Monte Sefer – 20ª Estação
TEXTO: Números 17:1-8; Efésios 3:7-8
Vamos dar continuidade a esta 20ª estação – Monte Sefer. Aqui nós estaremos estudando o capítulo 17, versículos de 1 a 8, do livro de Números, que diz assim:
“1 Disse o SENHOR a Moisés: 2 Fala aos filhos de Israel e recebe deles bordões, uma pela casa de cada pai de todos os seus príncipes, segundo as casas de seus pais, isto é, doze bordões; escreve o nome de cada um sobre o seu bordão. 3 Porém o nome de Arão escreverás sobre o bordão de Levi; porque cada cabeça da casa de seus pais terá um bordão. 4 E as porás na tenda da congregação, perante o Testemunho, onde eu vos encontrarei. 5 O bordão do homem que eu escolher, esse florescerá; assim, farei cessar de sobre mim as murmurações que os filhos de Israel proferem contra vós. 6 Falou, pois, Moisés aos filhos de Israel, e todos os seus príncipes lhe deram bordões; cada um lhe deu um, segundo as casas de seus pais: doze bordões; e, entre eles, o bordão de Arão. 7 Moisés pôs estes bordões perante o SENHOR, na tenda do Testemunho. 8 No dia seguinte, Moisés entrou na tenda do Testemunho, e eis que o bordão de Arão pela casa de Levi, brotara, e, tendo inchado os gomos, produzira flores, e dava amêndoas.”
Temos aqui algo acerca do agir de Deus, algo muito importante para nós. Quando Números 17:4 diz:
“E as porás na tenda da congregação, perante o Testemunho, onde eu vos encontrarei”,
nós temos algo muito especial acerca do “Testemunho de Deus”. Isso tem que ser notório para nós. Veja que Números 17:8 diz que “o bordão de Arão floresceu diante do Senhor”. Cada um daqueles príncipes havia trazido sua vara, que espiritualmente significa a nossa condição natural, morta, diante do Senhor. Diante de Deus somos como varas secas, sem vida em nós mesmos. Uma vara seca significa algo morto. No sentido espiritual, vemos aqui a ressurreição, a intervenção divina mediante a obra da graça em Cristo, sobre aqueles que Ele escolheu. Precisamos aprender aqui algumas lições sobre autoridade espiritual, porque sabemos muito bem que o contexto desta 20ª estação é a estação de Queelata (Números 16), onde três príncipes, Datã, Coré e Abirão, levantaram-se contra a autoridade de Deus na vida de Moisés e Arão. Agora Deus está dando para eles o fundamento da legítima autoridade espiritual. Por isso, para podermos entender esta 20ª estação, Monte Sefer, temos que estudar Números 17 com muita reverência e santo temor. O povo de Israel, agora rodeando as cordilheiras de Seir, chegou até este monte. E aqui nós temos que aprender algumas lições sobre autoridade espiritual.
1ª lição: Autoridade espiritual no Corpo de Cristo, isto é, na Sua igreja, é mediante a vida pelo fluir da ressurreição de Cristo. O fluir da vida de ressurreição é que nos traz poder e autoridade na Igreja, que é o Corpo de Cristo.
2ª lição: Sempre que passamos por noites escuras, de provações, como aconteceu em Números 16, onde lemos que a terra abriu e Datã, Coré e Abirão, com as suas famílias, foram tragados vivos (aproximadamente 250 pessoas), experimentamos o mover de Deus. Muitas vezes na nossa jornada espiritual passamos por provas, por noites frias e escuras. É aqui que Deus manifesta Seu poder sobre aqueles que Ele escolheu para ministrar mediante o fluir do poder da ressurreição.
3ª lição: A autoridade espiritual no Corpo de Cristo provém da ressurreição, do fluir da vida em Cristo Jesus, de um modo que isso se torna patente, evidente, através daquelas pessoas as quais Deus chama, prepara, capacitando-as para poderem servir Deus neste governo, nesta autoridade espiritual, para a edificação do Seu corpo.
4ª lição: Somente aqueles que experimentaram o poder da vida e ressurreição têm legítima autoridade espiritual no Corpo de Cristo, porque ninguém pode fazer-se líder sobre o povo de Deus. Ninguém pode se impor, pois o que temos como consequência é carnalidade, força humana, o vazio. Muitas pessoas se autointitulam mestres, pastores, apóstolos, evangelistas, profetas. Mas, como disse Judas, são “árvores sem sombras desprovidas de frutos”. A pessoa não tem uma frutificação, porque tudo que ela tem é carne, é natural. Qual a razão de muitos hoje buscarem na psicologia, na psiquiatria, alternativas para poderem encher seu ministério, para poderem servir o povo de Deus? Os apóstolos não tinham nada disso. A única coisa que eles tinham era a expressão clara do poder da ressurreição de Cristo em suas vidas, para poderem ministrar o próprio Cristo. Eles não tinham truques de psicologia, de psicanálise, mas muitos têm feito uso disso – cursos de finais de semana com o objetivo de ajudar o povo de Deus. Temos que compreender que o nosso recurso é uma vida de comunhão com Deus, um chamado, como foi chamado Arão, como diz Hebreus 5:4:
“Ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo, senão quando chamado por Deus, como aconteceu com Arão.”
O que precisamos é de um chamado eficaz com relação à obra e ao ministério.
5ª lição: Para impedir que o homem introduza na vida da Igreja coisas provenientes de sua vida natural, devemos aprender a lição mediante a vara de amendoeira, isto é, a vara de Arão que floresceu. A vida e o poder da ressurreição de Cristo Jesus são os elementos vivos que caracterizam a autoridade espiritual de Deus na nossa vida. Essa é a vida que sustenta a Igreja. Somente aquilo que provém da vida nova, da vida em ressurreição, da vida de Cristo Jesus, deve fazer parte da Igreja do Senhor Jesus; deve ser a expressão de governo, de autoridade, na vida daqueles que Ele escolheu.
Em Efésios 3:7-8, temos uma visão clara de tudo isso na prática, na experiência. Diz assim:
“(...) do qual fui constituído ministro (...)”
Observem a palavra “ministro”. Aqui a palavra é “diakonos”. Porque alguns podem tomar esta palavra ministro e dar a ela outro sentido daquilo que Paulo não está dando, de acordo com o original grego, como esta palavra foi escrita. Aqui Paulo diz: “do qual fui constituído diakonos” – alguém que serve. Continuando, ele diz:
“(...) conforme (...)”
A palavra aqui é a preposição grega “kata” e significa de acordo com.
“(...) de acordo com o dom da graça de Deus a mim concedida segundo a força operante do seu poder”.
E ele continua:
“(...) A mim, o menor (...)”.
Essa expressão, “menor”, no grego, é “elachistoteros”. A tradução exata, literal, dessa palavra para a nossa língua é o resultado do nada com o nada; uma pessoa que chegou ao fim de si mesma.
Ele diz:
“(...) A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça (...)”.
“Graça de acordo com o serviço”, isto é, ministrar aos santos.
“(...) de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo”.
“De acordo com esta graça”. Qual “graça”? Veja no v. 7: “o dom da graça de Deus a mim concedido”. É desta graça que ele está falando, pois, como ele mesmo diz, de si mesmo, o que ele tinha para oferecer? Paulo foi um dos homens mais cultos do seu tempo. Um dos homens mais bem preparados do seu tempo. Entre os apóstolos, talvez não tivesse ninguém que com o conhecimento intelectual de Paulo. Sabe o que ele diz lá em Filipenses 3:7? Diz que considerou o seu conhecimento como refugo, porque seu único desejo era ganhar a Cristo, ser achado em Cristo. Isso é sinônimo de vida espiritual, de maturidade, de experiência, vida com Deus. Irmãos e irmãs, quantas alternativas nós temos buscado para poder ministrar Cristo! Cristo só pode ser ministrado em vida pelo Seu poder, não pela capacidade do homem. O máximo que o homem consegue fazer é discurso vazio. Qualquer orador secular pode fazer melhor. Com muita criatividade, perspicácia, inteligência, intelecto, qualquer pessoa pode fazer uma extraordinária exposição da mensagem cristã. Mas o diferencial entre o homem que tem experimentado o poder da ressurreição de Cristo em seu coração e alguém que está falando por sua capacidade própria, é que as palavras de um não produz nada ou pode produzir morte. Mas o homem cheio do Espírito Santo, cheio da vida ressurreta de Cristo Jesus, é diferente. Quando você fala de alguém cheio do poder do Espírito Santo... O que é o poder do Espírito Santo? O poder do Espírito Santo é a essência, é a expressão da vida de Cristo! Essa vida poderosa, ressurreta, é o poder que o Espírito ministra a nós. Então temos que ser claros quanto a isso. Uma pessoa que ministra segundo Cristo, não ministra para agradar, ministra para que Cristo seja glorificado. E Cristo só é glorificado em corações que já foram semeados pela Sua palavra. Então, precisamos compreender que há um diferencial muito grande, e é disso que Paulo está falando: alguém que chegou ao fim de si mesmo, alguém menor – “elachistoteros”. Não podemos querer glória, nos vangloriar (embora o mais sublime privilégio que alguém pode ter, nesta vida, seja poder proclamar a palavra de Deus). O maior privilégio que alguém pode ter nesta vida é proclamar o Evangelho das insondáveis riquezas de Cristo Jesus. É disso que Paulo fala: do Evangelho das insondáveis riquezas de Cristo. Há tanto de Cristo para ser ministrado, que nunca iremos chegar ao fim da essência daquilo que é Sua vida e que flui por meio do Evangelho. Nunca iremos chegar ao fim disso. Passaremos toda a eternidade descobrindo as insondáveis riquezas de Cristo.
Paulo diz no versículo 9:
”(...) e manifestar qual seja a dispensasão do mistério desde os séculos oculto em Deus que criou todas as coisas”.
Nesse contexto, o termo “mistério” refere-se ao mistério de Cristo. Só há dois grandes mistérios universais: o mistério de Deus – Cristo – revelado em Colossenses 3; e o mistério de Cristo – a Igreja. O mistério de Deus é Cristo, o mistério de Cristo é a Igreja. Esse mistério é revelado aqui em Efésios, no capítulo 3.
Somente sendo um servo, somente sendo ministro, aquele que serve. E este é o grande papel do ministério: servir aos irmãos, e não se servir dos irmãos; não se trata de um cabide de empregos. É um privilégio, um encargo, um chamamento glorioso e divino, que Ele não concede a qualquer pessoa, somente àqueles, os quais Ele escolheu, como chamou Arão. Assim, vemos Paulo dizer: “este encargo de servir aos irmãos”, embora sejamos tão pequenos. Porque quando estamos diante desse encargo não vemos em nós grandeza, porque não há lugar para alguém se gloriar em si mesmo, a não ser se gloriar na graça de Deus. Paulo se sentiu tão pequeno diante deste privilégio de pregar o Evangelho das insondáveis riquezas de Cristo e também ministrar, manifestar, o mistério de Cristo – esse mistério que esteve oculto em Deus que criou todas as coisas. E tudo isso só poderá ser ministrado, dispensado, na vida daqueles que têm experimentado o poder da ressurreição de Cristo.
Que Deus, de forma gloriosa e poderosa, magnifique essa palavra no seu coração.
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