Gên. 2.8-9). Quando o homem caiu em pecado, a primeira coisa que Deus fez ao homem, ainda dentro do jardim, foi vesti-los com túnicas de peles de animais que sacrificara (Gên. 3.21). Deus não poderia olhar para a sua criatura em pecado, então passou a olhar para a justiça do Seu Filho.
Quando Deus enviou o dilúvio sobre a terra Ele mandou Noé construir uma arca. Qual é a figura da arca, sendo usada para a salvação da sua família? Cristo claro. Tudo tipifica Cristo. Se você não o vê nas Escrituras, você tem conhecido apenas a letra.
E quando Noé saiu da arca qual foi a primeira coisa que fez depois de receber revelação do Espírito tipificado pela pomba? Fez um altar e sacrificou a Deus, e depois plantou uma vinha. Que figuras tão bendita de Cristo! Tudo tem que iniciar por Ele, porque somente nEle há Vida. - O altar é a assunto que iremos ver a seguir.
Quando o povo saiu do Egito, Deus mandou que eles tomassem para cada casa um cordeiro, e que fosse morto e o seu sangue passado nas vergas das portas. Nada inicia sem um sacrifício e por Cristo. Mesmo antes da fundação do mundo o cordeiro já tinha sido morto (Apoc. 13.8).
Quando Deus mandou Moisés construir o tabernáculo, que tudo tipificava a Igreja, a unidade entre judeus e gentios, a primeira peça a ser construída e introduzida no tabernáculo foi a arca do pacto que tipifica Cristo. E dentro dela três coisas: as tábuas da lei que mostra o caráter, a natureza divina de Deus em Cristo, o maná que tipifica Cristo como o pão da Vida, e a vara de Arão que tipifica o ramo cortado da terra dos viventes, mas que ressuscitou, e nos deu vida eterna.
Por isso que tudo o que é criado começa por Cristo e é para Cristo. Quando há uma queda, uma destruição, Deus envia a Sua Palavra, dá visão e começa a restaurar por Cristo. Sempre que Deus retorna para restaurar, Ele sempre inicia pelo seu Filho. Nada pode ser iniciado sem Cristo. Se todo desvio é dEle é lógico que temos que retornar para Ele.
Com a igreja primitiva também foi assim. Antes dEle subir ao céu ordenou aos seus discípulos que ficassem em Jerusalém, porque Ele enviaria a promessa do Pai e do alto seriam revestidos de poder (Luc. 24.49). Depois de dez dias o Senhor derramou o Espírito sobre eles (Atos 1.8; 2.1-3). Tudo começa por Ele, porque o Senhor é o Espírito, e Ele também disse que estaria conosco todos os dias, até a consumação dos séculos. É a sua presença pelo seu Espírito.
No final, quando Deus criar novos céus e uma nova terra, o Senhor fará descer sobre ela a Nova Jerusalém. Esta nova cidade também será edificada como o jardim do Éden, à partir do seu centro, que nos mostra Cristo novamente, aquele que tem toda a preeminência: "No meio da sua praça, e de um e de outro lado do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a saúde das nações" Apocalipse 22.2.
O primeiro Dia, como vimos é Cristo, e o último também. Portanto, qualquer restauração que haja em qualquer tempo deve iniciar por Ele, porque nEle subsistem todas as coisas, e sem Ele, por melhor que seja, é sem forma, vazio, abismos, trevas, miserável, pobre, cego e nu.
Vamos continuar então a ver na Palavra, pela restauração do templo em Jerusalém como o Senhor caminha na restauração do seu testemunho. Vamos caminhar nos livros de Esdras e Neemias para compartilhar aquilo que o Senhor tem despertado em nosso coração. Uma pequena contribuição com alegria.
Tudo o que veremos a seguir segue falando de Cristo, o testemunho de Deus que precisa ser restaurado

Por: Irmão Burke (Londrina - PR)

AQUELE QUE É DESDE O PRINCÍPIO

João em sua primeira carta, no capítulo 2, no verso 13, fala da vida
cristã em três estágios: filhinhos ou criancinhas, jovens e pais. "Pais, escrevovos,
porque conhecestes aquele que é desde o princípio. Jovens, escrevovos,
porque vencestes o maligno. Eu vos escrevi, filhos, porque
conhecestes o Pai". Os filhinhos são as criancinhas em Cristo, aqueles que
são recém nascidos de novo; são aqueles que recém foram perdoados dos seus
pecados pelo seu Nome (v.12). João e Paulo são muito cuidadosos com esses
filhinhos, pois ainda são carnais, são criancinhas em Cristo e ainda andam
segundo os homens (I Cor. 3.1). Ainda há inveja, contendas e pecados, mas
que confessados e deixados, Deus é fiel e justo para perdoar, e purificar de
toda a injustiça (I Jo. 1.9).
Quando filhinhos dificilmente vemos a Cristo como realidade em nós.
Cremos que Ele nos salvou, e que agora vive em nós, mas é algo mais poético
do que real. Mas mesmo que não vemos a Cristo temos desde o início uma
afinidade pessoal com o Pai. Jesus nos reconciliou com o Pai, e nos deu ter
acesso ao Pai em um mesmo Espírito (Ef. 2.18). O princípio da vida cristã é
um tempo bendito de conhecimento do nosso Pai. Sem esse conhecimento do
Pai não temos como ver a Cristo. Não que possamos ver o Pai, não é isso, o
que vemos é a glória do Pai na face de Jesus Cristo (II Cor. 4.6). Jesus disse:
"Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto,
todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim. Não que alguém
visse ao Pai, a não ser aquele que é de Deus; este tem visto ao Pai" João
6.45-46.
É um tempo bendito de Pai e filhinho, mas Deus não quer filhos
eternamente criancinhas, mas varões perfeitos, filhos maduros, à medida da
estatura completa de Cristo (Ef. 4.13); porque como meninos somos muito
inconstantes (Ef. 4.14). Temos que crescer para a salvação, portanto, depois de
sermos ensinado por Deus somos levados a Cristo. Ensinados por Deus
estaremos cheios da Palavra que agora está em nós, a Palavra viva. Mas para
conhecermos a Cristo somos levados às batalhas espirituais contra o nosso
adversário, o diabo. Jesus depois de crescer em graça e sabedoria diante dos
homens e de Deus, desceu às águas para fazer cumprir toda a justiça de Deus
(Mt. 3.15).
Logo em seguida, a primeira coisa que aconteceu depois do Pai se
revelar a Ele nas nuvens, dizendo que ele era o seu Filho amado em quem
estava todo o seu prazer, o Espírito o levou ao deserto para ser tentado pelo
diabo. O próprio Espírito fez com Jesus e faz também conosco (Mt. 4.1). Ali
ele foi tentado em tudo o que diz respeito ao mundo: a concupiscência da
carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (I Jo. 2.16). Ele em tudo
foi tentado a nossa semelhança, para que agora possa socorrer os que são
tentados no mundo. Ele venceu o diabo porque a Palavra de Deus estava nEle,
e assim é com todo cristão jovem, isto é, aquele que já passou da fase de ser
uma criancinha.
No Éden Deus deixou o primeiro homem e voltou a tardinha, mas
agora o segundo homem teve a comunhão do Espírito, e assim também é
conosco. O Senhor diz que nunca nos deixará e nunca nos desamparará. Lá era
para provar a obediência do homem, mas agora é para conhecer a vitória
dAquele que está em nós e que é maior do que aquele que está no mundo (I Jo.
4.4). O primeiro homem da qual descende toda a raça humana e nós também já
foi vencido pelo maligno, mas agora em Cristo, como novas criaturas (II Cor.
5.17), conhecemos Aquele que foi obediente até a morte, e que venceu a morte
e o diabo. Aleluia!
Mesmo vencendo o maligno, isto é, se sujeitando a Deus e resistindo o
diabo, ainda não chegamos ao propósito final de Deus para nós: conhecer a
Cristo, conhecer aquele que é desde o princípio. A criancinha é totalmente
dependente, o jovem é impetuoso, mas os pais são os provedores, os
cuidadores, são os santos aperfeiçoados que fazem a obra para a edificação do
corpo de Cristo. Os pais são aqueles que já passaram por todas as fases do
crescimento cristão -não que o crescimento encerre para eles-, e que agora
podem ajudar os mais novos a correrem com perseverança a carreira que lhes
está proposta.
Sabemos que um cristão é pai quando ele é totalmente cristocêntrico.
Tudo é Cristo, e Cristo é tudo. Acho precioso certos títulos como: Vendo a
Cristo no Velho Testamento, Vendo a Cristo nos evangelhos e etc... Alguém
que é um pai espiritual ouviu e conhece o Pai, conheceu a Cristo nas batalhas
espirituais, e agora conhece Aquele que é desde o princípio. João usa muito
esta expressão: no princípio. Ele diz: "No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus... O que era desde o princípio...
Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim" João 1.1, I João 1.1,
Apocalipse 1.8. Paulo também em sua maturidade espiritual quando escreve
aos Colossenses diz: "E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e
o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a
preeminência" Colossenses 1.18.
Ninguém pode ser pai antes de ser filhinho e depois jovem, mas
também ninguém pode continuar tomando leite por toda a vida. Ninguém
pode crescer antes do tempo, mas o tempo também revela que é insensatez
ainda necessitarmos de leite (Heb. 5.12-14). O jovem já não tem tantos
problemas com os pecados que as crianças em Cristo têm, e já vence o
maligno, porque a Palavra de Deus está nele. Mas mesmo para os filhinhos,
João escreve para que não pequeis, mas se alguém pecar, tem um advogado
junto do Pai, Jesus Cristo o Justo. Qualquer que nEle tem esta esperança
purifica-se a si mesmo, assim como Ele é puro (I Jo. 3.3).
Como diz Pedro e também Paulo, antes cresçamos em tudo;
cresçamos na graça e no conhecimento daquele que é a cabeça Cristo (II Pd.
3.14, Ef. 4.15). Amém.

Por: Irmão Edward Burke (Londrina-PR)

domingo, 20 de setembro de 2009

A RESTAURAÇÃO DE DEUS - PARTE II A VISÃO

Como vimos anteriormente, o Senhor nos faz primeiramente retornar à Sua Palavra, mas de que adianta as Escrituras se não houver visão espiritual? Como diz Paulo em II Coríntios 3.15, até o dia de hoje ela é lida, mas um véu está colocado sobre o coração deles. A Palavra de Deus pode ser lida, mas se o Senhor não abrir os olhos dos cegos, como disse na sinagoga da Galiléia lendo o livro de Isaías, eles iriam permanecer como estavam (Lucas 4.18).
Depois que o povo de Israel entrou na terra prometida, continuou gozando da mão poderosa e graciosa do Senhor. O Senhor fez com que tudo que tinha dado a Israel fosse escrito, para que eles tivessem cuidado de fazer tudo conforme estava escrito, e então fariam prosperar o seu caminho, e seriam bem sucedidos (Jos. 1.8). Mas com o tempo a visão ia se desvanecendo; não por causa do Senhor, mas por eles mesmos, e as Escrituras se tornavam apenas letra novamente.
Mas o tempo foi passando e chegou um tempo, no tempo do profeta Eli, que a visão se tornara muita rara (I Sam. 3.1). Eles tinham as Escrituras que era lida de tempo em tempo, mas a visão era muita rara. Contudo a lâmpada do Senhor nunca se apaga (I Sam. 3.3). Deus então levantou Samuel, e então a visão foi restaurada: "E continuou o Senhor a aparecer em Siló; porquanto o Senhor se manifestava a Samuel em Siló pela palavra do Senhor" I Samuel 3.21.
A tendência natural não é que as Escrituras sejam esquecidas, mas que a visão seja ofuscada. A lâmpada, a candeia que alumia no lugar escuro não esteja completamente acesa (II Ped. 1.19). O apóstolo Paulo também nos adverte isto em I Tessalonicenses 5.19, quando diz: "Não apagueis o Espírito". A letra sem o Espírito é uma candeia sem luz.
Mas a promessa do Senhor é que o pavil que fumega nunca será apagado. Isto é uma grande esperança, mas por outro lado, o tempo que está quase apagando é muito triste, as visões se tornam muito raras.
Mas no tempo Samuel até Salomão, o povo de Israel tem um tempo muito glorioso, mas depois vem novamente a decadência, onde a visão se torna menos frequente. Depois de um período obscuro, novamente o Senhor restaura a visão aos cegos através dos reis Ezequias e principalmente de Josias (II Crôn. 34.17-21).
Podemos notar pela Palavra que novamente depois de um longo tempo, e depois de um cativeiro de 70 anos, o Senhor reacende a sua lâmpada novamente pelo escriba Esdras. O Senhor despertou o seu espírito para subir a Jerusalém e restaurar o templo (Esdras 1.5), e então novamente a candeia foi totalmente acesa; Deus preparou o coração de Esdras para primeiramente buscar e cumprir a lei do Senhor e depois para ensinar, trazendo com isto luz para todo o povo de Israel (Esd. 7.10, Nee. 8.8).
Depois disso passou um longo tempo novamente até que a candeia fosse reascendida por Cristo. Enquanto esteve no mundo Ele era a Luz (Jo. 9.5). Agora não mais um tipo ou figura de Cristo, mas o próprio Jesus, a Palavra Viva, o Verbo encarnado (Jo. 1.14). Depois no Pentecostes o Espírito deu um testemunho visível disso, através das línguas de fogo que pousaram sobre cada um deles, que agora a Luz estaria neles; que a Igreja seria agora a luz do mundo (Atos 2.3).
O texto que vimos acima de I Samuel 3.21 nos confirma de forma muito clara isto. Quem Samuel via? O Senhor se manifestando. E como o Senhor se manifestava a Samuel? Pela sua Palavra. O que Samuel viu, a palavra somente ou o Senhor? O Senhor claro, pela Sua Palavra.
A visão dada a Samuel trouxe a Davi, uma figura preciosa de Cristo. Toda visão de Deus nos leva a Cristo, e toda visão fora de Cristo é uma tentação de Satanás. Um testemunho disso é o cego de nascença de João 9. Ali o Senhor nos ensina o caminho de alguém a qual a visão é restaurada. Ela começa com o Senhor abrindo os nossos olhos, para no final nos fazer ver a Cristo, para que possamos adorá-lo em verdade.
O termo 'visão da igreja' se tornou algo comum entre alguns cristãos, mas para muitos esta 'visão' não está trazendo realidade. Isto porque a visão que temos que ter não é de algo, mas sim de uma Pessoa: Cristo. Muitos usam o testemunho de Paulo ao rei Agripa (At. 26.19), para citar que ele não foi rebelde à visão celestial, mas se referindo à visão como visão da igreja. A visão que ele teve não foi da igreja, mas de Cristo e depois da Igreja nEle.
Paulo não pregava a igreja, mas a Cristo. Ele seria infiel à visão se tivesse pregado a igreja. Os apóstolos também estiveram por três anos com Jesus, mas não o viram. Apenas depois da sua ressurreição é que tiveram os olhos abertos para vê-lo através das Escrituras (Luc. 24.44-45), e daí pregaram a Ele pelas Escrituras (At. 4.31-33 e 5.42).
Não podemos nos gloriar numa 'visão' que não traz a Vida. O inimigo é muito sutil nessas coisas. O Senhor nos ensina a olhar firmemente para Jesus, mas o inimigo nos diz para olharmos um pouquinho para a direita ou para a esquerda. Pronto, se dermos ouvidos a ele a visão ficará embotada. O que é olhar firmemente? Você pode dizer que está olhando firmemente se desviar os olhos um pouquinho? Certamente que não.
Por isso não creio que alguém possa ter alguma visão celestial fora da Pessoa de Cristo. O Senhor nunca começa pela edificação, mas pelo fundamento. E toda edificação também está determinada por Deus para iniciar à partir de uma pedra angular: Cristo (I Ped. 2.7-8 ). Para nós, os que cremos, ela é a preciosidade, mas para os que se dizem 'edificadores', ela é rejeitada. Claro, eles são falsos edificadores, porque quem edifica é Deus, é Cristo, e somente eles (Heb. 11.10; Mat. 16.18; Ef. 5.29).
Que o Senhor abra os olhos do nosso entendimento para que tenhamos uma visão real. Não de algo que está em Cristo, mas como o cego de nascença o Cristo para adorá-lo. E nEle, olhando firmemente para Ele, possamos ver tudo, desde a serpente levantada - que é a obra na cruz (Jo. 3.14), até a sua Igreja gloriosa (Apoc. 21.10-11). Olhando para Ele seremos salvos (Isa. 45.22), seremos iluminados (Salmos 34.5).
O Senhor por sua misericórdia tornará as nossas trevas em luz, e as coisas tortas ele endireitará. Muitos cegos verão o Senhor e o adorarão em espírito e em verdade (Isa. 42.16-18). Ele disse, e o fará, mas não podemos nos esquecer das cinco virgens insensatas que estavam com as lâmpadas se apagando. Isto mostra que neste exato momento, há irmãos prudentes que estão olhando, conhecendo e prosseguindo no conhecimento dEle, e há outros que estão como cegos, infrutíferos no conhecimento dEle, vendo somente o que está perto.

Por: Irmão Edward Burke - Londrina-PR

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

VERDADES ESSENCIAIS DA FÉ CRISTÃ

Vimos alguns aspectos da administração do Senhor e do depósito de Deus. E agora é necessário pôr um pouco mais os pés na terra. Necessitamos que o Senhor nos ajude a discernir os elementos essenciais do testemunho da palavra do Senhor que a igreja tem.

Os elementos essenciais do cristianismo
E, claro, ao falar agora, devemos recordar coisas que antes já consideramos. Não vamos só falar de elementos. Estamos usando a palavra somente a maneira de itens, de pontos cruciais ou chaves; mas logicamente, cada um deles tem uma rica realidade espiritual e são propriedade agora da igreja.
O que tem sido confiado nas mãos da igreja é propriedade exclusiva da igreja; este testemunho e estas coisas não se encontram a não ser na igreja. Fora da igreja, estas coisas não são compreendidas, e até pior, são atacadas, e às vezes ferozmente, porque são coisas que vão ao coração do inimigo, para inutilizá-lo.
Por isso, Satanás combate o que é próprio da igreja; às vezes abertamente – quando o faz pelo lado do ateísmo, do engano ou da incredulidade. Mas, às vezes se infiltra para combater o que é essencial, que foi confiado à igreja, de maneira ardilosa, por meio de heresias, de confusões, para tratar de invalidar o que nos tem sido confiado.
As «coisas» essenciais não se encontram em outros monoteísmos; nem sequer no próprio monoteísmo judaico, se ficarmos somente no nível do Antigo Testamento. Certamente todo o Antigo Testamento é revelação de Deus, revelação verdadeira. O que está nele, desde Gênesis até Malaquias, é tudo de Deus; só que requeria ser cumprido e ser completado no Novo Testamento.
E por isso, de forma triste, temos que dizer que, inclusive o povo de Israel, que foi povo de Deus, realmente escolhido por Deus para um primeiro testemunho –uma primeira parte do testemunho–, até o próprio monoteísmo judaico ficou míope. Quanto mais o islâmismo, que é uma tergiversação do Antigo e do Novo Testamento!
O inimigo foi tão ardiloso com o Islã, que lhes deixou o mais que pode a respeito de Jesus Cristo, mas lhes tirou o coração. Eles chegaram a crer inclusive que Jesus é o filho, não o Filho de Deus, mas nascido da virgem Maria. Os muçulmanos chegam a reconhecer certos títulos a Jesus, embora lastimosamente sem entender o que significam. E por isso, por outro lado, negam o conteúdo desses títulos.
Mahoma tinha ouvido que os cristãos aplicavam o título de Messias e de Verbo ao Senhor, e dessa mesma maneira ele os aplicou, mas sem entender suas implicações. Ou seja, que às vezes, alguém pode se enganar ao ouvir que Mahoma fala do Messias Jesus e do Verbo de Deus, mas sem reconhecer que ele é o Filho de Deus. A ascensão de Jesus é reconhecida pelo Islã; mas eles pensam em sua ascensão como nós podemos pensar no desaparecimento de Enoque, que caminhou com Deus e Deus o levou, ou Elias, que foi arrebatado ao céu em um carro de fogo. Assim, eles falam de Jesus como um profeta que foi para o céu, da mesma maneira que foi Enoque e Elias. Mas, segundo eles, devem retornar para morrer, porque não aceitam que Jesus é o Filho de Deus que morreu por nossos pecados na cruz. Quase todo o resto eles tem.
O inimigo lhes deixou quase tudo o que servia para que eles cressem que estavam com Deus, mas tirou-lhes a essência, a identidade do Senhor Jesus e o essencial da obra do Senhor e do evangelho. Para eles, a pior blasfêmia que os seus ouvidos podem ouvir é que Jesus é o Filho de Deus.
Mas para o cristianismo, ao contrário, a grandeza é que Deus tem um Filho unigênito, que é o Filho de Deus, o Senhor Jesus. E o essencial da obra do Senhor Jesus não são os seus milagres. Tudo isso o Senhor Jesus fez, tudo isso o Islã reconhece. O que não reconhece é que ele morreu na cruz, uma morte expiatória, que é o essencial.
O que a igreja possui, nem o meio acadêmico, nem a filosofia possuem. O que foi confiado à igreja é exclusivo; não está nas mãos do judaísmo nem do Islã, nem das outras religiões panteístas ou politeístas, nem nas mãos da ciência, nem da filosofia, nem da academia, nem de nenhuma ideologia. É testemunho exclusivo da igreja. Por isso, a igreja precisa conhecer esses elementos vitais do depósito de Deus, do testemunho da igreja, que Deus quer dar através da igreja e sua Palavra, a todo mundo.

Coisas essenciais e coisas periféricas
O que Deus revela à igreja, ele quer que todo mundo o tenha. Deus, com toda sinceridade, quer que todos os homens sejam salvos e venham ao pleno conhecimento da verdade. Mas os homens não querem. Muitos foram enganados, não crêem e se opõem. A igreja deve identificar os itens fundamentais do depósito que lhe foi confiado; porque às vezes nos perdemos em assuntos periféricos e não distinguimos as coisas essenciais. E nisso, também o diabo tem ganho uma partida para os cristãos: em nos pôr a brigar uns com os outros a respeito das coisas periféricas, questões menores, que não são as essenciais.
Agora, a própria palavra do Senhor nos ensina que, a respeito das coisas essenciais, devemos ser muito sérios e cuidadosos, e que devemos ser tolerantes a respeito das coisas periféricas.
O mesmo verbo «contender», pelo menos na tradução Reina-Valera, é usado de duas maneiras. Em Romanos, capítulo 14, o apóstolo Paulo diz: «…para não contender a respeito de opiniões porque um crê que de tudo se pode comer; outro que é fraco só come legumes; um faz caso do dia, outro julga iguais todos os dias». E o apóstolo nos diz que devemos receber inclusive o fraco na fé. Mas já está na fé, no essencial da fé. «Recebamos ao fraco na fé, sem contender sobre opiniões, porque Deus vai julgar a cada um». Deus conhece as intenções de cada um.
Mas o mesmo verbo «contender» é utilizado de maneira contrária, mas pelo mesmo Espírito Santo, o apóstolo Judas, irmão de nosso Senhor Jesus e de Tiago. E assim como Paulo diz: «...para não contender sobre opiniões», Judas diz: «...contendais ardentemente pela fé que uma vez por todas foi dada aos santos».
Então, anteriormente nos detivemos um pouquinho em enfatizar a existência daquilo que se chama «a fé que uma vez por todas foi dada aos santos», pela qual o Espírito Santo, através do apóstolo Judas, diz-nos para contender ardentemente, enquanto o apóstolo Paulo nos diz «quanto a opiniões, para não contender». Não contender a respeito de opiniões; mas, contender abertamente pela fé.
Ou seja, há uma diferença entre o que são coisas fundamentais, e vamos dizer, correspondem à essência da revelação divina e do evangelho, e as coisas que já dentro da fé permite pela amplitude de liberdade que têm os filhos de Deus, de pesquisar, de investigar, já dentro do fundamental, algumas coisas, e se formam escolas de opinião, mas estando todos na mesma base comum.
Já as palavras em Judas são diferentes das palavras de Paulo. Paulo fala de opiniões a respeito de coisas semelhantes a essas, como se pode comer de tudo ou só algumas coisas; a respeito dos dias, coisas desse tipo. Ao contrário, o contexto das palavras de Judas o apóstolo, é a respeito da salvação comum, a respeito de Deus e do Senhor e da graça não convertida em libertinagem, à salvação comum.
Então, temos que aprender a fazer diferença entre o que é fundamental, aquilo no qual os apóstolos nos chamam a atenção. Por um lado, Paulo nos diz, para receber aquele que o Senhor recebeu. E por outro lado, João nos diz, para não receber nem chamar bem-vindas a determinadas pessoas que estão dizendo determinadas coisas a respeito de Deus e de Jesus.
Não podemos confundir o que é essencial com o que é periférico. E o inimigo é muito ardiloso; ele quer chamar periférico e irrelevante ao que é extremamente sério, e por outro lado, quer que nós coemos os mosquitos, e quer que nós engulamos os camelos. Então, o Senhor tem que corrigir a ordem de prioridades em nossas consciências, nos ajudar a distinguir os assuntos fundamentais; porque esses não são só assuntos; são as palavras ensinadas pelo Espírito a respeito da administração de Deus.

As verdades fundamentais, ou dogmas
Então, vou ter que advogar por uma palavrinha que, às vezes, nós desprezamos. Possivelmente em nossa tradução da Bíblia não a encontremos, e por isso não nos parece bíblica. E essa palavrinha é «dogma». A palavra «dogma» é uma palavra bíblica; só que aparece traduzida de outras maneiras nas Escrituras, e por isso diante de uma tradução às vezes inadvertida, depois corremos o risco de tirar-lhe a importância.
Quando houve, em Jerusalém, o concílio apostólico, em Atos 15, não estava tratando somente de questões judaicas, não estava tratando somente de assuntos periféricos – embora eles estavam implicados. O que estava sendo tratado era nada menos que a essência do evangelho. Somos salvos por fé, por graça, ou a salvação depende das obras e da circuncisão? Não era só se podíamos comer chouriço ou não.
Às vezes pensamos que o concílio de Jerusalém se ocupou de chouriço. Aqui no Chile também se diz chouriço? Como dizem? Prietas. Bom, na Colômbia chamamos morcela ou chouriço. Não, o tema era outro; o assunto era nada menos que a essência do evangelho.
Quando eles chegaram a uma conclusão, vocês recordam o que diz ali? «pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não lhes impor nenhuma outra coisa necessária…». E escreveram aquela carta, e a enviaram junto a alguns delegados deles os apóstolos Barnabé e Paulo, e acrescentaram a Silvano e a Judas Barsabás, para que também eles, com palavras, explicassem nas igrejas o sentido daquela carta.
E então, na tradução Reina-Valera diz, no capítulo 16, que os apóstolos foram pelas igrejas e lhes entregavam as ordenanças que os apóstolos tinham acordado, e as igrejas eram edificadas, etc. Essa palavra, que ali foi traduzido «ordenanças», no contexto dos decretos de Augusto César foi chamada «edito»; essa palavra, no original grego, é «dogma».
Às vezes nós, em nossa atitude anti-religiosa, nos excedemos. Está bem ser anti-religioso, ser anti-fariseu nesse sentido; mas ser antidogmático é mais delicado, diferente. A palavra de Deus fala de verdades fundamentais; nela não podemos tomar algumas coisas e as deixar, como se diz, à vontade de Deus. A palavra de Deus identifica de maneira clara e profunda algumas coisas. Por exemplo, a Palavra diz que o que não honra ao Filho como se honra ao Pai, não tem a Deus. Isso é uma coisa séria. «Quem não tem ao Filho, não tem ao Pai; quem nega o Filho, nega também o Pai». Então, todo o relativo à relação do Pai e o Filho, e quem é o Filho, são assuntos fundamentais.
Quando se tratava sobre o Filho, os apóstolos eram extremamente rigorosos. Não contemporizavam ou se acomodavam à cultura, porque isso tem que haver com o essencial da fé. Que Jesus Cristo é Deus com o Pai, isto é um dogma. Que Jesus Cristo é também Deus e homem verdadeiro é um dogma. Que a morte do Senhor Jesus na cruz é expiatória, e só na base dessa morte podemos ser salvos, é um dogma. Que a justificação é pela fé, somente por graça e não por obras, é um dogma. São verdades fundamentais, que a igreja tem que aprender a distinguir e realçar e insistir constantemente nelas, especialmente quando o Senhor começou a nos revelar algumas coisas relativas, por exemplo, ao reino, ao castigo dispensacional, à recompensa das obras.

A Trindade
Então, queria começar dizendo que uma primeira palavra, digamos, chave –inclusive não está na Bíblia; mas, ao que se refere, ela sim está na Bíblia–, é a palavra Trindade. A primeira coisa da qual Deus falou, o tema central de Deus, junto com o restante, de onde brotam e aonde retornam todas as coisas, que lhe dá o começo e o sentido –Alfa e Ômega– a todo o restante da revelação divina, é o que Deus revelou a respeito de Si mesmo. E, por isso, estamos resumindo toda essa revelação divina de Deus a respeito de Si mesmo, na palavra Trindade.
Deus é um só Deus, trino – Pai, Filho e Espírito Santo. O que tem relação com à Trindade de Deus é muito fundamental. Às vezes, nós podemos pensar que essa questão da Trindade não tem nada de prático; mas, se realmente víssemos o que significa conhecer a Deus em Trindade, aí descobriríamos que o mais prático que existe para tudo –para a vida da igreja, para a vida da família, para a saúde da sociedade–, o mais prático é conhecer a Deus em Trindade, no Espírito.
É quando conhecemos a Deus, que Deus é um Deus que é amor, que o Pai é um Pai que tem um Filho e que deu ao Filho toda a plenitude, e como o Pai tem vida em si mesmo, quis que no Filho habitasse toda a plenitude, e que o Filho também tivesse vida em si mesmo, como o Pai. E quando vemos que tudo o que é do Pai é do Filho e tudo o que é do Filho é do Pai, e quando o Senhor estabelece a relação intratrinitaria como modelo e como conteúdo da igreja, aí podemos notar que este assunto da Trindade não é só uma indagação teológica de alguns medievais.
O Senhor Jesus disse –claro que isso requer o maior desafio a todas as capacidades do homem, que sempre ficarão limitadas; por isso necessitamos de revelação–, o Senhor Jesus disse: «…como tu, Oh Pai, em mim e eu em ti, que eles sejam um em nós». Que frase tremenda! Sabemos de cor; mas, quando a entenderemos? «…como…» . Esse é o modelo, «…como tu em mim e eu em ti». O que significa isso? Necessitamos da revelação do Espírito Santo, para entender espiritualmente esse «como».
Como é que o Pai é no Filho, e o Filho é no Pai? «Que também eles», ou seja, a igreja, «sejam um». Fala da unidade da igreja, um tema precioso nestes tempos de divisão de igrejas; mas diz: «sejam um em nós». Esse nós da Trindade, esse nós do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Nada mais prático, de resultados mais práticos para a vida da igreja, que ter uma revelação de Deus em Trindade, conhecer a Deus em sua Trindade.
É extremamente prático também para a família. De onde o marido vai aprender? De onde se aprendem as relações fiéis, as relações justas, as relações suaves, cheias de amor, realizadoras do outro? Onde vamos aprendê-las, se não conhecermos a Deus em Trindade? Como uma sociedade vai aprender justiça, vai aprender solidariedade, vai aprender misericórdia, se não tiver cristãos que conheçam a Deus na Trindade?
Então, amados, o ‘assunto’ da Trindade não é um assunto medieval ou bizantino, ou somente teológico. Os apóstolos falaram disso. Muita porção da Palavra de Deus se dedica a nos dizer o que Deus é e como ele é. Deus é um Deus que quis revelar-se, como já enfatizamos, e que quis dar-se.
E nesse revelar-se é que nos damos conta –a igreja– que Deus é trino, depois que o irmão Tertuliano do século II cunhou a palavra trinitas. Isso não quer dizer que Tertuliano inventou a trindade. Não, a palavra trinitas ele aplicou à Trindade, à Trindade da Bíblia.
Há outro irmão que falou maravilhas da Trindade na igreja primitiva, e nunca mencionou a palavra Trindade. Hoje, no seu livro puseram o título A Trindade, mas quando ele escreveu não o chamou assim. Era um irmão chamado Novaciano, também entre o século II e o III, um dos livros da igreja primitiva mais preciosos a respeito da Trindade.
Mas Tertuliano –quando seguimos atentamente– está falando o que a Bíblia fala de Deus. Então, na divindade, o Pai é Deus. Bem, isso não foi tão difícil, digamos, para certos monoteísmos; embora aplicar a Deus a palavra Pai foi muito difícil para o Islã. Israel, pelo menos, a aplica em um sentido mais suave, porque o próprio Deus se apresentava como um pai a Israel; às vezes, também como um marido. Assim, quanto à divindade do Pai, não houve maior problema com esses monoteísmos.
Mas a própria confissão da igreja é a divindade do Filho junto com a do Pai. O Filho é Deus com o Pai. Que, antes da fundação do mundo, o Verbo estava com Deus e era Deus, e todas as coisas foram feitas por meio dele e que sem ele nada do que foi feito se fez. Que o Filho é Deus com o Pai - essa é a própria confissão da igreja. É a igreja que sustenta a confissão da divindade do Filho de Deus.
Houve épocas onde isto foi combatido terrivelmente. Antes, durante e depois do concílio de Nicéia, onde se proclamou abertamente a divindade do Filho, houve ataques imperiais, teológicos, confusões de dentro, repressões de fora. Nosso irmão Atanásio de Alexandria, que foi um baluarte na época para confessar o que a igreja confessa a respeito da divindade do Filho, teve que sair cinco vezes exilado, teve que esconder-se entre os monges do deserto e escrever cartas escondidas aos irmãos, porque Satanás estava tratando de apagar essa grande verdade do coração da igreja: o Filho de Deus é Deus com o Pai, e aquele que não honra o Filho como o Pai, também não tem o Pai.
Que tragédia para o judaísmo, que não é cristão! Que tragédia para o Islã, que eles pensem que têm a Deus e, no entanto não têm ao Pai, se não tiverem o Filho! Quem não recebe ao Filho, não recebe ao Pai; quem não tem ao Filho, não tem ao Pai. De maneira, irmãos, que se fôssemos procurar algum assunto de primeiríssima importância, é a identidade do Senhor Jesus; porque a igreja é a igreja do Senhor Jesus. De qual Senhor Jesus? Qual é o Senhor Jesus da igreja? O Senhor Jesus da igreja é o Filho de Deus, e o Filho de Deus é Deus com o Pai.
A igreja tem muito a aprender a respeito da divindade do Filho. E é necessário formar, desde os irmãos mais novos até os mais velhos, neste claro testemunho, porque essa é a revelação que o Espírito tem dado acerca do Filho. Irmãos, o apóstolo João dedica muito cuidado nisto. Ele faz diferença entre o Espírito de Deus e o espírito do anticristo, no que esse espírito confessa a respeito de Jesus.
Em tempos de ambigüidade e astúcia, Satanás se esconde, mas o Espírito Santo discerne; o Espírito Santo foi chamado para que abra os olhos da igreja. E a serpente apresenta outro Jesus, outro evangelho e outro espírito. E Paulo diz aos santos, lá em Corinto: «Mas temo que vocês estejam tolerando em demasia. Vem alguém apresentando a outro Jesus, outro espírito, outro evangelho e vocês o toleram».
O tolerante Paulo, o apóstolo inclusivo, o apóstolo do corpo, nestas coisas, foi sério. Como vocês vão tolerar se lhes falam de outro Jesus, se a serpente quer distorcer a verdade sobre o Senhor Jesus? Primeiro, quanto a Sua divindade ou a Sua humanidade, ou quanto à relação de Sua divindade e Sua humanidade, ou na relação do Filho com o Pai ou a Sua relação conosco, Satanás sempre procurou apresentar outro Jesus, e hoje as livrarias estão cheias de apócrifos. Hoje em dia os apócrifos estão em moda. Há pessoas que não lêem a Bíblia, mas lêem seis ou sete volumes de J. J. Benítez, de Cavalo da Troia, falando necedades a respeito de Jesus, e crêem nelas, como se fosse o evangelho.
Satanás está aí, e a igreja, às vezes, fica como se tivesse dormindo, sem responder nada, como que não tendo nada a dizer, enquanto que os irmãos da igreja primitiva morriam por este testemunho.
Então, tudo o que é relacionado com à Trindade, o que a Palavra diz a respeito dela, é item fundamental do testemunho da igreja.
A igreja tem que confessar a divindade do Filho junto com o Pai, tem que confessar a divindade do Espírito Santo junto com a do Filho e do Pai. São Pedro diz que mentir ao Espírito Santo é mentir a Deus. Como o Espírito de Deus não vai ser divino? Como Deus pode ter um Espírito que seja algo menos que divino? Como que o próprio Espírito de Deus também não vai ser Deus?

A Encarnação do Verbo
A segunda palavra chave –assim como a primeira é Trindade–, o segundo grande dogma que tem sido confiado à igreja, a verdade fundamental pela igreja que tem que dar a vida, é a encarnação do Verbo de Deus.
O primeiro grande espetáculo –porque não existe no universo outro maior– é a Trindade. O segundo grande capítulo, a segunda cena, o segundo grande espetáculo, é a encarnação.
O Verbo de Deus, o Verbo que estava com o Pai e era com Deus e era Deus, por meio de quem Deus fez todas as coisas, que estava com o Pai antes da fundação do mundo, que compartilhava com o Pai a glória, sendo o próprio resplendor dela, o Filho, que disse: «Pai glorifica-me tu, ao teu lado, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse»; o que disse: «Antes que Abraão existisse, eu sou»; ele, aquele Verbo, se fez carne, se fez um homem semelhante a nós, tentado em tudo conforme a nossa semelhança, com espírito humano, com alma humana, com corpo humano, perfeitamente humano, um homem verdadeiro como você e eu. Porque, se não fosse um homem, como iria te redimir, como iria pagar o preço pelos homens e como iria realizar a nossa humanidade, se ele não a assumiu?
Mas ele disse: «Pai por eles, a mim mesmo me santifico». Ou seja, ele se vestiu de nossa humanidade, para conduzir a nossa humanidade à estatura de varão perfeito, realizar as possibilidades da humanidade em sua própria encarnação, para em seguida converter-se no pão da vida. «O pão que eu darei é a minha carne. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e eu lhe ressuscitarei no último dia». Mas, se ele não se fez homem, se foi só um fantasma, como diziam os docetistas, ou alguma lenda ou mito, como estão dizendo hoje os modernos, ou estão querendo fazer diferenças entre o Jesus histórico e o Cristo da fé, sem confessar que Jesus é o Cristo; irmãos, sem essa grande verdade, Satanás entra furtivamente.
A segunda grande verdade da igreja, pela qual a igreja é igreja, e pela qual e para a qual a igreja vive, é que o Filho de Deus, o Verbo que estava com o Pai, fez-se homem, semelhante a nós em tudo. Cresceu como crescem os homens, porque ele, como Deus, não tem que crescer; ele, como Deus não tem nada que aprender. Mas, como homem, ele cresceu em estatura, cresceu em graça, cresceu em sabedoria diante de Deus e dos homens, e pelo que padeceu, aprendeu a obediência, e foi tentado em tudo conforme a nossa semelhança, mas sem pecado.
«Quem não confessa que Jesus Cristo é vindo em carne», diz João, «esse é o espírito do anticristo, do qual vós ouvistes que vem, e já tem saído muitos anticristos». O anticristo final é um personagem; mas anticristos, no plural, diz João que há muitos espíritos de anticristo, que não confessam que Jesus Cristo é vindo em carne.
Os falsos cristos de hoje, desencarnam o Senhor Jesus, despacham a encarnação, porque eles pretendem dizer: ‘Bom, aquele Verbo, aquele Cristo, só é chamado de Cristo a unção que estava nesse homem, Jesus’, sem confessar que Jesus é o próprio Cristo, mas eles dizem: ‘Não, não! Porque é como um avatar’, eles dizem, ‘veio sobre um e agora vem sobre outro; mas é o mesmo’.
Agora, William Soto Santiago, anda dizendo por toda a América Latina que é o anjo de Jesus Cristo, como se Jesus Cristo necessitasse dele para voltar; que a segunda vinda de Cristo é através de fulano e de beltrano, porque se desfizeram de Jesus Cristo em carne, porque não confessam a Jesus Cristo em carne. O Senhor Jesus ressuscitou como homem. «Um espírito não tem carne nem ossos, como vêem que eu tenho. Têm algo de comer? Venham, comamos juntos». E comeu. «Tomam, vêem, ponha aqui o seu dedo, ponha aqui a sua mão».
«O que os nossos olhos viram, e os nossos ouvidos ouviram, e as nossas mãos apalparam referente ao Verbo da vida». Eles deram testemunho do Senhor Jesus Cristo em carne, como homem, depois da ressurreição. Não só espírito. E subiu à vista deles, e os anjos disseram: «Este mesmo Jesus…». Não precisa vir através de William Soto, ou do tal Miranda, que está lá na Colômbia e pela República Dominicana dizendo que é o Cristo, e agora vês o anticristo, tatuando as pessoas, pondo o 666. Um montão de gente que estava nas congregações evangélicas!
Por que são enganados? Muitos serão enganados, porque não conhecem a verdade. Dizem que os maiores especialistas nos dólares falsos são os que conhecem os dólares verdadeiros. Eles conhecem os verdadeiros, e quando vem um meio estranho, embora nunca tenha estudado a respeito desses outros, ao compará-lo com o verdadeiro, se dão conta que o outro é falso.
«Um espírito não tem carne nem ossos, como vêem que eu tenho», disse o Senhor. Aí está o corpo. Agora, ele fala de sua alma: «Minha alma está muito triste, até a morte», e fala do seu espírito humano: «Pai, em suas mãos entrego o meu espírito». Ele era um homem com espírito humano, alma humana e corpo humano, que foi ungido pelo Espírito divino. «O Espírito Santo ungiu a Jesus de Nazaré, que andou entre nós fazendo o bem, como todos vós bem sabeis», dizia Pedro.
O Espírito de Deus, o Espírito Santo, ungindo o espírito humano do Senhor Jesus, com alma humana e com corpo humano, e essa pessoa humana era e é a mesma pessoa divina do Filho de Deus, que estava com o Pai. Este era no princípio com Deus e era Deus. Este era no princípio com Deus, e nada do que foi feito se fez sem ele, e este, aquele Verbo, foi o que se fez carne. E não só corpo humano, mas também, como diz em Filipenses, fez-se homem; sendo em forma de Deus, não estimou o ser igual a Deus como coisa a que aferrar-se, mas despojou-se, tomou a forma de servo, feito semelhante aos homens e estando na condição de homem, humilhou-se.
Como homem, foi provado em tudo; como homem, ele venceu as provações; como homem, ele venceu a Satanás. Por isso, Satanás, quando aparecia nas sinagogas, estava disposto a confessar que Jesus era o Santo de Deus, o Filho de Deus. Mas não queria dizer que veio em carne, porque foi em carne que Jesus o venceu; em sua carne, o Senhor condenou o pecado; em sua carne, como homem, foi que Jesus venceu a Satanás. Essa é a grande verdade da igreja. Não há outra vida que viveu como a vida do Senhor Jesus. Esse é o testemunho da igreja. A encarnação é um segundo ponto.

A Expiação
E um terceiro, a palavra chave é expiação. No coração do testemunho da igreja está a morte expiatória por nossos pecados, do Filho de Deus, que chegou também a ser o Filho do Homem. Deus quando Verbo, homem quando se encarnou, assumindo integralmente a nossa natureza humana, só que sem pecado. E, logo depois de ser seriamente provado, e tendo vencido, tendo recebido do Pai a aprovação, no batismo, no monte da transfiguração e na ressurreição, Deus demonstrou que esse é seu Filho amado. «Este é meu Filho amado no qual tenho contentamento, a ele ouvi».
Deus o vindicou como Filho de Deus na ressurreição, depois de morrer uma morte expiatória. A expiação é o grande coração do evangelho.
Quando você vê o tabernáculo, o que estava no Lugar Santíssimo, no centro do Lugar Santíssimo, era a arca do testemunho, e ainda por cima, o propiciatório. Do que ela nos fala? Da pessoa e obra fundamental do Senhor Jesus. O ouro por dentro e por fora da arca, e a madeira da arca, fala-nos da pessoa divina e humana do Senhor Jesus. O ouro, por dentro, fala-nos de sua identidade eterna como Filho de Deus; porque o ouro representa a natureza divina. E ele, antes da fundação do mundo, estava com o Pai, e portanto, dentro da arca. A sua identidade mais íntima é a de Filho de Deus.
Mas ele também assumiu a natureza humana, fez-se carne, se fez homem como nós. Portanto, um pouquinho mais para fora desse ouro, está a madeira de acácia, que nos fala de sua humanidade. Mas, em seguida, ele disse: «Pai, glorifica-me com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse». Só que ele, agora, não só estava como homem, mas também como Deus. Portanto, ao ser glorificado como Filho de Deus, agora em humanidade, glorificou a nossa humanidade. E, por isso, do lado de fora da madeira, há ouro outra vez na arca.
A arca tem ouro por fora e por dentro, e no meio, madeira. Porque o Senhor Jesus era Deus, fez-se homem e voltou para a glória. Então, ele é homem e Deus, Deus e homem. Há um homem, um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem; mas ao mesmo tempo glorificado. Mas, em cima da arca, estava o propiciatório, onde se fazia propiciação ou expiação, onde se derramava o sangue do cordeiro. Isso é o essencial, isso é o primeiro, isso é o que se encontra no coração do Lugar Santíssimo.
E essas são as três primeiras grandes verdades dogmáticas da igreja: Jesus como Filho de Deus, divino como o Pai, segunda pessoa da Trindade divina, e feito homem, provado em tudo, mas sem pecado, glorioso, e morto na cruz por nossos pecados.
Quando o apóstolo Paulo recordava à igreja em Corinto, os primórdios do evangelho, ele lhes diz: «Declaro-vos, irmãos, o evangelho que vos preguei, no qual recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado, se é que não crestes em vão». Porque há uma fé que não é do espírito, é só uma crença do homem exterior; mas, quem creu de verdade, como uma revelação, com novo nascimento, esse é salvo para sempre.
Então, Paulo lhes diz: «Declaro-vos este evangelho…». E começa a declarar a essência do evangelho. Fundamento; não há outro fundamento. E a primeira palavra que diz é: «Cristo». E a segunda palavra diz: «morreu por nossos pecados, conforme as Escrituras e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia conforme as Escrituras e apareceu…». E começa a mencionar as aparições aos homens e não mencionou as mulheres, não porque não lhes tivesse aparecido, mas porque na época o testemunho das mulheres não eram levados em conta; então ele mencionou as aparições aos homens.
Paulo diz que essa é a essência do evangelho; a primeira coisa que ele ensinou. Esse era o fundamento que ele, como perito arquiteto, colocava na igreja. Cada irmão deve estar fundamentado sobre esse fundamento: Quem é o Filho de Deus, a sua pessoa divina e humana, e primeiramente a sua morte expiatória. Então, agora sim vem a ressurreição, agora sim vem a ascensão. Porque a morte era para tirar o negativo; a ressurreição, ascensão e o Espírito para suprir o positivo. Suprir o positivo, o novo.

A justificação pela fé e outras verdades
Então, da morte, da expiação, deriva-se outra grande verdade fundamental que foi a tecla que o Espírito Santo esteve tocando durante a época da Reforma, porque tinha-se perdido. Satanás a tinha confundido no conhecimento dos santos. A justificação pela fé.
Expiação e justificação pela fé são as grandes verdades dogmáticas da igreja. Claro que também, junto com a morte, está a ressurreição. A ressurreição integral, com espírito, alma e corpo, do Senhor Jesus. Ele não ressuscitou só em espírito. Hoje em dia, alguns enfatizam que ele se tornou espírito, como se ele tivesse desaparecido como homem. Mas ele é homem, ele ressuscitou como homem. Inclusive quis conservar as cicatrizes, para que não houvesse dúvida. «De onde tem estas feridas? Com elas fui ferido na casa dos meus amigos», diz Zacarias. Ele conservou as suas cicatrizes. Ele já sabia que Tomé ia dizer isto: «Se não colocar o meu dedo em suas chagas, não vou crer». Então, conservou-as, como uma grande honra.
Vêem? Aí está a essência. Você tem ressurreição, ascensão, derramamento do Espírito. Essas são grandes verdades. Irmão, de cada um destes passos, a igreja obtém imensos benefícios.
Essas sete festas de Israel, como diz Paulo aos Colossenses, eram sombras de Cristo, mostravam algum aspecto fundamental de Cristo. A páscoa mostrava a Cristo crucificado; os ázimos, a Cristo repartido; as primícias, a Cristo ressuscitado; Pentecostes, ao Espírito de Cristo derramado; as trombetas, a Cristo anunciado, pregado aos gentios, crido no mundo, o testemunho da igreja, e a festa da expiação, Cristo advogado, à mão direita do Pai, intercedendo por nós. E então, a festa final, a do reino, a das cabanas ou tabernáculos, Sucote, Cristo voltando, estabelecendo o seu reino milenar.
Essas são grandes verdades sobre Cristo. Cristo divino, na eternidade, na Trindade, Cristo no planejamento, como arquiteto com o Pai, decidindo com o Pai: «Façamos o homem conforme a nossa imagem», etc. Cristo na revelação, Cristo na redenção, Cristo no juízo, Cristo no reino.
As grandes verdades a respeito de Cristo; esse é o tema da igreja, é o gozo da igreja, é a comida da igreja. Agora sim podemos falar da igreja. Mas antes, ainda não. Até não chegar ao século XVI, o Espírito Santo não tinha enfatizado o assunto da igreja. Se você olhar para a história dos temas que o Espírito Santo enfatizou, vai notar que ele seguiu uma ordem sistemática.
O que os irmãos dos três ou quatro primeiros séculos falavam? De muitas coisas, mas o assunto principal que o Espírito Santo os tinha embebido era: Quem é Jesus? Que relação tem Jesus com o Pai? É de outra substância ou é da mesma substância? É consubstancial ou é parecido? Isso era o que eles queriam saber, e pesquisavam as Escrituras em oração. E de repente saltavam das Escrituras as palavras do próprio Deus a respeito de seu Filho e do próprio Filho a respeito de si mesmo, e do Espírito pelos profetas e apóstolos sobre o Filho. Quem era o Filho? Esse era o tema da igreja nos primeiros quatro séculos.
Depois que já tinha ficado claro que o Filho era tão Deus como o Pai, então agora o assunto era: É também homem? Como se relaciona a sua divindade e a sua humanidade? São duas naturezas na mesma pessoa, ou são duas pessoas? Ou é metade Deus e metade homem? Esses eram os assuntos deles. E se atrasaram vários séculos, até o final da época patrística. O último dos patrísticos foi João Damasceno. A cristologia era ainda o seu tema, até o século VIII. Depois, na Idade Média, no século X, começou o assunto da expiação a ser trazido outra vez pelo Espírito Santo. Os apóstolos tinham falado de maneira tão clara, mas na Idade Média não estavam seguros por que Jesus Cristo tinha morrido.
Quando lemos o Novo Testamento, é tão claro. Mas depois de dez anos de história da igreja, ainda um grande teólogo chamado Pedro Abelardo pensava que o Senhor Jesus morreu na cruz para nos dar exemplo de martírio, para nos dar exemplo que nós também temos que deixar ser morto por Deus. Será que é para isso que o Senhor Jesus morreu na cruz? Claro que isso também está incluído, mas, seria esse o ponto principal? Notaram? Quem ia pensar que isso era um ponto de discussão na Idade Média?
Hoje, há coisas que nos parecem uma loucura, como quando os teólogos espanhóis discutiam se os indígenas tinham alma. E dos negros, nem era discutido, davam-no por certo que não tinham. Alguém poderia pensar: meu Deus, essa era a teologia dos teólogos? Exatamente, essa era. E os bizantinos discutindo quantos anjos cabiam na ponta de uma agulha, ou de que cor eram os olhos da virgem Maria. E os muçulmanos tomaram todo o império, quando aqueles estavam em pleno concílio averiguando a respeito dos olhos de Maria.
Irmãos, Satanás nos distrai com as coisas desnecessárias e nos tira o essencial. Então, na Idade Média, por fim o Senhor levanta a irmãos como Anselmo de Canterbury, que escreveu a obra por que Cristo morreu. E aí começa a trazer luz outra vez do que sempre esteve na Bíblia, mas que lhes tinha desaparecido. Não sei o que foi feito da Bíblia. Por fim, começaram a pensar que ele tinha morrido para expiar os nossos pecados, e procuraram entender a expiação. Agora sim, depois da expiação, depois da Idade Média, a cristandade estava preparada para a Reforma.
E, qual era o tema da Reforma? Qual era agora a ênfase do Espírito? «O justo pela fé viverá». Somente a Escritura, só a fé, só a graça. A justificação pela fé, verdade fundamental, o coração de Romanos.
Mas, sabe o que dizia o Concílio de Trento, irmão, em pleno tempo da Reforma, fazendo a Contra-reforma? Reunidos um montão de padres, chegaram a esta conclusão: ‘Aquele que dizer’, diz um dos cânones fundamentais sobre a justificação do Concílio de Trento, da Contra-reforma, ‘aquele que dizer que é justificado somente pela fé seja anátema´. Isso diz o Concílio de Trento, ou seja, anatematizou a São Paulo, anatematizou a Romanos, aos Gálatas, anatematizou a essência do evangelho, aquilo que estava representado por aquele propiciatório no coração do Santíssimo, em cima da arca.
O essencial foi anatematizado pelo Concílio de Trento, porque eles confundiam justificação com santificação. Mas o mesmo Senhor Jesus foi o que falou de justificação. Por acaso ele não contou a parábola do fariseu e do publicano? O publicano orava consigo mesmo; ao contrário, o que dizia o fariseu? «Sê propício a mim». E outras traduções dizem: «Propício para mim». E diz que ele saiu justificado; ou seja, aquele que confiava em sua justiça própria, saiu ainda pecador. Mas, o pecador que confiou na propiciação, saiu justificado.
Isso não é doutrina só de Paulo, mas do Senhor Jesus. Dele, em Isaías 53 se diz que: «O seu servo justo justificará a muitos». A justificação não é invento de Paulo. Hoje em dia querem dizer que Paulo foi o que inventou outro ramo do cristianismo, e atacam a Paulo. Mas o Senhor Jesus disse: «Este me é um instrumento escolhido, para levar o meu nome às nações».
Hoje, a Nova Era, os apócrifos, têm um ódio terrível de Paulo. Hoje em dia já trouxeram outro apócrifo, o de Judas Iscariotes, jogando a culpa em Deus, defendendo o diabo e a Judas. ‘O culpado de tudo é Deus’, esse é o que diz o evangelho de Judas Iscariotes.
Irmãos, a igreja não pode estar calada. Ela tem que dar testemunho constante e permanente do que lhe foi confiado. E isto foi confiado à igreja: «O justo pela fé viverá».

A Igreja
Agora sim, depois da época da Reforma, quando já ficou claro quem é salvo e como se salva, quem não é salvo, e quem está dentro e quem está fora, agora sim se pode falar da igreja, agora sim o Espírito Santo pode tomar alguns dos irmãos, e começar a falar da natureza da igreja, da inclusividade da igreja, do corpo de Cristo. E o movimento da visão da igreja foi introduzido na história da igreja pelo Espírito Santo.
A verdade fundamental a respeito da igreja, descansa sobre a da justificação pela fé. Conseguem notar? E essa descansa sobre a expiação e sobre a pessoa de Cristo e sobre a Trindade. Trindade, encarnação, expiação. Podemos pôr: ressurreição, ascensão, Espírito e também justificação pela fé, vida Santa, vida no Espírito, igreja. Agora sim chegamos à igreja.
Agora, no século XVIII e XIX, XX e XXI, o Espírito Santo está levando a igreja a compreender-se a si mesma, mas à luz da salvação, à luz de Cristo. Ou seja, a eclesiologia não é o primeiro capítulo, é o penúltimo. O último é a escatologia, as últimas coisas. Quando já vemos a igreja, os vencedores, o milênio, o reino, aí começam todas estas coisas, aí começa a escatologia. Novo céu, nova terra, essa síntese que começa por: «Cristo em vós, a esperança da glória». Aí sim, chegamos à escatologia, a esperança, a bendita esperança, uma mesma esperança, «a esperança de glória».
Agora sim, depois do reino, temos a eternidade, o propósito eterno de Deus. Essas são palavras chaves que não devemos esquecer dentro do depósito de Deus. Dentro do conselho de Deus, há assuntos essenciais que têm uma ordem lógica, uma ordem espiritual, que um é o que te leva ao outro. E assim, o Espírito Santo, conforme a promessa de Jesus, conduziu à igreja. Porque ele disse: «O Espírito vos guiará a toda verdade». E o Espírito Santo, como em um parto, dirigiu esse parto da igreja que é como aquela mulher em trabalho de parto para dar a luz esse menino, esse filho varão – Cristo formando-se na igreja.
O Espírito Santo foi revelando à igreja, com a mesma Palavra de sempre, a mesma Bíblia de sempre. Mas, cada vez, ele vai abrindo mais, primeiro a respeito do próprio Deus e a respeito de Cristo, porque é por meio de Cristo que conhecemos a Deus, é por meio de Cristo que conhecemos o homem, é por meio de Cristo que conhecemos a salvação e é por meio de Cristo que conhecemos a igreja e o reino e o propósito eterno de Deus.
Todas estas coisas estão integradas em uma ordem lógica que vem da eternidade e que vai até a eternidade, e que assim foram ensinadas pelo Espírito Santo conforme o seu ministério, ao longo de vinte e um séculos de história eclesiástica. O Espírito Santo enfatizando estas coisas, porque era necessário que primeiro houvesse algumas coisas que fossem clareadas, para que sobre elas o Espírito pudesse nos ajudar a dar um passo mais à frente.
Então, irmãos, digamos que a história da igreja se recapitula na revelação final que a igreja do fim tem que levar. Porque diz a palavra de Deus que «melhor é o fim do negócio que o seu princípio», Vêem? Porque os patriarcas trabalharam para nós, Moisés trabalhou para nós; Josué, os juízes, os reis, os profetas, todo o Israel trabalhou para nós. Os apóstolos trabalharam para nós.
Nós estamos em cima da patrística, sobre os ombros dos escolásticos, sobre os ombros dos pré-reformadores e dos reformadores, dos grandes missionários. Todo o trabalho do Espírito ao longo de vinte e um séculos, era para nos passar isso. Todo esse depósito. Somos herdeiros dele. Foi mastigado por longos séculos. Às vezes, um assunto necessitava de quatro séculos de mastigação para ficar decantado no coração da igreja para poder o Espírito Santo passar a um ponto seguinte.
Mas estamos nas gerações finais, irmãos. Então somos os herdeiros de toda essa riqueza, de todo esse processo. Se o depósito de Deus era grande no princípio, quando não tinha sido digerido, imagine agora que foi digerido por vinte e um séculos de história da igreja! Quantos irmãos tratando de mastigar por um lado e pelo outro, e clarear e conversar, para que fosse chegando a nós algo mais definido, mais decantado!
Irmãos, nós estamos nos ombros deles; mas cada geração tem que ser fiel a sua própria geração. Nós devemos, sobre os ombros dos nossos irmãos, dar um testemunho o mais completo possível, do principio ao fim, do conselho de Deus.
Resumido de uma mensagem ministrada em Temuco, em agosto de 2008.

Por: Irmão Gino Iafrancesco - Extraído da Revista águas vivas

AS 42 JORNADAS NO DESERTO - CAPÍTULO 52

TEXTO: Êxodo 17: 8-16 – 11ª Estação – REFIDIM

Graças ao Senhor que nos permite mais uma vez continuar estudando mais uma maravilhosa estação por onde o povo de Israel esteve durante aquela peregrinação de 40 anos pelo deserto. Vamos estudar a 11ª estação – Refidim –, esta estação que nós já temos estudado em algumas lições passadas. Hoje, mais uma vez, pela graça do Senhor, nós vamos dar continuidade. Por isso temos que ler Êxodo, capítulo 17, versículos do 8 ao 16, que vai nos mostrar outro aspecto de Refidim:

8 - Então, veio Amaleque e pelejou contra Israel em Refidim.
9 - Com isso, ordenou Moisés a Josué: Escolhe-nos homens, e sai, e peleja contra Amaleque; amanhã, estarei eu no cimo do outeiro, e o bordão de Deus estará na minha mão. (aqui fala de Autoridade espiritual).
10 - Fez Josué como Moisés lhe dissera e pelejou contra Amaleque; Moisés, porém, Arão e Hur subiram ao cimo do outeiro.
11 - Quando Moisés levantava a mão, Israel prevalecia; quando, porém, ele abaixava a mão, prevalecia Amaleque.
12 - Ora, as mãos de Moisés eram pesadas; por isso, tomaram uma pedra e a puseram por baixo dele, e ele nela se assentou; Arão e Hur sustentavam-lhe as mãos, um, de um lado, e o outro, do outro; assim lhe ficaram as mãos firmes até ao pôr-do-sol.
13 - E Josué desbaratou a Amaleque e a seu povo a fio de espada.
14 - Então, disse o SENHOR a Moisés: Escreve isto para memória num livro e repete-o a Josué; porque eu hei de riscar totalmente a memória de Amaleque de debaixo do céu.
15 - E Moisés edificou um altar e lhe chamou: O SENHOR É Minha Bandeira.
16 - E disse: Porquanto o SENHOR jurou, haverá guerra do SENHOR contra Amaleque de geração em geração.

Aqui nós vemos que, num momento de crise espiritual, Satanás, usando Amaleque, aproveitou daquele ambiente de provocação, de tentação, daquela situação difícil quando Deus estava provando Israel. A Bíblia diz: “Então, veio Amaleque e pelejou contra Israel em Refidim”. Aqui, amados irmãos e irmãs, quero que vocês notem onde Satanás escolhe pelejar. Em outra passagem da Bíblia diz: “veio para agarrar os mais fracos”, os que estavam ficando para trás. Esse é o momento em que Satanás começa o seu ataque. Ali, quando parece que o Senhor não está, quando o povo está desconfiando da presença de Deus, onde existe todo este ambiente de crise espiritual. Mas também nós podemos ver algumas coisas interessantes. Primeiro temos que considerar que, espiritualmente falando, no aspecto bíblico “Amaleque é uma figura da carne”. Mas aqui também nós temos uma extraordinária e grandiosa “figura da cruz de Cristo”. A Bíblia diz que enquanto Moisés esteve com as mãos estendidas – aqui nós temos uma “figura de Cristo na cruz”, uma figura “da cruz de Cristo” –, “Israel prevalecia”. Então, logo abaixava as mãos e “prevalecia Amaleque”. Isto é, se não estivéssemos com este grande exemplo aqui nós não poderíamos trazer tamanha lição para nós hoje. E graças ao Senhor por este episódio, porque aqui nós temos uma luta da nossa carne, de acordo com o fundamento da cruz. “Amaleque fala da nossa carne”. Mas aqui mostra que nós devemos “olhar para a cruz”. Porque se não for pela obra da cruz, se não olharmos para a obra da cruz, nós seremos derrotados. Nós temos que ter os nossos olhos fixos na cruz de Cristo, isto é, na “obra do Senhor Jesus” por nós. Só assim nós poderemos prevalecer contra a carne. Quando a cruz não estava prevalecendo, Amaleque, ou seja, a carne prevalecia.

Então a Bíblia diz que o Senhor falou a Moisés: “Hei de riscar totalmente a memória de Amaleque de debaixo do céu”. É o versículo 14. Veja que neste incidente no qual Deus está interessado, Ele quer que isso esteja escrito para “memória”. Deus quer que nós tenhamos uma atenção especial quanto a este episódio, porque isso fala hoje ao nosso coração. Quando nós entendermos isso, que existe uma luta contra a nossa carne, uma luta que o Diabo sempre impôs com propósito de nos enfraquecer, e geralmente é em momentos de dúvida, é em momentos em que nós estamos sendo provados que ele aproveita. Quando Deus estava provando seu povo, Satanás aproveitou. Muitas vezes é num momento de luta, de tribulação, de prova onde Deus nos coloca, que o inimigo aparece para poder agir na nossa carne, para poder nos enfraquecer mais e mais.

E a Bíblia diz outro detalhe que nós temos que notar no versículo 15: “E Moisés edificou um altar e lhe chamou: O SENHOR É Minha Bandeira”, isto é, o Senhor é o nosso estandarte, ou seja, é Ele que vai adiante de nós. Ele é a nossa vanguarda, a nossa bandeira. Foi o Senhor que conduziu o povo de Israel a esta experiência, que quis ensinar a Israel nessa prova. Aqui nós vemos que, se nós cremos, “a Rocha flui”. Essa foi a experiência anterior à experiência de Amaleque, quando eles não tinham água para beber e Moisés tocou a Rocha e dali fluiu água. Agora, se nós olharmos para a cruz, veremos que iremos prevalecer. Não basta apenas que nós tenhamos um desfrute da “Pessoa de Cristo” como nossa vida hoje, como as águas que fluíram daquela Rocha em Horebe, mas também precisamos olhar para a cruz, para que nós possamos experimentar a “Obra de Cristo”.

Amados irmãos e irmãs, aqui nós temos duas grandiosas experiências: a “Pessoa de Cristo” e a “Obra de Cristo”. A Pessoa de Cristo é aquilo que Ele é para nós como desfrute, experiência, vida, ensinamento. Mas também nós temos que notar a Obra de Cristo, aquilo que Ele fez contra tudo que Satanás tinha em nós, era em nós, deseja fazer em nós. Aqui nós temos um ponto positivo e um negativo na nossa experiência cristã. O ponto positivo é aquilo que Cristo é. Mas o aspecto negativo é aquilo que Ele fez, porque trata do lado negativo da nossa própria vida, trata com a nossa carne, com as nossas fraquezas, com aquilo que éramos em Adão – filhos da ira, como diz Efésios, capitulo 2. Estávamos destinados à condenação eterna, debaixo de um governo maldito e satânico, do qual Deus em Cristo nos libertou com a Obra da Cruz. Ele nos declarou e operou em nós a liberdade, Ele nos fez livres, perdoou os nossos pecados, nos tirou das mãos de Satanás, nos libertou do pavor da morte. Todas essas coisas revelam o lado negativo da experiência da nossa vida cristã, quanto àquilo que nós vivíamos outrora nas garras e no domínio de Satanás, no reino das trevas. Mas Ele fez isso, é a Obra de Cristo. Mas também Ele é o nosso desfrute hoje, a nossa Vida, a nossa Paz, a nossa Santidade, a nossa Justiça. Cristo é tudo o que nós necessitamos hoje.

Aqui em Refidim nós podemos ver dois aspectos gloriosos da vida cristã relacionados a Cristo – a “Pessoa de Cristo” e a “Obra de Cristo”. Se nós entendermos isso, veremos que justamente neste ponto é que Deus, pelo Seu Espírito, está nos falando agora. Nós precisamos ver isso! Ver aquilo que Cristo é para nós hoje. Será que nós temos visto? Será que nós conseguimos entender a sublimidade, a riqueza, a excelência do conhecimento de Cristo?

Irmãos, quando nós lemos Filipenses, podemos ver no capítulo 3, a partir do versículo 8, quando Paulo diz assim:

8 – Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo.

Ele queria ganhar a Cristo. Aqui ele não está falando da Obra de Cristo. Ele está falando da Pessoa de Cristo. Ele queria ter Cristo como seu desfrute. Diz assim os versículos 9 e 10:

9 – e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé;
10 – para conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me (ou conformado) com ele na sua morte.

Aqui ele já não está falando da Pessoa. Está falando de quê? Da Obra de Cristo. Olhe agora o versículo 14: “prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. Então nós podemos ver aqui duas coisas: o desfrute de Cristo e o desfrute da Obra de Cristo. Em muitas passagens nós vamos encontrar Paulo falando sobre isso – o desfrute de Cristo e o desfrute da Obra de Cristo. Isso foi o que Deus nos deu, o que Deus fez em Cristo e é isso que o Espírito Santo quer aplicar em nossa vida, é isso que Ele quer aplicar em mim e em você. Se nós estudarmos a Bíblia nós vamos ver essas verdades em nós, verdades estupendas, para nos libertar de vivermos num cristianismo cheio de obsessão, de engano, de mentiras. Um cristianismo onde cada dia as pessoas se tornam mais medíocres em relação ao Evangelho, a Palavra de Deus, à conduta, à fé. Amados irmãos e irmãs, precisamos ser ajudados pelo Senhor na Sua Palavra, ser conduzidos pelo Senhor na Sua palavra. Essas são as verdades de Refidim. É isso que o Senhor deseja ministrar a nós aqui, deseja tocar o nosso coração.

Vamos voltar aqui para o episódio de Refidim. Lendo Deuteronômio, capítulo 25, versículos do 17 ao 19, o Senhor diz:

17 - Lembra-te do que te fez Amaleque no caminho, quando saías do Egito;
18 - como te veio ao encontro no caminho e te atacou na retaguarda todos os desfalecidos que iam após ti, quando estavas abatido e afadigado; e não temeu a Deus.
19 - Quando, pois, o SENHOR, teu Deus, te houver dado sossego de todos os teus inimigos em redor, na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá por herança, para a possuíres, apagarás a memória de Amaleque de debaixo do céu; não te esqueças.

Então amados, neste texto de Deuteronômio, o que vemos é que o Senhor vai tratar com a carne. Mas vamos olhar primeiro o natural para depois olharmos o espiritual.

Em 1º Samuel, no capítulo 15, a Bíblia diz que Deus mandou “eliminar a Amaleque da face da terra”. Neste texto aqui de 1º Samuel, capítulo 15, a ordem de Deus era que Saul apagasse a memória de Amaleque na terra. Mas nós sabemos que Saul foi tolerante com Amaleque. A Bíblia diz que Saul e o povo perdoaram a Agague, que era o “rei dos amalequitas”, e o melhor das ovelhas e das vacas. É interessante que isso é o que eles fizeram, está em 1 Sm 15:9. Isso é muito sério! No versículo 13, a Bíblia diz que Samuel veio para poder tratar com Saul: “Veio, pois, Samuel a Saul, e este lhe disse: Bendito sejas tu do SENHOR; executei as palavras do SENHOR”. Ele diz que executou, que obedeceu, que fez tudo conforme a Palavra do Senhor. Ele não fez, porque não eliminou, não extinguiu Agague, não extinguiu o melhor das ovelhas, das vacas. Ele foi tolerante com a carne. É isso que espiritualmente significa. Amados, quantos de nós somos assim, que fazemos provisão para a carne, que somos tolerantes com o nosso próprio pecado, com aquelas coisas que estão escondidas dentro de nós. O Senhor não se agrada disso, não deseja isso.
Veja o que Paulo diz em Romanos, capítulo 13, versículo14: “mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências”. Veja o quanto isso é sério! Foi justamente aqui que Saul pecou. Foi na sua tolerância, na sua complacência. Amados irmãos e irmãs, nós não podemos ser tolerantes com a nossa carne, como diz Paulo no capitulo 7, de Romanos, versículo 18: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo”. Não podemos ser tolerantes, não podemos ser complacentes, não podemos brincar com o pecado. Essa é uma verdade que nós podemos aprender. A descrença de Saul cauterizou a sua consciência, tornando-o distraído quanto ao pecado. Repentinamente o pecado começa a seduzir aquele que um dia foi um homem de Deus. Veja que Samuel ordenou a Saul que aniquilasse os amalequitas. O profeta deu a Saul instruções, dera para ele a Palavra de Deus. Mas ele não foi obediente. Contudo, quando a batalha terminou, Saul manteve o rei Agague, como um troféu vivo, também guardou alguns dos despojos, o melhor do gado das ovelhas. Saul teve até a audácia de erguer um monumento a si próprio, em memória da sua vitória. Uma vez mais vemos na vida de Saul como ele foi infiel quanto a Palavra de Deus.

Quando Samuel chegou, talvez (eu penso), que não acreditou naquilo que viu. O campo de batalha havia se transformado num verdadeiro campo de promiscuidade, de rebelião a Deus. As pessoas ali comercializando gado, cada um obtendo o melhor dos despojos para si. Irmãos e irmãs, nós precisamos ser cautelosos, cuidadosos, não podemos ter uma vida cristã misturada com a nossa carne. Nós precisamos viver uma vida cristã séria com Deus, precisamos ser cautelosos quanto ao testemunho da vida de Deus em nós. Nós não podemos permitir que o inimigo nos engane desse modo, como Saul foi enganado. A nossa carne é algo com o qual não podemos brincar.

Alguns cristãos hoje em dia estão como Saul, estão entregues a toda espécie de desobediência. Muitos não têm compreendido o verdadeiro significado de viver uma vida separada para Deus. Muitos chegam a uma situação como esta de Saul, porque não são diligentes, não são cuidadosos, são levianos. De acordo com a Palavra de Deus, é aqui que o “ocultismo”, é aqui que as “obras das trevas” têm raízes. É quando nós não somos sérios quanto a nossa carne, é quando nós fazemos provisão para a carne. Veja o que Samuel diz para Saul: “obedecer é melhor do que sacrificar”. E aquela rebelião, aquela desobediência a Palavra de Deus, aquela provisão para a carne, era como um pecado de “feitiçaria”, isto é ocultismo. Muitas vezes, muitas vezes essa artimanha satânica, essa feitiçaria, essa ilusão maligna, começa a apropriar-se da nossa carne, porque nós não temos andado de conformidade com a Palavra de Deus. Como disse Samuel a Saul, em 1 Sl 15:23: “Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria”.

Que sejamos cuidadosos, tementes a Deus, que nós nunca venhamos brincar com a carne. Que sejamos circunspectos com relação ao testemunho de Deus, tementes a Palavra de Deus, cuidadosos quanto ao operar do Espírito Santo na nossa vida nos convencendo do “pecado, da justiça e do juízo”. Que estas lições de Refidim falem alto ao nosso coração, que Cristo e a Obra de Cristo sejam evidentes no nosso viver a vida cristã dia após dia. Se nós deixarmos Cristo e se nós tirarmos os nossos olhos da Obra de Cristo em nós, com certeza faremos provisão para a carne e estaremos derrotados.

Que Deus nos guarde pelo Seu falar ao nosso coração.

Por: Irmão Luiz Fontes

AS 42 JORNADAS NO DESERTO - CAPÍTULO 51

TEXTO: ÊXODO 17:6 – 11ª Estação – REFIDIM

Vamos dar continuidade do estudo das jornadas do povo de Israel pelo deserto. Nós estamos estudando a 11ª estação, que é Refidim, aonde Deus conduziu o povo. A Bíblia diz que “ali não havia água para o povo beber e o povo se levantou contra Moisés”.

No versículo 6, de Êxodo 17, quando Deus conduz Moisés para a Rocha, diz assim: “Eis que estarei ali diante de ti, em Orebe; ferirás a Rocha e dela sairá água e o povo beberá. Moisés assim o fez na presença dos anciãos de Israel”.

Ainda vamos ler Deuteronômio, capítulo 32, versículos de 1 a 4. Esse capítulo é um cântico de Moisés que está assim: “1 Inclinai os ouvidos, ó céus, e falarei; e ouça a terra as palavras da minha boca. 2 Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a relva e como gotas de água sobre a erva. 3 Porque proclamarei o nome do SENHOR. Engrandecei o nosso Deus. 4 Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto”.

Ainda vamos ler também 1Co 10:4: “4 e beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo”.

Então nós vimos algo maravilhoso nesses textos que lemos, vimos que naquele momento difícil, naquele momento de morte, de desespero, de angústia, de incredulidade, aparece a Rocha. A Rocha no deserto. E essa Rocha é uma figura de Cristo, a nossa salvação. Deus demonstra a Sua presença ali. Aquele povo não cria na presença de Deus, mas Deus estava presente na Rocha, assim como também Deus estava em Cristo nos salvando. Esse episódio nos remete para o capítulo 4 de João, quando o Senhor Jesus encontrou aquela mulher samaritana e a Bíblia diz que, quando o Senhor chega até aquele poço de Jacó, vem aquela mulher buscar água. A Bíblia diz que o Senhor pede àquela mulher que lhe dê água. Ela disse para o Senhor Jesus: “Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?”. O Senhor Jesus vira para aquela mulher e diz: “Ah! se conheceras o dom de Deus e aquele que te pede água, tu lhe pediria água e eu te daria água. E a água que eu te der vai formar em você uma fonte que vai saltar para a vida eterna”. Essa é a verdade espiritual daquilo que podemos ver nessa experiência de Orebe, da Rocha ferida. Aqui vemos Deus conduzindo o Seu povo através de uma situação difícil para que esse povo pudesse conhecer o mais glorioso poder de Deus, mais do caráter de Deus, mais da pessoa de Deus. Deus disse para Moisés: “Eu estarei diante de ti ali sobre a Rocha em Orebe”. Moisés era um homem de fé, ele creu nessa palavra. Ele foi até a Rocha, ele tocou com o cajado na Rocha, ele obedeceu à voz de Deus e da Rocha fluiu água porque Moisés creu. Isto é uma maravilha, amados irmãos e irmãs. Essa é a grande verdade, Moisés fez assim na presença dos anciãos de Israel.

O versículo 7, de Êxodo 17, diz que chamou aquele lugar Massá, que quer dizer “prova”. Massá e Meribá. Meribá é “rixa”, porque o povo contendeu com Deus. Aquele povo que não conheceu o caráter de Deus, contendeu com Deus porque não conhecia Deus. Eles tentaram o Senhor. Mas uma coisa é certa, quando nós estudamos a Bíblia em Hebreus, capítulo 3, versículos de 7 a 17, nós podemos ver um pouco dessa experiência, dessa ignorância, dessa incredulidade, dessa mediocridade do povo. Deus estava ali se revelando a eles, mas eles não viam Deus. Eles estavam ali, diante da graça e da presença de Deus sobre aquela nuvem, mas eles não podiam entender que Deus estava sobre aquela nuvem conduzindo-os. Eles não podiam ver isso. Portanto, em Hebreus, capítulo 3, versículos de 7 a 17, nós podemos ver algo. Porque o desejo de Deus era levar aquele povo para um descanso, para um desfrute, para Sua satisfação, para o Seu prazer, eles não entendiam. Irmãos e irmãs, o nosso coração é assim. Quantas vezes nós não conhecemos a razão pela qual passamos por muitas provas, lutas, tribulações! Vamos ler Hebreus. Creio que isso pode nos ajudar a nos corrigir.

Os versículos de 7 a 9, de Hebreus 3, dizem assim: “Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz,8 não endureçais o vosso coração como foi na provocação, no dia da tentação no deserto, 9 onde os vossos pais me tentaram, pondo-me à prova”. A palavra prova aqui é “dokimazo”, no grego, que significa “ver se uma coisa é genuina ou não”. Concluindo o versículo 9, temos:“...e viram as minhas obras por 40 anos”. Olhem essa frase: “viram minhas obras por 40 anos”. Versículo 10: “Por isso me indignei com essa geração e disse: esses sempre erram no coração; eles também não conheceram os meus caminhos”. Olhem essa outra frase: “não conheceram os meus caminhos”. Aqui nós temos que atentar para alguns princípios importantes. Primeiro, Deus diz que a murmuração daquele povo era uma clara demonstração de incredulidade. Eles fizeram aquilo para provar a veracidade do caráter de Deus. Segundo, veja que no versículo 10 diz: “Por isso me indignei com essa geração”. No grego indica o motivo. E qual o motivo pelo qual Deus se indignou contra eles? A parte final do versículo 9, de Hebreus 3, responde: “...viram as minhas obras por 40 anos”. Ora, qual é o problema aqui? Veja o final do versículo 10: “...não conheceram os meus caminhos”. Precisamos saber qual é a diferença entre as obras de Deus e os caminhos de Deus. O Salmo 103:7 diz: “E manifestou os seus caminhos a Moisés e os seus feitos aos filhos de Israel”. Notem essa palavra, caminhos. No hebraico essa palavra é “derek”. A primeira ocorrência dessa palavra na Bíblia está em Gênesis 3:24. Segundo os grandes eruditos, todas as vezes que uma palavra é mencionada pela primeira vez na Bíblia, geralmente ela estabelece ali o seu princípio. Então vejamos Gênesis 3:24: “E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do jardim do Éden e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida”. Olhem a palavra caminho. Espiritualmente falando, quando Deus revelou os Seus caminhos a Moisés, na verdade, Ele estava revelando o caminho da árvore da vida, porque o caminho da árvore da vida era o caminho para o conhecimento de Deus, era o caminho para a intimidade com Deus, era o caminho do desfrute de Deus. Aquele caminho que Adão recusou conhecer foi o caminho que Deus revelou para Moisés desfrutar Deus como seu alimento.

Na história do povo de Deus nós encontramos duas classes de pessoas: aquelas que somente conhecem os feitos de Deus, as obras de Deus, e aquelas que conhecem os caminhos de Deus. E o que significa conhecer os caminhos de Deus? Seus caminhos revelam Sua intimidade, revelam o segredo do Seu coração, revelam para nós o mistério da Sua vontade, revelam para nós o Seu estupendo propósito. Seus caminhos são os meios que Deus utiliza para revelar os segredos que há dentro do Seu coração, o propósito mais elevado que há dentro dEle para nós. Seus caminhos são Seus métodos para fazer aquilo que Ele decidiu fazer em relação a nós. Fala dos Seus tratamentos para conosco, pelos quais Ele realiza o Seu propósito. Agora, conhecer a obra de Deus é conhecer unicamente só o poder de Deus, a soberania de Deus. Amém por isso! Só que nós não podemos parar aqui, porque conhecer apenas as obras de Deus significa ficar na periferia do nosso chamamento e, assim, não vamos conhecer o propósito para o qual nós fomos destinados e chamados. O grande perigo, amados irmãos e irmãs, é querermos egoisticamente desfrutar do poder de Deus, das bênçãos de Deus, não buscando conhecer os caminhos de Deus. Nem mesmo, com isso, cooperar com o Seu propósito. E vejam que Israel, durante 40 anos, só conheceu as obras de Deus.

Agora, retornando para Hebreus 3, olhem o versículo 11: “Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso”. Aqui a palavra é “shabbath”, “o sábado como dádiva”. Porque, quando lemos lá em Gênesis, capítulo 1 a seguir, vemos que no sétimo dia Deus descansou. Ele fez o mundo em 5 dias, no sexto dia Ele criou o homem, no sétimo descansou. O sábado era o desfrute de Deus, o sábado era a satisfação de Deus, porque agora Ele tem o homem segundo a Sua imagem e semelhança para o Seu governo. Mas, desde que o homem pecou, desde que Deus perdeu a sua satisfação no homem, Deus ainda não havia reivindicado o sábado no homem. E agora, em Êxodo 16, quando o povo estava lá no deserto de Sim, Deus retorna à questão do sábado e coloca o sábado para o homem. Deus colocou o sábado como dádiva, porque como Lei nós só vamos vê-lo lá no Sinai. Então agora, no capítulo 16 de Êxodo, Deus coloca o sábado. Isso porque agora Ele queria que o sábado fosse o desfrute do homem com Deus. Antes o sábado era o desfrute de Deus no homem e agora o sábado é dado como desfrute do homem com Deus. Isso é tão rico, é tão impressionante! É isso que o capítulo 3 de Hebreus está falando. Descanso aqui em hebreus fala da intimidade de Deus com o homem, da satisfação de Deus com o homem, do prazer de Deus com o homem. É isso que nós vemos aqui, é isso que Deus está revelando para nós aqui – “não entrarão no meu prazer, no meu descanso, na minha satisfação”.

O versículo 12 de Hebreus 3 diz: “Tende cuidado...” – a palavra cuidado aqui fala de “discernimento, de vigilância”, é a palavra “blepo”, na língua grega. “Tende cuidado, irmãos, tende discernimento, tende vigilância”. Continuando o versículo 12 temos: “...jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso – a palavra perverso aqui é “poneros”, “condição má” – coração de incredulidade que vos afaste – a palavra afaste aqui é “aphistemi”, fala de “apostasia, de indiferença” – do Deus vivo”.

Hebreus 3:13-15: “13 pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado. 14 Porque nos temos tornado participantes de Cristo, se, de fato, guardarmos firme, até ao fim, a confiança que, desde o princípio, tivemos. 15 Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação”. O termo provocação, no grego, é “parapikrasmos”. Significa “insulto, afronta, irreverência, petulância, atrevimento”. Versículos 16-17: “6 Ora, quais os que, tendo ouvido, se rebelaram? Não foram, de fato, todos os que saíram do Egito por intermédio de Moisés? 17 E contra quem se indignou por quarenta anos? Não foi contra os que pecaram, cujos cadáveres caíram no deserto?”.

Irmãos e irmãs, essas são palavras de solene advertência para nós. Aqui nós temos que ver duas coisas.

A primeira coisa que nós temos que notar aqui é a incredulidade, porque nenhum coração é mais perverso do que um coração de incredulidade, nada ofende tanto a Deus quanto a nossa incredulidade. A incredulidade é a pior arma maligna em nós, que impede de vivermos uma vida de intimidade com Deus. Uma definição de incredulidade é a tendência de quem não se deixa facilmente convencer. Isso é tão sério! Quando Deus olha para nós e vê a incredulidade, isso faz com que Deus não prossiga em nós porque a incredulidade insulta e ofende a Deus. Todo pecado viola a lei justa de Deus, mas há alguns pecados que insultam o próprio Deus. E esses pecados podemos chamar de incredulidade.

A segunda coisa que nós temos que ver nesses textos de Hebreus é o coração perverso. Quando lemos aqui em Hebreus sobre um coração perverso, no versículo 12 do capítulo 3, vemos que esse termo descreve uma condição geral. O vocábulo coração é muito comum, no Antigo e Novo Testamentos, fazendo referência ao homem interior. Frequentemente está relacionado à parte emocional e intelectual do homem. Quanto ao coração endurecido, vemos a ordem de desvio gradual, pecado, mente iludida, coração endurecido, incredulidade e apostasia. Quando o escritor dessa epístola exorta os irmãos quanto ao coração endurecido, mostra-lhes a conseqüência disto que é “vos afaste do Deus vivo”. O vocábulo afaste fala “de apostasia, de indiferença, de menosprezo”. É por isso que a incredulidade é um pecado que afronta Deus diretamente. É duvidar de Deus, das Suas obras, dos Seus caminhos.

Por isso nós precisamos ser cuidadosos quanto a nossa vida, para que não sejamos enganados na hora da prova, na hora das tribulações. Que possamos confiar, crer que Deus vai se revelar, se manifestar como nosso Salvador. Não foi na fornalha que Ele se manifestou a Sadraque, Mesaque e Abdenêgo? Não foi na cova que Ele se revelou e se manifestou a Daniel? Assim também é conosco. Que nós possamos crer, que nós possamos sempre manifestar e expressar a nossa fé nEle e saber que Ele é soberano para nos conduzir por situações pelas quais Ele sabe que nós podemos ser conduzidos. Porque somente Ele nos sustenta com suas mãos. A mesma mão que nos conduz é a mesma mão que nos segura e nos sustenta.

Que Deus, mais uma vez, fale ao seu coração e te abençoe rica e poderosamente.

Por: Irmão Luiz Fontes