AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 121
Taate – 23ª Estação (parte 12)
TEXTOS: João 4:22; Atos 17:23-28; João 16.1-3; Ec 5:1-2; Hebreus 12:28-29
AS CARACTERÍSTICAS DO VERDADEIRO CULTO A DEUS
Estamos diante de um assunto muito sério, no que concerne ao nosso relacionamento com Deus. Precisamos estudá-lo, pois já vimos acerca do dízimo, da oferta, e esses dois assuntos estão intimamente relacionados com o culto a Deus. Precisamos saber o que é o culto. Enfoca-se muito a questão de dízimo, de oferta, mas não se sabe o que é cultuar a Deus. Nunca devemos nos apresentar diante de Deus de mãos vazias, mas, se não conhecemos o Senhor, se não sabemos como cultuá-lO, essas coisas não têm nenhum sentido. É lógico que muitos fazem por fé e, mesmo diante da ignorância, o Senhor recebe. Agora, imagine o que significa fazer isso tendo os olhos abertos, contemplando o Senhor em espírito e em verdade. Por isso, gostaria de compartilhar acerca disso com vocês, nesta oportunidade em que estamos estudando esta 23ª Estação, Taate, falar um pouco sobre o culto a Deus.
O PRESSUPOSTO INEQUÍVOCO DA VERDADEIRA ADORAÇÃO: O CONHECIMENTO DE DEUS
Em João 4:22 o Senhor Jesus disse àquela mulher samaritana:
“Vós adorais o que não conheceis, nós adoramos o que conhecemos...”.
O SENHOR JESUS colocou, de forma inquestionável, a possibilidade de uma falsa adoração: adorar a DEUS sem conhecê-lo. Nesse texto O vemos repreendendo a mulher samaritana, quando Ele disse: “Vós adorais o que não conheceis”.
A verdadeira adoração deve ser baseada no verdadeiro conhecimento de DEUS. João Calvino disse: “E é necessário sempre começar com este princípio — conhecer a DEUS a quem adoramos”.
Em Atos dos Apóstolos 17:23, Paulo repreende, muito solenemente, os atenienses pelo fato de adorarem a DEUS sem conhecê-Lo:
“porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio”.
Vamos atentar para esse texto. Na verdade, eles não estavam prestando a DEUS uma verdadeira adoração. Eles estavam querendo ficar bem com qualquer DEUS que existisse para eles. É impossível adorar a DEUS verdadeiramente sem saber quem Ele realmente é. A adoração sempre será defeituosa na medida em que desconheçamos Aquele a quem cultuamos.
Por essa razão, Paulo começou a explicar aos varões atenienses algumas coisas sobre Quem era o DEUS verdadeiro. Lendo Atos 17:24-28, você verá justamente isso.
AS CONSEQUÊNCIAS DE UM CULTO ONDE NÃO SE CONHECE QUEM DEUS REALMENTE É
Quando estudamos a Bíblia, especialmente o capítulo 16, versículos 1 e 2 do Evangelho de João, podemos ver algo muito especial, pois esses textos nos mostram as consequências de um culto em que não se conhece a Deus, não se conhece quem realmente Deus é. Vamos ler João 16.1-2:
“Tenho-vos dito estas coisas para que não vos escandalizeis. Eles vos expulsarão das sinagogas; mas vem a hora em que todo o que vos matar julgará com isso tributar culto a DEUS”.
Esse foi um dos pecados cometidos por Paulo. Ele perseguia e matava os cristãos em nome de DEUS, porque ele realmente não conhecia o DEUS a quem ele adorava. Lembram de quando ele se encontrou com o Senhor Jesus? O que ele disse? “Quem és Tu, Senhor”. Ele não conhecia verdadeiramente a Deus. Todo o conhecimento que ele tinha de Deus era um conhecimento religioso. Ele diz em Filipenses 3:7:
“7 Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo.”
Lendo esses textos, você verá que o desejo de Paulo era conhecer a Cristo. Mas, “conhecer a Cristo para ganhar a Cristo e ser achado em Cristo”.
Amados, irmãos, quando falhamos em conhecer a DEUS, cometemos torpezas no culto a DEUS, e em nome de DEUS.
Então, JESUS mostra, de maneira inequívoca, a razão do procedimento errado quanto ao culto: o desconhecimento de DEUS. Ele disse em João 16.3:
“Isto farão porque não conhecem o Pai, nem a mim”.
Quantas pessoas estão cultuando a Deus sem conhecê-lO! E, se O conhecem, conhecem religiosamente, superficialmente; não O adoram em espírito e em verdade, pois não têm desfrutado de uma intimidade com Ele. Sem intimidade, sem uma vida relacional com Deus, não existe o culto. Por mais que cantemos, por mais que adoremos, por mais que venhamos aplaudi-lO, por mais que estejamos reunidos num aglomerado de pessoas, nunca iremos cultuá-lO, porque Ele não recebe esse culto.
Obviamente, o que cremos sobre DEUS determinará o estilo, o objeto, o foco e o fervor de nossa adoração. Certamente, o conhecimento de DEUS determinará o tipo de adoração que prestamos. Se o que ensinamos, pregamos e dizemos no culto é centralizado na pessoa humana, no nosso próprio eu, na experiência humana, a tendência da adoração deverá ser a do entretenimento. Sempre estaremos realizando um culto voltado para nós.
Contudo, se o que se diz no culto, se aquilo que exaltamos, falamos, dAquele que é Independente, Alto, Sublime, Santo, Poderoso, Soberano, Aquele que está acima de tudo e de todos, Aquele que é Onipotente, Onisciente, a tendência do culto passará a ser teocêntrica, refletindo a personalidade e o caráter do Adorado, do nosso Deus.
OS ELEMENTOS ESPIRITUAIS DO CULTO A DEUS
Nós precisamos compreender quais são os elementos espirituais do culto a Deus:
1º - Uma visão de quem realmente é DEUS
Quando começamos a conhecer quem DEUS é, assustamo-nos com o quão pequenos somos diante dEle. Isso deveria ser mais que suficiente para nos impressionar, nos fazer tremer diante dEle em adoração.
2º - A adoração do povo de Deus é a mais alta expressão da aliança entre Deus e Seu povo
É esta verdade da aliança que determina que o temor do SENHOR deve controlar-nos completamente no serviço e na adoração a Deus, naquilo que a Igreja ministra a Ele.
A reunião pública da Igreja, do Corpo de Cristo, é uma reunião que revela as relações que existem nessa aliança eterna entre Deus e o homem, entre Deus e Seu povo. Contudo, essa relação de amizade entre o Adorado e os adoradores não deve ser motivo para se pensar que os adoradores podem fazer o que quiserem nas reuniões de culto ao Adorado pelo simples fato de que Ele os trata numa amizade, numa relação em aliança.
Há duas coisas muito importantes que devem ser consideradas nessa ideia de relação pactual entre DEUS e o homem:
Primeira:
Embora as relações de amizade, de conversação entre DEUS e Seu povo sejam cordiais – e, de fato, há uma conversação, um diálogo –, é importante que se tenha em mente que quando nos aproximamos de DEUS, para responder em fé à Sua convocação para a adoração, ainda persiste uma grande distância entre os adoradores e Aquele que é o "objeto" do nosso culto.
O autor de Eclesiastes sentiu enormemente o peso dessa responsabilidade diante do SENHOR quando entrou no lugar da adoração. Ele disse:
“Guarda o pé, quando entrares na Casa de DEUS; chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de DEUS; porque DEUS está nos céus, e tu, na terra; portanto, sejam poucas as tuas palavras” - (Ec 5.1,2).
Embora DEUS seja um DEUS gracioso e amoroso, quando Ele é "objeto" de nosso louvor, de nossa adoração, do nosso culto, Ele não é adorado apenas na condição de nosso Pai, mas também na condição do DEUS que habita na "luz imarcescível", do Deus que habita na Sua eterna e majestosa glória, que é quantitativamente distinto de todos nós que O adoramos, infinitamente maior do que todos nós, que está eternamente acima de todos nós. Por isso, nós temos que ter temor, temos que tremer quando O cultuamos.
Segunda:
Além da diferença quantitativa entre DEUS e o homem, nós que O adoramos temos que saber que há uma grande diferença moral entre nós e Ele, uma diferença de qualidade.
Sorën Kierkegaard, o filósofo e teólogo dinamarquês, costumava falar nos seus livros sobre a “distância qualitativa e infinita entre DEUS e os homens”. A ideia é de que DEUS está no céu, e nós na terra. Quando estamos no culto, temos que nos portar como criaturas finitas e qualitativamente e quantitativamente menores que Ele, mesmo a despeito do fato de hoje sermos chamados Seus filhos nessa eterna aliança da graça. A nossa filiação não diminui a nossa distância dEle. Essa distância ainda existe, e precisamos ter plena consciência dela, especialmente quando O adoramos.
O CULTO AGRADÁVEL A DEUS
Vamos ler Hebreus 12.28,29. O escritor aos Hebreus nos chama a atenção para este fato quando diz:
“Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a DEUS de modo agradável, com reverência e santo temor; porque o nosso DEUS é fogo consumidor”.
O contexto dessa citação do autor de Hebreus é o de culto a Deus. O termo usado para “sirvamos” deveria ser traduzido como "cultuemos", pois o termo grego é “latreu”, do qual deriva-se “latreia”, que significa “adoração”, ou “culto”. Portanto, no nosso serviço (culto) a DEUS, precisamos ter reverência e santo temor. Esse é o culto que Lhe agrada. Para que tenhamos estas posturas na adoração divina é necessário que saibamos a Quem estamos adorando.
Muitos adoradores não têm em sua adoração o senso de santa reverência por Aquele a quem adoram. O escritor desta epístola está falando de um culto reverente que devemos prestar a DEUS, cheio de santo temor, por causa da natureza do DEUS a quem adoramos. “Ele é fogo consumidor”.
Estas noções não estão presentes na maioria dos cultos prestados a DEUS. As expressões que trazem DEUS ao nível dos adoradores pecadores, usadas por inovadores litúrgicos, desvestem DEUS de Sua majestade, desvestem o culto de Sua santidade, e desvestem os adoradores de Sua seriedade.
A falta de temor a DEUS é que, em grande medida, explica o baixo padrão de moral, a mundanidade e a carnalidade, a loucura do prazer e a perversão ética, que caracterizam os nossos tempos, que caracterizam a nossa sociedade de modo geral. A falta de temor a Deus, que tem caracterizado a presente geração cristã de adoradores, tem produzido uma adoração sem qualquer senso de reverência ao Deus Eterno, Poderoso, Santo, Aquele que está assentado no Seu trono, Aquele que é digno de receber toda honra, toda glória e todo louvor.
Que eu e você tenhamos consciência da seriedade deste assunto. Como precisamos ter reverência em relação ao verdadeiro culto a Deus. Que em nosso coração possa realmente pairar o toque do Espírito Santo chamando a nossa atenção a uma adoração santa, em espírito, em verdade, em santa liberdade, em santo temor a este maravilhoso Deus, que é o nosso Pai Celeste – Aquele que em amor nos amou eternamente, nos chamou em uma santa vocação celeste, pelo plano da redenção, através da morte expiatória do Seu Filho Jesus, onde nossos pecados foram perdoados, onde fomos inseridos na Sua família, através da morte e ressurreição do Seu Filho Jesus. E hoje estamos aqui e devemos prestar a Ele uma adoração e louvor à glória da Sua graça para conosco.
Isso não pode ser tratado de uma forma banal, não pode ser feito de qualquer maneira. Deve haver em nós temor, deve haver em nós reverência.
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