A Humanidade do Senhor Jesus
Hb 2:5-18
Tendo visto esta primeira exortação acerca da negligência, e também, acerca do privilégio – a tão grande salvação, vamos avançar no ensino acerca desta salvação. E esse ensino o Espírito Santo terá como base para a próxima exortação – a Incredulidade.
Mais de 15 vezes no livro de hebreus o nome “Jesus” aparece. Na tradução em português, mais de 15 vezes a palavra está sozinha, “Jesus”. Não há o termo “Senhor” nem o termo “Cristo” associado à palavra “Jesus”, a não ser em alguns versículos. Porque a ênfase da Epístola aos Hebreus é nos apresentar àquele que é homem, Jesus. Em Hb 3:1 somos exortados a considerar a Jesus:
“... considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus,”
Jesus é o seu nome humano. Não é o seu nome eterno. Ele é o logos, o verbo eterno de Deus. Ele recebeu esse nome humano de seus pais ordenado pelo anjo. Veja em Lc 1:31:
“Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus.”
Então quando Hebreus usa a palavra Jesus, está utilizando-a no sentido de reforçar a nós a humanidade do Senhor Jesus. Em Hb 2:14 diz:
“Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou...”
O capítulo 2 coloca uma ênfase de peso na humanidade do Senhor Jesus. Mostrando que Ele é homem. Ele participou verdadeiramente de espírito humano, alma humana e corpo humano. Vejamos os textos:
· Lucas 23:46 - Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!
· João 12:27 - Agora, está angustiada a minha alma...
· Hebreus 10:5 -... Sacrifício e oferta não quiseste; antes, um corpo me formaste;
Se Ele fosse um semi-homem, Ele não poderia socorrer os homens. Veja o que diz Hb 2:17:
“Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote...”
Agora vamos ver o final de Hb 2:18:
“é poderoso para socorrer os que são tentados.”
Se Ele fosse um semi-homem não poderia socorrer os tentados. Aquilo que o Senhor realmente não assumisse Ele não poderia salvar. Se Ele não assumisse o espírito humano não poderia salvar o nosso espírito. Se Ele não assumisse toda a nossa alma humana, com mente, desejo, vontade, emoções, Ele não poderia salvar a nossa alma. E da mesma forma, se não tivesse um corpo real, com sangue nas veias, matéria humana, Ele não poderia nos salvar no corpo. Mas a Bíblia é tão clara em dizer que o nosso Senhor Jesus regenerou nosso espírito, e até mesmo habita nele. Está formando na nossa alma a Sua imagem. Cristo está sendo formado em nós. E a Bíblia também é muito clara em falar do terceiro aspecto da nossa salvação – um corpo glorificado. Então por que a Bíblia é tão enfática em falar da salvação do espírito, da alma e do corpo? Porque o nosso Senhor Jesus quando encarnado, Ele tinha espírito, alma e corpo humanos. Que maravilhoso e pleno Salvador nós temos. Por isso Hb 2:3: diz-nos:
“como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?”
Salvação em todos os níveis – espírito, alma e corpo. Por isso é uma – tão grande salvação. Por isso também em Hb 3:1 vai nos dizer:
“... considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus,”
Quais os que devem considerá-lo? Os santos. Aqueles que foram postos à parte. Veja Hb 3:1 novamente:
“Por isso, santos irmãos... considerai...”
Não é por isso “homem” ou “mundo”. É por isso “santos”. Nós! Os que, pela graça, foram colocados à parte. Por isso santos “irmãos”. Irmãos de quem? Irmãos não apenas entre nós. Veja Hb 2:11:
“... Por isso, é que ele não se envergonha de lhes chamar irmãos”
Nós somos irmãos de quem? Do Senhor Jesus. Veja: “... não se envergonha de lhes chamar irmãos”. Nós somos “os filhos” do Pai celestial. Porque o grão de trigo caiu na terra e morreu produzindo muito fruto. Veja agora Hb 2:12;
“A meus irmãos declararei o teu nome, cantar-te-ei louvores no meio da congregação.”
Quem está dizendo isso: “meus irmãos” é o nosso irmão mais velho. Que coisa maravilhosa! Como o livro de Hebreus mostra a nossa identificação com o Filho. Então, irmãos não apenas uns dos outros, mas irmãos do Filho, irmãos do Apóstolo, irmãos do Sumo Sacerdote. Irmãos que Ele está conduzindo à glória. Esse é o propósito eterno apresentado em Rm 8:29:
“Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos.”
Porque Ele, o irmão mais velho já está glorificado. Agora veja o que nos diz Hb 2:10:
“Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória...”
Aqui vemos Jesus conduzindo muitos filhos à glória. Glória não é um estado que vamos entrar depois que morrermos. Glória é Deus sendo formado em nós. Nós participando do ser de Deus. Glória é Cristo em nós e nós em Cristo. Veja o que João 14:20 nos diz:
“Naquele dia, vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós.”
Isso é glória! A glória que o Filho tem desejou “repartir” com muitos filhos. Jesus entrou por nós além do véu. Ele é âncora da alma. Ele “Jesus” entrou por nós. Isso é profundo, tremendo. Não há nada que possa trazer-nos estabilidade “espiritual” senão uma visão deste Apóstolo e Sumo Sacerdote. Não há nada! É assim que o livro de Hebreus nos apresenta a “pessoa” do Senhor Jesus como fonte para a nossa renovação espiritual. Todas as exortações no livro visam focar o nosso “Salvador” pessoal. Nós precisamos ver esse “Jesus”. Sem vê-lo nada feito! Ficaremos os mesmos. Podemos ser “mais ou menos” re-animados, “mais ou menos” re-despertados. Mais isso vai durar muito pouco.
Agora veja o que nos diz Hb 12:9:
“... para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todo homem.”
O Senhor Jesus antes da encarnação, Ele é o eterno Filho de Deus, sem natureza humana. Não é um homem. É o Filho de Deus. O verbo de Deus. Então quando este verbo se faz carne assume algo que nunca teve – natureza humana. Natureza humana completa. E assim Ele vive uma vida humana, frágil, dependente, sujeita a fraquezas, fome, sede, sono, tentações, porque Ele teria que ser provado como homem. O primeiro homem falhou. E o segundo homem foi exposto à todas as tentações. O Senhor Jesus não é o segundo Adão. O segundo Adão foi Caim. Ele é o último Adão. Mas Ele é o segundo homem. Porque o primeiro homem foi feito alma vivente. Mas o segundo homem é espírito vivificante. Então o Senhor Jesus como último Adão Ele coloca um fim em tudo que representa a falência de Adão. Adão não foi criado como um velho homem. Foi criado como um homem. Quando o pecado entrou naquele homem, ele se tornou um velho homem. E como velho homem ele é o cabeça de toda uma raça. Todos os que nascem de Adão são como Adão. Por isso nos diz Rm 6:6:
“sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem...”
Veja “nosso” velho homem. O velho homem é uma entidade corporativa onde todos nós estamos mergulhados por natureza. Nós nascemos “velhos homens”. E não há possibilidade de sairmos de lá. Em Lucas 13:11 há um relato de uma mulher possessa de um espírito de enfermidade há dezoitos anos. Agora veja a seqüência do texto:
“... andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se.”
Essa era a nossa condição em Adão. Não podíamos de forma alguma nos endireitar. Veja o que diz Hb 7:25:
“Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus...”
Aqui em Lc 13 nós estávamos numa condição totalmente incapaz. E Hb 7, nos diz que Jesus, o nosso salvador pode “salvar totalmente”, ou seja, pode nos endireitar totalmente. Veja quem são as pessoas que Ele totalmente salva. Essa mulher representa toda a humanidade em Adão. Totalmente encurvados. Veja o que Ef 2:13:
“naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo.”
Nossos olhos não olhavam para cima olhavam para baixo, para Terra, Terra, Terra. Tito 3:3 revela quem nós éramos:
“Pois nós também, outrora, éramos néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres...”
O Senhor Jesus veio salvar os que estavam sem condições alguma de endireitar-se.
Então quando o verbo se faz carne e assume natureza humana é provado em todas as coisas. Na concupiscência da carne, dos olhos, na soberba da vida. Porque se houvesse qualquer pecado Nele, seja em pensamentos, motivações, Ele não estaria qualificado para ser o autor da nossa salvação. Ele recebeu um selo de aprovação de Deus. Como está em Mt 3:17:
“Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.”
Quando o Senhor Jesus chega ao Monte da Transfiguração o céu se abre de novo. E a voz aparece novamente “Este é o meu Filho amado”. Adão nunca ouviu esta voz. Porque Adão pecou. Então quando o Filho sobe ao Monte da Transfiguração a voz diz: “este é o meu eleito”. E quanto a natureza humana do Senhor Jesus, Ele poderia do Monte da Transfiguração subir ao céu. Porque Ele já havia recebido a voz de aprovação. Mas Ele desce do Monte da Transfiguração porque tem em seu coração cumprir a vontade do Pai. Qual é a vontade do Pai? Conduzir muitos filhos à glória. Desce do Monte da Transfiguração e sobe a outro monte – Monte Calvário. E ali Ele é separado de Deus porque aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós. O nosso pecado foi colocado sobre Ele. E impediu a sua “vista” da face do Pai. Por isso no Sl 22:1 está escrito:
“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”
Este é o Salmo da Cruz. Então quando esse Filho entra na morte e vence a morte, é ressuscitado, ascende ao céu e é entronizado. São três passos unidos: Ressurreição, ascensão e entronização. Então por causa de toda esta vida humana perfeita é que temos “tal salvação” e “tal salvador”. Então Hb 12:9 diz que Ele “provou a morte”. Ele entrou na morte e permaneceu na morte. Ele não “se” ressuscitou. O Pai é que o ressuscitou. Ele foi submisso inclusive na tumba. E quando entra na morte, destrói a morte. Na morte de Cristo nós temos a morte da morte.
Agora veja o que Hb 12:15 nos diz:
“e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida.”
Na morte de Cristo temos a morte da morte. Por isso Ele pôde livrar os que tinham “pavor da morte”. Veja o que o Sl 23:4 nos garante:
“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo;”
Esse é o Salmo do “grande Pastor”. Ele conduz as ovelhas a pastos verdejantes, a águas tranqüilas e também conduz ao “vale da sombra da morte”. Não é o vale da morte. Porque o vale da morte foi caminhado pelo “bom Pastor” (Sl 22). Ele andou no vale da morte. A morte veio sobre Ele para que não viesse sobre nós. Por mais aflições que passemos é só a “sombra da morte”. A morte não pode nos tocar porque já tocou ao nosso Salvador Jesus. Ele venceu a morte. Então Ele nos conduz pelo vale da “sombra” da morte. Se uma pessoa passa por nós e sua sombra passa por nós, não podemos dizer que fomos atropelados pela pessoa. Foi só a sua sombra. Não é a morte. É o vale da “sombra” da morte. ALELUIAS!
Então tendo em vista tudo isso vemos que o propósito de Deus não é que tenhamos a vida de Cristo no nosso interior apenas, mas para que transformados de “glória em glória”, ou seja, de um grau de glória de semelhança com Cristo a outro grau de glória de semelhança com Cristo. Isso é o que significa de “glória em glória”. Então o propósito é que tenhamos a Sua imagem exterior. Sermos parecidos com Cristo. Para isso Cristo foi enviado. Esse é o trabalho do Espírito Santo. Nós já fomos salvos, já recebemos a vida de Cristo, mas... a vida de Cristo precisa crescer em nós. Precisa ser formada, talhada, forjada em nós. Para que tenhamos a mente de Cristo, os desejos de Cristo, os sentimento e afeições de Cristo. Não apenas que usemos o nome de Cristo, mas semelhantes a Cristo. Este é o propósito eterno de Deus. Não é uma salvação estática. É uma salvação dinâmica. Ela começou no nosso espírito, avança para a nossa alma, ganhando nossa mente e sentimentos, desejos e vontades, até atingir o nosso corpo mortal. Por isso Hb 2: 3 nos diz:
“como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?”
E agora o Espírito Santo vai pegar este ensino como base para nos dizer em Hb 3:1:
“Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial, considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus,”
Que o Senhor por sua infinita graça e misericórdia continue iluminando os olhos do nosso coração para podermos ver a nossa Vocação Celestial.
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