Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Hebreus 4:12
terça-feira, 23 de novembro de 2010
AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 83
17ª Estação – Libna (parte 3)
Textos: Nm 33:20; 14:30; 15:2
Estamos estudando a 17ª estação, Libna. Sabemos que na estação anterior a essa – Rimom-Perez – Deus diz para os filhos de Israel (Nm 14:30):
“Não entrareis na terra a respeito da qual jurei que vos faria habitar nela, salvo Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num.”
Na 16ª estação, Deus diz que eles não iriam entrar na terra. Mas, quando avançam um pouco e chegam a Líbna, a 17ª estação (Nm 33:20), Deus diz (Nm 15:2):
“Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando entrardes na terra das vossas habitações, que eu vos hei de dar.”
Então, primeiro vimos Deus dizendo: “Não entrareis na terra”. E agora Ele diz: “Entrareis”. Irmãos e irmãs, vamos estudar sobre isso.
Quando em Nm 14:30 o Senhor diz “não entrareis”, nós temos o lado sombrio e humilhante; o lado que revela nosso fracasso, nossa queda, nossa herança pecaminosa, nossa vida em Adão. Nascemos como pecadores condenados, não como pecadores eleitos para o céu. Nascemos condenados ao inferno.
Mas, graças a Deus que Ele também diz: “Entrareis”. Há também esse entrareis. E por que nós temos essa verdade? Porque temos agora uma oferta em Cristo, uma proposta em Cristo. Esta é a salvação. Cristo entrou em cena e, nEle, tudo está assegurado para a glória de Deus. É o propósito de Deus constituir Cristo como cabeça sobre todas as coisas, e Ele nos deu Cristo. Este é o plano de Deus e não há coisa alguma, em que Adão tenha falhado, que Cristo não tenha restaurado. Tudo está estabelecido sobre uma nova base, sobre um novo fundamento – Cristo. Ele é O cabeça de uma nova criação; o herdeiro de todas as promessas que Deus fez a Abraão, a Isaque, a Jacó.
Voltando à Palavra, percorrendo-a desde Gn 11, vemos que Deus fez uma promessa a Abraão. Ele ratificou esta promessa a Isaque e a Jacó. Mesmo estando os filhos de Israel escravos no Egito, Deus separou Moisés e o levou ao Deserto de Midiã. Ali, Ele o preparou através do silêncio, através do tempo, da obscuridade. E quando Moisés já tinha oitenta anos, Deus lhe apareceu e revelou o Seu plano – não todo de uma vez. Passo a passo, Moisés foi conhecendo este maravilhoso plano de Deus. E, na 15ª estação, Ritma, quando o povo estava prestes a entrar na terra, o vemos na seguinte situação: o povo não quis entrar, foram incrédulos. Em seguida, na 16ª estação, Rimom-Perez, eles foram presunçosos, autoconfiantes, e fracassaram – foram julgados. Ali, muitos caíram mortos, pois tentaram tomar a terra na sua própria força. Há um meio. Nós, por nós e de nós, não temos mérito algum para poder alcançar a salvação. Salvação é um dom de Deus. Salvação é uma proposta em Cristo. Somente em Cristo nós poderemos ser salvos. Por isso, o Senhor Jesus é o herdeiro de todas as promessas que Deus fez. O governo de Deus está sobre Cristo e somente Ele é digno de toda glória. Não podemos ver a salvação fora de Cristo.
Assim, ao olharmos para a Palavra de Deus, perceberemos que Adão falhou, fracassou, mas o último Adão – Cristo – realizou uma obra perfeita na Cruz do Calvário. E, agora, Deus diz que sim, que nós podemos entrar. Primeiro, em Nm 14:30, vimos Deus dizendo: “Não entrareis na terra”. Agora, em Nm 15:2, vemos que Ele diz: “Sim, vocês vão entrar”. Em Adão nós temos o “não”; em Cristo nós temos o “sim”. Amados irmãos e irmãs, prestem atenção: não existe “não” quando se trata de Cristo. Tudo em Cristo é “sim”. NEle tudo está divinamente estabelecido, tudo está consumado. E, porque é assim, Deus pôs o Seu selo, o selo do Espírito Santo, que todos os cristãos agora possuem. Vejam o que diz 2Co 1:19-22:
“19 Porque o Filho de Deus, Cristo Jesus, que foi, por nosso intermédio, anunciado entre vós, isto é, por mim, e Silvano, e Timóteo, não foi sim e não; mas sempre nele houve o sim. 20 Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm nele o sim; porquanto também por ele é o amém para glória de Deus, por nosso intermédio. 21 Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é Deus, 22 que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nosso coração.”
Percebem? Em Cristo não existe não. Em Cristo existe sim. Poderemos entrar sim.
Então, irmãos e irmãs, as primeiras linhas do capítulo 15 de Números devem ser lidas à luz de todo o Evangelho de Deus, de toda a Palavra de Deus, toda a Bíblia Sagrada. Faz parte de toda a história dos caminhos de Deus com o Seu povo neste mundo. Vejam que em Nm 14 Israel havia perdido todo o direito à terra. Eles mereciam ser mortos ali mesmo no deserto, mereciam cair mortos naquele deserto. Mas, amados, a preciosidade da graça de Deus é que Ele, agora, estabelece o meio pelo qual pudessem entrar naquela terra. Sabemos que Deus levantou uma geração nova que a possuiu. Deus levantou uma geração que pôde conquistá-la. Mas aquela conquista da terra era apenas um passo, porque a verdadeira terra que Deus estava dando para eles não era Canaã, era a verdadeira e sublime posse espiritual que encontramos nos capítulos 3 e 4 da Epístola aos Hebreus: o repouso de Deus. Nada pode ser mais abençoado e mais certo do que tudo isso.
Deus sobrepõe-se a todas as nossas falhas, a toda a nossa pecaminosidade e a todas as nossas fraquezas. Ele se sobrepõe a tudo aquilo que fazemos por nós mesmos, de nós mesmos, não o agradando. Ele age tão poderosamente! E foi o que Ele fez aqui em Nm 15. De uma maneira súbita, Deus reage, age, toma uma posição clara e firme para poder mostrar para o povo de Israel a Sua misericórdia e a Sua graça. E é justamente isso que Ele está fazendo. Isso é muito sério para nós. É algo muito sério encarar a salvação desta perspectiva. É inteiramente impossível que uma simples promessa de Deus não seja cumprida. Todas as Suas promessas irão se cumprir. Seria possível que a conduta dos descendentes de Abraão, daqueles israelitas, frustrasse o propósito eterno de Deus? Ou impedisse o cumprimento das promessas incondicionais que Deus havia feito a Abraão, a Isaque e a Jacó? Será que Deus iria parar no meio do caminho porque aqueles homens foram incrédulos, por que aqueles dez espias foram incrédulos e semearam um espírito de incredulidade no meio do povo? Isso é impossível. Se a geração que saiu do Egito recusou-se a entrar em Canaã, o Senhor poderia suscitar até mesmo pedras. Da areia daquele deserto Ele poderia suscitar filhos para poder possuir a terra, trazer uma nova descendência. Ele poderia fazer isso para sustentar suas promessas. Isso é que nos ajuda a entender o caráter de Deus, a entender esse capítulo 15 do Livro de Números, a Sua beleza, a Sua força incontestável. Vejam que esse capítulo se sucede ao fracasso da nação de Israel no capítulo 14. Isso é muito lindo, trata-se de um dos quadros mais extraordinários do Antigo Testamento: poder contemplar a misericórdia de Deus, poder contemplar a beleza do amor de Deus. Vemos aqui como que o sol da justiça raiando para a nação de Israel. Antes vimos as nuvens sombrias e ameaçadoras do julgamento de Deus. Mas naquele momento, Deus levantou-se para confirmar as Suas promessas, para confirmar a Sua palavra.
Precisamos entender que Deus é fiel, Ele nunca se arrepende dos Seus dons e nem da Sua vocação. Por isso, ainda que uma geração incrédula pudesse murmurar e se rebelar milhares de vezes, nada o impediria de alcançar o Seu propósito. Apesar de mim, apesar de você, meu irmão e minha irmã, entendam que Deus alcançará o Seu propósito. Por isso precisamos humilhar o nosso coração diante dEle. Não podemos permitir ser reprovados. Não podemos dar lugar à presunção, à incredulidade em nosso coração. Precisamos da ajuda do Espírito Santo. Que ele nos tome pela mão e nos guie nessa jornada, para que não venhamos viver uma vida que não corresponda com o caráter de Deus. Eis aqui o lugar divino, o repouso da fé em todo tempo. Aqui encontramos abrigo seguro para nossa própria vida, em meio ao naufrágio fruto da nossa própria incredulidade, das nossas disposições naturais, as quais, muitas vezes, permitimos que se manifestem contra a fé, contra a vontade de Deus, contra o plano e o propósito de Deus. Como somos carentes da ajuda de Deus, como necessitamos de que o Espírito Santo nos tome e nos conduza por essa jornada espiritual, a qual Deus nos chamou a viver nessa geração.
Amados, sempre que o homem entra em cena, ele fracassa. Sempre que o homem tenta, de si e por si mesmo, agradar a Deus, ele fracassa. Deus levantou cristo em ressurreição e todos nós, que cremos nEle, somos colocados sobre esta base, uma base inteiramente nova. Nós somos unidos a Ele, ao Senhor Jesus ressuscitado e glorificado, e, assim, permanecemos nEle. Nós estamos sendo edificados nEle, porque somente Cristo agradou a Deus. Toda a vida que agradou a Deus é Cristo. Somente Cristo agradou a Deus e Sua vida é a nossa vida. Tudo está posto sobre essa base e ninguém pode impedir isso. Eu e você estamos em Cristo, temos que compreender a grandeza, a majestade, a maravilha de estarmos nesta posição irrevogável. Mas, para isso, temos que ter consciência, compreender tudo isso, entender essa verdade. Não podemos viver uma vida que contraria esse princípio espiritual. Lendo Nm 15 perceberemos isso. A geração rebelde tinha de ser posta à parte. Aqueles que se rebelaram contra Deus tinham que ser tratados, disciplinados, julgados. Mas o propósito eterno de Deus, o propósito eterno da graça de Deus, tem de permanecer, e todas as Suas promessas hão de se realizar. Nós temos que ver isso com muita clareza.
Ao estudamos o capítulo 15 de Êxodo, vemos vários sacrifícios. Não trataremos aqui das instruções maravilhosas contidas nesses diferentes sacrifícios, apresentados nesse capítulo. Para isso, será necessário estudar o livro de Levítico, onde eles estão de forma mais detalhada. Temos aqui aspectos de Cristo e da Sua obra. Mas, quero aqui apenas acrescentar os direitos que Deus exige, e que precisamos tomar conhecimento, quanto aos nossos pecados, quanto a nossa ignorância.
E o que aprendemos aqui em Nm 15? Aprendemos que Deus não é complacente com o nosso pecado. Deus não vira as costas para nosso pecado, Ele trata com o nosso pecado. Sua santidade não pode ser reduzida à medida da nossa mentalidade, da nossa inteligência. Você tem que saber que a graça fez provisão para os pecados, até mesmo para a nossa ignorância. A santidade de Deus exige que os nossos pecados sejam julgados e confessados. Todo o coração sincero irá adorar a Deus por saber que os nossos pecados foram julgados em Cristo. Todos os nossos pecados foram confessados. Ali na Cruz do Calvário nós vemos esta magnífica e estupenda obra. O que seria de nós sem essa provisão da graça de Deus em Cristo Jesus, lá na Cruz? Graças a Deus que Deus se satisfez. A Sua santidade, a Sua justiça, foram satisfeitas pela oferta que Cristo realizou lá na Cruz do Calvário. E agora nós podemos viver uma vida que agrada a Deus. Sabe por quê? Porque vivemos na base daquilo que é Cristo; na base daquilo que Cristo fez. Você tem que ter uma visão disso à luz do Novo Testamento.
Isso é Libna. Libna fala da obra da purificação por meio do sacrifício que Cristo realizou. Agora, você tem que entender que todos os seus pecados estão eternamente perdoados. Você tem que entender que você está numa nova base, em Cristo. Sua vida está fundamentada nEle. Você vive nEle. Você vive para Ele. Esta é a salvação de Deus. Esta é a obra que Deus fez para vocês. É o que Ele está realizando na Sua vida, para que você tenha paz. Sabe por que você tem paz? Porque você foi justificado. Justificação é o ato pelo qual Deus nos declara justos. Não baseado em nossa justiça, mas baseado na justiça de Cristo realizada ao nosso favor. Isto é maravilhoso, é grandioso. Esta é a lição de Libna: a lição da misericórdia de Deus, a lição da graça de Deus, a lição do amor de Deus, em face à completa ignorância, à completa pecaminosidade do próprio homem, à sua própria incredulidade. Deus se revelou a nós, trazendo-nos salvação em Cristo Jesus. E o Seu Espírito está aplicando esta salvação na nossa própria vida. A salvação objetiva foi aquilo que Cristo fez. A salvação subjetiva é aquilo que o Espírito Santo está fazendo agora em nós, levando-nos a viver essa salvação na experiência prática, dia após dia. Aquilo que Paulo diz em Ef 4:30:
“E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção.”
Graças a Deus Ele está realizando esta obra em nós. Que Ele lhe abençoe com a Sua palavra.
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