Quando estudamos o Novo Testamento no Evangelho de Marcos, no capítulo 16 e os versiculos 15 a 20 que diz:
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado. Estes sinais hão de acompanhar aqueles que crêem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados. De fato, o SENHOR JESUS, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à destra de DEUS. E eles, tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o SENHOR e confirmando a palavra por meio de sinais, que se seguiam”.
Estes textos tem alguns principios que precisam ser analisados:
1º.A expressão “Ide” – é um imperativo divino; uma ordem divina para que sejamos seus arautos, pois o termo “pregai” no gergo é kerusso que fala daquele que proclama a mensagem.
2º. “quem crer e for batizado será salvo” – o termo que Marcos usou aqui foi o verbo sozo, que é encontrado 11 vezes no Novo Testamento e significa: segurança, libertação; “salvo” aqui neste texto significa “resgatar”. A palavra aqui dá idéia de “libertação”. Esta palavra revela a libertação do poder do pecado. Há uma outra palavra que é soteria, que ocorre 43 vezes em todo Novo Testamento. A. W Pink, define esta salvação em quatro aspectos: salvo da penalidade, poder, presença e, mais importante, do prazer de pecar.
3º. “sinais hão de acompanhar aqueles que crêem” - mais um termo muito importante para nós estudarmos. Veja o que ele diz: “acompanham”. Aqui temos o vocábulo grego parakoloutheo que significa: “seguir após”, “seguir alguém de modo a estar sempre do seu lado”, “seguir de perto”, “estar sempre presente”, “seguir alguém a qualquer parte que ele vá”. Aqui desejo fazer três proposições:
1ª proposição: Nossa vida em si mesma é um milagre de DEUS, pois em CRISTO, fomos escolhidos segundo a presciência de DEUS Pai, isto é, uma escolha baseada no Seu amor; Pedro em sua Primeira carta disse: “escolhidos, segundo a presciência de DEUS Pai” – (1 Pd 1.2). Este é um grande milagre!
2ª proposição: Nossa vida deve ser vivida para a glória de DEUS. A glória de DEUS deve ser nosso compromisso supremo. Em 1 Coríntios 10.31, Paulo disse: “Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de DEUS”. Pensem sobre isso. Em CRISTO agora, estamos vivendo num campo mais alto, sob uma lei mais alta. Não mais debaixo da escravidão, somos pessoas livres. Você pode cantar, se quiser. Você pode viver sua própria vida, se quiser. Você ainda pode viver da sua própria forma na vida social, se você quiser. Você pode fazer isso! Mas por outro lado você pode fazer diferente, você pode viver como DEUS quer que você viva! Você pode viver para a glória de DEUS. Para que tudo que você faça, você glorifique o SENHOR. Mesmo em sua vida privada, vida pessoal. Mesmo em seu lar, mesmo na sociedade, mesmo na vida da Igreja, você pode fazer todas as coisas para a glória de DEUS. As pessoas pensam que ser livre é fazer todas as coisas que você gosta de fazer, mas a liberdade real é você ser livre para fazer o que DEUS quer que você faça isso é liberdade. Nessa liberdade escolhemos o campo mais elevado, escolhemos fazer todas as coisas para a glória de DEUS.
3ª proposição – Precisamos ter consciência que somos uma bênção de DEUS. Em Gênesis 12.2,3, o SENHOR disse a Abraão: “Sê tu uma bênção... em ti serão benditas todas as famílias da terra”. A palavra hebraica para bênção neste texto é Barakah que significa uma “fonte de bênção”, “um dom”. Veja que na sequencia o SENHOR diz a ele: “em ti serão bendita todas as familias da terra”; note que as pessoas seria abençoadas nele, porque ele seria uma bênção. Será que temos sido uma dádiva de DEUS para as pessoas? O mundo precisa ver a expressão de CRISTO em nós! Será que temos consciência da nossa grande responsabilidade como povo de DEUS nessa terra hoje? Vejamos três características do ministério e da vida da Igreja Primitiva em Atos:
1º - Temor – Esse termo descreve nossa revererência a DEUS. Vejamos alguns textos:
At 2.43: “Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos”.
At 9.31: “A Igreja, na verdade, tinha paz por toda a Judéia, Galiléia e Samaria, edificando-se e caminhando no temor do SENHOR, e, no conforto do ESPÍRITO SANTO, crescia em número”.
Este era o caminhar da Igreja Primitiva, em cada alma havia temor; eles caminhavam no temor do SENHOR. Toda a vida deles era caracterizada por essa reverência a DEUS.
2º - Ousadia no falar – quando lemos Atos 14.3, vemos que Lucas diz: “Entretanto, demoraram-se ali muito tempo, falando ousadamente no SENHOR, o qual confirmava a palavra da sua graça, concedendo que, por mão deles, se fizessem sinais e prodígios”. Quero que voce preste atenção na palavra “ousadamente” porque ela define para nós esse tópico; no grego é parrhesiazomai que significa: “falar com firmeza”, “com segurança”, “falar com ousadia”. Temos recebido a liberdade e o ministério da Palavra. Todos temos a liberdade para pregar, e alguns tem o ministério da Palavra, o certo é que todos temos que ter “ousadia”, “firmeza” e “segurança”. A Ousadia no falar provém do temor ao SENHOR.
3º - O conteúdo da mensagem deles é CRISTO – Em Atos 5.42, nos diz: “E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de pregar JESUS, o CRISTO”. Quando lemos neste sobre “ensinar” e “pregar” nós temos “vida” e “poder”. Estas palavras definem para nós o equilibrio do ministério da Palavra. O ensino produz crescimento em vida; e o pregação trasmite o poder para a conversão. Qual era o conteúdo da vida e do poder da Palavra? CRISTO! Todo conteúdo da mensagem deles era CRISTO, a mensagem viva, o Verbo de DEUS. O evangelho deles era CRISTO ressurreto.
ANÁLISE DOS MILAGRES NA IGREJA PRIMITIVA
O Milagre do coxo na Porta Formosa – At 3.1-26
Uma das características dos escritos de Lucas, é que ele narra sua história mediante pessoas e eventos que funcionam como exemplos ou padrões para nós.
Os acontecimentos deste capítulo ilustram aquilo que DEUS deseja nos ensinar acerca dos Seus milagres na vida prática da Igreja. Aqui vemos o minstério do ESPÍRITO mediante Pedro e João.
Quando analisamos o milagre realizado pelo ESPÍRITO SANTO através de Pedro, podemos aprender certos princípios que forma em nós o fundamento doutrinário dos milagres no Novo Testamento. Vamos estudar dentro de uma ordem lógica para compreendermos os princípios espirituais contidos nesse episódio:
1º. “Pedro e João estavam subindo ao templo” – Note que o verbo “subindo” está na forma do passado progressivom indicando que eles costumeiramente iam ao templo para orar. Oração era uma experiência continua na vida desses homens. Aqui temos um princípio: oração deve ser a prática da nossa vida devocional com CRISTO.
2º. A confiança de Pedro estava baseado na sua experiência ascensional no discipulado de CRISTO. Desde aquele dia que André levou Pedro a CRISTO, e o SENHOR olhou atentamente para ele – (Jo 1.42). Nesse dia o SENHOR começou seu discipulado na vida dele. Depois, vemos que ele passou a seguir o SENHOR de forma esporádica, ainda não havia um discipulado sistemático, mas Pedro, continuava sua vida, até que um dia ele está pescando – (Lc 5.1-10); nesse dia, ele descobre algo maravilhoso: ele não poderia mais viver para si mesmo. Aconteceu que o SENHOR usava o barco de Pedro para pregar a multidão, e após isso, deu ordem a eles para lançarem as redes, Pedro disse ao SENHOR: “Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as redes” – (v.5). O SENHOR pintou todo esse quadro para ser revelar a Pedro de maneira especial. Nesse dia o SENHOR disse a Pedro: “doravante serás pescador de homens” – (v.10). Cada experiência que Pedro teve com o SENHOR ele aprendreu que não deveria confiar em si mesmo. Em Mateus 14.26, o SENHOR vinha andando sobre as águas, e os discipulos ao verem o SENHOR Ficaram aterrados e exclamaram: É um fantasma! E, tomados de medo, gritaram. Mas JESUS imediatamente lhes disse: Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais!” – (vv.26,27). Pedro disse ao SENHOR: “Se és tu, SENHOR, manda-me ir ter contigo, por sobre as águas. E ele disse: Vem! E Pedro, descendo do barco, andou por sobre as águas e foi ter com JESUS” – (vv.28,29). Que linda experiência Pedro teve. Precisamos lembrar que uma característica da vida de Pedro é o seu coração vacilante. Nesta experiência podemos ver com nitidez que mais uma vez isso foi evidente, veja: “Reparando, porém, na força do vento, teve medo; e, começando a submergir, gritou: Salva-me, SENHOR!” – (v.30). Veja as palavras do SENHOR a ele: “JESUS, estendendo a mão, tomou-o e lhe disse: Homem de pequena fé, por que duvidaste?” – (v.31). Esse foi o seminário de Pedro, um seminário que forma caráter. É interessante, que o SENHOR age da mesma forma conosco; Ele trata assim consco. Nesse seminário, o SENHOR trabalha de forma ascensional. Outro exemplo está em Mateus 16, quando o SENHOR pergunta aos discipulos: “Quem diz o povo ser o Filho do Homem?” – (v.13). Pedro enfaticamente disse: “Tu és o CRISTO, o Filho do DEUS vivo” - (v.16). Foi algo maravilhoso que fluiu de sua vida. O SENHOR JESUS dissera que isso viera de uma revelação do Pai nele – (v.17). Mas, não muito depois dessa revelação, o SENHOR revela aos seus discipulos sobre Sua morte. Porque o Mistério de CRISTO – (Ef 3.4), só poderia ser manifesto mediante Sua morte. Pedro, agora sem nenhum discernimento espiritual chama-O a parte e reprovando-O, diz: “Tem compaixão de ti, SENHOR; isso de modo algum te acontecerá” – (v.22). Veja agora, o que o SENHOR diz a ele: “Arreda, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de DEUS, e sim das dos homens. Então, disse JESUS a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”. Todo temor de Pedro em relação a morte do SENHOR, é porque ele não havia negado a si mesmo. Ainda, no capítulo 13 do Evangelho de João, quando o SENHOR estava com seus discípulos no cenáculo, e abertamente ele falava da Sua morte, da sua partida, quando pedro Lhe perguntou: “SENHOR, para onde vais? Respondeu JESUS: Para onde vou, não me podes seguir agora; mais tarde, porém, me seguirás. Replicou Pedro: SENHOR, por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a própria vida. Respondeu JESUS: Darás a vida por mim? Em verdade, em verdade te digo que jamais cantará o galo antes que me negues três vezes” – (vv.33-38). Como Pedro procurava provar seu amor pelo seu mestre, mas nunca conseguia. Quantas vezes ele achava que poderia agradá-Lo, mas sempre era reprovado. Amados em CRISTO, em todas estas situações, o que vemos é a vida de um homem centrado em si mesmo. É isto que a vida de Pedro nos revela. Mas, por outro lado, vemos um Mestre amado que não desiste daqueles que fracassam em seguí-Lo. Quando lemos em Atos dos Apóstolos, capítulo 2, e o versículo 14, Lucas diz: “Então, se levantou Pedro, com os onze; e, erguendo a voz, advertiu-os nestes termos: Varões judeus e todos os habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e atentai nas minhas palavras”. Note o termo “advertiu-os”, porque ela é uma chave importante para compreendermos este texto. No grego é apophtheggomai, e significa: “falar alto e abertamente uma mensagem digna da mais alta consideração”. Este é um termo que só ocorre aqui em Atos em todo Novo Testamento. Olhar toda esta trajetória do discipulado de Pedro nós ajuda ver de maneira gloriosa, como sua confiança estava baseada na sua experiência ascensional no discipulado de CRISTO.
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