Taate – 23ª Estação (parte 13)
Por: Luiz Fontes
TEXTOS: Jo 4:22; Hb 12:28-29; Gns 4:3-5; Hb 11:4
AS CARACTERÍSTICAS DO VERDADEIRO CULTO A DEUS (continuação)
Vamos dar continuidade a esta 23ª Estação, Taate, tendo já estudado alguns aspectos do culto, de como nós devemos nos aproximar de Deus para adorá-lo, para servi-lO com os nossos louvores, com as nossas ofertas, com tudo o que temos colocado diante dEle.
COMO PODEMOS APROXIMAR DE DEUS?
Um ponto importante é que somente por intermédio do nome do nosso Senhor Jesus Cristo, somente por meio do Seu sangue, de Sua justiça, é que nós podemos entrar com confiança, resultante reverência e piedoso temor diante de Deus. Nós sabemos que o Senhor Jesus foi o modelo para nós de um culto ao Pai. Quando orou ao Pai, Ele se ajoelhou na presença do Pai. Como poderíamos dizer, se alguém deveria ter o direito de ser informal e casual com Deus, essa pessoa era o Senhor Jesus. Mas Ele nunca agiu assim, nunca foi informal, nunca foi casual com o Pai. Ele se prostrava, Ele reverenciava, Ele se submetia ao Pai em todos os assuntos.
Tudo que fazemos ou dizemos tem de ser agradável a Deus, ou seja, o Senhor Deus está ciente até daqueles que no seu íntimo ofertam pequenas moedas. Ele se deleita com a alegria que demonstramos na administração dos nossos talentos e, em tudo o que fazemos, devemos ministrar a Ele em reverência e santo temor. Nosso louvor e oração precisam estar de acordo com a Palavra de Deus, de acordo com o caráter de Deus. A Palavra ministrada, a Palavra pregada, tem de servir ao propósito de Deus, tem que agradar a Deus, porque a mensagem é o aspecto mais importante da adoração. Através da mensagem Deus é expresso, Deus é ministrado.
NÃO É PROPÓSITO DO CULTO AGRADAR OS INCRÉDULOS
Não é propósito do culto, agradar aos incrédulos; não existe qualquer indício de que a Igreja do Senhor Jesus tem um chamado para afagar as emoções dos incrédulos. A reunião da Igreja tem como objetivo absoluto louvar a Deus, exaltar o Seu nome, adorá-lO em espírito e em verdade.
Não temos algo que vai além de Cristo, pois Ele é o nosso alvo na adoração. No culto temos de ser absolutamente claros e unânimes sobre o verdadeiro significado, a característica essencial do verdadeiro culto a Deus: nós nos reunimos para incentivar uns aos outros a vivermos como imitadores de Cristo Jesus, num verdadeiro serviço e culto ao Pai.
NOSSAS PALAVRAS DEVEM SER CHEIAS DE AFEIÇÕES E TEMOR A DEUS
Nossas palavras devem ser cheias de afeições e de temor e de reverência a Deus. Se, quando estamos em Sua santa presença, o estilo e a maneira de nos expressarmos na reunião congregacional do Senhor Jesus é da mesma maneira quando estamos em reuniões sociais, quando estamos diante dos nossos familiares e amigos, ou em qualquer outro lugar, nós falhamos na nossa adoração a Deus. Nós, pessoas salvas e eleitas, segundo a presciência e propósito de Deus, devemos ser sensíveis a esse aspecto fundamental, o culto a Deus. Não que venhamos menosprezar as pessoas incrédulas – não é isso –, mas que essas pessoas, quando estiverem no nosso meio, sintam-se completamente impactadas pela maneira como Deus é reverenciado por nós, pela maneira como o cultuamos.
Não podemos empregar termos vulgares, superficiais no culto a Deus. Nossa adoração tem de ser simples, espiritual, calorosa, reverente, substancial, caracterizada por orações espontâneas, com hinos que expressam a santidade, a grandeza da glória da graça de Deus. Deve haver uma expressão clara do louvor a Deus e não do nosso sucesso, não das nossas necessidades, porque todo culto é para Deus e, nesse aspecto, nós vemos que entra a questão da oferta, a questão dos dízimos, inerentemente ligados a esse assunto do culto a Deus.
A NATUREZA DA OFERTA
Vamos tocar um pouco na questão da oferta. Quando você estuda esse assunto na Bíblia, você vê que a primeira ocorrência dessa palavra está em Gênesis 4:3, onde diz:
“3 Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao SENHOR.”
Aqui, pela primeira vez aparece a palavra oferta. Nós sabemos que Deus reivindicou uma oferta de Caim e também de Abel, seu irmão. Esse capítulo 4 de Gênesis nos revela a história de Caim e Abel, os primeiros exemplos do homem mundano e do homem espiritual. Sabemos que os dois nasceram fora do Éden e eram os filhos de um homem caído. Então, não houve nada nas suas condições naturais que os distinguisse um do outro, os dois eram pecadores e haviam herdado uma natureza pecaminosa.
A GRAÇA NÃO É HEREDITÁRIA
Nós temos que saber, amados irmãos e irmãs, que a graça não é hereditária. Adão não pode engendrar fé em Caim e nem em Abel. Sua própria profissão de fé era fruto do amor divino implantado em seu coração pelo poder divino, mas não estava na natureza humana comunicá-la, transmiti-la aos seus descendentes. Somente aquilo que era natural em Adão Ele pode engendrar em seus filhos, nada mais do que isso. Tendo em vista que como pai ele estava em uma condição de ruína, seus filhos tiveram que nascer no mesmo estado.
O QUE DIFERENCIAVA CAIM DE ABEL?
Então, aqui no capítulo 4 o que vemos claramente é que Abel não era diferente de Caim em sua natureza moral. A distinção entre um e outro não teve sua origem na natureza nem em circunstâncias que lhes rodeavam. Agora, como explicar o grande contraste em suas obras? A diferença não estava na natureza desses dois homens, nem na educação que eles receberam, e nem mesmo em outras circunstâncias, se não na natureza das ofertas que eles ofereceram a Deus.
Em Hebreus 11:4 diz assim:
“4 Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala”.
Que texto impressionante. Esse texto vai abrir para nós uma revelação muito profunda nesse aspecto. Para um cristão salvo, toda a história de Abel assinala claramente um único modo de aproximar-se de Deus, de relacionar-se com Ele. O que aprendemos com esse texto de Hebreus 11:4 é que a diferença entre Caim e Abel não consistiu no caráter de cada um deles, e sim na oferta que eles ofereceram a Deus. A diferença não estava nos adoradores, e sim no modo de adorar. Isso é muito rico, isso é impressionante.
A Bíblia diz que, “Pela fé” – ora, o que isso significa? –, “Pela fé Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim”. Nós sabemos que quando Adão e Eva pecaram, eles prepararam aquelas roupas de figueira, aquelas roupas ridículas para cobrirem a nudez e a vergonha que tinham e estavam diante de Deus. Deus preparou peles de animais para cobrir toda aquela vergonha, toda a nudez. O que nós vemos é justamente isso, e Abel ofereceu para Deus um sacrifício que estava fundamentado no princípio da cruz em Deus. Por isso é que ele fez pela fé. Aquele primeiro cordeiro que foi morto e tipificava o Cordeiro de Deus, Cristo Jesus, aquele Cordeiro que João Batista viu e disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, aquele cordeiro que Deus sacrificou, revelava o princípio da cruz. Quando Abel ofereceu para Deus aquele cordeiro, ele ofereceu olhando espiritualmente pela fé para essa cruz, reivindicando o Redentor.
Oh! Irmãos e irmãs, foi olhando para a cruz, com essa visão de cruz. O sacrifício de Abel nos fala até hoje porque ele é o sacrifício que está fundamentado na cruz. Somente aquilo que está fundamentado na cruz pode agradar a Deus. O nosso louvor, a nossa adoração, têm que estar fundamentos na cruz. Sem esse fundamento da cruz jamais poderemos agradar a Deus. Esse foi o diferencial.
A OFERTA DE CAIM ERA O FRUTO DA TERRA
Vamos, pois, examinar as características dessas ofertas. Olhem os versículos 3 a 5 de Gênesis:
“3 Aconteceu que no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao SENHOR. 4 Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o SENHOR de Abel e de sua oferta; 5 ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou. Irou-se, pois, sobremaneira, Caim, e descaiu-lhe o semblante.”
A OFERTA DE CAIM REVELA SUA IGNORÂNCIA EM TRÊS PONTOS IMPORTANTES
Amados, a diferença entre uma e outra oferta era muito clara. Caim ofereceu a Deus o fruto da terra amaldiçoada, não havia sangue derramado na oferta de Caim. O sacrifício de Caim não tinha o elemento da fé. A oferta de Caim mostra a sua ignorância em três pontos importantes:
1) A exigência divina – O que Deus exige no que concerne à oferta é aquilo que está de acordo com o princípio estabelecido por Ele. Toda oferta tinha que ter o elemento do sangue – se é que essa oferta apontava para a cruz de Cristo Jesus, para o fundamento eterno em Deus –, porque a exigência de Deus estava relacionada a Sua Justiça. Tanto Caim quanto Abel eram pecadores. Aquela oferta não tinha que revelar apenas quem eles eram, mas também demonstrar a justiça de Deus e estar de acordo com a exigência divina.
2) O próprio caráter e condição como pecador perdido, condenado, pelo que não tinha nada de si mesmo para oferecer – Caim não tinha que buscar nada que fosse inerente a si mesmo, mas algo que estivesse de acordo com o padrão de Deus.
3) O verdadeiro estado da terra cujo fruto foi oferecido a Deus: a terra estava em maldição – Amados irmãos e irmãs, um pecador não perdoado, que entra na presença de Deus trazendo o seu sacrifício natural, se faz culpado da mais grave presunção diante da majestade e santidade divina.
O SACRIFÍCIO DE ABEL – OS PRIMOGÊNITOS DE SUAS OVELHAS
Veja que o sacrifício que Abel ofereceu a Deus, segundo a Bíblia, foi da primícia e da gordura do seu rebanho. A Bíblia diz que Deus agradou-se de Abel e da sua oferta. Ele não apenas se agradou do que Abel fez, no que diz respeito a sua oferta, mas da pessoa de Abel. Em outras palavras, ele compreendeu a verdade gloriosa de que se havia aberto o caminho até a presença de Deus por meio de um holocausto. Além disso, aprendeu na sua comunhão com Deus que por meio da morte do outro, isto é, de um animal, se cobre o pecado e suas consequências, e se cumpre as exigências do caráter de Deus e sua justiça e santidade mediante a substituição feita por uma vítima a quem deveria receber sobre si uma pena a que ele, pecador, merecia. Esta é a doutrina da cruz, a única que Deus exigia, na qual a consciência do pecador pode encontrar descanso e a única onde Deus é glorificado.
Amados irmãos e irmãs, como isso é impressionante. Como esse princípio é dissoluto e deve governar a nossa vida cristã, o nosso caráter, o nosso comportamento espiritual. Como esse princípio deve motivar-nos em relação a tudo aquilo que nós fazemos e ofertamos diante de Deus. Nós não podemos nos fazer de levianos, precisamos compreender a seriedade deste assunto, nesses dias em que, de modo especial, estamos estudando acerca das ofertas e dos dízimos. Como as pessoas têm buscado princípios errôneos completamente fora da Palavra de Deus para poder ensinar sobre esse assunto. Quantas pessoas têm visto nesse assunto meios de levarem vantagem sobre o povo de Deus. Devemos ser cuidadosos. Que Deus nos guarde.
Todo o capítulo 34 do livro do profeta Ezequiel trata desse assunto, daqueles que possuem uma compulsão para enganar, para mentir, para tentar levar proveito sobre a Obra do Senhor. Que o Senhor nos guarde. Que o Senhor nos livre de toda a presunção, dessa compulsão em enganar. Que haja em nós um coração totalmente tomado pela presença do Espírito Santo, para que Ele venha nos ensinar esse assunto com santo temor diante de Deus. Que DEUS fale ao seu coração.
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