domingo, 5 de fevereiro de 2012

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 135

Por: Luiz Fontes

26ª Estação – Hasmona (parte 1)

TEXTOS: Nm 33:29; Nm 20:1; Nm 33:36-37; Nm 33:30-35; Nm 34:1-5; Js 15:1-4; 27; Dt 2:1

Números 33:29 diz:

29 partiram de Mitca e acamparam-se em Hasmona”.

Irmãos, aqui está a 26ª estação da peregrinação do povo de Israel pelo deserto – Hasmona. Quando estudamos essas jornadas, vemos os seguintes aspectos: histórico, geográfico e espiritual. Creio que o aspecto espiritual seja o mais importante para nós, aquele para o qual mais precisamos atentar. Essa 26ª estação está cercada de mistérios, há nela uma singularidade muito especial. Quanto mais avançarmos no estudo de cada uma dessas estações, veremos que as situações se tornarão mais delicadas, vamos perceber naturalmente que o Senhor está nos levando a uma profundidade na qual cada vez mais precisaremos da ajuda do Seu Espírito Santo. Sem Ele é impossível avançarmos.

Fazendo um estudo panorâmico dessas jornadas, vemos que as primeiras estações – Ramessés, Sucote, Etã, Pi-Hairote, Mara e Elim – têm suas aplicações espirituais bem explícitas. São lições que correspondem às primeiras experiências da vida cristã. Essas estações estão relacionadas à primeira fase da vida cristã. Sabemos que a vida cristã se assemelha muito à vida natural: primeiro temos a infância, depois a adolescência e, depois, a maturidade. E essas seis primeiras estações referem-se à infância cristã, à infância espiritual. Elas correspondem ao primeiro estágio.

Em seguida, avançando mais um pouco, veremos as estações correspondentes à adolescência espiritual. São aquelas que iniciam lá no Mar Vermelho e seguem ao Deserto de Sim, Dofca, Alus, Deserto do Sinai, Quibrote-Hataavá, Hazerote, Ritma, Rimom-Perez, Libna e Rissa. Todas essas estações correspondem à adolescência espiritual. Seguindo os aspectos histórico, geográfico e espiritual dessas estações, percebemos que, assim como na primeira fase, as aplicações ali também são bem explícitas. Mas, à medida que avançamos, já nas últimas estações do estágio aqui da adolescência, fica bem evidente que o Espírito Santo não nos dá tantos detalhes como vemos no aspecto geográfico e histórico. Nesse exato momento, é preciso ter mais discernimento espiritual, ou seja, aumenta mais e mais a nossa dependência do Espírito Santo.

Quando chegamos a Queelata, seguindo em direção ao Monte Sefer, Harada, Maquelote, Taate, Tera e Mitca, vemos todas essas estações correspondentes à vida cristã mais profunda, à maturidade espiritual. Essas jornadas, nos aspectos geográfico e histórico, são mais difíceis de estudar. Somente o Espírito Santo, somente Ele, pode nos dar os detalhes que necessitamos para compreendermos a Sua Palavra.

Agora, amados irmãos, precisamos notar algo aqui. A partir de Hasmona nós temos uma transição. A partir daqui veremos que a velha geração, a que saiu do Egito, começa a morrer. E uma nova geração começa a se fortalecer. A velha geração – o velho homem, a carne, os nascidos da carne, que nasceram no Egito – não tem parte na herança. Por isso, Deus não pode dar-lhes a terra. Eles não puderam entrar, possuir a terra. Hasmona é um ponto de inflexão, uma mudança de direção. Temos aqui um ponto de transição onde uma geração nova começa a surgir e uma geração velha começa a desaparecer.

Os textos relativos a essa 26ª estação encontram-se em Números 20. Neste momento, vamos ler apenas o versículo 1:

1 Chegando os filhos de Israel, toda a congregação, ao deserto de Zim, no mês primeiro, o povo ficou em Cades. Ali, morreu Miriã e, ali, foi sepultada.”

Há algo muito interessante aqui que precisamos compreender. Comparando esses textos que acabamos de ler com Números 33:36-37, perceberemos que o contexto aqui nos fala da chegada ao “deserto de Zim”, que é “Cades”. Sabemos que essa chegada em Cades ocorreu de estação a estação, jornada após jornada. Lembrem-se de que antes eles já haviam passado por Cades, quando estiveram em Ritma, a 15ª estação. Ali eles começaram a dar voltas e mais voltas em torno do deserto, quando aqueles espias foram olhar a terra e o povo exerceu incredulidade. Naquele exato momento o povo se voltou contra Deus, contra Moisés, contra Arão. Vocês se lembram disso? Está em Números 14. Assim, ficaram dando voltas e mais voltas e mais voltas... Então, chegaram a Cades. Passaram ali e ficaram em torno do Monte Seir.

Nesse sentido, precisamos observar que eles chegaram a Cades. Mas vamos ver onde Cades está aqui. A Bíblia diz que Cades está no deserto de Sim. Quero que vocês leiam Números 33, especialmente o versículo 36, que diz:

36 partiram de Eziom-Geber e acamparam-se no deserto de Zim, que é Cades”.

Vejam então que essa estação de Números 20:1 corresponde com Números 33:36. Quando examinamos as estações que vão de Mitca até Cades, vemos um silêncio da parte do Senhor sobre essas estações. Lendo Números 33:30-35 vemos que, de Mítica a Cades, temos as seguintes estações: Hasmona, Moserote, Benê-Jaacã, Hor-Hagidgade, Jotbatá, Abrona e Eziom-Geber. Temos todas essas estações. E Números 20:1 nos fala dos “filhos de Israel, toda a congregação, chegando ao deserto de Zim”. Observem que a expressão chegando indica várias estações. Temos que prestar atenção nisso. Temos que fazer uma análise textual aqui, e não podemos analisar esses textos ignorando esses aspectos interessantes encontrados no capítulo 33.

Saindo de Mitca, terminando o capítulo 19, e entrando no capítulo 20, imediatamente vamos para Cades. Assim, todas essas jornadas que acabei de citar não entram em nosso estudo, elas se perdem. Significa que quanto a elas houve aqui um silêncio da parte de Deus. Isso é muito importante. Vejam que eles chegaram a Cades vindo de várias estações – essas que acabei de citar. Elas não estão citadas aqui em Números 19, e nem tão pouco em Números 20, que corresponde a Cades. Agora, uma coisa deve ficar clara para todos nós: toda a Escritura é divinamente inspirada por Deus. Ele colocou todas essas estações aqui para nos falar de Cristo. Se o Espírito Santo mencionou essas estações aqui, com certeza elas têm um significado espiritual. Precisamos examiná-las mais profundamente para descobrir o sentido dessa palavra em todo o contexto bíblico daquilo que Ele deseja nos falar.

A expressão Hasmona ocorre apenas aqui em Números 33:29-30. Mas, estudando mais profundamente, descobrimos que os tradutores bíblicos escreviam a mesma palavra de uma maneira em um lugar, e de doutra maneira em outro. Antigamente só se escrevia em hebraico com consoantes, e a pronunciação vocálica somente se transmitia por tradição. E isso ocorreu a partir dos massoretas. Através dos massoretas temos os chamados textos massoréticos – a forma textual, oficial, definitivamente fixada no judaísmo por volta do século X a.C. Época na qual florescia em Tiberíades, na família dos Ben Asher, considerados os mais célebres massoretas, os transmissores e fixadores da tradição textual, dos textos sagrados. O mais antigo manuscrito massorético que possuímos foi copiado entre os anos 820 a 850 d.C. E esse texto contém apenas o Pentateuco.

Muitos séculos depois, esses grandes estudiosos começaram a escrever através de sinais vocálicos. Esses massoretas colocaram alguns pontos, umas linhas debaixo ou em cima das letras, para assinalar a pronunciação. Tudo isso foi um trabalho muito dispendioso, dedicado e responsável desses homens de Deus. O resultado disso é que, às vezes, em uma mesma consoante que aparece no texto sagrado, uns massoretas colocaram uns pontos, enquanto que outros massoretas que traduziram outras partes das Escrituras colocaram outros pontos distintos. Assim, às vezes uma mesma palavra tem um som em um lugar e outro som em outro. É preciso que se faça um trabalho bem acurado, é preciso ser muito dedicado para poder perceber isso. Esses pontos no texto hebraico, portanto, não fazem parte do texto original, são uma revisão da tradução da pronunciação feita por esses massoretas. Devido a isso, às vezes uma mesma palavra que aqui se pronuncia por Hasmona, com a sílaba forte Ha, em outro lugar não tem o H. E isso é muito interessante. Os tradutores pronunciavam de diferentes maneiras, em distintos contextos, em distintas épocas, fazendo referência à mesma palavra.

Então, a palavra que aparece aqui como Hasmona, em Números 33:29-30, aparece traduzida pro “Azmom ou “Hesmom em outros lugares. Sabemos que Hasmona é uma estação fronteiriça. Sabemos também que espiritualmente podemos ver que se trata de um ponto de transição. Tendo em vista estudar essa palavra, vamos atentar para outros textos onde a encontraremos.

Em Números 34 vemos Deus falando a Moisés, mostrando a ele o limite da terra, a parte sul da terra de Canaã. Sabemos que eles não entram na terra aqui, que só vão entrar bem mais adiante, com Josué. Aqui Deus está apenas mostrando os limites da terra. Quando estão ali perto, para poderem entrar, eles não entram. Deus apenas lhes mostra a terra. Números 34:1-5 diz:

1 Disse mais o SENHOR a Moisés: 2 Dá ordem aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando entrardes na terra de Canaã, será esta a que vos cairá em herança: a terra de Canaã, segundo os seus limites. 3 A região sul vos será desde o deserto de Zim até aos limites de Edom; e o limite do sul vos será desde a extremidade do mar Salgado para o lado oriental. 4 Este limite vos irá rodeando do sul para a subida de Acrabim e passará até Zim; e as suas saídas serão do sul a Cades-Barnéia; e sairá a Hazar-Adar e passará a Azmom. 5 Rodeará mais este limite de Azmom até ao ribeiro do Egito; e as suas saídas serão para o lado do mar.”

Vejam, então, que a expressão Azmom (vv. 4 e 5), é a mesma palavra Hasmona. Deus está descrevendo os limites da terra de Canaã. Essa é a parte sul da terra, onde estava o Neguebe, a terra do Edom, que são a parte relacionada ao monte Seir, onde eles ficaram dando voltas e mais voltas. E essa região é uma região fronteiriça.

Em Josué 15:1-4, vemos a mesma expressão:

1 A sorte da tribo dos filhos de Judá, segundo as suas famílias, caiu para o sul, até ao limite de Edom, até ao deserto de Zim, até à extremidade do lado sul. 2 Foi o seu limite ao sul, desde a extremidade do mar Salgado, desde a baía que olha para o sul; 3 e sai para o sul, até à subida de Acrabim, passa a Zim, sobe do sul a Cades-Barnéia, 4 passa por Hezrom, sobe a Adar e rodeia Carca; passa por Azmom e sai ao ribeiro do Egito; as saídas deste limite vão até ao mar; este será o vosso limite do lado sul.”

Em Josué 15:27 há a descrição de algumas cidades que fazem parte da cordilheira de Seir. Lá aparece “Hazar-Gada” e depois a expressão Hesmom, que é a mesma para Hasmona e para Azmom. Fazendo um estudo cuidadoso, vemos isso claramente.

Em Deuteronômio 2 verificamos com mais precisão o aspecto geográfico, podendo entender essa estação para entrarmos nela. Deuteronômio 2:1 diz:

1 Depois, viramo-nos, e seguimos para o deserto, caminho do mar Vermelho como o SENHOR me dissera, e muitos dias rodeamos a montanha de Seir.”

Desde Ritma eles começaram a rodear o monte Seir, por muito tempo. Todo esse rodear o monte Seir por muito tempo são as jornadas que estudamos desde Ritma até aqui. E ainda há outras que iremos estudar até chegarmos a Cades. Esse período corresponde a trinta e oito anos.

Então, por hoje é isso o que temos que compreender. Para entender essa estação é necessário compreender tudo isso. Que Deus fale ao seu coração, que Ele lhe abençoe. Que você possa ter compreensão. Você que está estudando sistematicamente essas estações, guarde isso em seu coração para você entender.

Que Deus lhes abençoe com a Sua Palavra.

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