terça-feira, 2 de novembro de 2010

As 42 Jornadas no Deserto - capítulo 80



Irmãos, continuaremos com o estudo da jornada de Rimon Perez a 16ª estação. Aqui há muitos ensinamentos espirituais para nós que fazemos parte da igreja de Deus neste tempo. Que possamos aprender com a experiência desse povo, que o erro deles seja para advertência nossa, para que possamos provar o nosso próprio coração e nos arrependermos verdadeiramente.

Obrigado SENHOR porque ainda temos tempo de nos convertermos mais e mais a ti!

16ª Estação – Rimom-Perez – Parte 03

Por: Ir. Luiz Fontes

Texto: Números 14:2-4, 40-45 e Deuteronômio 1:40-42


Estamos estudando a 16ª estação, Rimom-Perez, que se encontra em Números 33:19. Sabemos que na estação anterior a essa, aqueles doze espias foram olhar a terra de Canaã, onde viram gigantes, fortalezas, e quando voltaram, dez deles incitariam o povo contra Moisés e murmuraram contra Deus. Por isso, Deus rejeitou aquela geração. Eles atrasaram o propósito de Deus, pois uma viagem que deveria ser de dois anos e onze dias, demorou trinta e oito anos a mais. Eles peregrinaram por quarenta anos. Conforme disse Deus em Nm 14:34, como eles permaneceram quarenta dias espiando a terra, para cada dia, teriam que percorrer um ano no deserto. Assim, a totalidade dessas jornadas, dessas estações, dessa peregrinação, foi de quarenta anos.
Isso é muito sério, pois não podemos ser culpados de atrasar o propósito de Deus. Precisamos conhecer claramente a vontade de Deus.
Voltando para o Livro de Números, que estamos estudando para conhecer melhor esta estação de Rimom-Perez , é bom lembrarmos que na estação anterior, Ritma, Deus ordenou que fossem espiar a terra. Os espias foram e voltaram desanimados por causa dos gigantes, porque viram as cidades fortificadas, sentiram-se como gafanhotos diante daqueles gigantes. Sabemos que Josué e Calebe levantaram-se diante de todo o povo, juntamente com Moisés e Arão; sabemos também que o Senhor veio e tratou duramente com eles. Lendo Nm 14:2-4, veremos o povo murmurando e, na sequência, vemos o Senhor tratando com eles, rejeitando aquela geração, por terem sido incrédulos. Eles não aceitaram o governo de Deus, foram incrédulos quanto à compreensão do caráter de Deus, do Seu poder, da Sua graça, da Sua glória. Aquele povo havia caminhado até ali, mas sem ter um conhecimento claro de quem era Deus para eles. Por isso, precisamos voltar a Nm 14:42. Vemos nesse versículo que houve um aparente avivamento daquele povo. Quando Deus queria que eles se levantassem e fossem, entrassem, possuíssem a terra, eles não foram. Mas, agora, depois da disciplina de Deus, eles intentaram ir. Sabemos que em Nm 14:42 Moisés lhes diz:

“Não subais, pois o Senhor não estará no meio de vós para que não sejais feridos diante dos vossos inimigos”.

Voltando também para a sequência dos textos que lemos em Ct 5:2, no estudo passado, veremos quando o noivo chega chamando a noiva e ela está em casa dormindo, embora tenha dito no versículo 2:

“Enquanto eu dormia, meu coração velava”.

O coração dela estava acordado, ela escutou a voz do seu amado, e não abre a porta. O noivo está do lado de fora e quando ela resolve abrir a porta, ele já tinha ido embora. Em Ap 3:20 vemos o Senhor dizendo:

“Eis que estou à porta e bato (...)”.

O Senhor quer entrar, quer cear conosco. Existe algo muito sério: o tempo de Deus; o tempo em que Deus decide realizar algo concernente ao Seu propósito. Não podemos ser descuidados quanto ao tempo de Deus; não podemos ignorar o chamamento de Deus; não podemos ser pessoas distraídas com relação à vontade de Deus. Quando estudamos a sequência do texto de Ct 5, a partir do versículo 2, como já citei, vemos também que quando a noiva resolve sair à procura do seu amado, ela encontra uns guardas que a maltratam. Quando perdemos o tempo de Deus, quando abusamos da vontade de Deus quanto ao Seu propósito, quando somos descuidados, não possuindo temor, zelo, quanto ao tempo de Deus, nos tornamos presas vulneráveis aos ataques de satanás. Números 14:43 diz:

“Porque os amalequitas e os cananeus ali estão diante de vós, e caireis à espada; pois, uma vez que vos desviastes do SENHOR, o SENHOR não será convosco.”

Amados irmãos em Cristo Jesus, não importa quantos amalequitas surgem contra nós. Se o Senhor está conosco, não importam os ataques do inimigo. Se Deus está conosco e estamos na Sua vontade, não importa o quanto o inimigo tenta nos afrontar. Não importam quantas fortalezas surgem contra nós, se estamos no centro da vontade do Senhor. Ele irá nos proteger, pois Ele é o nosso escudo, Ele é a nossa bandeira, Ele é a nossa fortaleza. Não somos intimidados pelo tamanho dos gigantes, porque maior é Aquele que está conosco. Nm 14:44 diz:

44 Contudo, temerariamente, tentaram subir ao cimo do monte, mas a arca da Aliança do SENHOR e Moisés não se apartaram do meio do arraial.

Essa é uma passagem solene, à qual precisamos atentar. Observem a palavra “temerariamente”. Essa palavra é muito importante. No original hebraico é “aphal”. Ela ocorre apenas mais uma vez no Antigo Testamento, em Hc 2:4:

4 Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.

Em sua obstinação, eles decidiram subir. Mas a Bíblia é clara: “mas a arca da Aliança do SENHOR e Moisés não se apartaram do meio do arraial”. Eles partiram, mas a presença de Deus, assim como Moisés, não foi com eles. Em consequência, foram derrotados (Nm 14:45). A Bíblia diz que eles desceram e foram derrotados. Isso é muito sério!
Irmãos, irmãs, voltando ao capítulo 14 de Números poderemos perceber que aquele povo aparentemente se arrependeu. Parecia que houve um concerto, que eles estavam vendo um aparente avivamento. Mas agora temos que estudar este episódio em Deuteronômio, porque o Espírito Santo repete este mesmo episódio nesse livro. E quando isso acontece, é porque o Espírito Santo tem algo para ministrar a nós. Trinta e oito anos depois, ela é contada por Moisés. Isso é muito interessante. A maneira como ela é narrada por Moisés em Deuteronômio nos traz detalhes que não vemos em Números. Então vamos ler Dt 1:40 em diante. Não vamos ler tudo agora, mas algumas destas passagens que nos dão uma visão clara do que o Espírito Santo quer nos dizer:
Dt 1:40-41:

“40 Porém vós virai-vos e parti para o deserto, pelo caminho do mar Vermelho. 41 Então, respondestes e me dissestes: Pecamos contra o SENHOR; nós subiremos e pelejaremos(...)”.

Vejam que eles estão falando a mesma coisa que vimos em Números 14. Aparentemente eles reconheceram que pecaram. Eles confessaram os pecados.
Dt 1:41:

“(...) Pecamos contra o SENHOR; nós subiremos e pelejaremos, segundo tudo o que nos ordenou o SENHOR, nosso Deus. Vós vos armastes, cada um dos seus instrumentos de guerra, e vos mostrastes temerários em subindo à região montanhosa.

Irmãos e irmãs, vejam que agora, trinta e oito anos depois, Moisés narra essa jornada com mais detalhes. Temos aqui detalhes que fazem toda a diferença. Quando eles estavam em Ritma, não fizeram a vontade do Senhor; em vez de seguirem fazendo a vontade de Deus, não obedeceram. Agora, prestemos atenção aos importantes detalhes desse texto.

Dt 1:41 diz: “Pecamos contra o SENHOR; nós subiremos e pelejaremos”. Temos mais uma lição para aprender aqui. Nem sempre confessar os pecados é o suficiente. Vamos atentar para alguns exemplos na Bíblia. Lembram-se de Pilatos, em Mt 27:24? Diz assim o texto:

24 Vendo Pilatos que nada conseguia, antes, pelo contrário, aumentava o tumulto, mandou vir água, lavou as mãos perante o povo, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo ; fique o caso convosco!

Ele reconheceu que o Senhor Jesus era inocente, mas mandou matá-lo. Pilatos reconheceu o erro, mas persistiu, não mudou. Lembram também de Judas? Ele confessou seu pecado. Em Mt 27:4 diz assim:

4 Pequei, traindo sangue inocente. Eles, porém, responderam: Que nos importa? Isso é contigo.

Mas o que Judas fez? Prosseguiu em sua obstinação, em sua obsessão e suicidou-se. Então, não adianta apenas confessar os pecados. Não adianta se sua atitude não demonstra frutos dignos de alguém que se arrependeu deles. Muitas pessoas confessam os pecados para tentar aliviar sua consciência. Isso é um engano de satanás. A lição que aprendemos aqui está relacionada com a graça, com a correção, com a disciplina. Alguns banalizam a graça de Deus, acreditando que devem apenas pedir perdão e, assim, tudo estará resolvido diante de Deus. Isso é banalizar o perdão, é banalizar a graça. Deus nos perdoa por Sua graça, mas nos corrige. Alguns querem a graça, mas não querem a disciplina, não querem a correção. Lembram de Davi em 2 Sm 12:18? Davi foi perdoado por Deus, mas a criança que estava no ventre de Bate-Seba, fruto do pecado, do seu adultério com ela, morreu. Temos que entender que há graça, mas também, há disciplina, há correção. Essas duas coisas andam juntas quando pecamos. Elas não se separam. Deus tem que tratar conosco. Vejam que aquele povo no deserto, em Rimom-Perez, foi sozinho, subiu, movidos pela presunção, pela soberba. Precisamos ser cuidadosos quanto à vontade de Deus. Não podemos perder a sintonia do mover de Deus.
Amados, vamos detectar o problema desses israelitas. Temos aqui algumas preciosas lições para nós, através das quais, Deus deseja nos guardar. O problema é que eles se armaram com as armas erradas, estavam cheios de soberba. Suas armas eram a autoconfiança e a presunção. Quando Paulo fala da nossa guerra espiritual, ele nos diz que devemos nos revestir do Senhor e da força do Seu poder (Ef 6:10). Deus é que deveria ser a arma deles. Trocaram a armadura de Deus por suas próprias armas. Vejam que em Dt 1:42 o Senhor lhes diz:

“42 (...) Não subais, nem pelejeis, pois não estou no meio de vós, para que não sejais derrotados diante dos vossos inimigos.”

Quantas vezes somos derrotados! E às vezes queremos achar culpados pelas nossas derrotas! A explicação para nossas derrotas está em nosso próprio coração: em nossa presunção, em nossa soberba, na maneira leviana como temos confessado nossos pecados – pois confessamos, mas não nos arrependemos deles, confessamos, mas não praticamos frutos dignos que demonstram verdadeiramente nossa vida diante da justiça e da graça de Deus. Aqui encontramos a razão por que eles não deveriam subir para aquela guerra.
Amados, precisamos ser dirigidos pelo Espírito Santo de Deus, pela unção de Deus em nossa vida. O apóstolo João, em sua carta 1 Jo 2:27, diz:

27 Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também ela vos ensinou.

O segredo espiritual da unção é que ela nos ensina o caminho pelo qual temos que andar, mantendo-nos na verdade e, acima de tudo, fazendo-nos permanecer em Deus. Em Lc 22:33, Pedro disse ao Senhor Jesus:

“(...) Senhor, estou pronto a ir contigo, tanto para a prisão como para a morte”.

Essas palavras eram as armas de Pedro. Ele estava falando baseado em sua confiança própria. Com essas palavras, Pedro foi peneirado, experimentou a derrota. A derrota de Pedro não foi maior porque o Senhor Jesus o havia advertido e dito: “Eu, porém, roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça (...)” (Lc 22:32). Graças ao Senhor por Seus cuidados. Deus permite a nossa derrota para que cheguemos ao fim de nós mesmos. Essa derrota não é com o propósito de que sejamos destruídos, mas para que cheguemos ao fim da nossa força carnal, ao fim da presunção, da soberba. Ele precisa nos esvaziar de nossas forças naturais, pois somos pessoas cheias de autoconfiança.
Outro detalhe que temos que notar ainda nessa estação é o significado de Rimom-Perez. É interessante que a palavra “Rimom”, no hebraico, é romã. E “Perez” é “brecha”. É como se essa romã, uma fruta muito conhecida por nós, tivesse sido comida por um tipo de inseto, ficando bichada, com uma brecha. Foi justamente o que aconteceu com o povo.
É sobre isso que o Senhor ministra a nós, sobre como precisamos ser cuidadosos para que o inimigo não tenha caminho em nós; para que não haja brechas em nossa vida. Rimom-Perez nos fala de uma romã estragada, apodrecida. Espiritualmente falando, o Senhor queria introduzir Seu povo na terra e pediu que eles fossem espiá-la. Mas o que trouxeram? Uvas, romãs, figos... É o que vemos em Dt 8:7-8:

“7 porque o SENHOR, teu Deus, te faz entrar numa boa terra, terra de ribeiros de águas, de fontes, de mananciais profundos, que saem dos vales e das montanhas; 8 terra de trigo e cevada, de vides, figueiras e romeiras; (...)”.

Então aqui está. Aquela era uma terra de romãs. Temos que ver algo que o Senhor está ministrando a nós, pois todas essas árvores, todos esses frutos, falam de Cristo Jesus, daquilo que Cristo é para nós. E sabemos que eles não creram em Deus. E o Senhor Jesus diz em Sua palavra:

“Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo” (Mt 7:19).

A incredulidade daquele povo é aqui caracterizada pela expressão “brecha” (“Perez”). Eles deram brecha, por isso foram reprovados, foram rejeitados. Tudo o que não for caracterizado pela fé não pode agradar ao Senhor. Hb 11:6 diz:

“De fato, sem fé é impossível agradar a Deus (...)”.

Ainda podemos ler 2 Co 5:7:

“7 visto que andamos por fé e não pelo que vemos”.

Este é o viver que agrada a Deus. A lição de Rimom-Perez é uma lição séria, porque exige que andemos em conformidade com a vontade de Deus e não de acordo com a nossa vontade, e não de acordo com a nossa confiança. Precisamos ser despojados, ser profundamente tratados para não vivermos a vida cristã conforme a nossa vontade, mas sim conforme a vontade de Deus, conforme Seu caráter.
Que Deus venha ricamente, poderosamente, lhe abençoar com esta palavra.

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