Por: Edwar Burke
"Como podeis crer, vós que recebeis glória uns dos outros...?".
João 5.44.
Jesus disse naquela cruz: Tudo está consumado. Recebemos da Sua plenitude, graça sobre graça, mas creio que ainda não nos demos conta disso. Nós cristãos ainda vivemos à margem dessa grande obra de Deus em Cristo, e em muitas coisas até anulando o seu sacrifício.
Anulamos o seu sacrifício quando dizemos que para alcançar a salvação necessitamos de boas obras. Que a nossa justiça é o meio de alcançarmos o seu reino, sendo que é pela graça que somos salvos, por meio da fé, e isto não vem de nós, é dom de Deus; não das obras para que ninguém se glorie (Ef. 2.9-10). A salvação é por Sua justiça e não nossa (Fil. 3.9).
Anulamos o seu sacrifício quando dizemos que temos que quebrar maldições para alcançarmos as bênçãos. Que mediante jejuns e orações, quebramos maldições antigas, sendo que Ele naquela cruz nos resgatou da maldição da lei e se fez maldição por nós (Gál. 3.13), e nos abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais (Ef. 1.3).
Anulamos o seu sacrifício quando dizemos que para sermos agradáveis a Deus temos que guardar mandamentos. Que temos dias diferentes, coisas que podemos ou não podemos comer, sendo que naquela cruz Ele nos fez morrer para a lei, para vivermos para Deus (Rm 7.4). Que agora somos agradáveis a Deus no Amado (Ef. 1.6).
Anulamos o sacrifício de Cristo quando dizemos que uma vida santa só será possível quando estivermos num corpo glorificado. Que viveremos escravos do pecado enquanto estivermos neste mundo, sendo que naquela cruz o Senhor Jesus nos levou a morrer nEle, dando-nos nova vida na ressurreição, para nos apresentar diante de Deus santos, inculpáveis e irrepreensíveis (Col 1.22).
Anulamos o sacrifício de Cristo quando dizemos que necessitamos de homens especiais para orar por nós, para pregar o evangelho a outros, para nos ensinar. Que somente esses homens podem ministrar coisas espirituais, sendo que o Senhor nos fez reis a sacerdotes para Deus (Ap. 1.6). Que somos uma nação santa, um sacerdócio real (I Pd. 2.9). Que todos os santos podem ministrar coisas espirituais, mesmo o menor dentre nós (I Cor. 6.4).
Anulamos o sacrifício de Cristo quando casais se separam, com a desculpa de depois poderem servir ao Senhor com outro marido ou esposa. Quando por egoísmo desfazem o casamento, sendo que no seu sacrifício, Ele tomou para si uma esposa, e morreu por amor a ela. Que o casamento é um mistério entre Cristo e a Igreja, e indissolúvel (Ef 5.25 e 32).
Anulamos o sacrifício de Cristo quando dizemos que somos de tal e tal igreja. Que cada um deve servir a Deus na instituição religiosa que se sentir melhor, sendo que Cristo naquela cruz reuniu num só corpo os filhos de Deus que estavam dispersos (Jo 11.52). Que naquela cruz desfez toda a inimizade, fazendo a paz (Ef 2.14-17). Que agora não há homem nem mulher, servo ou livre, bárbaro ou cita, mas todos são um em Cristo (Gál. 3.28).
Com isto tornamos em nada a Sua glória; a glória que nos foi dada por Jesus para que sejamos um, como Ele e o Pai são um (Jo. 17.22).
Penso que o nome crente não seria adequado neste caso. Jesus disse: "Como podeis crer, vós que recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que provém do único Deus?" Jo 5.44.
Que o Senhor por sua benignidade nos dê o arrependimento e que possamos crer e ser suas testemunhas. Testemunhas reais da obra gloriosa que Ele realizou naquela cruz. Testemunhas verdadeiras de Jesus (Jo. 13.35). Que o Senhor nos ajude pelo Seu Espírito.
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