segunda-feira, 31 de outubro de 2011

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 123

Por: Luiz Fontes

Taate – 23ª Estação (parte 14)

TEXTOS: Nm 18:20-24; Mt 23:23; 1Co 9:1-14; Rm 7:12; Rm 8:3-4

Tendo já visto alguns aspectos acerca do dízimo, da oferta, e também vendo ainda algo sobre o culto a DEUS, vamos concluir este assunto focando acerca do ensino do SENHOR JESUS, como também de Paulo, sobre dízimo e sobre oferta.

O QUE O SENHOR JESUS FALOU SOBRE O DÍZIMO?

Sabemos que a única menção sobre dízimo, feita pelo SENHOR JESUS, está em Mateus 23. Nesse texto encontramos a única menção do dizimo em forma específica feita pelo SENHOR JESUS. Em Mateus capítulo 23.23, diz assim:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!.

· “hortelã” - um tipo de pequena erva odorífera usada pelos judeus para espalhar sobre as eiras de suas casas e sinagogas;

· “endro” - uma planta usada como um tempero e para medicina.

· O que o SENHOR está falando é que aqueles escribas, que eram os copistas e intérpretes da Lei, e os fariseus, os que seguiam rigorosamente a Lei, eram fiéis no tocante ao dízimo; davam os dízimos das mínimas coisas, embora, negligenciassem a “justiça, a misericórdia e a fé”.

O SENHOR não reprovou os dízimos da hortelã, do endro e do cominho”. O texto é claro. O que o SENHOR está dizendo é que eles, embora fossem fieis na entrega dos dízimos, mesmo nas mínimas coisas, não poderiam negligenciar a “justiça, a misericórdia e a fé”. Porque uma coisa estava ligada a outra. Olhem o que o SENHOR JESUS diz: devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!. Eles deviam entregar o dízimo, mas não poderiam omitir a misericórdia, a justiça e a fé.

Nunca devemos dizimar com o espírito legalista dos fariseus, e sim, entregar com um espírito voluntário, devotando nossa gratidão e louvor a DEUS por tudo que Ele é. Devemos ser generosos, cheios de justiça e fé, porque sem fé é impossível agradar a DEUS (Hb 11.6). O dízimo é uma entrega de adoração, uma entrega que fazemos a DEUS, e devemos fazer com fé. Não podemos dizimar debaixo de uma opressão, devemos dizimar como Abraão, espontaneamente. É isso que agrada a DEUS. E isso exalta ao SENHOR.

Esse foi o ensino do SENHOR JESUS. Nessa menção nós podemos ver um princípio muito claro, estabelecido pelo nosso SENHOR. E quando consideramos os escritos de Paulo, vemos que ele foca a mesma linha – agora, em outro aspecto, daquele que vemos em Números 18.

QUAL ERA O ENSINO DE PAULO SOBRE O DÍZIMO

Quando Paulo escreve aos irmãos em Corinto, no capítulo 9 e os versículos 1 e 2, ele diz:

“Não sou eu, porventura, livre? Não sou apóstolo? Não vi JESUS, nosso Senhor? Acaso, não sois fruto do meu trabalho no Senhor? Se não sou apóstolo para outrem, certamente, o sou para vós outros; porque vós sois o selo do meu apostolado no SENHOR”.

Todos que conhecem essa epístola sabem que Paulo escreveu esse capítulo por causa das acusações que alguns faziam em relação a sua pessoa. Algumas pessoas estavam censurando o ministério de Paulo com falsas acusações. Acusavam tanto a sua pessoa, quanto o seu ministério.

De uma maneira muito clara, Paulo está estabelecendo, pela direção do ESPÍRITO SANTO em seu espírito, o direito daqueles que servem integralmente no ministério. Ninguém pode abusar do direito ministerial para aproveitar, ter vantagens sobre os irmãos, achando que o ministério é um cabide de emprego. De modo algum o ministério deve ser um cabide de emprego. Nada disso.

Agora vamos ler a sequência dos textos, versículos 3-5:

“3 A minha defesa perante os que me interpelam é esta: 4 não temos nós o direito de comer e beber? 5 E também o de fazer-nos acompanhar de uma mulher irmã [DO {Bíblia Sagrada, traduzida por João Ferreira de Almeida no século XVII (ca. 1680), Edição Revista e Corrigida (1898, 1969). Uma das características da DO (também chamada de RC69) é a linguagem clássica, praticamente erudita. Embora tenha recebido atualizações ortográficas, conserva o estilo e o vocabulário empregados por Almeida ao tempo em que traduziu a Bíblia para o Português} – Nesta versão, DO, que considero muito, talvez a melhor versão em português, essa expressão mulher irmã significa uma crente como esposa. Na versão espanhola, Reina Valéria(RV), está assim: esposa cristã.],

como fazem os demais apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas? 6 Ou somente eu e Barnabé não temos direito de deixar de trabalhar? 7 Quem jamais vai à guerra à sua própria custa? Quem planta a vinha e não come do seu fruto? Ou quem apascenta um rebanho e não se alimenta do leite do rebanho? 8 Porventura, falo isto como homem ou não o diz também a lei? 9 Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi, quando pisa o trigo. Acaso, é com bois que DEUS se preocupa? 10 Ou é, seguramente, por nós que ele o diz? Certo que é por nós que está escrito; pois o que lavra cumpre fazê-lo com esperança; o que pisa o trigo faça-o na esperança de receber a parte que lhe é devida. 11 Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais? [Não podemos usar disso para exercer abuso no meio dos irmãos. Isso tem que ser lido com temor e reverência]

12 Se outros participam desse direito sobre vós, não o temos nós em maior medida? Entretanto, não usamos desse direito [Vejam que Paulo não usava desse direito];

antes, suportamos tudo, para não criarmos qualquer obstáculo ao evangelho de CRISTO. [Embora fosse um direito, Paulo nunca abusou desse direito para trazer qualquer prejuízo ao Evangelho de CRISTO]

13 Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados do próprio templo se alimentam? E quem serve ao altar do altar tira o seu sustento? 14 Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho.”

Amados irmãos e irmãs, hoje em dia muitos têm abusado do direito ministerial, e isso é reprovado pelo ensino da Bíblia aqui. O que vemos claramente aqui nas palavras de Paulo é que ele está ensinando conforme o mandamento do SENHOR no Livro de Números 18.20-24, que é essa estação, Taate.

O SENHOR disse que Arão e seus filhos não teriam parte na herança da terra que o SENHOR DEUS repartiu para as demais tribos de Israel. O SENHOR disse que Ele mesmo seria para Arão e seus filhos a porção que eles necessitavam.

Nos vv.21 e 24 de Números 18 diz:

“Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da congregação. Porque os dízimos dos filhos de Israel, que apresentam ao SENHOR em oferta, dei-os por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel, nenhuma herança tereis”.

Agora olhem o que Paulo diz em 1 Coríntio 9:14:

Assim ordenou também o SENHOR aos que pregam o evangelho que vivam do evangelho.

Observem bem esta frase: Assim ordenou também o SENHOR”. Sabemos que esse princípio do sustento do ministério é encontrado claramente nesse capítulo 18 e versículos 20-24 de Números. E sabemos que o Senhor estabeleceu o princípio dos dízimos e das ofertas, da comunhão do Seu corpo e do culto a Ele, e diz que o dízimo é dEle. Ele estabeleceu isso para que houvesse provisão na Sua casa, para que houvesse suprimento para o Seu povo. Nós não podemos fazer “vistas grossas” quanto a isso.

Em João 8.39, o SENHOR JESUS disse: “... Se sois filhos de Abraão, praticai as obras de Abraão”. E foi Abraão o primeiro que entregou o dízimo ao SENHOR.

Segundo os grandes estudiosos da Bíblia, quando Paulo diz: Assim ordenou também (1 Co 9.14), essa expressão, “assim”, é uma referência ao ensino do Antigo Testamento e, a expressão “também”, ao Novo Testamento. A questão do dizimo e a Lei é para muitos uma grande confusão. E isso não pode ocorrer; temos que ter clareza absoluta sobre esse assunto. Temos que entender que o Antigo Testamento é explicado pelo Novo. Não teria nenhum sentido o Novo Testamento sem o Velho Testamento. Não podemos achar que, porque o Antigo Testamento é antigo, não interessa para nós. A Palavra de DEUS é composta do Antigo e do Novo Testamento. Por ser antigo – e essa é uma linguagem humana –, não significa que ele é inadequado. Ele é completamente perfeito.

Portanto, para termos uma ajuda sobre isso, vamos ler Romanos 8:3-4:

“Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne, isso fez DEUS enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou DEUS, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”.

A Lei não compreendia somente os dez mandamentos. Sabemos que há muitos preceitos nela. Mas Paulo diz: “Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela carne”. Embora seja perfeita, justa e boa, a Lei era incapaz de aperfeiçoar o homem. O homem, por natureza, por constituição, é adâmico. O termo “carne” aqui nesse texto é o que podemos ver por toda essa epístola. A expressão “carne” ocorre 21 vezes nessa epístola, e em todas elas descreve a natureza humana caída. O problema não é a Lei, e sim a natureza adâmica caída.

Então, sabemos que o dizimo é espiritual, voluntário, nascido de um coração puro; que ninguém se sinta obrigado, ou mesmo constrangido para entregar a DEUS. É algo voluntário, algo que faz parte do nosso relacionamento com DEUS.

O que vemos é que por mais que a Lei seja boa, nós somos incapazes de cumpri-la. Somente um Homem cumpriu a Lei: CRISTO. E se Ele cumpriu a Lei, Ele também deu o dízimo, ele era dizimista. Então, o que foi que DEUS fez? Paulo diz que DEUS enviou Seu Filho “em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou DEUS, na carne, o pecado, a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”. Por que DEUS fez isso? Veja o que Paulo ainda diz: “para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”.

Amados, graças a DEUS que somos salvos da ira de DEUS – esse é o aspecto jurídico da nossa redenção. Mas, também, fala que somos salvos pela vida de DEUS – e esse é ao aspecto orgânico da vida de CRISTO em nós. Ser salvos da ira é o aspecto jurídico que nos livra do inferno, mas ser salvos pela vida nos livra de sermos o que éramos em Adão. Vejam que Paulo diz: “para que a justiça da lei se cumprisse em nós” (v.4).

Em Romanos 7.12 diz: “Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom”. Mesmo sendo tudo isso não pôde alcançar um povo que agradasse a DEUS e que fizesse Sua vontade. Por quê? Por causa da nossa carne.

Agora, mediante a obra de CRISTO, DEUS nos salvou. Mediante a redenção, na cruz, nós fomos salvos e somos o povo de DEUS. E aquilo que a Lei não foi capaz de fazer, DEUS fez em nós por meio de CRISTO JESUS. Ele cumpriu isso em nós. E se Ele cumpriu, agora somos o povo adequado de DEUS. E se somos o povo adequado de DEUS, nós temos que corresponder a DEUS em Suas exigências, em Sua santidade, em Sua justiça, em Sua majestade e glória. Devemos oferecer para Ele um culto que lhe agrada. Devemos entregar para Ele nesse culto as nossas ofertas e os nossos dízimos em louvor à glória do Seu nome. Porque este é um ato de fé, e sem fé é impossível agradar a DEUS. Sem fé é impossível cultuá-lO, por isso deve haver em nós essa generosidade. Não podemos ter apego a coisas que nos afastam do SENHOR. Nós não podemos ter um coração preso às nossas circunstâncias, aos nossos valores. Temos que entender que a nossa vida é uma vida relacional.

Hoje, alguns têm tomado isso ao extremo, têm abusado da Palavra de DEUS para produzir ensinos errôneos, que ferem o caráter cristão. Nós necessitamos ser corrigidos, precisamos viver adequadamente, conforme a vontade de DEUS, conforme o Seu plano e o Seu querer. Do contrário, digo para vocês, nunca chegaremos ao padrão de DEUS, nunca poderemos viver o Evangelho de acordo com o caráter de DEUS.

Que DEUS, de uma forma maravilhosa, fale ao seu coração e lhe abençoe através dessa Palavra.

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