terça-feira, 26 de outubro de 2010

As 42 Jornadas no Deserto - capítulo 79


Amados irmãos em Cristo, continuaremos estudando sobre Rimon Perez, esta estação que nos revela o coração do homem que anda por vista e não por fé. Quando Deus manda o povo de Israel subir e tomar posse da terra eles são rebeldes e não querem ir pois temem os gigantes moradores de Canaã, mas quando Deus fala para eles não irem, então eles em desobediência a Palavra de Deus sobem e são todos derrotados.
Que tem haver conosco (a Igreja) estas lições? Creio que muito, pois como homens podemos cometer os mesmos erros. Que o Senhor fale ao nosso coração e que possamos reter as inúmeras lições espirituais contidas neste estudo.
Que DEUS abençoe a todos!

16ª Estação – Rimom-Perez – Parte 02

Por: Ir. Luiz Fontes

Texto: Números 14:2-4: E todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e Arão; e toda a congregação lhes disse: Antes tivéssemos morrido na terra do Egito, ou tivéssemos morrido neste deserto!
Por que nos traz o Senhor a esta terra para cairmos à espada? Nossas mulheres e nossos pequeninos serão por presa. Não nos seria melhor voltarmos para o Egito?
E diziam uns aos outros: Constituamos um por chefe o voltemos para o Egito.

Números 14:40-45: Eles, pois, levantando-se de manhã cedo, subiram ao cume do monte, e disseram: Eis-nos aqui; subiremos ao lugar que o Senhor tem dito; porquanto havemos pecado.
Respondeu Moisés: Ora, por que transgredis o mandado do Senhor, visto que isso não prosperará? Não subais, pois o Senhor não está no meio de vós; para que não sejais feridos diante dos vossos inimigos.
Porque os amalequitas e os cananeus estão ali diante da vossa face, e caireis à espada; pois, porquanto vos desviastes do Senhor, o Senhor não estará convosco.
Contudo, temerariamente subiram eles ao cume do monte; mas a arca do pacto do Senhor, e Moisés, não se apartaram do arraial.
Então desceram os amalequitas e os cananeus, que habitavam na montanha, e os feriram, derrotando-os até Horma.



Vamos continuar estudando a 16ª jornada – Rimom-Perez.
Em Números 33:19 está registrado que, depois que os filhos de Israel saíram de Ritma, após aquela experiência na qual demonstraram extrema incredulidade e rebeldia para com Deus, eles partiram para Rimom-Perez.
Vimos que quando Deus quis que eles fossem, subissem, conquistassem a terra de Canaã, eles não quiseram. Ao contrário, como está em Números 14:2-4, vimos o que disseram contra Moisés, como murmuram contra Moisés, como todos se colocaram diante do Senhor por causa daquela situação. Dez espias trouxeram um relatório extremamente negativo, no qual eles viam apenas as forças humanas, estando envolvidos em uma situação de pura incredulidade. Durante todas as jornadas, até Ritma, nessas quinze jornadas que peregrinaram conhecendo o amor de Deus, Seu caráter, Suas provisões, não compreenderam a natureza dessa peregrinação. Nada do que experimentaram produziu fé no coração deles. E, agora, estão prestes a entrar na terra de Canaã. Eles poderiam entrar dali mesmo, possuir a terra confiando que o mesmo Deus que os tirara do Egito, abrindo o Mar Vermelho, é o mesmo Deus que estaria com eles vencendo todos os inimigos, destruindo todas as fortalezas, introduzindo-os naquela terra para manifestar Sua glória, Sua graça, Seu poder, Seu nome. Mas eles não quiseram entrar.
Em Números 14:2-4 vemos justamente isso, como procederam diante de Deus, chegando a dizer que teria sido melhor que morressem no Egito do que naquele deserto – ferindo o caráter de Deus, dizendo que Deus trouxera-os ali para matá-los, para envergonhá-los. Chegaram a dizer que Deus os havia trazido ali para que pudessem cair à espada com suas mulheres, seus filhos e suas crianças. “Não teria sido melhor voltar para o Egito?”, disseram. É isso que estava no coração deles. Sabem por quê? Porque o Egito nunca havia saído dos seus corações. Pessoas mundanas. São pessoas que não são capazes de conhecer o caráter de Deus; pessoas mundanas não são capazes de andar por fé, apenas por vista. Elas só andam por aquilo que vêem. E é isso que vemos aqui; é sobre isso que estamos estudando.
Sabemos, então, que ali eles foram reprovados pelo Senhor. O Senhor havia reprovado toda aquela geração e, por causa da atitude deles, não entraram na terra. E sabem o que eles fizeram? Ficaram dando voltas de estação a estação; voltas e mais voltas durante quase trinta e oito anos, por causa da incredulidade, até que, a geração velha, incrédula, corrompida pela rebelião, pudesse morrer e ser enterrada ali mesmo, no deserto, para que uma nova geração pudesse nascer e assim tomar a terra. Foi justamente o que aconteceu, pois Josué e Calebe, os dois espias que tiveram uma visão focada em Deus, andaram por fé e não por vista.
Lendo Números 14:40-45, vemos justamente o que realmente aconteceu. Tendo sido incrédulos em Ritma, a 15ª estação, agora eles querem, agora estão desejosos de andar na direção que Deus lhes havia proposto. Irmãos, notem que eles queriam andar na visão de Deus, mas seus corações não estavam em Deus. Tem que haver uma sintonia, porque nós temos que enxergar as coisas espirituais não com os nossos olhos, mas com o nosso coração. Por isso, nosso coração tem que estar em Deus. Não andamos segundo as nossas emoções, andamos segundo a vontade de Deus. Quando Deus quis, eles não quiseram. Agora Deus não quer e eles querem.
Números 14:40 nos revela que eles levantaram pela manhã, de madrugada, e subiram ao ponto mais alto do monte dizendo:

“(...) Eis-nos aqui e subiremos ao lugar que o Senhor nos tem prometido (...)”.

Agora eles querem subir, mas Deus não quer que eles subam, porque Deus não está com eles, pois pecaram contra Deus. Isso é muito sério, porque quando Deus quis, eles não quiseram; e quando eles quiseram Deus não quis. Isso é muito sério e nos revela muito da nossa vida cristã hoje. Corremos sempre o perigo de vivermos a vida cristã centrados em nós mesmos. Um exemplo clássico disso é a lição que temos no livro de Cantares de Salomão, capítulo 5, a partir do versículo 2. Temos nesse texto uma lição na qual o Noivo Amado tem algo a ensinar à noiva. Aparentemente há um certo conflito expresso nesse texto. Vejamos:

“2 Eu dormia, mas o meu coração velava; eis a voz do meu amado, que está batendo: Abre-me, minha irmã, querida minha, pomba minha, imaculada minha, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos, das gotas da noite.”

Vejam que é o noivo que está do lado de fora, batendo, querendo entrar, e a noiva está do lado de dentro. Olhem o que ela diz:

“3 Já despi a minha túnica, hei de vesti-la outra vez? Já lavei os pés, tornarei a sujá-los? 4 O meu amado meteu a mão por uma fresta, e o meu coração se comoveu por amor dele. 5 Levantei-me para abrir ao meu amado; as minhas mãos destilavam mirra, e os meus dedos mirra preciosa sobre a maçaneta do ferrolho. 6 Abri ao meu amado, mas já ele se retirara e tinha ido embora; a minha alma se derreteu quando, antes, ele me falou; busquei-o e não o achei; chamei-o, e não me respondeu.” (Ct 5:3-6)

Vejam o quanto isso é tão sério para nós – esse lindo retrato que o Espírito Santo pinta para nós aqui no livro de Cantares. Aqui há uma certa crise entre essas duas pessoas que se amam. Aqui ocorreu um certo problema, pois a noiva dormia mas o seu coração estava acordado. Notem a parte b do versículo 2, que diz:

“Abre-me, minha irmã, querida minha, pomba minha, imaculada minha, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos, das gotas da noite.”.

O noivo está chamando a sua amada, porém ela, acordada, permanece onde está. Ela começa a dizer para ele que já havia despido as suas vestes. Como tornaria a vestir-se? Já havia lavado os pés, como tornaria a sujar? Vejam que ela coloca dificuldades para se levantar para abrir a porta para ele. Ela permanece onde está. Muitas vezes nós somos assim, pessoas fechadas à voz do nosso Senhor. O amado está chamando: “Abre-me!”. Muitas vezes nosso comodismo, nossas ocupações, impedem que atendamos à voz do nosso Amado. Lembram das palavras do nosso Senhor Jesus a Igreja de Laodiceia?

“Eis que estou à porta e bato (...).” (Ap 3:20)

A noiva não atendeu ao chamado do noivo. Quando ela vai abrir a porta, quando ela resolve abrir a porta, o que ocorre? Ele já tinha ido embora. Meus amados, quão solene são essas palavras, porque nosso Noivo Amado não viola nossas decisões. Mesmo que Ele tenha que meter a mão por uma fresta, ainda assim Ele não agride nossa decisão. Se nós não queremos, o desejo dEle vai permanecer com Ele e nunca será desfrutado por nós. O Seu desejo é tornar nossa vontade atraente a Ele. Se a noiva não atende o chamamento, o Noivo vai embora.
Amados, não podemos deixar Deus passar de nós, não podemos deixar de responder a Deus em momento oportuno. Será que conseguimos ver a gravidade da situação? Se não entendermos tudo isso, vamos perder o tempo de Deus; se não atendermos ao Seu chamamento, Ele vai prosseguir sem nós. Temos que ser profundamente impactados por essa verdade.
Voltemos para o livro de Números, capítulo 14, versículo 42. Vejam que Moisés diz:

“Não subais, pois o Senhor não está no meio de vós (...).”

Antes o Senhor estava com eles para subir; antes eles podiam subir porque o Senhor estava com eles. Mas agora eles querem subir e o Senhor não está no meio deles. Voltando para a sequência dos textos de Cantares, veremos que a noiva diz:

“7 Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me e feriram-me; tiraram-me o manto os guardas dos muros” (Ct 5:7).

“Os guardas do muro”. Vejam que coisa tão séria! Vejam a gravidade, a seriedade de tudo isso. O Senhor está tentando nos atrair. Pelo modo como o Senhor está falando a cada um de nós, eu creio que isso nos toca profundamente. A noiva não deu ouvidos ao chamamento do seu amado e, por isso, ficou sem proteção. Quando não seguimos a vontade de Deus, perdemos a Sua proteção e ficamos inseguros, sem proteção nesse mundo.
Há uma diferença que quero que vocês notem aqui em Números 14:43:

“Porque os amalequitas e os cananeus estão ali diante da vossa face, e caireis à espada (...)”.

Essas são as palavras de Moisés ao povo. Ele ainda prossegue dizendo:

“(...) pois, porquanto vos desviastes do Senhor, o Senhor não estará convosco.”

Meus amados, não importa quantos amalequitas surgem contra nós. Se o Senhor está conosco, não importam os ataques do inimigo, não importam quantas fortalezas se levantam contra nós. Se o Senhor está conosco tudo isso não é nada.
Ainda vamos atentar para o versículo 44 de Números 14:

“Contudo, temerariamente, subiram eles ao cume do monte; mas a arca do pacto do Senhor, e Moisés, não se apartaram do arraial”.

Quero que vocês notem a palavra “temerariamente”. No original hebraico essa palavra é “aphal”. Ela ocorre apenas mais uma vez aqui no Antigo Testamento, isto é, em Habacuque 2:4:

“Eis o soberbo! A sua alma não é reta nele (...)”.

Esta palavra “soberbo” é a mesma palavra hebraica “aphal” e é a mesma palavra “temerariamente”. Em sua obstinação, eles desejaram subir, mas a Bíblia é clara:

“(...) mas a Arca da Aliança do Senhor, e Moisés, não se apartaram do meio do Arraial”. (Nm 14:44)

Eles foram sem um testemunho da presença de Deus. É disso que a Arca fala (Nm 14:44). Partiram, mas a presença de Deus, assim como Moisés, não foram com eles e, em consequência, foram derrotados. Números 14:45 diz que:

“Desceram os amalequitas e os cananeus que habitavam na montanha e os feriram, derrotando-os até Horma”.

“Horma” era uma cidade cananeia onde eles foram definitivamente perseguidos e derrotados. Vejam que o texto diz “até Horma”. Quando lemos Números 21:1-3, mais uma vez vemos uma citação de “Horma”. Em Nm 14:45 eles foram derrotados, mas Nm 21:3 nos traz a restauração:

“O Senhor, pois, ouviu a voz de Israel, e entregou-lhe os cananeus; e os israelitas os destruíram totalmente, a eles e às suas cidades; e chamou-se aquele lugar Horma.”

Então, Números 21 é diferente de Números 14, pois lá em Números 14:45 eles foram derrotados até Horma, mas, passado um tempo, em Números 21, em outra etapa, numa outra estação, em Horma, eles derrotaram os filisteus. Temos aqui uma restauração.
Em Rimom-Perez eles agiram sozinhos, foram impetuosos, arrogantes. E o que aconteceu? Caíram, sofreram perda, foram derrotados pelo inimigo até Horma. Mas, depois, o Senhor tratou com eles, disciplinou, restaurou. Muitas vezes nós temos que entender que não basta confessar os pecados e tudo estará resolvido. Tem que haver disciplina; tem que haver o tratamento de Deus. É isso que estamos vendo agora, Deus tratando com eles por causa da incredulidade, por causa da rebelião. Deus é amor, mas também é justiça. Nesses dois aspectos – amor e justiça –, nós vemos que Deus trata conosco.
Então, vamos aprender mais, pois o Senhor ainda tem algo a nos falar, a nos ensinar. Como é tão perigoso andarmos nos nossos caminhos! O quanto é perigoso não ouvirmos a voz do nosso Senhor, não seguirmos a vontade do Senhor, não andarmos em conformidade com ela! Como é perigoso agirmos como a noiva que não ouviu atentamente a voz do seu noivo (Ct 5)!
Irmãos, peço a vocês nesta ora, no nome de Cristo Jesus: sejam sensíveis em ouvir a voz do nosso Noivo Amado. Não sejamos desobedientes ao Seu chamamento. Que o nosso coração possa velar pelo Noivo e ser obediente a Sua voz. Que Deus lhe abençoe.

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