segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

12ª estação – Monte Sinai – final da 6ª subida e introdução à 7ª subida (Mensagem 59)


Esse é o texto que estudaremos na reunião da igreja do dia 29 de dezembro. Que o Senhor prossiga falando aos nosso corações.

As 42 Jornadas no Deserto

Textos: Ex 25:1 a Ex 30:11 e Ex 32:11-13


Vamos continuar estudando sobre a décima segunda estação da peregrinação do povo de Israel no deserto. Estamos no final da sexta subida de Moisés ao Monte Sinai.
Sabemos que agora, no final desta sexta subida, Moisés sobe muito contente, muito feliz, porque Deus lhe dera as tábuas da lei; Deus lhe dera a visão da Sua casa, uma visão pormenorizada, em detalhes, em riquezas espirituais. Moisés desce para poder compartilhar tudo isso com o povo e, ao descer, ele vê o povo adorando o bezerro de ouro.
Arão deixara o povo desenfreado. Quando Deus vê a maneira como aquele povo se comportava diante dEle, a tristeza de Deus toca profundamente o coração de Moisés. Moisés desce, quebra as tábuas e acontece aquele problema e Deus tem que aplicar o Seu juízo.
Então Moisés perguntou àquele povo por que eles estavam adorando a ídolos, estavam adorando a um bezerro de ouro, ao estilo dos egípcios, como se Deus jamais tivesse falado com eles, como se Deus jamais tivesse operado no meio deles com tanto poder, misericórdia e graça. Em seguida, o que Moisés faz? Moisés pergunta: “Quem está pelo Senhor? Quem é por Jeová?” E somente a tribo de Levi esteve ao lado de Moisés. Somente a tribo de Levi se posicionou de acordo com Deus, de maneira que ele disse: “Venham, ponham-se ao meu lado e ponham a espada exercendo o juízo de Deus.” E foi desde esse momento que os levitas foram consagrados para servir.

Ü O propósito de Deus era ter uma nação de sacerdotes:

O propósito de Deus era ter uma nação de sacerdotes, uma nação que ministrasse a Ele, e naquele episódio da adoração ao bezerro de ouro vemos que o povo não quis tal posição diante de Deus. O povo não quis viver uma vida de profundo relacionamento, de intimidade, com Deus. E quem se posicionou para estar diante de Deus? A tribo de Levi.
O desejo de Deus era ter toda uma nação de sacerdotes exercendo o sacerdócio diante dEle, mas, por causa da culpa daquele povo, Deus separou a tribo de Levi. O desejo de Deus é com todos, mas se todos não querem, Ele faz com aqueles que querem: somente a tribo de Levi.

Ü Moisés sobe para interceder pelo povo:

Então Moisés sobe pela sétima vez. Ele sobe para interceder. Ex 32:11-13 diz assim:

11 Porém Moisés suplicou ao SENHOR, seu Deus, e disse: Por que se acende, SENHOR, a tua ira contra o teu povo, que tiraste da terra do Egito com grande fortaleza e poderosa mão?
12 Por que hão de dizer os egípcios: Com maus intentos os tirou, para matá-los nos montes e para consumi-los da face da terra? Torna-te do furor da tua ira e arrepende-te deste mal contra o teu povo.
13 Lembra-te de Abraão, de Isaque e de Israel, teus servos, aos quais por ti mesmo tens jurado e lhes disseste: Multiplicarei a vossa descendência como as estrelas do céu, e toda esta terra de que tenho falado, dá-la-ei à vossa descendência, para que a possuam por herança eternamente.


Moisés ora as próprias palavras de Deus

Aqui vemos que Moisés toca o coração de Deus com essa intercessão. Amados irmãos, nós podemos pensar que Moisés está mudando a vontade de Deus, nós podemos achar que nessa oração Moisés está convencendo Deus de algo que Deus iria fazer. Na verdade, esse não é o propósito de Moisés. Deus é indomável, Deus não se deixa domar nem dominar e nem se convencer pelo homem de alguma coisa que queira fazer.
Na verdade, o conteúdo, a essência dessas palavras, são palavras espirituais, são palavras de um homem cujo coração está completamente compungido pelo coração de Deus. É como se o coração de Deus e o de Moisés batessem numa intensa sintonia. O que Moisés está fazendo aqui é orando as próprias palavras de Deus. Aqui nós temos o caráter da justiça de Deus em face ao pecado do povo. E Moisés ora de acordo com a própria Palavra de Deus, de acordo com o propósito de Deus. Ele não podia fazer uma outra oração, ele tinha que fazer esta oração em conformidade com o propósito de Deus. E foi isso que ele fez.
Por que Deus atendeu a Moisés? Foi porque Moisés tocou o foco da oração. Não foi porque Moisés entrou com um pensamento sublime ou mais elevado do que o propósito de Deus; Moisés orou dentro do propósito de Deus, dentro daquilo que DEUS houvera falado a Moisés. Moisés diz “Torna-te do furor da tua ira”. Deus precisava ouvir isso? Não. Era Moisés que precisava falar isso para que demonstrasse diante de Deus a palavra de Deus dentro dele. Moisés diz para Deus “Arrepende-te deste mal contra o teu povo”. O arrependimento de Deus é diferente do nosso próprio arrependimento. Uma coisa que temos que entender é que a expressão arrependimento, concernente ao caráter de Deus, é uma expressão teofânica, porque o arrependimento de Deus não é como o arrependimento do homem.
Vamos ler dois textos. O primeiro está em Nm 23:19:

Deus não é homem, para que minta; nem filho de homem, para que se arrependa. Porventura, tendo ele prometido, não o fará? Ou, tendo falado, não o cumprirá?

O segundo texto está em I Sm 15:29:

Também a Glória de Israel não mente, nem se arrepende, porquanto não é homem, para que se arrependa.

Então vemos que quando a Bíblia fala desta questão do arrependimento de Deus aqui, quando Moisés diz para o Senhor “arrepende-te deste mal contra o teu povo”, Moisés não está querendo fazer Deus mudar de idéia. Moisés não está tentando convencer Deus de algo que Deus vai fazer. Moisés está aqui é concordando com a vontade de Deus sobre aquilo que Deus quer fazer. O coração de Deus e o de Moisés são um. A nossa oração não muda a Deus, a nossa oração muda a nós mesmos. Nós é que somos mudados quando oramos. Quem quebrou as tábuas da lei foi Moisés, quem estava irado era Moisés. Nós sabemos que a ira de Moisés, em face a tudo aquilo, refletia o próprio coração de Deus, a própria comunhão que Moisés tinha com Deus. No entanto, ele não estava convencendo, ordenando, que Deus não fizesse ou que fizesse algo; o que Moisés está orando aqui é concordando com Deus sobre aquilo que Deus vai fazer.
Moisés diz para Deus “Lembra-te de Abraão, de Isaque e de Israel, teus servos, aos quais por ti mesmo tens jurado e lhes disseste: Multiplicarei a vossa descendência (...)”. Essas são as palavras de Deus. Moisés ora a Deus conforme a própria Palavra de Deus. Tem um texto que está em Isaías 43:26, quando Deus diz assim:

Desperta-me a memória; entremos juntos em juízo; apresenta as tuas razões, para que possas justificar-te.

Essa é a verdade, essa é a questão.

Ü O povo estava completamente envolvido por um estado de idolatria:

Amados irmãos e irmãs, há uma questão que nós temos que ver aqui. Vejam que aquele povo estava completamente envolvido por um estado de idolatria. Imaginem Ex 20:3-4 – Deus havia dito para aquele povo:

3 Não terás outros deuses diante de mim. 4 Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.

Irmãos, sem nem ao menos considerar o texto, quando vamos para a Palavra de Deus, vemos algo muito sério! Como este povo estava virando as costas para Deus! Imaginem a seriedade, a gravidade de tudo isso! Imaginem que este povo experimentou a libertação de Deus. Como Deus os tirou do Egito, como Deus os sustentou, como Deus os guardou do calor do deserto, colocando sobre eles uma nuvem que os cobria durante o dia e que os aquecia durante a noite. Vejam que a idolatria é irracional.
Nesse contexto ainda muito mais podemos ver isso. Tudo o que Deus operara no meio deles, como eles puderam sequer cometer tal pecado, considerando tudo o que Deus fizera por eles. Todas as manifestações sobrenaturais de Deus – comida caindo do céu, águas amargas transformadas em águas potáveis e doces, roupas que resistiram ao tempo, sandálias que não se desgastavam nos pés, águas que saiam da Rocha, a lista imensa. Imaginem quantas coisas. Considerar a hipótese de adorar outros deuses diante de manifestações tão claras de autoridade, poder, graça e misericórdia como essas, seria simplesmente demonstrar uma completa incapacidade de reconhecer o que é o amor, o que é a graça, o que é a misericórdia, quem é Deus. Eles não viram Deus em nada daquilo que Deus fizera; eles não puderam ganhar de Deus. Ganharam as coisas de Deus, mas não puderam ganhar Deus. Por isso que a idolatria é algo extremamente irracional. A idolatria continua se revelando como um câncer na vida do homem.
Nós precisamos compreende o que é um ídolo. A primeira figura que surge em nossas mentes é de uma imagem (de barro, de metal, de pedra), diante da qual as pessoas se dobram para poder pedir alguma coisa. Mas o que está por detrás desta prática é o que constitui o problema.


Ü A idolatria se define basicamente por três características essenciais: utilitarismo, egocentrismo e manipulação.

1) Utilitarismo

Em primeiro lugar, a idolatria é uma relação utilitarista. Um ídolo é um produto das mãos do próprio homem construído a partir das suas paixões, dos seus desejos, das suas necessidades.
Uma coisa que nós temos que saber é que um ídolo não é um fim em si mesmo, e sim um meio para se atingir um fim. Um ídolo não é adorado pelo que é em si, mas por aquilo que ele pode dar. O deus do idólatra é um objeto de uso, uma espécie de trampolim para a realização de desejos pessoais. Sendo assim, os ídolos nascem onde nascem os nossos desejos. Os maiores postes-ídolos não são altares físicos, mas o nosso próprio coração. Onde houver um desejo a ser realizado, existirá a idolatria.
A idolatria não é um pecado exclusivo daqueles que se prostram diante de imagens. Faz parte de todo aquele que carrega, ainda que seja um apequena fagulha, a ardente natureza corrompida do homem que o leva à busca da satisfação pessoal a qualquer custo. Isso caracteriza a idolatria. A relação entre o desejo e o ídolo é uma relação dinâmica: de acordo com o desejo, o ídolo sofre mutações. Quando o desejo é dinheiro, o ídolo pode ser o trabalho; mas quando o desejo é luxo, o ídolo é o próprio dinheiro; quando o desejo é prazer, o sexo torna-se um deus; mas quando o desejo é sentir-se amado, o ídolo pode ser o próprio cônjuge ou os filhos; quando o desejo é a fama, o ídolo pode ser o conhecimento ou o talento; quando o desejo é poder, controle, cargo, ou qualquer outra coisa, ou até mesmo o púlpito, tudo isso pode se tornar um deus. O ídolo sempre alimenta o desejo e só é apreciado enquanto atende as necessidades.

2) Egocentrismo

Em segundo lugar, nós vemos o egocentrismo. A idolatria é egocêntrica. Se o que caracteriza a idolatria é o uso do deus, quem está no centro da espiritualidade não é o ídolo, e sim o próprio homem. Enquanto alimenta o seu ídolo, o homem está na verdade trabalhando em prol de si mesmo. De fato, todos os ídolos são representações diferenciadas da própria tendência de alta exaltação. Se olharmos nos olhos das imagens de esculturas de nossos corações, veremos fotos ampliadas de nós mesmos. Enquanto alimentamos o que nos proporciona o objeto de desejo, somos nós mesmos que estamos sendo adorados. A grande tentação humana é fazer do homem o seu próprio centro, o seu próprio deus. O maior desejo do homem, a maior compulsão que existe no coração caído, é ser Deus. O cerne da idolatria é que nós somos adoradores de nós mesmos.

3) A idolatria é manipuladora

Em terceiro lugar, a idolatria é manipuladora. É uma forma de definir fronteiras para o invisível. As imagens de escultura são representações concretas e visíveis da realidade tangível. A princípio pode ser uma tentativa de trazer para a realidade presente aquilo que se sente que está distante. Talvez fosse essa a intenção dos israelitas ao construir aquele bezerro de ouro: colocar uma forma e uma face naquele que os havia libertado do cativeiro. Vejam que quando eles estavam diante daquele bezerro, Arão disse: “Eis aí, Israel, o teu Deus que os tirou do Egito”. Vejam isso. Mas os desdobramentos dessa forma de pensar são extremamente enganosos em si mesmos. Uma vez que o invisível esteja aprisionado em uma forma, ele pode ser facilmente ignorado. O ídolo é manipulável, ele pode ser venerado, como também pode ser descartado com a mesma facilidade por quem está no controle (que na verdade é o homem).

Amados irmãos e irmãs, como isso é sério dentro do contexto do evangelho que nós estamos vivendo. Como nós precisamos ser libertos, ser ajudados. Como nós precisamos ter um coração como tiveram aqueles levitas: de nos posicionar do lado de Deus. Como nós precisamos ter um coração pelo Senhor. Como nós não podemos levantar nenhum altar diante de nós, porque aquilo que levantamos diante de nós é procedente daquilo que reside lá dentro do nosso próprio coração. Que Deus nos conquiste, que Deus nos liberte, que Deus nos leve pela Sua Palavra a fazer uma profunda reflexão: “se somos ou não somos adoradores; se, de fato, nós não somos adoradores de nós mesmos; se, de fato, nós não somos idólatras, corrompidos nos nossos desejos, nos nossos sentimentos”. Precisamos de ajuda, precisamos de libertação.

Que Deus, de uma forma grandiosa e poderosa, conquiste sua vida e te abençoe rica e poderosamente; leve você a fazer uma grande e profunda reflexão sobre essa questão da idolatria e a sua espiritualidade. Que Ele te abençoe pela Sua Palavra.

Nenhum comentário: