terça-feira, 4 de janeiro de 2011

CONTINUAÇÃO DO ESTUDO DAS JORNADAS NO DESERTO


AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 89

Por: Luiz Fontes

Rissa – 18ª estação – Parte 5

TEXTO: Números 15:32-41; Ec 4:6-8; Hc 3:16-18


Eclesiastes 4:6-8 é um texto que mais uma vez eu quero ler para que o Senhor possa ministrar ao nosso coração aquilo que Ele tem dispensado para esta oportunidade. O texto diz assim:

“6 Melhor é um punhado de descanso do que ambas as mãos cheias de trabalho e correr atrás do vento. 7 Então, considerei outra vaidade debaixo do sol, 8 isto é, um homem sem ninguém, não tem filho nem irmã; contudo, não cessa de trabalhar, e seus olhos não se fartam de riquezas; e não diz: Para quem trabalho eu, se nego à minha alma os bens da vida? Também isto é vaidade e enfadonho trabalho.”

Muito maravilhoso tudo isso. Olhar para esse texto e ver, dentro desse contexto que temos estudado até aqui nesta 18ª estação, o quanto o Senhor deseja nos exortar quanto a nossa própria vida, quanto ao nosso descanso nEle – o nosso “sabaat”. Veja que a pessoa que vemos descrita nesses textos é alguém que nunca se satisfaz com nada, não desfruta o que Deus lhe deu, sempre está insatisfeita com aquilo que possui, nunca se satisfaz com as bênçãos de Deus. É um tipo de pessoa que sempre procura ter mais. Esse tipo de comportamento revela uma compulsão exacerbada pelas coisas da vida. Esse tipo de comportamento revela uma pessoa que nunca compreenderá o meio pelo qual Deus está lhe abençoando, porque pessoas assim nunca se satisfazem com nada, nunca se realizam com nada, nunca conhecem o significado das bênçãos espirituais em sua própria vida. O Senhor Jesus diz lá em Mateus 6:34:

“Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal”.

Para que possamos ter uma visão desse quadro que o Espírito Santos está pintando para nós, precisamos ler ainda outros textos, outros versículos, que estão em Habacuque 3:16-18. Lendo todos esses textos, Eclesiastes 4:6-8, Mateus 6:34, Habacuque 3:16-18, você vai ter um quadro pintado pelo Espírito Santo diante de você lhe ensinando uma grande verdade. Os textos de Habacuque dizem assim:

“Ouvindo-o eu, o meu ventre se comove, ao seu ruído tremem os meus lábios; entra a podridão nos meus ossos, vacilam os meus passos; em silêncio, pois, aguardarei o dia da angústia que há de vir sobre o povo. Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado, todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação”.

Meus queridos, é importante vocês olharem para esses textos, especialmente aqui em Habacuque, porque todos nós precisamos saber que Habacuque viveu em uma época terrível. Ele viveu num momento muito difícil. A sua realidade contextual era a realidade da invasão de Jerusalém pela Babilônia. Imaginem quantas notícias terríveis ele ouviu! Era um momento difícil para aquele profeta, parece ter sido o momento onde só havia desespero, perplexidades, insegurança. Era um momento de profunda apostasia, aquele povo não ouviu a palavra do profeta Jeremias, a Palavra que o Senhor ministrou por meio de Jeremias. Durante 40 anos ele pronunciou a sentença do Senhor para tentar corrigir, tentar atrair aquele povo, mas eles não ouviram.
Habacuque está vivendo agora este momento terrível: o momento do juízo de Deus sobre Judá. Quantas notícias terríveis e perversas ele ouviu. Mas, ainda assim, ele diz:

“Ainda que a figueira não floresça, não haja fruto na vide e o produto da oliveira não produza mantimento, as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, nos currais não haja gado, todavia eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação”.

Você percebe? Ele diz que seu íntimo se comoveu, sua voz tremeu em seus lábios. Ele sentiu a fraqueza em seus ossos, seus joelhos estavam finos como se ele estivesse a ponto de desmaiar – ele chama isso do dia da angustia. Mas, em meio a tudo isso, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação! Quanto descanso, quanta certeza, quanta confiança Habacuque tinha em Deus. Será que o nosso coração é assim? Será que nós podemos descansar em meio às perplexidades? Será que nós podemos repousar em Deus, sentir nossa vida segura nas mãos dEle, segura nEle? Será que nós temos essa confiança? É isso que Deus espera de nós, porque o contexto desse assunto que nós estamos estudando, lá em Números 15:32, nos mostra que no sábado que era o dia do repouso solene, o dia do desfrutar de Deus, do descansar de Deus, onde o povo tinha de colher o maná dobrado para que não houvesse nenhuma atividade em Israel, havia um homem apanhando lenha, trabalhando para si. E o texto que nós lemos aqui de Eclesiastes nos mostra um homem sem ninguém, um homem que não cessa de trabalhar, seus olhos não se fartam de riqueza, alguém que está preocupado apenas em fartar a sua alma com os bens desta vida. E sabe o que Salomão diz? “Isso é vaidade”. E Salomão era um homem que sabia o que significava o poder da riqueza, a sedução da riqueza; o perigo que isso traz ao nosso coração, à nossa vida, quando não compreendemos o lugar das coisas, o lugar do dinheiro, o lugar da prosperidade; quando não compreendemos o propósito de Deus nessas coisas; quando vivemos para elas; quando não as consagramos para a glória de Deus; quando não entendemos o caminho de Deus nas nossas finanças, no nosso trabalho, na nossa vida; quando deixamos de viver para Deus, preferindo viver para nós, para nossas realizações, para nosso trabalho, para nossos bens. Essa teologia da prosperidade é perversa e perigosa. Precisamos encontrar em Deus e na Sua Palavra o equilíbrio para que vivamos uma vida que agrade a Deus. Isso por que o nosso maior bem é Cristo Jesus. A nossa maior riqueza é a vida de Cristo Jesus no poder do Seu Espírito. Uns vão ter muito, outros vão ter menos, mas o que significa? O que tem muito foi mais ouvido por Deus? Foi mais abençoado por Deus? E aquele que tem menos é espiritualmente pobre também? A nossa espiritualidade é medida pela riqueza que possuímos, por nossa conta bancária? Não, nada disso. Isso é falácia. Nós precisamos encontrar o lugar da riqueza do dinheiro na nossa vida cristã, para que isso não nos consuma a fé, para que isso não vire uma distração, um entretenimento religioso, onde a vida cristã se resume ao ter e nunca ao ser. Que Deus nos ajude.
Voltando aqui para Números 15:34, o Senhor disse que esse homem que estava apanhando lenha no dia de sábado deveria ser colocado para fora e toda a nação de Israel deveria julgá-lo, e ele deveria ser morto, apedrejado. Vimos que todo o povo de Israel deveria estar descansando em Deus, mas esse homem não descansou, ele estava aflito em seu espírito para apanhar lenha no dia de sábado. O Senhor havia dito que eles guardassem o sábado e aqueles que não guardassem o sábado deveriam ser mortos. Há uma consequência séria para uma pessoa que não guarda o repouso do Senhor. Uma pessoa agitada na sua vida natural é uma pessoa que não faz bem ao povo de Deus, não faz bem a si mesmo, pois esse tipo de comportamento produz ventos e tempestades, traz morte. Não ter uma vida de repouso em Cristo Jesus traz morte espiritual. Hebreus 4:1-3 diz assim para nós:

“Portanto, tendo-nos sido deixada a promessa de entrarmos no seu descanso, temamos não haja algum de vós que pareça ter falhado“.

Falhar em quê? Em descansar em Deus, em confiar em Deus, em viver o “sabbat” para Deus.

“Porque também a nós foram pregadas as boas novas, assim como a eles”

Aqui o escritor está se referindo àqueles israelitas que viveram essa peregrinação em Rissa.

“Mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não chegou a ser unida com a fé, naqueles que a ouviram”.

Isto é, quantos de nós não somos assim? Quantos de nós não temos compreendido a promessa de Deus em desfrutá-la, em descansar nEle, em confiar nEle? E aqui Ele nos adverte:

“Suceda parecer que alguns de nós tenha falhado”.


E onde é que nós falhamos? Falhamos em não descansar, falhamos em não repousar, falhamos em não confiar, em viver uma vida voltada demasiadamente para nós mesmos. Meus irmãos, Deus deseja, é o seu prazer, abençoar o fruto do nosso trabalho, abençoar a sua vida é um compromisso de Deus em sua Palavra. Muitas vezes nós estamos exageradamente pedindo que Deus abençoe nosso trabalho, nosso comércio, nosso salário, abençoe tudo isso, enquanto nós não vivemos uma vida de fé. Você pensa que viver uma vida de fé para Deus é quando você não tem nada, é quando você não possui nada e você vive como um mendigo pedindo as coisas, como um pedinte? Isso não é vida de fé. A vida de fé é viver, mesmo tendo tudo, mesmo que você tenha o suficiente e mais ainda, a nossa vida de fé é uma vida que todos nós, o povo de Deus, tanto aqueles que possuem muito, como aqueles que possuem pouco, devem viver. E essa medida é igual para todos. O fato de uns irmãos terem a vida financeira próspera não significa que o irmão que tem uma vida inferior no aspecto financeiro também não seja próspero. Porque a nossa prosperidade não está relacionada ao ter e sim ao ser. Não é o quanto eu tenho, mas o quanto eu vivo de Cristo. Muitas pessoas são prósperas, mas na sua prosperidade existe muita inveja, existem muitas decepções, muitas frustrações, muitos problemas. Uma riqueza que não é prosperidade, mas uma riqueza acompanhada de tristeza, de angustia, de perplexidade, de decepções, de desperdícios, de prejuízos. Então você tem que entender a diferença entre ter riqueza e ter prosperidade; entre ser rico e ser próspero. O povo de Deus é um povo próspero, e a nossa prosperidade está relacionada a viver uma vida de fé e não uma vida confiada no nosso saldo bancário. É isso que você precisa ter em conta, é isso que você precisa discernir, é isso que o escritor aos Hebreus está nos falando aqui: “visto não ter sido acompanhada pela fé naqueles que ouviram”.
Nós precisamos viver por uma vida sustentada pelo testemunho da Palavra de Deus. Ele é fiel e vela em cumprir a sua Palavra em nós. Quando você vive a vida cristã no aspecto relacional (e é assim que ela deve ser vivida naturalmente), a benção de Deus é uma resposta a nossa fidelidade, a nossa fé, ao nosso compromisso com Ele. Não é simplesmente viver uma vida como pedintes, mas viver uma vida relacional, uma vida aberta, fanca, honesta, responsável, uma vida que você vive diante de Deus e para a glória de Deus. Não é uma vida que você vive voltado para si, mas uma vida que você vive voltado para Deus. Eu creio que isso é muito importante para todos nós, porque há muita confusão acerca deste assunto. Olhem o versículo três aqui de Hebreus:

“...nós porém que cremos entramos no descanso de Deus conforme tem dito”.

Então, nós que cremos, se vivemos uma vida cristã pela fé, entramos no descanso de Deus, repousamos em Deus. Quando Deus quis introduzir o povo de Israel no Seu repouso, na terra de Canaã, eles não quiseram. Lembram? Foi isso que aconteceu lá em Ritma. Eles não quiseram entrar, e por isso ficaram caídos no deserto. O que foi que os impediu de entrar? A incredulidade. Amados, Deus tem um repouso no qual Ele deseja nos introduzir, mas para possuí-lo precisamos caminhar por fé. Uma definição de incredulidade é a tendência de quem não se deixa facilmente convencer. A incredulidade dos filhos de Israel no deserto fez com que Deus desistisse deles, pois a incredulidade ofende, insulta a Deus.
Vemos então que o verdadeiro significado do sábado no Novo Testamento é descansar em Cristo. Para nós o sábado é o nosso desfrute em Cristo, descansar nEle.No Antigo Testamento o dia que Deus havia determinado para descansar era o sétimo dia, mas no Novo Testamento Deus nos leva a descansar todos os dias, no Seu Filho Jesus.
Veja que em Números 15:36 diz que o povo de Israel levou aquele homem para fora da congregação, fora do arraial, e o apedrejou e ele morreu, porque o Senhor havia ordenado a Moisés. Quando nós não descansamos em Cristo, quando nós não vivemos uma vida no desfrute de Cristo, o resultado é morte. Nesse texto encontramos o significado de Rissa: ruínas, escombros, montão de pedras. Esse julgamento foi executado pela congregação. No Novo Testamento somos conduzidos pelo Espírito Santo ao aspecto espiritual dessa experiência em Rissa. Precisamos julgar os nossos irmãos, mas não a pedradas, e sim reprovando os seus atos pecaminosos, nunca permitindo ser arrastados por eles. Hoje vemos com muita tristeza muitos dos nossos irmãos tão ocupados em suas vidas, sem significado para Deus. E quando as pessoas agem assim, em que se tornam? Em escombros, em ruína. É isso que nós vamos atrair para nós. Se Cristo não for o nosso descanso, o que vamos trazer para o povo de Deus, para o Corpo de Cristo? Ruína. Deus não quer isso para você. Deus quer lapidar você como pedra para que, através de você, Ele possa edificar a Nova Jerusalém, a habitação de Deus. É isso que Ele deseja. Permita ser trabalhado por Cristo Jesus, permita que Deus lhe abençoe através dessa palavra e que Ele ganhe o seu coração e lhe conduza a viver mais e mais uma vida no desfrute de Cristo Jesus.

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