28ª Estação – Benê-Jaacã (parte 1)
TEXTOS: Nm 33:31; Gn 36:20-21, 27; I Cr 1:38-42; Cl 1:28; I Tm 3:15; II Tm 1:14; 2:3,8,9; 3:10-14; 4:1-2, 5 e 8; Mt 28:19-20; I Co 4:17
Números 33:31 diz:
“Saíram de Moserote e acamparam em Benê-Jaacã.”
Esta é mais uma jornada correspondente às jornadas da região do monte Seir, que enfocam a profundidade espiritual. Aqui nós temos uma designação, estas são as jornadas correspondentes aos anciãos, à vida cristã madura. Estamos estudando acerca da transição da velha para a nova geração, e estas estações fazem referência à experiência cristã mais profunda.
Quando lemos aqueles parênteses que estudamos em Moserote, vemos que em Deuteronômio 10:6 diz assim:
“Partiram os filhos de Israel de Beerote-Benê-Jaacã”.
Nós sabemos que esse texto é uma referência a quando eles foram, partiram de Moserote, e depois retornaram. Isso porque eles ficaram dando voltas, em círculo, na região do monte Seir. Então, aqui diz Beerote-Benê-Jaacã. Observem que aqui o nome desta estação está mais completo. Para entendermos melhor o que significa verdadeiramente esse nome Beerote-Benê-Jaacã, nós precisamos ler alguns textos na Palavra de Deus. Tudo isto é muito importante. Vamos entender o que verdadeiramente significa essa estação, estudá-la, compreendê-la mais precisamente, mais profundamente, mais claramente.
Vamos então para Gênesis 36:20-21:
“20 São estes os filhos de Seir, o horeu, moradores da terra: Lotã, Sobal, Zibeão e Aná, 21 Disom, Eser e Disã; são estes os príncipes dos horeus, filhos de Seir na terra de Edom.”
Agora, aqui neste mesmo capítulo, vamos para o versículo 27:
“27 São estes os filhos de Eser: Bilã, Zaavã e Acã.”
Queria que você notasse este nome: Açã, filho de Eser. Veja que aqui nós temos os descendentes de Seir e que Acã, filho de Eser, também é um desses descendentes. Ele era filho de Eser. Portanto, era neto de Seir. Seir era o patriarca dos horeus, que habitaram durante muito tempo nesses montes onde estamos estudando essas várias estações. Os horeus uniram-se com os edomitas (Gn 36:21). São esses os príncipes dos horeus na terra de Edom. Tudo isso é muito importante. Aqui no versículo 27 diz que Acã é filho de Eser, e esse Acã aqui é o mesmo Jaacã que nós encontramos lá em Números 33:31 e em Deuteronômio 10:6. Nós precisamos ver isso de uma forma ainda mais clara. Vamos entender melhor lendo I Crônicas 1.
Veremos essa mesma genealogia de Gênesis 36:20, 21 e 27 em I Crônicas 1:38-42. Vamos lá:
“38 Os filhos de Seir: Lotã, Sobal, Zibeão, Aná, Diso, Eser e Disã. [Observem aqui: Eser] 39 Os filhos de Lotã: Hori e Homã; e a irmã de Lotã foi Timna. 40 Os filhos de Sobal eram Aliã, Manaate, Ebal, Sefô e Onã. Os filhos de Zibeão: Aías e Aná. 41 O filho de Aná: Disom. Os filhos de Disom: Hanrão, Esbã, Itrã e Querã. 42 Os filhos de Eser: Bilã, Zaavã e Jaacã. Os filhos de Disã: Uz e Arã.”
Veem aqui no versículo 42? O nome de uns dos filhos de Eser já é Jaacã e não Acã. Então tudo isso fica muito claro, evidente. Gênesis menciona apenas Acã, mas em I Crônicas 1:42 aparece Jaacã, filho de Eser, neto de Seir. Sabemos que Jaacã teve vários filhos e que essa região do monte Seir foi a região onde eles habitaram. Essa parte aqui, especificamente este monte, pertencia aos filhos de Jaacã.
E quando você volta para Deuteronômio 10 você encontra expressão Beerote. Essa expressão significa “poços de águas” ou “mananciais”. A palavra Beerote-Benê-Jaacã siginifica “filhos ou mananciais da inteligência”. É muito interessante, porque é isso mesmo que significa Jaacã. Jaacã significa “inteligência”; Benê é “filho”; e, Beerote, “mananciais”. Então, “mananciais dos filhos da inteligência”.
Amados irmãos e irmãs, considerando o contexto de transição da velha para a nova geração que envolve essas jornadas, podemos afirmar com certeza que a palavra chave aqui que nós precisamos estudar é discipulado. Olhando não só o sentido geográfico, mas também o espiritual, podemos ver isso claramente. O Senhor agora está levando Seu povo, aquele povo que Ele tirou lá do Egito, a uma nova experiência. Nessa experiência eles estão chegando ao fim deles mesmos, enquanto Deus está levantando uma nova geração que vai entrar na terra de Canaã, que vai conquistar Canaã.
Amados, o princípio do discipulado nos ensina a nunca fazermos um trabalho centrado em nós mesmos, porque não trabalhamos para nós, nosso trabalho é para Deus. Ao estudar Moserote vimos claramente que os anciãos deviam deixar precedentes para as gerações futuras. Moserote nos ensina que devemos deixar para as futuras gerações o ensino, a verdade, o testemunho, a doutrina. E estes são os precedentes claros nessa estação: deixar o rio de águas cristalinas e pastos verdejantes para as ovelhas que virão depois de nós. Há um detalhe que precisamos aprender aqui em Benê-Jaacã e que ouvimos lá em Moserote: é que além de tudo isso, além da verdade, do ensino, da doutrina, aqui em Benê-Jaacã nos ensina que nós precisamos deixar filhos e filhas espirituais, discípulos – não pessoas discipuladas, centradas em nós, mas discipuladas em Cristo Jesus. Quero ler alguns textos no Novo Testamento que vão nos levar a compreender com melhor clareza este assunto. Em Colossenses 1:28:
“28 o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo”.
Olhem bem o que Paulo diz: “ensinando a todo homem em toda a sabedoria a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo”. Vejam o propósito do ensino, do ensino com sabedoria: que as pessoas sejam apresentadas perfeitas, isto é, maduras em Cristo.
Em II Timóteo 4:2 Paulo diz:
“2 prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina.”
Aqui nesses textos temos a questão do ensino com clareza, da doutrina, da pregação da Palavra, a questão de colocarmos os princípios espirituais ordenando a vida da Igreja e o crescimento espiritual maduro. Agora, amados, prestem atenção. Vamos ao Evangelho de Mateus 28:19-20 que diz assim:
“19 Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; 20 ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.”
Veja que aqui em Mateus o Senhor não quer apenas que estejamos pregando e pregando, se não que também estejamos fazendo discípulos. A palavra “discípulo” é uma palavra profunda em relação ao que significa ser aluno. O que precisamos entender é a diferença entre informação e formação. Informação fala de comunicação, de recepção de um conhecimento; mas, formação, de formar, constituir, moldar o caráter, formar o caráter. Há uma diferença entre ser discípulo e ser aluno. Um está ligado à informação e o outro está ligado à formação. E o discipulado está ligado à formação do caráter de Cristo na vida da pessoa; não apenas informar, mas formar. Deus não quer que apenas deixemos ensinamentos claros, doutrinários, da sua Palavra, mas que também deixemos pessoas discipuladas a Cristo, pessoas que vão além de nós.
Quero compartilhar com vocês um pouco acerca dos escritos de Paulo, especialmente aquilo que ele escreveu na sua velhice, suas recomendações a Timóteo acerca de alguns assuntos espirituais. Sabemos que II Timóteo é o testamento de Paulo. Quando ele estava com quarenta anos de idade, perto da sua morte, escreveu essa carta a Timóteo muito preocupado com Timóteo, com a vida de Timóteo. Em I Coríntios 4:17 Paulo diz assim:
“17 Por esta causa, vos mandei Timóteo, que é meu filho amado e fiel no Senhor (...).”
Timóteo era muito importante para Paulo, especialmente neste momento em que ele escreve esta epístola. Esta segunda carta demonstra uma profunda preocupação e um grande interesse pela vida de Timóteo. Irmãos, creio que nós precisamos estar com o nosso coração focado naquilo que Deus está realmente focando, naquilo que Deus está vendo, naquilo que Ele está fazendo, naquilo que Ele está realizando. Precisamos conhecer o propósito de Deus, precisamos ter discernimento daquilo que Deus está focando, daquilo que é Seu interesse particular, especial. Não podemos viver e nem fazer a obra de Deus centrados em nós mesmos. Precisamos ser diligentes e cuidadosos como foi Paulo. Timóteo foi muito importante para Paulo. Especialmente neste exato momento em que ele escreve esta carta, ele tinha uma atenção especial, seu coração estava voltado para Timóteo. Veja que em II Timóteo 4:8 Paulo diz assim:
“7 Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. 8 Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda.”
Amados irmãos e irmãs, mesmo não tendo toda essa convicção, Paulo estava interessado que Deus prosseguisse além dele. Paulo tinha uma atenção especial em relação àquele momento na vida de Timóteo. Não importava para ele apenas a coroa mas que Deus prosseguisse na edificação do seu Reino através de Timóteo. Quando você estuda essa carta que Paulo escreveu para Timóteo, percebe que a frase que a sintetiza é “tu, porém”. Se você ler II Timoteo 3:10, 14 e depois 4:5 verá que essa frase indica que Timóteo deveria ser diferente. Essa frase envolvia a conduta de Timóteo em relação a tudo – a sua realidade contextual. Ele vivia um momento crítico, um momento de crise. Não que particularmente ele estivesse envolvido nos problemas, mas ele estava envolvido num contexto de problemas. E Paulo, em uma profunda percepção espiritual, lhe escreve essa carta.
Ela é muito especial, porque é o testamento de Paulo. Quando você estuda as epístolas pastorais, pode sentir um peso muito grande nos vocábulos, de acordo com o original grego dessas epistolas. Essas epístolas pastorais são formadas por 902 palavras e todas elas formam a base dessas epístolas. Dessas 902 palavras, 306 não são encontradas em nenhuma das epístolas paulinas; e 175 não ocorrem em nenhuma parte do Novo Testamento. Amados irmãos e irmãs, cronologicamente, II Timóteo é a última das epístolas pastorais. Paulo a escreveu quando estava em Roma, aguardando a sua execução. Nos 83 versículos que tem II Timóteo, podemos ver que Paulo exorta Timóteo sobre quatro coisas significantes. No capítulo 1 ele diz para Timóteo: “Guarda o Evangelho”; no capítulo 2 ele diz para Timóteo: “Sofre pelo Evangelho”; no capítulo 3 ele diz para Timóteo: “Persevera no Evangelho”; e no capítulo 4 ele diz: “Proclama o Evangelho”. É isso que esses 4 capítulos enfocam.
Ao ler o II Timóteo 1:14 você vai ver o enfoque fundamental desse capítulo é “guardar o Evangelho”. Da mesma forma, estude o capítulo 2 e verá nos versículos 3, 8 e 9 que eles evidenciam a essência daquilo que Paulo está querendo que Timóteo tente – ele toca Timóteo com essas verdades e, quando o faz, qual é a essência do ensino? “Sofre pelo Evangelho”. No capítulo 3 você vai ver nos versículos 13 e 14 que Paulo exorta a Timóteo a “perseverar no Evangelho”. E no capítulo 4:1 e 2 verá que Paulo diz para Timóteo “proclamar o Evangelho”.
Quando você considera essa breve exposição de II Timóteo, você pode perceber que a despeito de o tempo da sua partida estar próximo, Paulo se preocupava com a questão da doutrina de Cristo. Era exatamente aqui que Paulo exortava Timóteo, era nessa fé que ele deveria ser perseverante, mantendo-a absolutamente acesa. Ele diz assim em I Timóteo 3:15:
“15 para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade.”.
A palavra no grego aqui para “fique ciente” é “oida”: “discernir” – “Fique ciente, preste atenção, observe, inspecione, examine, saiba a respeito de tudo”. Nós não temos o direito de ser ignorantes quanto às heresias que nos cercam. É interessante notar que não existe nenhuma heresia nova, todas as heresias existentes são as mesmas que durante toda a história têm tentado frustrar a Obra de Deus. Então, quando você olha isso no versículo em I Timóteo 3:15, você entende melhor a segunda carta. Paulo está interessado em compartilhar com Timóteo acerca dos assuntos fundamentais, essenciais, da sua vida, da sua fé e do ministério e da Obra do Senhor, porque era propósito de Deus prosseguir através da vida de Timóteo. E era o desejo de Paulo, em Cristo Jesus, exortá-lo, fortalecê-lo para que ele pudesse avançar.
Essa é a questão do discipulado. Não é um discipulado a nós, mas um discipulado a Cristo. E nós vamos estudar essa experiência de Paulo com Timóteo, porque isso vai nos ensinar, vai nos ajudar a entender o que significa verdadeiramente o discipulado. Hoje nós temos vivido uma febre da doutrina do discipulado que não tem nada a ver com o contexto daquilo que os apóstolos ensinaram na questão da vida prática, daquilo que é o discipulado a Cristo. As pessoas fazem o discipulado a elas mesmas. Hoje você olha uma pessoa e vê que ela é simplesmente uma expressão maquiada, simplesmente a representação introspeccionada de outra pessoa. Ah, irmãos e irmãs! Isso não é Evangelho, isso não é prática cristã, Nós não podemos viver esse tipo de conduta. Todo discipulado é a Cristo. E esta estação aqui, Benê-Jaacã, vai nos mostrar o verdadeiro significado prático, espiritual, do discipulado a Cristo.
Que Deus mais uma vez lhe abençoe e fale ao seu coração.
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