terça-feira, 5 de abril de 2011

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 100

Irmão em Cristo, chegamos ao capítulo 100 do nosso estudo, que o Senhor venha se revelar a nós por meio da sua Palavra.

Monte Sefer – 20ª Estação

TEXTOS: Nm 33:23; Nm 17:1-8

Números 33:23 diz assim:

“partiram de Queelata e acamparam-se no monte Sefer;”

Amados irmãos e irmãs, nós vamos estudar a 20ª estação desta peregrinação do povo de Israel pelo deserto. Agora eles chegaram ao monte Sefer. Devemos ter em mente que agora eles estão rodeando o monte Seir. Se olharmos em um mapa dessa região, saberemos que eles estão numa região conhecida como terra de Moabe. O monte Seir é uma cadeia montanhosa, isto é, possui vários montes. E um desses montes é o monte Sefer ou, como está em hebraico, “Shepher”.

Antes de entrar no estudo dessa estação, quero compartilhar um ponto adicional referente às estações que temos estudado até aqui. Quando iniciamos estudando estas estações desde Ramessés e chegando até aqui no monte Sefer, perceberemos um caminho de maturidade a seguir. Isso é muito importante. Na primeira série de estações, como vimos, começando em Ramessés, subindo até a península do Sinai, eles permaneceram onze meses. Depois começaram a subir no sentido noroeste. Nesta fase eles começaram a dar voltas e mais voltas na terra de Edom, antes de entrarem nos campos de Moabe, que é esta série de estações que nós iremos estudar agora. Em seguida, eles passaram pelos campos de Moabe e entraram em Canaã. Então podemos dividir todas estas jornadas em três fases: a primeira fase começando de Ramessés até o Sinai; a segunda desde o Sinai até as terras de Edom; e a terceira que começa com as terras de Moabe e vai até a entrada de Canaã.

A Primeira Epístola de João, capítulo 2, versículos 12 a 14, diz assim:

12 Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados, por causa do seu nome. 13 Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevo, porque tendes vencido o Maligno. 14 Filhinhos, eu vos escrevi, porque conheceis o Pai. Pais, eu vos escrevi, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno.

Veja que nestes textos podemos notar claramente que João fala de “Filhinhos”, “Jovens”, e “Pais”. Aqui nós podemos definir níveis de maturidade espiritual. Os “Filhinhos” nos mostram o início da jornada espiritual. Olhando aqui para os estudos dessas jornadas, temos aquelas que estão relacionadas com a fase inicial da nossa vida cristã. Temos aquelas primeiras estações, que se iniciam desde Ramessés e vão até Elim. As estações pelas quais eles passaram que se encontram entre Ramessés e Elim são: Sucote, Etã, Pi-Hairote e Mara. Essas estações configuram os primeiros passos espirituais.

Depois nós temos os “Jovens”. Isso porque, naturalmente, houve crescimento. Nessa fase é comum a pessoa agir de maneira mais independente; procurar viver independentemente. As estações correspondentes a esta fase são: do Mar Vermelho até Rissa.

Por último temos os “Pais”. Essa fase se inicia em Queelata e vai até a entrada de Canaã. As características destas estações são referentes ao governo e à liderança espiritual. Por isso nós podemos ver uma progressão aqui no estudo destas jornadas. Isso é muito importante para nós.

Outro ponto que desejo compartilhar é o que está aqui em Nm 33:23, onde diz que: “partiram de Queelata e acamparam-se no monte Sefer. Devemos analisar estudando agora a palavra “Sefer”. Esta palavra não está de acordo com o original hebraico. Quando estudamos o Salmo 119 vemos que ele está dividido em quatro porções, e cada porção corresponde a uma letra do alfabeto hebraico. Encontraremos, então, nesse alfabeto, uma letra que é “samek”. Essa letra tem o som de “s”. Há também outra letra do alfabeto que é “shin”, e o som dessa letra é o som do “sh”. É interessante analisar isso porque aqui nós temos um estudo dos vocábulos de acordo com a linguística. Portanto, estudando aqui essa palavra Sefer em Nm 33:23, analisando por meio de um léxico da língua hebraica, descobrimos que a palavra ali é “Shepher”, que significa beleza, formosura. Um texto que pode nos ajudar a entender essa palavra é Gn 49:21, que diz:

“Naftali é uma gazela solta; ele profere palavras formosas.”

Veja essa palavra aqui: formosas”. Ainda no Salmo 16:6, diz assim:

“Caem-me as divisas em lugares amenos, é mui linda a minha herança.”

Olhe esta frase: é mui linda a minha herança”. No hebraico é “Shepher”. Aqui nós temos uma crítica textual concernente a este nome Sefer.

Agora irmãos e irmãs, para contextualizarmos esta estação, precisamos estudar o capítulo 17 de Números, porque é onde estão os textos relativos a esta estação.

Sabemos que na estação de Queelata houve uma rebelião por parte daqueles que tinham o encargo da liderança. Sabemos que Coré, Datã e Abirão levantaram-se contra a Autoridade de Deus na vida de Moisés e Arão. Deus trouxe juízo sobre a soberba e a rebelião. Agora Deus vai estabelecer aquilo que é legítimo. Aqui Deus vai estabelecer os princípios da legítima autoridade espiritual. Quando estudamos o capítulo 16 de Números vemos que aqueles que quiseram usurpar a autoridade espiritual foram julgados diante da congregação.

Aqui nesta estação Deus vai continuar o tratamento daquilo que Ele iniciou lá em Queelata. Então, precisamos ler Nm 17:1-8. Está assim:

1 Disse o SENHOR a Moisés: 2 Fala aos filhos de Israel e recebe deles bordões, uma pela casa de cada pai de todos os seus príncipes, segundo as casas de seus pais, isto é, doze bordões; escreve o nome de cada um sobre o seu bordão. 3 Porém o nome de Arão escreverás sobre o bordão de Levi; porque cada cabeça da casa de seus pais terá um bordão. 4 E as porás na tenda da congregação, perante o Testemunho, onde eu vos encontrarei. 5 O bordão do homem que eu escolher, esse florescerá; assim, farei cessar de sobre mim as murmurações que os filhos de Israel proferem contra vós. 6 Falou, pois, Moisés aos filhos de Israel, e todos os seus príncipes lhe deram bordões; cada um lhe deu um, segundo as casas de seus pais: doze bordões; e, entre eles, o bordão de Arão. 7 Moisés pôs estes bordões perante o SENHOR, na tenda do Testemunho. 8 No dia seguinte, Moisés entrou na tenda do Testemunho, e eis que o bordão de Arão, pela casa de Levi, brotara, e, tendo inchado os gomos, produzira flores, e dava amêndoas.”

Aqui agora nós precisamos estudar, com a ajuda do Espírito Santo, para extrairmos algumas lições para aplicação na nossa vida cristã.

Irmãos, o que é uma vara? Nós sabemos que uma vara é um pedaço de ramo seco. No Evangelho de João, capítulo 15, versículo 1, o Senhor Jesus disse:

“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor.”

Ainda no versículo 4, de João 15, ele diz assim:

“permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim.”

Quando o Senhor Jesus disse “Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim”, Ele está dizendo que não podemos frutificar na vida cristã sem Ele. Quando Moisés reúne-se com todos estes príncipes de Israel com suas varas, vemos que de algum modo há aqui uma autoridade natural. Esses homens eram príncipes em Israel, possuíam respeito entre o povo. Mas agora Deus irá lhes mostrar como é a autoridade espiritual. Espiritualmente falando, essas varas secas referem-se a nossa vida natural. Mas aqui nós vamos ver o atuar de Deus de uma fonte inesgotável. Porque, amados, nada frutifica por si só. Somente o Senhor pode fazer frutificar aqueles que Ele toca.

Quando lemos Números 17, vemos que essas varas secas, de uma forma tipológica, referem-se a nossa vida natural. A nossa vida humana natural não tem nada para oferecer. Somente aquilo que for gerado em nós, pela vida ressurreta do Senhor Jesus, é que pode frutificar para a glória de Deus.

Quando estudamos a estação de Queelata, no capítulo 16 de Números, vimos que Datã, Coré e Abirão procuraram usurpar a Autoridade Espiritual através da rebelião. Mas agora o Senhor está nos ensinando como a legítima autoridade espiritual é concedida àqueles os quais Ele escolhe. Em Números 17:4 o Senhor diz: “E as porás na tenda da congregação, perante o Testemunho”. Aqui é uma referência a Arca da Aliança. Quando se estuda o Tabernáculo, todos os seus utensílios, o primeiro que é mencionado é a Arca. A Arca é o móvel mais importante do Tabernáculo. Representa aquilo que é essencial, fala da primazia de Cristo, da centralidade de Cristo, do Seu governo, Seu trono, Sua voz, Sua palavra. Quando lemos os livros de Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, encontramos a palavra “arca” 36 vezes, e 12 vezes a expressão “Arca do testemunho”. Como “Arca da Aliança”, apenas 6 vezes. Essas duas expressões, “Arca do Testemunho” e “Arca do Pacto”, são de grande significado para nós. Precisamos estudá-las, pois, no que concerne a nossa Redenção, nós encontraremos maior significado da revelação dessa maravilhosa doutrina no Antigo Testamento nestas duas expressões.

Em Êxodo 31:7, temos um texto que diz assim:

a tenda da congregação, e a arca do Testemunho, e o propiciatório que está por cima dela, e todos os pertences da tenda”.

Observe a expressão “a tenda da congregação”. É uma expressão para o Tabernáculo. Essa frase descreve a comunhão, a reunião entre Deus e o seu povo. Estritamente falando, esta frase, “tenda da congregação”, fala de relacionamento, implica aliança. Então, quando juntamos as frases “tenda da congregação” e “arca da Aliança”, vemos que estas frases estão relacionadas entre si. Juntando as duas frases, vamos entender o Supremo Propósito de Deus para o seu povo. Esse sempre foi o desejo do Seu coração: ter um povo à Sua semelhança moral e espiritual, para que Ele pudesse viver entre eles e relacionar-se com eles em espírito e em verdade. Este é o princípio que nós temos que aprender aqui. Veja que o Senhor diz em Números 17:4: “E as porás na tenda da congregação, perante o Testemunho”. Aqui nós temos algo muito importante na vida cristã.

Em Êxodo 25:16, diz assim:

“E porás na arca o Testemunho, que eu te darei.”

O que vemos aqui é algo muito precioso, pois as coisas sagradas estão na Arca. No Tabernáculo a Arca representa aquilo que é mais sagrado, que ocupa o lugar mais íntimo no Tabernáculo. E o que significa o testemunho de Deus? O testemunho é uma demonstração, uma declaração cabal, é aquilo que comprova a existência de algo. Deus colocou o Seu testemunho na Arca para revelar a si mesmo, para dar uma demonstração cabal daquilo que Ele é. Ele é um Deus que fala, que se revela, que está atuando.

Todas aquelas varas estavam diante do Testemunho de Deus, mas somente a vara de Arão floresceu. Em Números 17:5 o Senhor diz:

O bordão do homem que eu escolher”.

Isso indica para nós que o ministério é uma escolha de Deus. Não é uma vocação humana. Ninguém pode se intitular. Ninguém pode procurar de si e por si mesmo ter esta função. Não é porque o Pai é um ministro da obra, um servo de Deus na Sua obra, que consequentemente o filho o será. Isso não tem o menor fundamento. Você não vai encontrar uma prova disso de forma exegética no Novo Testamento. Por mais que você diga “Arão era sacerdote, seus filhos também eram”. Isto é torcer a realidade contextual. Isto é pegar o texto e ignorar o seu contexto para poder se criar um pretexto. Precisamos ser cuidadosos, pois o fundamento do ministério segundo a nova aliança não vai encontrar respaldo nenhum neste tipo de afirmação. Nós precisamos ser cuidadosos. Hebreus 5:4 diz:

“Ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu com Arão.”

Aqui o texto fala de Arão. Arão foi escolhido por Deus. Ele tinha uma autoridade espiritual delegada a ele por Deus. E é isto que nós temos que aprender, que entender.

Que Deus de uma forma poderosa fale ao nosso coração.

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