CAPÍTULO 92
Por: Luiz Fontes
Queelata – 19ª estação – parte 2
TEXTO: Números 16; Judas 11
Vamos a mais uma palavra da parte do Senhor acerca de Queelata – 19ª estação. Com a ajuda do Espírito Santo vamos entender toda a situação que envolve esta estação. Nós sabemos que os textos relativos a esta estação ocorrem em Números 16. O versículo 1, diz assim:
Corá, filho de Isar, filho de Coate, filho de Levi, tomou consigo a Datã e a Abirão, filhos de Eliabe, e a Om, filho de Pelete, filhos de Rúben.
Aqui podemos ter o vislumbre dessas pessoas, quem eles eram. Veja que a Palavra diz “Corá, filho de Isar, filho de Coate, filho de Levi”. Corá, filho de Isar, Isar filho de Coate, Coate filho de Levi, o qual era o terceiro filho de Jacó e Lia (ver Gn 29:34). Mas dentro do contexto do que estamos estudando aqui Corá era um levita – alguém chamado para servir no encargo da obra do ministério. Depois nós temos Datã e Abirão que eram filhos de Eliabe e Om, filho de Pelete, filho de Rúben. Eliabe e Pelete e Om eram filhos de Rúben. Rúben era filho primogênito de Jacó. E estes eram aciãos e príncipes do conselho de Israel. Devemos notar que a Palavra é muito clara. Veja que eles eram príncipes da congregação, foram eleitos por ela, eram varões de renome. Isso é muito significativo! Porque nós vemos aqui que esses homens eram aciãos, príncipes do conselho de Israel. Essas eram pessoas que tinham autoridade, que exerciam autoridade. Mas que não tinham claro que, autoridade que se exerce, não pode ser exercida como se quer. Não é algo segundo a nossa capacidade, segundo a nossa vontade. Autoridade na vida do povo de Deus deve ser conforme a vontade de Deus.
Na epístola de Judas, versículo 11, temos uma palavra muito importante com relação a tudo isso. Esse é um texto do Novo Testamento que corresponde a essa jornada. Por isso nós temos que ler. Judas 11, diz assim:
Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho de Caim, e, movidos de ganância, se precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na revolta de Corá.
Veja bem: “revolta de Corá”! Todos nós sabemos que a epístola de Judas está na esfera do contexto da história da Igreja. E quando tomamos esta frase “revolta de Corá”, no original grego, “revolta” é “antilogia”, esse é um vocábulo que ocorre apenas quatro vezes no Novo Testamento. Primeira vez ocorre em Hebreus 6:16, fala de “contenda”. A segunda vez ocorre também em Hebreus 7:27, fala de “dúvida”. Ainda em Hebreus 12:3, fala de “oposição”. E por último aqui em Judas 11, que fala de “revolta”. Então essa palavra fala de contenda, dúvida, oposição, revolta. O que sabemos é que Corá juntou em volta de si um grupo de pessoas de renome em Israel para se levantarem contra a autoridade de Deus na vida de Moisés e Arão. Embora Corá fosse um levita e ministrasse diante de Deus, queria algo mais – poder, influência, reconhecimento. Ele não se contentava com a posição a qual Deus havia dado a ele. O que vemos claramente é que esta revolta de Corá não era diretamente contra Moisés e Arão, era contra Deus, contra a autoridade de Deus na vida de Moisés e Arão. A revolta de Corá levantou 250 homens para a morte. É isso que está em Números 16:35. Agora o que Judas está nos dizendo é que estas mesmas coisas ocorrem na Igreja – porque Judas não menciona isso de uma forma aleatória. O que está explicito aqui é que esta realidade de rebeldia contra a autoridade de Deus na vida daqueles os quais Ele escolhe, se manifesta também dentro do nosso contexto. Irmãos e irmãs, retornando para Números 16, percebemos que aqui nós temos homens de valores, importantes. A tribo de Levi era muito importante, pois tinha o encargo da obra e do ministério no Tabernáculo. A tribo de Rúben tinha preeminência da primogenitura. Sabemos que Rúben perdera, pois maculou o leito do seu pai, mas havia esse respaldo, respeito, não podemos esquecer isso. Mas mesmo assim ainda havia de uma forma clara a exposição na Palavra de Deus que esses homens eram príncipes, anciãos, homens respeitados. Então eles persuadiram uma assembleia, a qual nós chamamos aqui de Queelata, que é o nome desta 19ª estação.
Então em Números 16:2,3 diz:
2 - Levantaram-se perante Moisés com duzentos e cinqüenta homens dos filhos de Israel, príncipes da congregação, eleitos por ela, varões de renome, 3 - e se ajuntaram contra Moisés e contra Arão e lhes disseram: Basta! Pois que toda a congregação é santa, cada um deles é santo, e o SENHOR está no meio deles; por que, pois, vos exaltais sobre a congregação do SENHOR?
Será que podemos imaginar o peso dessas palavras? Eles falavam com Moisés e Arão como se fossem eles que os tivessem tirado da terra do Egito. Como se fossem Moisés e Arão que os estivessem guiando durante todo aquele tempo pelo deserto. Agora é muito bom sabermos que eles não puderam prosseguir. Agora o povo está retornando, e é neste retorno que a revolta se inicia. Porque eles achavam culpa em Moisés e Arão, porque eles estão retornando. E nesse retorno a primeira estação é Queelata, porque estão retornando para o Mar Vermelho, não pelo Golfo de Suez, e sim pelo Golfo de Ácaba (ver Dt 2:1). E eles vão rodear a planície, o Monte de Seir, região cuja extensão é de 160 km. Eles ficaram rodeando aqui nesta região em muitas estações. Isto está muito claro para nós. E o que iremos aprender, estudar, aqui é justamente isso. E agora neste momento de incerteza, de uma aparente insegurança (o que não é verdade) esses homens estavam achando que Moisés e Arão estivessem enfraquecidos porque o povo não podia entrar na terra. E eles não entraram na terra por culpa de Moisés e Arão, e sim por causa daqueles 10 espias que inflamaram o povo contra Deus e contra Moisés e Arão, lá em Ritma, quando viram os gigantes e as cidades fortificadas. Não foi isso? Sim, foi isso. É o que nós temos que entender aqui (ver Nm 15). Todas essas estações fazem parte desse contexto aqui de Queelata. Então tudo isso é muito importante.
Agora, Corá juntamente com Datã e Abirão inflamaram 250 pessoas, e se rebelaram contra a Autoridade de Deus na vida de Moisés e Arão. Esses homens estavam equivocados. Estavam olhando os instrumentos de Deus e não discernindo o Deus que está por trás dos Seus instrumentos. Eles estavam se opondo ao próprio Deus quando pretendiam mudar a delegação da Autoridade divina, a qual Deus havia estabelecido. Esse foi um grave erro que eles cometeram!
Precisamos saber que a Autoridade de Deus é algo que flui do Seu trono. O trono de DEUS é a revelação da Sua autoridade, da Sua majestade. DEUS age a partir do Seu trono, e o Seu trono está estabelecido sobre autoridade. Todas as coisas são criadas pela autoridade de DEUS e todas as leis físicas do universo são mantidas através da autoridade. Nós que desejamos servir ao SENHOR necessitamos conhecer a natureza da autoridade de DEUS.
Você se lembra da origem de satanás? Havia um arcanjo, e ele foi transformado em satanás. Por quê? Porque tentou usurpar a autoridade de DEUS. Foi a rebeldia que provocou a queda. Tanto Isaias 14.12-15 como Ezequiel 28.13-17 falam da ascensão e queda de satanás ou de Lúcifer. A primeira passagem, a de Is 14, enfatiza como satanás violou a autoridade de DEUS. A segunda, de Ez 28, enfatiza sua transgressão contra a santidade de DEUS. Então, primeiro satanás procura ferir a questão da Autoridade, para depois tocar na questão da Santidade de Deus. Irmãos e irmãs, vamos extrair algumas lições aqui. Quando servimos a DEUS não devemos desobedecer às autoridades porque isso é um princípio satânico. Como podemos pregar a CRISTO de acordo com o princípio de satanás? Como vamos sustentar o Testemunho de Deus nesse mundo quebrando o princípio de autoridade? É possível em nossa obra permanecermos com CRISTO em doutrina e, ao mesmo tempo, permanecermos com satanás em princípio. Isso é muito perigoso, porque é sutil, não percebemos. Quanto à doutrina nós estamos muito bem, pregamos a doutrina, mas com relação ao princípio da nossa conduta somos rebeldes. Então, é importante permanecermos na doutrina, mas precisamos estar fundamentados no princípio da autoridade. Porque não podemos quebrar o princípio da autoridade, não adianta ser fiel à doutrina se você é rebelde. O Senhor não quer isso para nós. O medo de satanás não é quando pregamos a Palavra, e sim quando nos submetemos à autoridade de DEUS. Satanás sabe que se quebramos princípios a nossa mensagem é diluída, não tem expressão, nossa doutrina não tem eficácia. Quantas pessoas são fieis no caráter da doutrina, mas não têm expressão na sua conduta, isto é, a doutrina não trás expressão naquilo que ele fala. Porque falta a autoridade, não apenas autoridade naquilo que ele fala, mas em não viver no princípio da autoridade. Isso é muito sério!
Veja que esses homens dizem assim: “Basta!” – olhe a palavra que eles dizem. Eles chegam até Moisés e Arão e dizem “Basta!”. Aqui eles querem substituir a teocracia, que é o governo de Deus, pela democracia, ou melhor, pela “carnocracia”, que é o governo da carne, do eu. Temos aqui um ambiente muito perigoso. Moisés e Arão estavam ali, não pela vontade deles, mas pela vontade de Deus. Moisés e Arão sabiam o quanto aquele encargo não era fácil. Desde Êxodo 3, como Moisés resistiu a esse encargo, como durante toda peregrinação falou com Deus acerca do peso desse encargo. Sentia uma enorme dificuldade em face de sua fraqueza e o peso dessa responsabilidade. Ele dependia 100% de Deus. Irmãos e irmãs, tudo isso é muito sério, precisa ser considerado por nós.
Precisamos ver três princípios para uma autoridade delegada para que nós possamos viver uma vida cristã sadia, uma vida de acordo com o caráter de Deus na sua Palavra.
Primeiro ponto a vermos é que ninguém pode constituir se uma autoridade. Um texto para meditarmos está em Romanos 13:1: “não há autoridade que não proceda de Deus”. Só aquilo que procede de DEUS constitui autoridade e se torna digno de obediência. A autoridade delegada expressa somente a autoridade de DEUS. Não podemos gerar a autoridade em nós mesmos. Conhecer a vontade de DEUS é um princípio fundamental para expressar a autoridade de DEUS. Nossa capacidade intelectual não é requisito para expressar a autoridade divina. Somente a compreensão da vontade de DEUS e a obediência a Sua vontade constituem a autoridade espiritual. Precisamos conhecer profundamente a mente de DEUS e seus caminhos, para que venhamos conhecer este assunto de uma maneira muito clara na nossa experiência cristã.
O princípio de DEUS para estabelecer Sua autoridade através de alguém é pelo que essa pessoa tem de conhecimento da vontade de DEUS. Esse é o caminho nobre para entendermos como exercer autoridade espiritual. Por isso que há tanta confusão hoje no meio cristão, por não conhecer a mente de Deus, a vontade de Deus, o plano de Deus, o propósito de Deus. Como está em Juízes 17: “cada um vive como bem entender”.
Segundo princípio - para que nós venhamos compreender o que é autoridade espiritual precisamos anular toda vontade da nossa alma. Em Mt 16.25,26, diz assim:
25 - Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á. 26 - Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?
Aqui DEUS nos chama para expressar a Sua autoridade e não para substituí-LO. Negar a nós mesmos e anular a nossa própria vontade. Esse anular significa o caminho do quebrantamento. Toda nossa vida almática deve experimentar o quebrantamento. Foi por esse caminho que os apóstolos trilharam com o propósito de expressar a autoridade de DEUS. O quebrantamento gera em nós o temor de DEUS. Jamais poderemos usurpar o lugar que pertence a CRISTO na Sua Igreja. Precisamos ser esmagados no nosso ego para que tenhamos uma vida livre do controle da alma, da nossa mente, vontade, emoção, que são as faculdades da alma. Para não permitir que nosso ponto de vista venha sobrepujar os nossos irmãos. Enquanto não formos anulados na nossa vida, na nossa alma, não experimentaremos a autoridade delegada de DEUS fluindo na nossa vida. A autoridade de DEUS flui para cada um de nós, isto é, através de mim, de você para outros. A diferença está no que DEUS é e não no que eu sou. Isso tem que ser prático, claro e vivo na nossa experiência cristã.
E, por último, para entendermos o que é autoridade espiritual delegada, expressada, precisamos compreender que a vida cristã é ascensional e relacional. Esta é uma exigência, um princípio fundamental para aqueles que estão exercendo autoridade delegada por DEUS. Está é uma vida de íntima comunhão com DEUS. Quem não tem comunhão com DEUS não conhece a DEUS. Somente aqueles que vivem uma vida de íntima comunhão com DEUS podem ministrar aos irmãos, pode ministrar na Igreja. Por ser representativa na sua natureza, a autoridade só pode ser expressa por aqueles que vivem na presença de DEUS. Por isso Moisés em Ex 33.1-3 sabia que seria melhor permanecer naquele deserto do que possuir a terra de Canaã sem a presença de DEUS. Veja que o governo de Saul foi marcado pela rebelião a DEUS, porque, embora tenha governado quarenta anos, nunca se preocupou em trazer a arca para Jerusalém. A Arca estava fora de Jerusalém. A arca era a expressão do testemunho da presença de DEUS. Saul nunca se preocupou. Foi Davi quem trouxe a Arca lá da casa de Abinadabe para Jerusalém. Precisamos entender que no governo da casa de DEUS, quando a comunhão cessa, a autoridade é interrompida.
Que Deus nos ajude e nos faça aprender Sua Palavra e sua Vontade. Que Ele nos abençoe.
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