domingo, 26 de setembro de 2010

ESTUDO DAS JORNADAS NO DESERTO


Amados irmãos e irmãs em Cristo, estamos publicando mais um capítulo do nosso estudo das Jornadas. Que o Senhor fale aos nossos corações por meio da Sua Palavra

AS 42 JORNADAS NO DESERTO

CAPÍTULO 76

15ª Estação – RITMA (parte 05)

TEXTOS: Ex 33:18; Nm 12:16 a 14:39; Dt 1:19-40; e Mt 25:14-30


Amados irmãos, tendo como base esta experiência vivida pelo povo de Israel em Ritma, vamos continuar estudando acerca do reino. Vamos ler Mateus 25:14-30:

14 Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens. 15 A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um segundo a sua própria capacidade; e, então, partiu. 16 O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar com eles e ganhou outros cinco. 17 Do mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois. 18 Mas o que recebera um, saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor. 19 Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. 20 Então, aproximando-se o que recebera cinco talentos, entregou outros cinco, dizendo: Senhor, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei. 21 Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. 22 E, aproximando-se também o que recebera dois talentos, disse: Senhor, dois talentos me confiaste; aqui tens outros dois que ganhei. 23 Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. 24 Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste, 25 receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. 26 Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? 27 Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros, e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu. 28 Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem dez. 29 Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. 30 E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes.

Ao estudarmos esta parábola, vemos que toda a ênfase está no homem que tinha apenas um talento – o perigo está em o irmão que tem apenas um talento o enterrar. Talvez alguns possam questionar: “Já que não recebi cinco talentos ou dois, o que posso fazer com apenas um?”; “Já que não posso ministrar de modo notável, será que realmente sou útil?”; “Já que os outros são bem mais capazes de conduzir uma oração e criar um clima para a reunião de oração, será que o certo não é que eu fique calado?”; “Não posso ocupar um lugar de destaque. Será que importa, então, que eu ocupe qualquer outro lugar?”. Amados, talvez pareça estranho para vocês, mas muitos cristãos vivem assim. Muitos cristãos têm essa consciência. É aqui que ocorre o grande perigo. Muitas vezes não compreendemos a natureza daquilo que Deus nos confia. Pensamos na obra de Deus em termos de quantidade e esquecemos que a ênfase da Palavra de Deus com relação a Sua obra é qualidade.
Essa parábola ensina que dois podem vir a ser quatro, cinco a ser dez, um a ser dois, e, agindo dessa forma, é que descobrimos o verdadeiro significado da vida na obra de Deus. A Igreja não está sofrendo por causa da proeminência dos membros que têm cinco talentos, mas por causa da repressão dos membros que só têm um talento. A vida do corpo de Cristo, como um todo, está tolhida, empobrecida, porque esses talentos estão enterrados. Quando estudamos essa parábola, compreendemos claramente que ela nos fala de três coisas: da responsabilidade pelo serviço, da recompensa pela fidelidade e do perigo da negligência. Ao considerarmos esses três aspectos, perceberemos que eles se encaixam na realidade desta estação de Ritma:

1) A responsabilidade pelo serviço:

Será que aqueles espias tinham consciência daquela missão? Será que quando eles trouxeram aquele cacho de uvas, puderam ver que ali, espiritualmente falando, estava a revelação da provisão de Cristo, do desfrute de Cristo?

2) A recompensa pela fidelidade:

Será que eles tiveram ali uma visão de que Deus é fiel, de que Ele havia prometido levá-los a uma terra que mana leite e mel? Não interessa se o inimigo está lá, interessa que “as portas do inferno não vão prevalecer”.

3) O perigo da negligência:

Essa é exatamente a situação descrita na parábola em que o Senhor Jesus fala sobre o homem com um talento. O que era realmente um talento no contexto dessa parábola?
O talento poderia ser de ouro, prata ou bronze. O vocábulo “talento” no idioma moderno é usado para indicar a capacidade ou os dotes de alguém. Originalmente, talento era uma unidade de peso e depois passou a ser uma unidade monetária. Então, um talento valia o trabalho de um homem por mais ou menos dezoito anos. Espiritualmente falando, esses talentos nos falam do conhecimento e da capacidade para o serviço a Cristo. No aspecto espiritual, essa parábola nos fala de alguém que goza os privilégios e oportunidades espirituais, mas, depois, despreza, ignora, lança mão daquilo que Cristo lhe confiou.
Vejam o personagem principal dessa parábola. Ao que nos parece, o Senhor Jesus proferiu essa parábola por causa da condição espiritual desse homem que recebeu um talento. Esse indivíduo é o centro da parábola. É dele que o Senhor Jesus extrai a principal lição para nos exortar quanto à responsabilidade, quanto ao serviço, quanto ao perigo da negligência em relação à obra de Deus. O que nos revela esse homem? Nos revela uma vida cristã enclausurada em si mesma. Mt 25:18 diz que ele “escondeu”. Essa frase revela o caráter negligente de muitos cristãos hoje em relação à obra de Deus. Quantas pessoas estão escondidas? Quando estudamos o significado dos nomes daqueles doze espias, descobrimos que Setur, da tribo de Aser, significa “escondido” – e isso tem muito a ver com aquilo que o Senhor está ministrando a nós nesta hora.
Então, a parábola diz que esse homem “escondeu o talento”. A palavra “escondeu” no grego é “apokrupto” – “ocultar”. Mt 5:13-15 diz:

13 Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. 14 Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; 15 nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa.

Essa parábola, amados, nos exorta quanto a vivermos a vida cristã de forma clara, não uma vida cristã indolente, indiferente, fechada em si mesma; uma vida que expressa Cristo, não uma vida sem a expressão de Cristo.
Qual desse homens, no aspecto espiritual, recebeu a maior responsabilidade? Em termos de quantidade, diremos que foi aquele que recebeu cinco, mas se considerarmos o significado desses números, no aspecto espiritual, ficaremos impressionados: o número cinco nos fala da responsabilidade do homem sob o governo de Deus; o número dois fala do testemunho; e, o número um, da divindade, da supremacia de Deus, de Deus em Sua independência e unidade. Dt 6:4 diz:

“Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR”.

E Zc 14:9 diz:

“O SENHOR será Rei sobre toda a terra; naquele dia, um só será o SENHOR, e um só será o seu nome”.

Agora, vamos fazer uma análise dos números na Bíblia, considerando primeiro cinco pontos importantes:

1) Se o pensamento de Deus é mais elevado que o nosso pensamento, e os Seus caminhos são diferentes dos nossos, então a matemática de Deus deve ser muito diferente da nossa.
2) A Bíblia é o livro que, desde o começo até o fim, se apóia sobre um vasto sistema de números ligados às doutrinas cristãs, aos assuntos fundamentais da Palavra de Deus.
3) Os números foram utilizados propositadamente na Bíblia ou trata-se de um mero acaso? Lógico que não. Sabemos que, se Deus fez uso deles, certamente o fez com infinita sabedoria e com gloriosa perfeição, porque Ele tem um propósito claro e lógico para nos revelar.
4) Cada número tem a sua própria importância, seu significado, está em harmonia moral e espiritual e se relaciona com o assunto a que se refere. É nosso papel descobrir o significado espiritual desses números dentro do contexto da revelação da própria Palavra e com a ajuda do Espírito Santo – não podemos usá-los aleatoriamente, pois eles seguem princípios espirituais.
5) Concluímos que os números são códigos secretos da Palavra de Deus e que é propósito de Deus nos revelar através do poder do Seu Espírito.

Então, amados, vamos analisar o número um. Segundo um grande estudioso deste assunto, o irmão Christian Chen, em seu livro “Os números na Bíblia”, o número um ocorre 1898 vezes na Bíblia. Como número cardinal, ele denota independência, unidade; como número ordinal, enfatiza a supremacia de Deus. Assim, concluímos que, de maneira mais completa, esse número se aplica tão somente a Deus.
E foi justamente aqui que aquele homem pecou. No contexto da parábola que estamos estudando (Mt 25:14-30), no aspecto espiritual, o número um refere-se a uma grandeza infinita. Espiritualmente, o que aquele talento escondia em si, não era para ser escondido, era para ser conhecido, revelado. A intenção do dono daquele talento sobre ele era grandiosa.
Meus irmãos e irmãs, será que temos noção da seriedade, como também da gravidade, se não correspondermos fielmente àquilo que o Senhor nos tem confiado, àquilo que Ele nos tem chamado a fazer? Será que temos consciência daquilo que Deus tem colocado em nossas mãos? E de que não temos o direito de medir com a nossa própria visão, mas de realizar o que tem que ser realizado, com fidelidade, dedicação, devoção? Porque temos que entender que tudo o que fazemos, fazemos como que ao Senhor, fazemos para Ele. Que o Senhor nos ajude e venha abrir os nossos olhos, para que não sejamos negligentes com relação a Sua obra. Precisamos estar alertas quanto ao que o Senhor está exigindo de nós. Precisamos ser cuidadosos, concernente a correr a carreira cristã, porque sabemos que o Senhor vai julgar o Seu povo, vai julgar o caráter, a motivação das nossas obras. Não interessa o quanto você está fazendo, mas com qual motivação você está fazendo. Você faz o que faz pela infinita vontade de Deus ou por causa de você mesmo (por que você deseja ter seu nome na obra, por que você deseja ser reconhecido)?
Amados irmãos e irmãs, o grande segredo daquilo que fazemos para Deus é conhecer o mistério intrínseco do ministério de Cristo, onde tudo o que Ele fez, fez em completa obediência, dependência e, acima de tudo, para a glória do Pai. Assim também deve ser o nosso coração. Essa tem que ser a nossa motivação, para que não sejamos achados em falta com relação ao caráter da obra de Deus; para que não venhamos a ser como aqueles espias que pegaram aquele cacho de uvas, aquelas frutas, trouxeram e relataram tudo ao povo de Israel, mas depois concluíram: “É impossível conquistarmos aquela terra; é impossível alcançarmos o propósito de Deus; é impossível agradarmos a Deus; é impossível correspondermos à vontade de Deus.” Se vocês me perguntarem se é impossível, vou dizer que humanamente falando é. Mas, graças a Deus que Ele providenciou tudo para nós. Ele nos deu o Espírito Santo como vida dentro de nós. Cristo é nossa vida! Não é na nossa capacidade, não é na nossa força, “é pelo Espírito”, diz o Senhor. Nós não vamos agradar a Deus, mas Cristo agradou a Deus e essa vida que agradou a Deus é nossa vida hoje! Podemos imaginar o triunfo e a glória disso? É nessa linha, nesse nível, que Deus lhe chama, lhe convida, agora em Cristo, a viver a vida Cristã. Em nós mesmos não podemos, mas tudo podemos porque Cristo nos fortalece. Ele é a nossa força, Ele é a nossa vitória, Ele é o nosso tudo.
Que Deus lhe abençoe.

Fonte: Ir. Luiz Fontes

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