domingo, 17 de julho de 2011

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 113



Taate – 23ª Estação (parte 4)


Por> Luiz Fontes

TEXTOS: Nm 33:26; Lv 8:1-6; Ez 36:25-26; Jo 11:25-43; 1 Jo 5:6-8; Ex 30:22-25; 2 Co 2:14-15; Jo 12:3

Nesta 23ª estação, Taate, estamos estudando sobre a consagração dos sacerdotes e do sumo sacerdote, e isso nos fala de dois aspectos: a consagração daqueles que servem no ministério e a nossa consagração. Dentro desse contexto do sacerdócio de todos os santos, todos nós fomos chamados por Deus para um serviço sagrado, todos nós fazemos parte do corpo de Cristo, somos peças úteis nas mãos de Deus para Ele alcançar a Sua obra.

Quero dar continuidade a Palavra anterior, onde estudamos Levítico 8:1-6, que trata da consagração de Arão e seus filhos. O encargo do Senhor no meu coração é tratar dessa temática, a consagração espiritual, especialmente no que diz respeito ao ministério. É lógico que, de uma forma muito especial, o Espírito Santo está falando a todos nós, porque o Senhor quer uma consagração do Seu povo. Mas, além disso, Ele também requer uma consagração de um modo especial e distinto daqueles que servem no ministério. Quando nós estudamos os Levítico 8:1-6, vimos o Senhor falar que separasse Arão e seus filhos, as vestes, o olho da unção, um novilho para a oferta do pecado, dois carneiros, e também um sexto de pães asmos, e que tudo isso fosse colocado diante da congregação, na porta da tenda do Tabernáculo. A Bíblia diz que Moisés fez assim, ajuntou todo o povo e, ouvindo a Palavra do Senhor, disse ao povo que Arão e seus filhos se aproximassem, que eles fossem lavados pela água. Diz ainda o texto que ali eles foram lavados pela água. Sobre este assunto, vimos um aspecto muito glorioso do trabalho da Palavra de Deus em nós. De uma forma gloriosa o Senhor ministrou a nós. Agora, quero concluir esse assunto e seguir lendo mais alguns textos desse capítulo, se o Senhor permitir.

Em Ezequiel 36:25-26, diz assim:

25 Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei. 26 Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. 27 Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis”

Vejam que temos uma ordem aqui: primeiro o Senhor prometeu derramar água abundantemente sobre nós para que fossemos purificados; depois Ele promete dar-nos um coração novo, no qual Ele colocará um novo espírito, o Seu Espírito; e em seguida Ele diz que nós vamos andar nos Seus estatutos, guardar os Seus juízos. Este é o propósito para que tenhamos uma vida consagrada, comprometida com o caráter de Deus, com a Palavra de Deus.

Essa é uma das maiores experiências cristãs. No aspecto prático, essa seja talvez uma das maiores experiências da vida cristã, e a maneira como devemos aplicar isso a nós é ilustrado através da ressurreição de Lázaro, lá em João 11:25-43:

25 Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; 26 e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?”

No versículo 43 desse mesmo capítulo o Senhor Jesus diz:

“Lázaro, vem para fora!”

Embora esse episódio esteja apresentado aqui de forma bem sucinta, sabemos que Lázaro estava enterrado fazia quatro dias (Jo 11:39). Ali, confinado na morte, ele estava preso a ela, à própria morte, porque a morte retêm tudo aquilo que o pecado toca e Lázaro era um pecador. Mesmo tendo conhecido o Senhor Jesus, assim como você e eu, ele também havia sido uma pessoa que o pecado tocara em sua própria natureza por ter nascido pecador. Tudo aquilo que o pecado toca, a morte retêm. Mas quando o Senhor Jesus chegou, Ele disse para Lázaro: “Vem para fora!”. O poder da Sua palavra o libertou do terrível domínio da morte. Da mesma forma isso aconteceu conosco. A Bíblia diz em Efésios 2:1 que nós estávamos mortos nos nossos delitos e pecados e, assim, Cristo nos libertou pelo poder da Sua Palavra. Olhem o que diz Efésios 2:5:

“(...) nos deu vida juntamente com Cristo (...).”

Observem algo interessante aqui. É isso que o Senhor fez, e isso que Ele fez o fez pela instrumentalidade da Sua Palavra. O falar do Senhor nos transforma, nos dá vida, nos vivifica, nos regenera.

Quero ainda ler dois textos com vocês em 1 João 5:6 e 8:

6 Este é aquele que veio por meio de água e sangue, Jesus Cristo; não somente com água, mas também com a água e com o sangue. E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade.”

8 E três são os que testificam na terra: o Espírito, a água e o sangue, e os três são unânimes num só propósito.”

Meus amados irmãos e irmãs, precisamos ver uma profunda relação entre o sangue, a água e o Espírito. O sangue fala de morte, o Espírito fala de vida e a água fala de ressurreição. Agora, vejam que o apóstolo João diz que os três são unânimes num só propósito, e esse único propósito só poderá ser proclamado por meio da Palavra. Versículo 7:

7 Pois há três que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um.”

O Espírito, a água e o sangue são unânimes num só propósito e o Pai, a Palavra e o Espírito, esses três, são um. Então, aqueles que são um e dão testemunho no céu são unânimes em um só propósito, e estes três são um, e este propósito será alcançado por meio do sangue, do Espírito e da água. E é isso que a Palavra faz, pois ela dá testemunho, e esse testemunho é dado dentro de nós, pois um dia nós estávamos mortos e o sangue dá testemunho de que Cristo morreu lá na Cruz do Calvário, derramou o Seu sangue e perdoou os nossos pecados. O Espírito também lhe dá testemunho, pois o Espírito é vida. Ele vem e aplica em nós a vida, a realidade da vida, a realidade da obra do sangue na nossa própria vida. É isso que o Espírito Santo está fazendo, Ele está dando testemunho da obra de Cristo, Ele está tornando real na nossa vida aquilo que Cristo um dia consumou lá na Cruz do Calvário. O Espírito é vida e a água é ressurreição. A água nos mostra isso. Por isso a Palavra que pregamos é o Evangelho da ressurreição de Cristo Jesus. Esse é o grande testemunho que Deus, o Pai, tem em cada um de nós pela obra consumada lá na Cruz do Calvário.

Os sacerdotes tinham o direito de ministrar ao Senhor porque estavam habilitados pelo sangue do sacrifício. Quando lemos no capítulo anterior desse estudo, em Levítico 8:1-6, pudemos ver isso. Um novilho tinha de ser oferecido como oferta pelo pecado. Mas, para que eles pudessem exercer o sacerdócio, não bastava apenas o sacrifício, tinha que ter também o lavar da água. Vejam bem: o sangue do Senhor Jesus nos limpa dos nossos pecados e a água nos limpa do pó do deserto deste mundo. A Palavra é o meio pelo qual o Senhor conserva o Seu povo limpo para que Ele possa ter uma comunhão com esse povo.

Do lado do Senhor Jesus na Cruz saíram sangue e água, que reúnem dois aspectos da salvação: o sangue é para nossa reconciliação com Deus; e a água para limpeza, a fim de que possamos ter comunhão para ministrar a Ele e também ministrar por meio dEle. A Palavra de Deus é santa, ela não se move em canais sujos. Por mais que alguém possa estar compartilhando uma palavra bonita, linda, uma palavra perfeita na sua exegese, se essa pessoa não estiver lavada pela palavra, faltará vida, faltará poder, faltará realidade espiritual.

Quando você lê esses versículos, especialmente essa parte de Levítico 8:1-6, vê que todos esses sacrifícios são aspectos distintos da obra da Cruz de Cristo. Voltando aqui para Levítico 8, o que é que vemos no versículo 2? Vemos o óleo da unção, que fala do Espírito Santo, o novilho da oferta do pecado, os dois carneiros, o cesto dos pães asmos. Ora, o que é que isso significa espiritualmente para nós? Aqui nós temos distintos aspectos da obra da Cruz do nosso Senhor Jesus para nos redimir. Tudo o que Ele fez por nós lá na Cruz está representado aqui pelo novilho, pelos carneiros sem defeito, pelos pães asmos. Depois temos o óleo da unção derramado. Então, vemos aqui a maneira como Arão e seus filhos eram consagrados para o santo encargo do ministério. Sabemos que todas essas coisas eram símbolos no Antigo Testamento. E quando olhamos para essas coisas, temos que encontrar a realidade delas no Novo Testamento.

Nesse sentido, gostaria de expor agora sobre o óleo da unção. Êxodo 30:22-25 diz assim:

22 Disse mais o SENHOR a Moisés: 23 Tu, pois, toma das mais excelentes especiarias: de mirra fluida quinhentos siclos, de cinamomo odoroso a metade, a saber, duzentos e cinquenta siclos, e de cálamo aromático duzentos e cinquenta siclos, 24 e de cássia quinhentos siclos, segundo o siclo do santuário, e de azeite de oliveira um him. 25 Disto farás o óleo sagrado para a unção, o perfume composto segundo a arte do perfumista; este será o óleo sagrado da unção.”

Temos aqui três medidas. Elas são uma referência à obra de Cristo em Sua morte e ressurreição. Na Bíblia, o número 3 é uma referência à triunidade divina. O propósito da unção é nos capacitar para cooperar com Cristo em Sua obra, pois Ele conta conosco para que o propósito do Pai seja alcançado.

Meus amados irmãos e irmãs, naturalmente, por meio de nós mesmos, não somos capazes de realizar esta tão grande obra. Então, Deus nos unge com o Seu Espírito, e assim podemos agir em cooperação com Ele. Esse sacerdócio de todos os santos é algo muito importante na nossa edificação, pois consiste em um dos mais expressivos ensinamentos quanto a nossa eleição e vocação espiritual.

Voltando para os textos aqui de Êxodo 30:22-25, podemos ver que o óleo da unção deveria conter:

1) A mirra – uma resina árabe, procedente da casca de uma árvore, usada em óleo sagrado e em perfume. A mirra nos fala da morte de Cristo.

2) O cinamomo odoroso – era uma casca de árvore aromática utilizada como condimento. O cinamomo é o mesmo que a canela. Amados, espiritualmente falando o cinamomo aponta para a eficácia da morte de Cristo.

3) O cálamo aromático – uma raiz aromática de uma espécie de caniço dos pântanos. Tipifica a ressurreição de Cristo.

4) A cássia – árvores com flores amarelas, que dá uma vagem cujas sementes são medicinais e perfumadas. O sentido espiritual dessa vagem é a eficácia da morte do Senhor Jesus.

Então, a mirra fala da morte do Senhor Jesus; o cinamomo fala da eficácia da morte do Senhor Jesus; o cálamo fala da ressurreição do Senhor Jesus; e a cássia fala da eficácia da morte do Senhor Jesus. Em 2 Coríntios 2:14-15, Paulo, escrevendo aos irmãos da Acaia, diz assim:

14 Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento. 15 Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem.”

Meus irmãos e irmãs, vamos analisar esses textos para obtermos revelação do Espírito Santo, a fim de sabermos o que Deus deseja nos falar. Quero considerar algumas frases aqui. A primeira é quando Paulo diz:

“Graças, porém, a Deus, que, em Cristo (...).”

Essa frase, “em Cristo”, é uma expressa que Paulo usou 20 vezes nas duas epístolas que ele escreveu aos irmãos em Corinto. Ao estudá-la, você vai descobrir que ela fala da totalidade daquilo que é a vida cristã.

“(...) a fragrância do seu conhecimento (...)”

O termo “fragrância” que Paulo usa aqui, no original grego, é “osme”, e significa perfume, aroma.

Em João 12:3, quando Maria tomou aquele perfume e ungiu os pés do Senhor Jesus, o texto diz que a casa ficou tomada por aquele perfume:

3 Então, Maria, tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, mui precioso, ungiu os pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos; e encheu-se toda a casa com o perfume do bálsamo.”

Vejam que Maria ungiu os pés do Senhor Jesus, e isso é algo muito especial para nós. Temos algo aqui muito maravilhoso, aquilo que exalou toda a casa, aquilo que tomou todo o lugar. E Paulo diz que nós somos o bom perfume de Cristo para Deus.

Deus quer sentir prazer na nossa vida, mas esse prazer não é aquilo que a nossa vida tem dela mesma, mas aquilo que de Cristo está na nossa vida. Aquilo que é de Cristo e está na nossa vida, fundido pela unção do Espírito Santo, é que deve trazer este prazer para Deus. Quando você exerce o ministério com diligência, com fidelidade para Deus, isso é como um perfume diante das narinas de Deus. Quando o nosso testemunho é adequado com a unção do Espírito, quando nós correspondemos a Deus pela unção do Espírito, quando nós somos obedientes à visão celestial, a nossa vida é como um perfume diante de Deus, Ele se sente bem em nos contemplar em obediência e fidelidade e em consagração a Ele. Este é o perfume: não é o testemunho natural daquilo que somos, mas o testemunho espiritual daquilo que de Cristo está em nós e está sendo expresso, está sendo exalado. Nós não podemos conter Cristo para nós. Aquilo que contemos de Cristo para nós tem o propósito de expressão e este é o perfume diante de Deus.

Meu irmão e minha irmã, que Deus, poderosamente, venha falar ao seu coração. Que, de uma forma rica e poderosa, Ele venha falar a você a Palavra a qual Ele está ministrando nesta hora. Que essa Palavra venha vivificar o seu espírito e lhe renovar mais e mais. Que venha trazer a você uma consciência do quanto Deus lhe ama e insiste em falar ao seu coração. Que Ele lhe abençoe.

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