Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Hebreus 4:12
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
ELEIÇÕES GOVERNAMENTAIS
Irmãos em Cristo, esse texto foi postado no site CHARIS (www.vida.emcristo.nom.br) e traz uma Palavra do Senhor que pode nos orientar quanto as eleições de domingo próximo. Que o Senhor ilumine o nosso entendimento para que possamos estar dentro da vontade dEle mesmo.
"Beijai o Filho...".
Salmo 2.12.
De tempo em tempo, somos obrigados a eleger os governantes para as nossas cidades e país. A democracia é anunciada ao povo como uma coisa bendita, mas no reino de Deus não há democracia, mas teocracia. A democracia é o governo do povo, pelo povo, para o próprio povo. A teocracia é o governo de Deus sobre tudo e sobre todos: "Esta é a interpretação, ó rei; e este é o decreto do Altíssimo, que virá sobre o rei, meu senhor: Serás tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti; até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer. ...Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?" Daniel 4.24-25 e 34-35.
A democracia é um levante contra a soberania de Deus, contra o reinado de Cristo. A democracia é uma amotinação contra o seu governo que já está estabelecido nos céus: "Por que se amotinam os gentios, e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam e os governos consultam juntamente contra o Senhor e contra o seu ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas. Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles. Então lhes falará na sua ira, e no seu furor os turbará. Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião" Salmos 2.1-6.
O nosso Deus nunca desejou que os homens tivessem governantes, mas que eles estivessem sujeitos ao seu próprio governo. Deus a princípio deu a todos os homens que governassem sobre a terra, e estivessem debaixo do Seu governo: "E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra" Gênesis 1.28. Mas o homem pecou contra Deus e começou a rebeldia. Depois Deus separou um povo para reinar sobre eles, mas eles também se rebelaram pedindo um rei: "E disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações" I Samuel 8.5.
Deus se entristeceu com o primeiro homem e agora com o povo que Ele escolheu para reinar sobre eles. O que aconteceu aos olhos de Deus foi um levante contra o Seu governo, desejaram uma democracia: "Porém esta palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao Senhor. E disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles" I Samuel 8.6-8. Os homens escolheriam, mas as consequências viriam (I Samuel 8.11-18).
É necessário que estejamos nas eleições, que estejamos presentes nessa amotinação do povo contra Deus, senão sofreremos as sanções da lei dos homens, mas como fizeram Sadraque, Mesaque e Abdinego com a estátua de ouro que Nabucodonozor tinha feito (Daniel 3), podemos não participar, podemos nos eximir desse levante; podemos colocar a cédula em branco para que Deus escreva o nome daquele que ele vai escolher para governar sobre os homens.
Deus é quem irá estabelecer o governante que ele quiser, segundo a sua soberana vontade: "Falou Daniel, dizendo: Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque dele são a sabedoria e a força; e ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos. Esta sentença é por decreto dos vigias, e esta ordem por mandado dos santos, a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até ao mais humilde dos homens constitui sobre ele" Daniel 2.20-21 e 4.17.
Os governantes são estabelecidos por Deus. Mas alguém pode dizer: - Mas como Deus pode eleger alguém tão ruim? Por causa do levante contra a Sua soberania, Ele dá esse tipo de homens para governar para castigo dos malfeitores. Mas para os que fazem o bem, eles não devem ser motivos de temor: "Sujeitai-vos, pois, a toda a ordenação humana por amor do Senhor; quer ao rei, como superior; quer aos governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem. Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo bem, tapeis a boca à ignorância dos homens insensatos; como livres, e não tendo a liberdade por cobertura da malícia, mas como servos de Deus" I Pedro 2.13-16.
A atitude santa de todo cristão, não é se unir aos pecadores nessa amotinação contra Deus, mas estar sujeitos às autoridades estabelecidas por Ele: "Toda a alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a autoridade? Faze o bem, e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz o mal. Portanto é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência" Romanos 13.1-5.
Somos estrangeiros e peregrinos nesta terra; o nosso reino não é deste mundo e muito menos temos reis aqui. O nosso Rei já está eleito por Deus, mas enquanto estivermos neste mundo, temos que estar sujeitos às autoridades deste mundo. O que Deus nos ensina não é participar dessa amotinação, mas orar por elas. A nossa participação é em oração: "Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam súplicas, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade" I Timóteo 2.1-4.
O que os homens precisam não é de democracia, mas honrar o Rei dos reis; reconhecer que Jesus é aquele que Deus estabeleceu para reinar eternamente, e servi-lo com temor: "Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos instruir, juízes da terra. Servi ao Senhor com temor, e alegrai-vos com tremor. Beijai o Filho, para que se não ire, e pereçais no caminho, quando em breve se acender a sua ira; bem-aventurados todos aqueles que nele confiam" Salmos 2.10-12.
Como Jesus nos ensinou, a nossa oração deve ser: "Venha a nós o teu reino, seja feita a tua vontade assim na terra como nos céus". Vem Senhor Jesus. Amém.
Por: Irmão Edward Burke Jr.
domingo, 26 de setembro de 2010
ESTUDO DAS JORNADAS NO DESERTO
Amados irmãos e irmãs em Cristo, estamos publicando mais um capítulo do nosso estudo das Jornadas. Que o Senhor fale aos nossos corações por meio da Sua Palavra
AS 42 JORNADAS NO DESERTO
CAPÍTULO 76
15ª Estação – RITMA (parte 05)
TEXTOS: Ex 33:18; Nm 12:16 a 14:39; Dt 1:19-40; e Mt 25:14-30
Amados irmãos, tendo como base esta experiência vivida pelo povo de Israel em Ritma, vamos continuar estudando acerca do reino. Vamos ler Mateus 25:14-30:
14 Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens. 15 A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um segundo a sua própria capacidade; e, então, partiu. 16 O que recebera cinco talentos saiu imediatamente a negociar com eles e ganhou outros cinco. 17 Do mesmo modo, o que recebera dois ganhou outros dois. 18 Mas o que recebera um, saindo, abriu uma cova e escondeu o dinheiro do seu senhor. 19 Depois de muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. 20 Então, aproximando-se o que recebera cinco talentos, entregou outros cinco, dizendo: Senhor, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei. 21 Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. 22 E, aproximando-se também o que recebera dois talentos, disse: Senhor, dois talentos me confiaste; aqui tens outros dois que ganhei. 23 Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. 24 Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste, 25 receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. 26 Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? 27 Cumpria, portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros, e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu. 28 Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem dez. 29 Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. 30 E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes.
Ao estudarmos esta parábola, vemos que toda a ênfase está no homem que tinha apenas um talento – o perigo está em o irmão que tem apenas um talento o enterrar. Talvez alguns possam questionar: “Já que não recebi cinco talentos ou dois, o que posso fazer com apenas um?”; “Já que não posso ministrar de modo notável, será que realmente sou útil?”; “Já que os outros são bem mais capazes de conduzir uma oração e criar um clima para a reunião de oração, será que o certo não é que eu fique calado?”; “Não posso ocupar um lugar de destaque. Será que importa, então, que eu ocupe qualquer outro lugar?”. Amados, talvez pareça estranho para vocês, mas muitos cristãos vivem assim. Muitos cristãos têm essa consciência. É aqui que ocorre o grande perigo. Muitas vezes não compreendemos a natureza daquilo que Deus nos confia. Pensamos na obra de Deus em termos de quantidade e esquecemos que a ênfase da Palavra de Deus com relação a Sua obra é qualidade.
Essa parábola ensina que dois podem vir a ser quatro, cinco a ser dez, um a ser dois, e, agindo dessa forma, é que descobrimos o verdadeiro significado da vida na obra de Deus. A Igreja não está sofrendo por causa da proeminência dos membros que têm cinco talentos, mas por causa da repressão dos membros que só têm um talento. A vida do corpo de Cristo, como um todo, está tolhida, empobrecida, porque esses talentos estão enterrados. Quando estudamos essa parábola, compreendemos claramente que ela nos fala de três coisas: da responsabilidade pelo serviço, da recompensa pela fidelidade e do perigo da negligência. Ao considerarmos esses três aspectos, perceberemos que eles se encaixam na realidade desta estação de Ritma:
1) A responsabilidade pelo serviço:
Será que aqueles espias tinham consciência daquela missão? Será que quando eles trouxeram aquele cacho de uvas, puderam ver que ali, espiritualmente falando, estava a revelação da provisão de Cristo, do desfrute de Cristo?
2) A recompensa pela fidelidade:
Será que eles tiveram ali uma visão de que Deus é fiel, de que Ele havia prometido levá-los a uma terra que mana leite e mel? Não interessa se o inimigo está lá, interessa que “as portas do inferno não vão prevalecer”.
3) O perigo da negligência:
Essa é exatamente a situação descrita na parábola em que o Senhor Jesus fala sobre o homem com um talento. O que era realmente um talento no contexto dessa parábola?
O talento poderia ser de ouro, prata ou bronze. O vocábulo “talento” no idioma moderno é usado para indicar a capacidade ou os dotes de alguém. Originalmente, talento era uma unidade de peso e depois passou a ser uma unidade monetária. Então, um talento valia o trabalho de um homem por mais ou menos dezoito anos. Espiritualmente falando, esses talentos nos falam do conhecimento e da capacidade para o serviço a Cristo. No aspecto espiritual, essa parábola nos fala de alguém que goza os privilégios e oportunidades espirituais, mas, depois, despreza, ignora, lança mão daquilo que Cristo lhe confiou.
Vejam o personagem principal dessa parábola. Ao que nos parece, o Senhor Jesus proferiu essa parábola por causa da condição espiritual desse homem que recebeu um talento. Esse indivíduo é o centro da parábola. É dele que o Senhor Jesus extrai a principal lição para nos exortar quanto à responsabilidade, quanto ao serviço, quanto ao perigo da negligência em relação à obra de Deus. O que nos revela esse homem? Nos revela uma vida cristã enclausurada em si mesma. Mt 25:18 diz que ele “escondeu”. Essa frase revela o caráter negligente de muitos cristãos hoje em relação à obra de Deus. Quantas pessoas estão escondidas? Quando estudamos o significado dos nomes daqueles doze espias, descobrimos que Setur, da tribo de Aser, significa “escondido” – e isso tem muito a ver com aquilo que o Senhor está ministrando a nós nesta hora.
Então, a parábola diz que esse homem “escondeu o talento”. A palavra “escondeu” no grego é “apokrupto” – “ocultar”. Mt 5:13-15 diz:
13 Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. 14 Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; 15 nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa.
Essa parábola, amados, nos exorta quanto a vivermos a vida cristã de forma clara, não uma vida cristã indolente, indiferente, fechada em si mesma; uma vida que expressa Cristo, não uma vida sem a expressão de Cristo.
Qual desse homens, no aspecto espiritual, recebeu a maior responsabilidade? Em termos de quantidade, diremos que foi aquele que recebeu cinco, mas se considerarmos o significado desses números, no aspecto espiritual, ficaremos impressionados: o número cinco nos fala da responsabilidade do homem sob o governo de Deus; o número dois fala do testemunho; e, o número um, da divindade, da supremacia de Deus, de Deus em Sua independência e unidade. Dt 6:4 diz:
“Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR”.
E Zc 14:9 diz:
“O SENHOR será Rei sobre toda a terra; naquele dia, um só será o SENHOR, e um só será o seu nome”.
Agora, vamos fazer uma análise dos números na Bíblia, considerando primeiro cinco pontos importantes:
1) Se o pensamento de Deus é mais elevado que o nosso pensamento, e os Seus caminhos são diferentes dos nossos, então a matemática de Deus deve ser muito diferente da nossa.
2) A Bíblia é o livro que, desde o começo até o fim, se apóia sobre um vasto sistema de números ligados às doutrinas cristãs, aos assuntos fundamentais da Palavra de Deus.
3) Os números foram utilizados propositadamente na Bíblia ou trata-se de um mero acaso? Lógico que não. Sabemos que, se Deus fez uso deles, certamente o fez com infinita sabedoria e com gloriosa perfeição, porque Ele tem um propósito claro e lógico para nos revelar.
4) Cada número tem a sua própria importância, seu significado, está em harmonia moral e espiritual e se relaciona com o assunto a que se refere. É nosso papel descobrir o significado espiritual desses números dentro do contexto da revelação da própria Palavra e com a ajuda do Espírito Santo – não podemos usá-los aleatoriamente, pois eles seguem princípios espirituais.
5) Concluímos que os números são códigos secretos da Palavra de Deus e que é propósito de Deus nos revelar através do poder do Seu Espírito.
Então, amados, vamos analisar o número um. Segundo um grande estudioso deste assunto, o irmão Christian Chen, em seu livro “Os números na Bíblia”, o número um ocorre 1898 vezes na Bíblia. Como número cardinal, ele denota independência, unidade; como número ordinal, enfatiza a supremacia de Deus. Assim, concluímos que, de maneira mais completa, esse número se aplica tão somente a Deus.
E foi justamente aqui que aquele homem pecou. No contexto da parábola que estamos estudando (Mt 25:14-30), no aspecto espiritual, o número um refere-se a uma grandeza infinita. Espiritualmente, o que aquele talento escondia em si, não era para ser escondido, era para ser conhecido, revelado. A intenção do dono daquele talento sobre ele era grandiosa.
Meus irmãos e irmãs, será que temos noção da seriedade, como também da gravidade, se não correspondermos fielmente àquilo que o Senhor nos tem confiado, àquilo que Ele nos tem chamado a fazer? Será que temos consciência daquilo que Deus tem colocado em nossas mãos? E de que não temos o direito de medir com a nossa própria visão, mas de realizar o que tem que ser realizado, com fidelidade, dedicação, devoção? Porque temos que entender que tudo o que fazemos, fazemos como que ao Senhor, fazemos para Ele. Que o Senhor nos ajude e venha abrir os nossos olhos, para que não sejamos negligentes com relação a Sua obra. Precisamos estar alertas quanto ao que o Senhor está exigindo de nós. Precisamos ser cuidadosos, concernente a correr a carreira cristã, porque sabemos que o Senhor vai julgar o Seu povo, vai julgar o caráter, a motivação das nossas obras. Não interessa o quanto você está fazendo, mas com qual motivação você está fazendo. Você faz o que faz pela infinita vontade de Deus ou por causa de você mesmo (por que você deseja ter seu nome na obra, por que você deseja ser reconhecido)?
Amados irmãos e irmãs, o grande segredo daquilo que fazemos para Deus é conhecer o mistério intrínseco do ministério de Cristo, onde tudo o que Ele fez, fez em completa obediência, dependência e, acima de tudo, para a glória do Pai. Assim também deve ser o nosso coração. Essa tem que ser a nossa motivação, para que não sejamos achados em falta com relação ao caráter da obra de Deus; para que não venhamos a ser como aqueles espias que pegaram aquele cacho de uvas, aquelas frutas, trouxeram e relataram tudo ao povo de Israel, mas depois concluíram: “É impossível conquistarmos aquela terra; é impossível alcançarmos o propósito de Deus; é impossível agradarmos a Deus; é impossível correspondermos à vontade de Deus.” Se vocês me perguntarem se é impossível, vou dizer que humanamente falando é. Mas, graças a Deus que Ele providenciou tudo para nós. Ele nos deu o Espírito Santo como vida dentro de nós. Cristo é nossa vida! Não é na nossa capacidade, não é na nossa força, “é pelo Espírito”, diz o Senhor. Nós não vamos agradar a Deus, mas Cristo agradou a Deus e essa vida que agradou a Deus é nossa vida hoje! Podemos imaginar o triunfo e a glória disso? É nessa linha, nesse nível, que Deus lhe chama, lhe convida, agora em Cristo, a viver a vida Cristã. Em nós mesmos não podemos, mas tudo podemos porque Cristo nos fortalece. Ele é a nossa força, Ele é a nossa vitória, Ele é o nosso tudo.
Que Deus lhe abençoe.
Fonte: Ir. Luiz Fontes
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
CONTINUAÇÃO DO ESTUDO DA CARTA AOS EFÉSIOS
Queridos irmãos e irmãs, estamos postando mais um capítulo do nosso estudo sobre a carta escrita pelo apóstolo Paulo aos efésios. Que o Senhor nos dê espírito de sabedoria e revelação a fim de que possamos receber a sua Palavra cheia de Vida e que possamos misturar a essa Palavra a Fé, pois a Palavra mistura a Fé pode gerar mais da Vida de Cristo em nós.
Que Deus npos abençoe!
CAPÍTULO 22
ACESSO AO PAI
"Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito." – Efésios 2:18
INTRODUÇÃO
Aqui, nesta declaração, o apóstolo chega ao grande clímax da sua persuasiva argumentação que começa no versículo onze deste capítulo dois da sua Epístola. Não há nada que a supere; é o pico mais alto, o apogeu. Esta é a quintessência da fé cristã e da posição cristã. Não há dúvida, pois, de que estamos contemplando e considerando uma das mais grandiosas e gloriosas declarações em toda a extensão das Escri¬turas. Para mim foi uma experiência emocionante dar estes passos com o apóstolo, um por um. Cada vez subimos mais alto, mais alto, mais alto. Mas, por fim, chegamos ao topo, estamos no ponto culminante, chega¬mos ao grande planalto, e ali ficamos olhando, olhando e contemplando com admiração e assombro as alturas a que fomos trazidos. Na verdade, para mim, a declaração que temos diante de nós não somente é estupenda, é estonteante. "Por ele ambos temos acesso ao Pai – acesso! – em um mesmo Espírito" (ou, "por um mesmo Espírito", VA).
A nossa principal dificuldade, e toda a dificuldade da Igreja, é que não compreendemos o significado de uma declaração como essa. Se a compreendêssemos, a Igreja Cristã passaria por uma revolução. Sería¬mos "tomados de um sentimento de maravilha, amor e louvor". Compreenderíamos que a coisa mais maravilhosa, mais extraordinária que jamais pode acontecer a alguém neste mundo é ele tornar-se cristão. Se tão-somente cada membro da Igreja, cada cristão da Igreja, compre¬endesse a verdade contida nessa declaração, a Igreja ficaria tão diferente que dificilmente a reconheceríamos. Ora, quão diferente é a Igreja daquilo que vemos aqui! Quantos pensam no cristianismo e na Igreja Cristã simplesmente como um lugar que eles frequentam de vez em quando, e isso de maneira perfuntória, hesitante, duvidando se o farão ou não, e por puro dever; ou como um lugar em que eles podem por em prática certos dons que eles têm, e estar ocupados – uma espécie de clube, uma instituição, uma sociedade humana. Que contraste com o que temos aqui! Isto é cristianismo, é isto que faz de alguém um cristão. A Igreja Cristã consiste realmente de pessoas que compreendem que todo o objetivo e propósito de todas as coisas é este – acesso ao Pai por um mesmo Espírito. Temos que meditar nisto, temos que deter-nos nisto, temos que aprofundar-nos nisto, temos que dedicar tempo a isto; pois, como tentarei mostrar a vocês, encontramos reunidas neste único versículo as coisas mais estupendas que já nos foram ditas ou que já compreendemos acerca de nós mesmos.
O mistério da Trindade Santa e bendita
Há certas coisas que sobressaem na superfície deste versículo. Por exemplo, somos logo levados por este versículo a estar face a face com o mistério da Trindade Santa e bendita. Por Ele (o Filho, o Senhor Jesus Cristo) ambos temos acesso ao Pai em (ou por) um mesmo Espírito (o Espírito Santo, corretamente grafado com inicial maiúscula em todas as versões porque é uma referência ao Espírito Santo). Aí está um dos grandes versículos trinitários das Escrituras, e nos detemos por um momento diante deste mistério inefável. Pergunto: damo-nos conta, como devíamos, de que, num sentido, a doutrina da Trindade constitui a essência da fé cristã? É a doutrina que, dentre todas as outras, diferencia a fé cristã de toda e qualquer outra fé. Cremos em um só Deus. E, contudo, asseveramos que o Deus único são três Pessoas, o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Um grande e inescrutável mistério! Não o entendemos, nós o asseveramos. É-nos ensinado aqui, é-nos ensinado noutros lugares das Escrituras. A Bíblia ensina claramente que o Senhor Jesus Cristo é verdadeiramente Deus, e igualmente que o Espírito Santo é verdadeiramente Deus, e, todavia, diz ela que há somente um Deus: Deus é um só, e há somente um Deus, que subsiste em três Pessoas. Não me peçam que explique isso. Mas vocês não começarão a entender a Bíblia, não terão a mínima possibilidade de entender a fé cristã, se não o aceitarem, se não crerem nisso, se não se inclinarem diante disso, e se não se humilharem e disserem: eu Te presto culto, eu Te adoro, eu Te louvo, ó "Grande Jeová, Três em Um". É, pois, vital que nós, como cristãos, nos lembremos disso constantemente. E quando o fizermos, os nossos cultos se encherão de reverência, de adoração, de um sentimento de temor, de um sentimento de glória e de louvor, louvor verdadeiro. Sempre que oramos, sempre que nos reunimos para adoração, estamos prestando culto a este Deus Triúno. Não podemos conceber a glória, a majestade e a grandeza dessa realidade, porém devemos tentar fazê-lo. Devemos preparar os nossos espíritos, devemos meditar, devemos ponderar nesta verdade, devemos sondar as Escrituras em sua busca, devemos vê-la; e, tendo-a reconhecido, como a reconheceram os homens a respeito de quem nós lemos nas Escrituras, os quais chegaram perto de Deus, tiraremos os calçados dos nossos pés, sentiremos que somos homens de lábios impuros, estaremos cônscios da glória inefável.
As três Pessoas da trindade santa e bendita interessam-Se por nós e estão empenha¬das, as três juntas, em nossa salvação
Permitam-me passar a uma segunda observação. As três Pessoas da trindade santa e bendita interessam-Se por nós e estão empenha¬das, as três juntas, em nossa salvação. Agora vocês vêem o que eu quero dizer quando afirmo que este versículo é estonteante. É isso exatamente que ele diz, que as três Pessoas, eternas em Sua glória, em Sua santidade e em Seu poder, as três Pessoas da Trindade santa e bendita estão interessadas em você, que você seja cristão, e estão interessadas em sua salvação, e estão levando a efeito a sua salvação. O mundo fala em honrarias, e está interessado em honrarias, em privilé¬gios, em conseguir admissão a clubes e posições e em que as pessoas sejam apresentadas a grandes personalidades. Eis aqui um fato: as três Pessoas da Trindade estão interessadas em você, e fizeram algo pela sua salvação! Que seria, se todos os cristãos se dessem conta disso!
O Pai
Como estão empenhadas em nossa salvação? Esta Epístola nos esteve dizendo isso. O apóstolo ocupou quase todo o capítulo primeiro para dizer-nos que foi o Pai que planejou e deu início à salvação. Vocês se lembram da frase várias vezes repetidas, "segundo o mistério da sua vontade" ou semelhante, "segundo o beneplácito de sua vontade", "segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos". O Pai "faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade". Os teólogos costumavam falar em "Trindade Econômica", ou "Economia da Trindade". Esta grande obra, esta grandiosa tarefa de salvação foi dividida entre as três Pessoas. O Pai concebeu e planejou a salvação. Ele a imaginou, projetou-a, decidiu sobre ela, determinou¬-a. O Deus eterno e sempiterno! É Seu plano e Seu propósito. Nunca apresentemos a fé cristã e a posição cristã quanto à salvação como se esta fosse algo que o Filho teve que arrancar do Pai. Foi o Pai que enviou o Filho. Vocês notam, na oração sacerdotal, no capítulo dezessete do Evangelho Segundo João, com que clareza o nosso Senhor diz: "Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que (Tu) me deste a fazer"; Ele veio "para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste"; "eram teus, e tu mos deste". Todas essas referências são ao Pai. O Pai é Quem concebe, inicia e põe em movimento este grande e glorioso plano e método de salvação.
O Filho
Então o Filho ofereceu-Se voluntariamente para realizar a obra. Não se questiona que se realizou um grande concílio na eternidade, antes do início do tempo, como nos dizem as Escrituras: "antes da fundação do mundo". Tudo o que aconteceu foi conhecido antes e foi previsto. O Pai concebeu o plano e o Filho ofereceu-Se voluntariamente para vir executar o plano. O Pai deu-Lhe as pessoas, o Pai deu-Lhe uma obra para realizar, e Ele veio e a realizou. E ali, pouco antes da cruz, Ele pôde dizer que a tinha realizado. Conhecemos bem os grandes fatos; mas não nos esquecemos. Lembremo-nos constantemente do que essa obra envol¬veu para o Filho que, embora sendo "igual a Deus", "não teve por usurpação o ser igual a Deus", contudo, "humilhou-se, fazendo-se indigno de honra". Ele veio dessa maneira tão humilde; Ele soube o que é ser pobre e sofrer privações e pobreza; Ele Se misturava com as pessoas comuns e teve uma vida comum. Poderíamos conceber o que isso significou para Ele? Sofreu contra Si próprio "a contradição dos pecadores"; suportou a ruindade, o despeito e a inveja deles. No entanto, acima e além de tudo, Ele levou sobre Si os nossos pecados, suportou que por nós Ele fosse feito pecado pelo Pai, embora Ele não conhecesse pecado; suportou que fosse lançada sobre Ele a iniquidade de nós todos; foi para a cruz, para levar "em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro". Foi o que Ele fez. Cumpriu a lei ativamente, viveu sob a lei como homem, "nascido de mulher, nascido sob a lei", colocou-se deliberadamente sob ela, por Seu querer foi batizado por João Batista, identificando-Se com o pecador e com tudo o que está envolvido nisso, e morreu e foi sepultado. O Príncipe, o Autor da vida, morreu e foi colocado num túmulo; mas ressuscitou. Aí estão os fatos magníficos. Essa é a parte do Filho – procedente do seio do Pai, procedente da eternidade. Ele estava no princípio com Deus, nada foi feito sem Ele; porém Ele deixa a glória, põe-na de lado – "Tenro, Ele deixa de lado a Sua glória" – e leva avante a Sua grande tarefa. Por Ele, mediante Ele, este Filho bendito! Essa é a obra realizada pelo Filho.
O Espírito Santo
Há então a obra realizada pelo Espírito Santo. É Ele que a leva a cabo em nós, pessoa por pessoa. Essa é a Sua obra. Vocês notam que o Filho Se subordina voluntariamente ao Pai. E o Espírito Santo Se subordina ao Filho e ao Pai. São co-iguais, são co-eternos, e são iguais em todos os aspectos; e, contudo, por causa da nossa salvação, há esta subordinação do Filho ao Pai, e do Espírito Santo ao Filho e ao Pai juntos. O Espírito Santo vem e aplica a obra redentora. Aplica-a a mim, aplica-a a você. É Ele que nos faz participantes de Cristo; é Ele que nos leva a ver a nossa necessidade e todas as outras coisas que espero considerar mais adiante; é Ele que aplica a grande redenção que foi levada a efeito pelo Filho. E o faz não somente ao indivíduo, mas também o faz à Igreja. Ele edifica a Igreja, Ele enche a Igreja com a Sua vida e com a Sua presença. Essa é a obra realizada pelo Espírito Santo. Ele "não falará de si mesmo". Ele falará simplesmente de Cristo. "Ele me glorificará", diz o Senhor; e Ele o fez, e ainda o faz.
Assim, logo na superfície deste versículo, temos estas duas tremen¬das afirmações: que estamos olhando para as três Pessoas da Trindade bendita; porém, ainda mais admirável e espantoso, que as três Pessoas estão interessadas em nós e estão preocupadas com a nossa salvação, e atuaram para que a nossa salvação viesse a ocorrer.
O problema do pecado, o meu e o seu, foi e é tão grande que exigiu a atuação das três Pessoas da Trindade
Devemos refletir antes de deixarmos estas magníficas questões. Primeiro, o problema do pecado, o meu e o seu, foi e é tão grande que exigiu essa atuação. Não há nada mais que me surpreenda e que me cause mais espanto quanto a muitos, mesmo dentro da Igreja, do que a maneira como eles não gostam da doutrina do pecado, e indagam: por que é que você tem que estar sempre dando ênfase ao pecado? Eis a resposta: o pecado é um problema tão grande que foi necessária a ação das três Pessoas da Trindade santa e bendita para enfrentá-lo. Essa é a única explicação. O pecado é um problema tão profundo que envolveu tudo isso. Não é um problema simples; não é um problema do qual Deus poderia tratar com simplicidade porque Ele é Deus e porque Ele é amor. Não! O pecado é um problema tão profundo que, por causa dele, reuniu¬-se um concílio antes dos tempos, e o Filho teve que vir ao mundo, vindo da eternidade, e teve que passar por tudo aquilo que estive descrevendo. É disso que o pecado necessita. Também necessita da presença do Espírito Santo na Igreja. Ou, para dizê-lo doutro modo, a salvação não é apenas uma questão de virmos a compreender que Deus é amor e, então, que Deus nos perdoa. Muitas vezes se faz uma apresentação errônea disso, como se a única coisa que foi destinada a realizar-se na cruz foi uma demonstração de que Deus é amor, e que o único problema é que nos façamos saber a nós mesmos que Deus é amor. Não é esse o ensino na passagem que estamos focalizando. Aqui a ênfase é ao sangue de Cristo, à Sua carne, ao Seu corpo, à Sua cruz, à Sua morte. Não, a salvação não é apenas uma questão de compreender que Deus é amor, e de receber perdão: a salvação é algo que envolve estas atividades especiais das três Pessoas: nenhum poder menor poderia efetuá-la. "Outro bem suficiente não havia para pagar o preço do pecado". Estava envolvido um preço; uma retidão, uma justiça de Deus estava envolvida. Tinha que haver a cruz, era o único caminho. Assim o apóstolo nos está mostrando aqui algo da real natureza da salvação.
Mas eu suponho que, de todas as coisas, a mais estonteante é captar e compreender, se pudermos, o assombroso fato de que as três Pessoas da Trindade santa e bendita nos amaram tanto que fizeram tudo isso por nós. Auto-subsistentes, existindo eternamente naquela inefável unidade e glória e, contudo, preocupados conosco! O Pai Eterno tem Seus olhos postos em você, conhece você, interessa-Se por você. O Filho de Deus amou tanto você que Se deu por você. E o Espírito Santo o ama tanto que vem para dentro de você para aplicar-lhe e levar a cabo tudo isso. Se você não concorda comigo que esta é a coisa mais estupenda que jamais ouvirá no tempo ou na eternidade, bem então eu perco as esperanças com você. Haverá alguma coisa que supere isto? – que a palavra me diz que estas três Pessoas não somente me amaram tanto, porém também que agiram desta maneira para que eu pudesse ser redimido? Se tão-somente compreendêssemos isso como devíamos, seu efeito sobre nós seria tremendo, revolucionaria toda a nossa concepção do cristianismo. Não pensaríamos nele em termos de dever ou de outra coisa qualquer, não pensaríamos nele em termos de glória, de privilégio e de curiosidade. O cristianismo seria a coisa mais emocio¬nante do mundo para nós. Teríamos nele a nossa constante alegria, e diríamos com Paulo: "Longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo". Seríamos tomados de um permanente sentimento de "maravilha, amor e louvor".
O objetivo da salvação é que conheçamos a Deus como o nosso Pai
No entanto, passemos a uma terceira proposição. Vemos que aqui somos postos face a face com a doutrina da Trindade, é-nos dito que as três Pessoas da Trindade estão interessadas em nós e em nossa salvação e a estão levando a efeito em nós. E depois nos é dito que o fim da salvação, a meta suprema da salvação, o objetivo da salvação, é que conheçamos a Deus como o nosso Pai. "Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito." Pois bem, esse é o principal fim e objetivo da salvação. É o que o apóstolo está especialmente interes¬sado em ressaltar aqui, o fato de virem todos os cristãos juntos ao Pai. Os judeus e os gentios vêm juntos, como um só corpo e como um só espírito, à Sua presença. Esse é o clímax. O apóstolo já nos estivera falando sobre como o Senhor Jesus Cristo removeu as barreiras, os obstáculos e os empecilhos entre o gentio e o judeu, como Ele removeu esta comum inimizade entre mim e Deus, e de fato ele foi mais longe, ao ponto de nos dizer no versículo dezesseis que Ele reconcilia a ambos, o judeu e o gentio, com Deus "pela cruz em um corpo, matando com ela as inimizades". Bem, dirá alguém, certamente você não pode ir além disso. Haverá alguma coisa que supere a reconciliação? Há! É por isso que eu disse que este versículo dezoito é o clímax. A reconciliação é maravilhosa. Mas isto é mais prodigioso e maravilhoso. A reconciliação não é o fim. Além da reconciliação, temos o acesso ao Pai. Você pode, em certo sentido, reconciliar-se com pessoas e ainda não ter muita intimidade com elas. Você pode deixar de estar em inimizade; as barreiras, os empecilhos e os obstáculos podem ter sido removidos; todavia isso não é tudo, há mais esta outra coisa.
Temos acesso
O apóstolo, parece-me, diz-nos três coisas aqui. A primeira é que temos acesso por um só Espírito ao Pai, Pois bem, a palavra "acesso" é importante e interessante. Também pode ser traduzida pela palavra "aproximação", ou melhor ainda, penso eu, pela palavra "apresenta¬ção": "Porque por ele ambos temos apresentação ao Pai por um mesmo Espírito." Significa que a relação foi restabelecida, aquela relação amigável com Deus com a qual somos aceitáveis a Ele e temos certeza de que Ele tem boa disposição para conosco. Ora, o importante para compreender-se aqui é que o Senhor Jesus Cristo não Se limita a preparar ou abrir o caminho para isto. Ele de fato o efetua, de fato o produz. É Ele que nos apresenta ao Pai, que nos leva, nos toma pela mão e nos guia até a Sua presença. Meu desejo é salientar o fato de que este é realmente o grande fim e objetivo da salvação. E suponho que nunca houve uma época em que fosse necessário salientar isto mais do que a época atual. Nós todos nos tornamos tão subjetivos, e estamos tão interessados em nossos temperamentos, estados mentais, sentimentos e condições que, quando damos os nossos testemunhos, dizemos que o que a salvação nos fez foi fazer-nos felizes, ou foi eliminar isto ou aquilo; e aí paramos. Contudo, o grande objetivo da salvação é levar-nos à presença de Deus – nada menos que isso, nada que esteja abaixo disso.
Certamente vocês notam como o Senhor disse esta mesma coisa no versículo três do capítulo dezessete de João: "E a vida eterna é esta" – as pessoas dizem: recebi a vida eterna, estou salvo, tenho a vida eterna. Sim, mas o que é a vida eterna? Não é apenas que você não é mais o que era; inclui isso, entretanto isso é relativamente pouco. A grande reali¬dade é a seguinte – "A vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste". Ou então ouçam-nO em Hebreus 10:19: "Tendo pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus" – foi o que o sangue de Jesus fez, habilitou-me a entrar no "santuário", no "lugar santíssimo". Vocês vêem a figura, vocês captam a ideia que está na mente de Paulo. Sob o cerimonial do Velho Testamento as pessoas comuns não tinham permis¬são para entrar no "lugar santo", menos ainda no "lugar santíssimo". Ao lugar santo somente os sacerdotes tinham permissão para ir. Mas nem os sacerdotes tinham permissão de entrar no lugar santíssimo. Somente um homem tinha permissão para entrar ali, o sumo sacerdote, e só uma vez por ano, e então "não sem sangue" (Hebreus 9:7). Entrava uma vez por ano. E isso era uma coisa tão tremenda que, enquanto ele estava lá, fora da vista, o povo, apreensivo, ficava esperando o seu retorno.
No Velho Testamento lemos minuciosa descrição dos tipos de paramentos e vestes que os sacerdotes e o sumo sacerdote deviam usar; e no caso do sumo sacerdote se vê que nas bordas do seu grande manto eram fixadas campainhas. Você já se perguntou qual o propósito das campainhas e das romãs? Qual era o seu objetivo? Simplesmente este: o povo sabia que era uma coisa tremenda e estupenda alguém entrar no "lugar santíssimo" e na presença de Deus. "Quem dentre nós habitará com o fogo consumidor?", pergunta Isaías, "Deus é fogo consumidor" (Isaías 33:14; Hebreus 12:29), tal é a Sua santidade que tudo tende a encolher-se e a evitar a Sua presença. O sumo sacerdote entra uma vez por ano para representar o povo e fazer uma oferta pelos pecados do povo. A questão é: ele vai sair vivo? E como se alegrava o povo ao ouvir o tilintar das campainhas nas bordas do manto do sumo-sacerdote! Sabiam todos então que ele continuava vivo, que o seu sacrifício – a oferta que ele apresentara, o sangue que levara – fora suficiente, que Deus o aceitara e que os pecados deles tinham sido perdoados. Quando o sumo sacerdote ia saindo eles ouviam o tilintar das campainhas cada vez mais forte. Ele estivera no "lugar santíssimo".
Mas o que nos diz a passagem que estamos estudando é que mediante Cristo, pelo Espírito Santo, nós mesmos podemos entrar no "lugar santíssimo". Temos acesso ao Pai: não mais ficamos no pátio externo, não mais entre os sacerdotes, apenas; o "véu" foi rasgado, podemos entrar lá diretamente. Pedro diz a mesma coisa em 1 Pedro 3:18: "porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos...". Por quê? Para que eu não vá para o inferno? Para que eu seja feliz? Para que eu não caia mais nalgum pecado particular? Tudo perfeitamente verdadeiro; porém não é o que Pedro diz; o que ele diz é isto: "Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus". "Estas coisas vos escrevemos", diz João, já ancião e próximo do fim da vida, "para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão (como apóstolos) é com o Pai, e com o seu Filho Jesus Cristo." Este, meus amigos, é o grande fim e objetivo da salvação, que entremos na presença de Deus e tenhamos comunhão com Ele. Não estamos mais longe, fomos trazidos para perto, estamos dentro, estamos face a face com Ele, temos comunhão com Deus. Conhecer a Deus, e a Jesus Cristo, a quem Ele enviou! Você tem acesso, você deu¬-se conta dele? Você está exercendo o seu direito a ele?
Acesso ao Pai
Passemos, porém, à segunda ênfase. A segunda coisa que ele nos diz é que temos acesso ao Pai. Agora notem a mudança do termo. O que ele diz no versículo dezesseis é: para Ele (Cristo) "pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo". Por que ele não diz então, "Porque por ele ambos temos acesso a Deus em um mesmo Espírito"? Ele mudou de termo, ele diz: "ao Pai". Não é por acidente. Ele o faz deliberadamente. Por quê? Aqui de novo está algo que é estonteante em sua imensidão, e irresistível, se tão-somente nos dermos conta disso, que Deus em Cristo e pelo Espírito Se torna nosso Pai. Por isso o nosso Senhor, quando nos deu a Sua oração modelo, ensinou-nos a dizer: "Pai nosso, que estás nos céus". Por isso também o Senhor Jesus Cristo, quando falava com a mulher samaritana sobre a adoração, usou o mesmo termo. Ela, com as suas ideias indoutas sobre adoração, fala "neste monte" e "em Jerusalém". Mas o nosso Senhor muda todo o curso da conversa¬ção, eleva-a e diz: "O Pai procura a tais que assim o adorem"; "Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade"; são essas as pessoas que o Pai procura para que O adorem. Ou vejam ainda como Cristo o expressa em João 14:6: "Eu sou o caminho, e a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por mim". Há pessoas que talvez tenham crido em Deus, todavia elas jamais conhecerão a Deus como Pai, exceto em Jesus Cristo e pelo Espírito. "Ninguém vem ao Pai, senão por mim." E ouçam Pedro dizê-lo também em sua Primeira Epístola: ''E, se invocais por Pai aquele que sem acepção de pessoas... " (1:17). É o Pai que invocamos. E, de novo, João diz: "A nossa comunhão é com o Pai" – não, "com Deus", "com o Pai"; ele usa a palavra Pai aqui. Este é, obviamente, o ensino de todo o Novo Testamento, e é também o que distingue a posição cristã. O cristão é alguém que foi introduzido na mesma relação com Deus que o Senhor Jesus Cristo tem com Ele como Filho do homem. Isso é cristianismo, isso é salvação. Vocês notam como Ele ora. "Pai", diz Ele, "é chegada a hora", e também, "Pai justo", e "Pai santo". Não um Deus distante, mas Pai! Assim é que compreendemos – e é isto que significa – que Ele está pronto a receber-nos e a ouvir-nos.
Saber isso é saber que Deus tem amoroso interesse por nós. "Nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem", diz ainda João em 1 João 4:16, e nós confiamos nisso, descansamos nisso. "Nós conhece¬mos, e cremos no amor que Deus nos tem"; é o que você dirá quando se der conta de que veio ao Pai. Se você conhece a Deus como seu Pai, você sabe que até os cabelos da sua cabeça estão todos contados. Você sabe? O Pai – é ao Pai que estamos vindo. Vocês notaram aquela declaração sumamente admirável do nosso Senhor em Sua oração sacerdotal, registrada em João 17 :23? Imagino que, de todas as declara¬ções concernentes ao cristão, nenhuma supera esta: "Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tem amado a eles como me tens amado a mim". Se somos verdadeiramente cristãos, e se viemos ao Pai, sabemos que Deus nos ama como ama a Seu próprio Filho. Logo, sabemos que Ele nunca nos deixará nem nos abandonará. Logo, sabemos que o que quer que aconteça, por baixo sempre estão os braços do Eterno.
Temos este acesso
Isso me leva ao terceiro e último ponto, a saber, que temos este acesso. "Através dele, ambos temos acesso ao Pai por um só Espírito"(VA). Nós o temos, diz Paulo. Posso colocá-lo na forma de várias perguntas? Temos isto? Fazemos uso do acesso? Descansamos nele? Gozamos a paz dele resultante? Você sabe que Deus o ama? Você sabe que Ele realmente ama você? Você O conhece como seu Pai? Você de fato sabe que "todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus"? Mas, venha, deixe-me levá-lo a um ponto mais alto e fazer-lhe esta pergunta: você sabe o que é estar no "lugar santíssimo"? Temos acesso, apresentação, pelo Espírito ao Pai. Somos levados por Cristo, pelo Seu sangue, para dentro do "lugar santíssimo", por meio do Espírito Santo. Isso é verdade sobre você? Você conheceu, sentiu, percebeu a presença de Deus? Foi isso que Cristo veio fazer, diz o apóstolo. É um avanço com relação à reconciliação, vocês vêem. Não é meramente perdão, não é meramente que a inimizade se foi. Temos acesso, temos direito de entrar. Vocês se aproximam de Deus na plena certeza da fé? Vocês dão ouvidos à exortação da Epístola aos Hebreus quando diz: "Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça"? (Hebreus 4:16). Vocês vão a Deus com o instinto, a segurança e a confiança com que uma criança vai a seu pai? É ao Pai que estamos indo, diz o apóstolo. Vocês sabem como se porta uma criança. Ela está em dificuldade, tem o seu pequeno problema, alguma coisa a está afligindo tremendamente, e ela corre para o seu pai ou para a sua mãe. Ela fala aos pais sobre o que a aflige, conta tudo, confiante em que eles poderão dar um jeito naquilo, e então se alegra. Esse é o tipo de coisa que o apóstolo quer comunicar. "Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus", diz o nosso Senhor (Mateus 18:3, ARA). E então, nós vamos instintivamente a Deus como ao nosso Pai? Levamos a Ele as nossas preocupações e os nossos problemas, aborrecimentos e ansiedades? Vamos com essas coisas a Ele e, como a criança, havendo-Lhe falado tudo sobre elas, nós as deixamos com Deus, confiantes e certos de que Ele tratará delas todas e que, portanto, podemos gozar a Sua paz, que excede todo o entendi¬mento?
Acaso posso resumir tudo com uma pergunta final? Estamos desfrutando de Deus? "Qual é o fim principal do homem?", indaga a primeira pergunta do Breve Catecismo da Assembleia de Westminster. E eis a resposta dada: "O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lO para sempre". E, em conformidade com o apóstolo nesta passagem, o gozo começa agora, nesta existência, neste mundo. Não temos que esperar até irmos para o céu. O propósito quanto a nós é que fruamos a Deus aqui na terra, conheçamo-lO como nosso Pai, e descansemos neste conhecimento, desfrutemos o conhecimento e fruamos ao próprio Deus na comunhão com Ele.
Isso é apenas o começo do que este versículo nos fala. Ele nos assegura que o amor de Deus por nós é tão grande que as três Pessoas da Trindade tomaram parte no processo de tratar conosco, de tal maneira e por tais meios que eu e você, perdidos, condenados e sem esperança, pudéssemos, mesmo enquanto formos deixados neste mundo de pecado e dor, gozar o companheirismo do Pai, andar com Ele com amizade e em comunhão, e desfrutá-lO. Cada vez mais devemos olhar para a frente, para vê-lO como Ele é, sem nenhum véu que O esconda dos nossos olhos, e havemos de fruí-IO em plenitude por toda a eternidade. Desfrutamos de Deus? É totalmente possível, é livre, mediante Cristo e pelo Espírito Santo.
Por. D. M. Lloyd Jones
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
AS 42 JORNADAS NO DESERTO
Continuação do estudo das jornadas no deserto, estamos na 4ª mensagem sobre Ritma, que o Senhor ilumine nosso entendimento para aproveitarmos a preciosidade da sua Palavra.
CAPÍTULO 75
15ª Estação – RITMA (parte 04)
TEXTO: Números 14:11-20 e Mateus 24:14
Conforme temos estudado até aqui, nessa estação de Ritma, creio que todos nós que estamos juntos nesta palavra temos compreendido claramente o que o Espírito Santo está falando. Sabemos que aqueles dez espias, com exceção de Josué e Calebe, voltaram trazendo uma mensagem muito negativa. Embora tenham visto a terra, a despeito dos inimigos que estavam ali, dos gigantes, a despeito das cidades serem fortificadas, eles não tiveram a visão da palavra de Deus, da fidelidade de Deus, do caráter de Deus. Eles foram levianos, preferiram voltar para o Egito, onde eram escravos, onde Faraó os dominava. Preferiram voltar para o Egito e eleger um novo capitão que os levasse de volta. E como é que eles iriam atravessar o Mar Vermelho? Pensaram nisso? Como iriam sobreviver, passando novamente por cada uma daquelas estações? Ou, talvez, se preferissem um caminho mais rápido, passar pelas terras dos filisteus, como iriam sobreviver sem a proteção, sem a segurança, sem a provisão de Deus? Aquele era um povo cego que não conhecia seu próprio caminho. Um povo confuso.
Irmãos e irmãs, como temos vivido um tempo onde falta uma profunda clareza acerca das verdades essenciais, centrais, da edificação da Igreja. Como o povo de Deus tem vivido confuso, em torno de tantas quinquilharias teológicas que não têm nada a ver com o verdadeiro Evangelho que Cristo nos deixou – o Evangelho que os apóstolos pregaram, que os pais da Igreja proclamaram, que os reformadores tanto buscaram restaurar. Como precisamos retornar ao fundamento, para que não lancemos um outro fundamento, algo paralelo, que não seja Cristo. Que o Senhor nos guarde; que o Espírito Santo venha trabalhar profundamente em nossas vidas.
Então, amados, todos nós sabemos que, por causa da atitude, do comportamento, da covardia, da confusão, da incredulidade daquele povo, por destratarem tão severamente a palavra de Deus – aquilo que o Senhor havia prometido por meio da Sua palavra, através de Moisés –, pela maneira como procederam diante de tudo isso, o Senhor disse que não iriam herdar a terra de Canaã. O assunto aqui se refere à perda de algo. Estive compartilhando acerca do reino e o assunto do reino também envolve a questão da perda. Se você não viver adequadamente, não viver uma vida cristã baseada no testemunho da obra da cruz, se não correr a carreira cristã adequadamente, com certeza você irá perder o reino.
Mas, antes de tratar mais detalhadamente sobre este assunto da perda do reino, gostaria de continuar falando sobre o que é o reino. Porque o Senhor disse em Mateus 24:14 que este Evangelho do reino seria pregado em testemunho a todas as nações e, então, viria o fim. E para que o reino de Deus venha, para que a soberania de Deus se manifeste no mundo, sabemos que satanás e todos os seus asseclas deverão ser expulsos. Mas como satanás será expulso desse mundo? Um dia isso vai acontecer! Com certeza isso irá acontecer, porque está dito na palavra de Deus. Não importa o tamanho que você dê a ele, não importa como você o veja, não importa se para você ele é um gigante, não importa se as portas do inferno procuram prevalecer contra você. O certo é que a palavra de Deus diz que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja; o certo é que satanás está derrotado pelo que Cristo realizou na cruz do Calvário. E precisamos proclamar essa verdade, pois se trata do testemunho concernente ao Evangelho do reino dos céus. Em outras palavras, devemos testificar a vitória da cruz de Cristo, proclamar que Cristo já julgou o príncipe deste mundo, que Ele prevaleceu sobre satanás, alcançou vitória sobre todas as obras de satanás na vida dos homens (uma vitória total!) e que o reino, a glória e o poder, agora, pertencem a Cristo. Satanás não tem lugar na nossa vida nesta era, embora ele ainda continue sendo príncipe deste mundo, embora ele ainda continue tendo um governo neste mundo, de principados, potestades, dominadores deste mundo tenebroso e hostes espirituais da maldade. A despeito de tudo isso, nós somos um povo que possui autoridade espiritual para proclamar o testemunho da vitória da cruz sobre todo o reino de satanás. Todos os que receberam o Senhor Jesus foram libertos dos poderes das trevas e foram transferidos para o reino do amor de Cristo Jesus (Cl 1:13). Devemos proclamar o Evangelho do reino dos céus. Esse Evangelho declara que satanás está derrotado, declara que satanás não tem poder sobre nós. Precisamos entender que este Evangelho anuncia, proclama a derrota de satanás e a destruição do poder das trevas, dos poderes do Hades. Esse é o testemunho que temos que proclamar. E esse testemunho tratará com o fim desta era, porque é isso que a palavra de Deus nos diz.
Amados irmãos e irmãs, reconhecidamente esta é a era da Igreja do Senhor Jesus – pois a Igreja teve seu começo nesta era. Estejamos conscientes de que a palavra de Deus igualmente chama esta era de uma era caracterizada por uma geração má e adúltera (Mt 12:39); uma geração incrédula, perversa (Mt 17:17); geração corrompida e perversa (Fp 2:15). Mas amados, vejam que a palavra de Deus nos diz que o propósito de Deus é levar esta era a um fim. Isso vai acontecer. Ele está contente em ver que o fim desta era logo chegará, e o reino será introduzido. E nós, como a Igreja do Senhor Jesus, temos o dever de cumprir, de proclamar o Evangelho. Precisamos trabalhar, cooperar com Deus, porque Ele nos convida para isso. Paulo, escrevendo aos Romanos (Rm 16:20), diz: “E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás. A graça de nosso Senhor Jesus seja convosco.” O desejo de Deus é trazer o fim desta era. Nesse sentido, precisamos entender que o Senhor tem dado o Espírito Santo dentro de nós para que venhamos aprender o caminho da oração. Isso porque a oração é um dos caminhos que Deus está usando para dizermos: “venha o Teu reino e seja feita a Tua vontade, assim na terra, como nos céus”. Isso quer dizer que a nossa oração tem que estar intimamente relacionada com o reino e com a vontade de Deus. Precisamos conhecer o caminho profundo da oração. Precisamos nos levantar, todos nós, em prol da majestade do Senhor Jesus. Como nunca, precisamos, como povo de Deus nesse tempo, nos levantar em prol da majestade, da glória do Senhor Jesus. Precisamos testificar o governo de Cristo mais do que nunca. Embora saibamos que o reino do anti-Cristo deva preceder o reino de Cristo, temos que ter clareza de que devemos testificar do reino de Cristo antes da vinda do reino do anti-Cristo. Precisamos trazer a esta era o seu fim, porque o Senhor nos colocou aqui para isso. Não podemos falhar; não podemos desanimar; não podemos olhar o tamanho do inimigo; não podemos olhar para toda a oposição que está contra nós; não podemos fazer como aqueles espias! Deus pode estar provando o seu coração e você pode não estar percebendo isso, meu irmão, minha irmã. Que você seja cuidadoso, que você seja cuidadosa com sua vida cristã.
Vejam que não se trata de um novo Evangelho, mas de um aspecto do único Evangelho que tem sido por tanto tempo negligenciado pela Igreja do Senhor Jesus. Ao voltarmos à palavra de Deus, veremos que os apóstolos proclamaram esse Evangelho. Tanto Atos 14:22, quanto Atos 28:23, dão testemunho desse fato, dizendo: “confirmando o ânimo dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no Reino de Deus” (At 14:22). “E, havendo-lhe eles assinalado um dia, muitos foram ter com ele à pousada, aos quais declarava com bom testemunho o Reino de Deus e procurava persuadi-los à fé de Jesus, tanto pela lei de Moisés como pelos profetas, desde pela manhã até à tarde” (At 28:23). Além do mais, após a ressurreição, o Senhor Jesus mesmo falou aos Seus discípulos as coisas concernentes ao reino de Deus (At 1:3).
Amados, se quisermos dar continuidade ao trabalho dos apóstolos, precisaremos testificar o que eles testificavam. Como, grandemente, a Igreja tem esquecido a vitória, a autoridade e o trono de Cristo. Nós temos que ter a ousadia de proclamar que o Senhor Jesus é Rei, e não satanás. Satanás é o príncipe deste mundo, mas está condenado. Você não quer servir a um príncipe derrotado, condenado. Nós temos que proclamar que Cristo é Rei. Se você proclama que Cristo é Rei, você está pregando o Evangelho do reino dos céus. Mas, pregue com ousadia. Proclame com a unção do Espírito Santo no seu coração. Não sejamos pessoas atrasadas com relação ao propósito de Deus no tempo. Hoje, há apenas um Evangelho importante para nosso tempo – o Evangelho do reino. Com isso, não estamos sugerindo que não devemos pregar nada mais. Não é isso, entendam. Apenas estou exortando a vocês sobre o fato de que Deus deseja que prestemos atenção especial a esse aspecto do Evangelho. Precisamos nos levantar e afirmar, proclamar, o que Deus determinou para esta era. No final desta era, Deus está interessado em que venhamos proclamar a vitória de Cristo e a derrota de satanás. Se não tivermos uma mente tratada, trabalhada na cruz, uma mente sã, nunca iremos compreender essa verdade no íntimo. Ou seja, se não prestarmos atenção no que Deus está interessado agora, não iremos cumprir Sua gloriosa vontade. Não importando quão grande obra possamos realizar, porque corremos o risco de estarmos distantes daquilo que é o melhor de Deus para este tempo, que é a questão do Evangelho do reino.
Quando aqueles espias foram olhar a terra, eles não tinham noção da seriedade daquela obra. Quando Deus os enviou, Ele o fez para provar seus corações. E aquilo revelava, de modo geral, como o povo estava diante de Deus. Aquele povo não estava comprometido com a palavra de Deus. Assim também, hoje, se não estamos proclamando o Evangelho do reino, não importa quantas coisas estamos realizando, não importa que mensagem estamos pregando. Se, no aspecto essencial da vocação, do encargo do ministério, não estamos comprometidos com este Evangelho, ainda não compreendemos nada acerca do propósito eterno de Deus; estamos perdidos em nós mesmos, atrasados com relação ao tempo de Deus. A grande necessidade de hoje para nós, os cristãos, é conhecermos o tempo. Deus está procurando um povo que permita ser trabalhado por Ele; um povo que compreenda os desígnios do Seu coração. Se compreendermos isso, compreendermos a nossa grande responsabilidade, reconhecermos que temos uma responsabilidade maior em relação à vida cristã, vamos entender que Deus está nos chamando para que, através de nós, Ele venha trazer o fim desta era. Esta é a mais alta responsabilidade da Igreja: proclamar, testemunhar a destruição do arquiinimigo de Deus, satanás, e de todos os seus poderes das trevas. Precisamos ver isso como o objetivo principal da nossa vida cristã hoje. A oração não é apenas para orar, mas para atingir gravemente a satanás. Porque quando oramos, temos que dizer “Pai, venha a nós o Teu reino”.
Salvar almas, não é meramente salvar as pessoas, mas causar dano ao império de satanás neste processo. Irmãos, espero que vocês nãos estejam me interpretando mal. Não estou rebaixando a obra do evangelismo. Ao contrário, estou exaltando, enaltecendo-a, para que venhamos entender a grande responsabilidade de proclamar o Evangelho para as almas perdidas. Esta é uma gloriosa tarefa, mas nessa obra de salvar almas, não podemos perder o reino de Deus de vista. Não nos tornamos obreiros com o propósito de encher de pessoas os locais de reunião da Igreja. Temos que ter consciência de que em cada alma que Cristo alcança por meio do Evangelho estamos golpeando o reino de satanás. Que o senhor abra o seu coração e lhe ajude a ver isso. Temos necessidade de ver isso. Temos que entender que o fim dessa era não chegará automaticamente. Temos que desejar a vontade de Deus e Sua vontade não pode ser retardada. E essa verdade, e essa vontade, está intimamente relacionada à missão e à vocação da Igreja concernente ao reino dos céus. Fala-se muito do reino de Deus, do reino dos céus, de que vamos conquistar esta cidade. As pessoas sempre pensam nisso no aspecto social e político. Que engano, que mentira. Não importa se o nosso governador é cristão, não importa se o nosso prefeito é cristão, não importa se o presidente da câmara é cristão, não importa se o presidente da assembleia legislativa é cristão – isso não interessa. Se eles não têm uma visão clara do reino de Deus, estão tão perdidos quanto devem estar todas as pessoas que não são cristãs; tão equivocados e perdidos em relação ao reino de Deus como as demais pessoas. Precisamos ser claros, coerentes, ter uma vida que corresponda verdadeiramente ao caráter do Evangelho do reino. O chamado do Senhor é um chamado sério e eu e você não podemos falhar. O Senhor está nos chamando a vivermos à altura deste Evangelho do reino. O fim desta era só vai chegar quando este Evangelho do reino for proclamado. O Senhor trará um testemunho a ele, e esse testemunho dará o fim, a derrota final de satanás. E, assim, o reino de Deus irá começar. Será um reino de mil anos, onde a Igreja e Cristo reinarão juntos. Mas, nos próximos estudos, veremos que esse será um tempo de disciplina.
Que Deus fale profundamente ao seu coração. Que a palavra de Deus glorifique Cristo no seu coração; que ela venha ser magnificada, pra que Cristo seja exaltado, para que tudo aquilo que é a verdade, a essência da verdade, possa transformar você de glória em glória. Que Deus lhe abençoe.
Por: Ir. Luiz Fontes
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
CONTINUAÇÃO DO ESTUDO DE EFÉSIOS
Irmãos e irmãs, estamos postando mais um estudo sobre o riquíssimo livro de Efésios. Nós que antigamente éramos gentios (hoje somos Igreja), estávamos longe de Deus, estávamos perdidos e sem Deus no mundo. Mas o Pai nos enviou as Boas Novas, e através de Cristo nos aproximou dEle aleluia!!!
Que o SENHOR nos abençoe com a sua Palavra.
CAPÍTULO 21
PAZ COM DEUS
"E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto." - Efésios 2:17
O apóstolo, neste versículo particular, dá mais um passo adiante em sua grande declaração concernente à salvação. Sua tese é: Deus em Cristo reuniu na Igreja os judeus e os gentios, fazendo deles um corpo e assim os reconciliando conSigo pela morte do nosso Senhor na cruz. Ele nos disse como o Senhor Jesus Cristo, por Sua morte na cruz, derrubou a parede intermediária de separação. Foi no Calvário que a parede de separação que estava no meio foi derrubada uma vez por todas. Na cruz; nem antes, nem depois. O véu do templo não foi rasgado antes que o nosso Senhor morresse na cruz. É a cruz que realiza isso. O nosso Senhor não o fez por Seu ensino nem por Seus milagres. Foi no momento da Sua morte que o véu foi rasgado. A lei dos mandamentos nas ordenanças foi abolida. Não somente isso, Ele fez também “dos dois um novo homem"; uma grande unidade é possibilitada. E finalmente ele nos disse como foi que pela morte de Cristo na cruz Deus reconciliou desse modo o judeu e o gentio conSigo.
Mas, obviamente, isso não é suficiente só por si. Pensem na humanidade em pecado. Deus enviou Seu Filho para abrir um caminho de salvação. O Filho fez tudo o que Ele foi enviado para fazer. Ele obedeceu ao Pai em todas as coisas; Ele cumpriu a lei positivamente, ativamente; Ele sofreu, passivamente, a punição dos nossos pecados em Seu corpo na cruz. Temos salientado isso tudo – e o repito porque precisa ser repetido, porque é comum pregarem sobre a cruz sem sequer mencionarem a imputação e a punição dos pecados. Contudo, aprofundamo-nos nisso e o examinamos em detalhe.
Como é que tudo isso que foi feito e que foi preparado chega a nós?
Mas agora surge a questão: como é que tudo isso que foi feito e que foi preparado chega a nós? o versículo que estamos focalizando agora responde essa pergunta. "E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe e aos que estavam perto." Noutras palavras, tendo aberto o caminho e a possibilidade, o Senhor agora nos vem e nos diz que Ele, tendo feito o que fez, proclama-o, anuncia esta boa notícia, que a paz entre o homem e Deus, paz da qual o homem angustiosamente necessita, é obtenível.
Há muito desacordo sobre o que significa exatamente o nosso versículo, e o que ele diz exatamente. Ele se refere ao Senhor Jesus Cristo. Ele é Aquele que fez todas as coisas que estivemos conside¬rando, para "pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades"; e, "vindo ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e, aos que estavam perto". O Senhor Jesus Cristo é Aquele de quem Paulo está falando; é Sua ação. Os dois conceitos possíveis são os seguintes:
Primeiro, há os que dizem que este versículo é uma referência ao que o nosso bendito Senhor fez enquanto esteve neste mundo. As palavras que temos que considerar são: "vindo, ele evangelizou a paz". Que significa este "vindo"? Um grupo gostaria de fazer-nos acreditar que é uma referência à encarnação, à primeira vinda de nosso Senhor, e ao Seu ministério terreno, descrito nas páginas dos quatro Evangelhos. O segundo conceito é o que afirma que esta é uma referência à pregação do Senhor Jesus Cristo por intermédio dos apóstolos; não à Sua pregação feita pessoalmente por Ele, mas à Sua pregação mediante a Igreja, mediante os apóstolos – o que aconteceu depois da Sua morte, ressur¬reição e ascensão e subsequente envio do Espírito Santo sobre a Igreja no dia de Pentecoste.
Embora seja um ponto interessante, não é, felizmente, uma questão vital, num sentido final. Contudo, é de interesse e, portanto, devemos vê-lo de passagem. Há certas considerações que, ao que me parece, militam fortemente contra o primeiro conceito. Lendo os Evangelhos, vocês verão que o ministério do nosso Senhor limitou-se aos judeus. Ele dizia de Si que não tinha sido enviado "senão às ovelhas perdidas da casa de Israel" (Mateus 15:24). Ele disse especificamente aos Seus discípu¬los: "Não ireis pelo caminho das gentes" – dos gentios (Mateus 10:5). O Seu ministério estava limitado aos judeus. Vocês recordam o inci¬dente da mulher siro-fenícia. Quando ela veio pedir uma bênção para a sua filha, a resposta dEle foi: "Não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos" (Marcos 7:27). Essa era a Sua atitude em toda parte. Todavia, não é tão simples assim, porque vemos que ocasionalmente em Seu ensino Ele mostrava que realmente viera para todos, tanto para os judeus como para os gentios. Creio que há uma insinuação disso mesmo na grande declaração de Lucas 4:18, com a Sua citação de Isaías 61, onde se vê que Ele estava pregando um evangelho para todos os povos, especialmente na sequência do Seu discurso. Ele disse também, certa ocasião: "Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco" (João 10:16) – clara referência aos gentios. E depois vocês se lembram de que, embora tenha recusado o pedido de André e Filipe que fosse ver os gregos que tinham vindo e disseram: "Queremos ver a Jesus", não obstante Ele continuou e disse: “E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim" (João 12:21,32). Foi uma clara predição de que Ele ia fazer algo, mediante Sua morte, que abriria a porta de entrada até para os gregos, para os gentios, para os que estavam "longe". Parece-me, pois, que um bom exame dos quatro Evangelhos leva-nos à conclusão de que, conquanto o nosso Senhor tenha limitado deliberadamente o Seu ministério e o dos Seus discípulos aos judeus durante a Sua vida na terra, Ele deu ocasionais indicações de que haveria algo mais amplo e maior depois que Ele realizasse na cruz a obra que fora enviado para realizar.
Cristo, por meio dos apóstolos, por meio dos Seus servos, pregou este evangelho de paz com Deus
Minha decisão é, pois, que, no geral, a segunda interpretação é melhor; que o que o apóstolo está realmente dizendo aqui é que Cristo, por meio dos apóstolos, por meio dos Seus servos, pregou este evangelho de paz com Deus, o qual Ele tornou possível com a obra perfeita que Ele realizou na cruz. Há um sentido em que Ele nunca poderia ter feito isso durante a Sua vida na terra porque os homens não poderiam entender o significado da cruz; mesmo os apóstolos não puderam, sempre tropeçavam nisso. Era necessário que a obra fosse consumada, que Ele ressuscitasse, que o Espírito Santo fosse dado, antes de poder acontecer isto. E assim aconteceu. Vocês podem notar que o primeiro versículo do livro de Atos diz-nos que o escritor, Lucas, lembra a Teófilo "tudo o que Jesus começou a fazer". Agora lhe Vai falar acerca das coisas que Jesus continuou a fazer. E é esse o significado do livro de Atos – é o registro dos atos do Senhor ressurreto por meio da Igreja. Vocês recordam como Pedro e João, tendo curado o homem Junto à Porta Formosa do templo, disseram: "...por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este ho¬mem... pela fé no seu nome fez o seu nome fortalecer a este que vedes e conheceis" – referindo-se a Cristo – "fortalecer a este...". "Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno"; quem o faz é Ele, por assim dizer, mediante os apóstolos. Isto é algo que todos nós devemos conhecer bem. Escrevendo aos coríntios, diz o apóstolo Paulo: "Somos embaixadores da parte de Cristo... Rogamo-vos pois da parte de Cristo que vos reconcilieis com Deus". E, naturalmente, há o tremendo fato de que foi Pedro que disse, no dia de Pentecoste: "A promessa vos diz respeito (falando primeiramente aos judeus e aos prosélitos), a vossos filhos, e a todos os que estão longe". Aí está o primeiro grande, inequívoco e explícito pronunciamento de que de fato o evangelho é para ser pregado a todos. E eu afirmo que o próximo versículo desta nossa seção, a saber, o versículo 18, onde o apóstolo imediatamente se refere ao Espírito Santo, é uma confirmação disso. A afirmação que ele faz no versículo dezessete o faz logo pensar no Espírito, e isso o leva à sua próxima afirmação. Mas, para mim, a prova conclusiva e final vê-se claramente em 1 Timóteo 3:16, onde o apóstolo lança uma declaração extraordiná¬ria. Diz ele: "Sem dúvida alguma grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, e recebido na glória". Vocês podem notar a sequência. "Pregado aos gentios" vem depois não somente de "foi justificado em espírito", mas também de "visto dos anjos", o que, para mim, é uma inequívoca referência à Sua morte na cruz. Há, pois, um sentido em que é evidente que essa era a sequência na mente do grande apóstolo.
Então, essa é mais ou menos a mecânica do nosso texto, interes¬sante e importante, e digna de mais amplo estudo. Todavia o importante é que o apóstolo está asseverando um fato. Tenha ou não começado com o Senhor em Seu ministério terreno, o fato é que a mensagem cristã é uma proclamação a judeus e gentios, a gentios e judeus, de que o caminho da paz com Deus foi aberto por Jesus Cristo, e Ele crucificado. Essa é a mensagem. É a isso que o apóstolo está desejoso de que estes efésios se apeguem. E é com isso que ele quer que eles fiquem admirados, admirados de ser isso possível, de que tenha acontecido, e de que Cristo assim o esteja pregando, oferecendo-Se a eles, expondo¬-o diante deles e convidando-os a agir com base nisso. E essa continua sendo a mensagem que a Igreja Cristã deve pregar; essa é a sua mensagem ao mundo atual. Portanto, o nosso dever é descobrir o ensino, a doutrina, desta tremenda declaração. É uma das mais gloriosas de todas as Escrituras. "E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto."
Qual é o ensino? Vamos resumi-lo da seguinte maneira: obvia¬mente, a primeira grande afirmação é que a necessidade fundamental do homem é paz com Deus. Essa é a paz que o nosso Senhor prega, a paz com Deus. Temos aí, vocês veem, uma continuação da afirmação do versículo anterior. "E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades." Depois ele prossegue, no próximo versículo, dizendo: "Porque por ele temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito". A paz é essa, pois. Aqui não é tanto a paz entre gentios e judeus; essa fora consumada, agora a paz é com Deus, da qual ambos necessitam. É por isso que eu gosto daquela outra tradução que diz: "E veio e pregou a paz a vós, que estáveis longe, e pregou paz a eles, que estavam perto". Os judeus necessitavam da paz, tanto como os outros.
E digo de novo que a declaração fundamental é que a suprema e primordial necessidade do homem é a necessidade de paz com Deus. O homem, perdida a sua relação com Deus, o homem em pecado, vive inquieto e miseravelmente infeliz. Há uma exposição maravilhosa disso tudo no capítulo cinquenta e sete do livro do profeta Isaías. Não tenho dúvida de que o apóstolo tinha em mente essa passagem quando escreveu estas palavras. Ela diz: "Paz, paz, para os que estão longe, e para os que estão perto, diz o Senhor" (versículo 19). Mas então o profeta continua e diz: "Os ímpios são como o mar bravo, que se não pode aquietar, e cujas águas lançam de si lama e lodo". Aí está a figura, aí está a explicação – "como o mar bravo". Todos nós conhecemos bem essa figura do mar bravio, inquieto. Por que o mar está sempre inquieto, sempre em movimento? Por que as ondas? Por que o fluxo e refluxo? Os cientistas dizem que é porque sempre agem sobre o mar duas forças opostas. A primeira delas é a Lua. A Lua controla em parte as mudanças e os movimentos do mar. Há, por outro lado, a força magnética do centro da Terra, uma tremenda atração magnética. De um lado, a atração e a influência da Lua, e doutro lado, a influência oposta das forças magnéticas do centro da Terra. E o resultado é que o mar está em constante movimento; temos as ondas e vagas, e o fluxo e refluxo; e ocasionalmente ocorre um vendaval que sopra sobre o mar e eleva as ondas em vagalhões, e temos uma terrível tempestade. "Os ímpios são como o mar que se não pode aquietar, e cujas águas lançam de si lama e lodo.” Vocês já andaram pela praia depois de uma tormenta, e viram a lama, a sujeira, os pedaços de madeira e outras coisas lançadas pelas águas? São os restos de embarcações e de suas cargas, a sujeira e a lama que ficam na praia após uma tempestade. Que descrição perfeita! Bem, diz Isaías (e é o que está na mente do apóstolo aqui), é como são os ímpios.
É a figura do homem sem Deus, inquieto como o mar revolto. Qual a causa disso? A explicação, no sentido espiritual, é a mesma das condições do mar. Tudo começou no Éden. O homem foi feito por Deus e foi colocado no Paraíso. Não havia movimento nenhum, nenhuma inquietação no Paraíso, pois somente uma coisa atuava sobre o homem – Deus! Deus fez o homem à Sua imagem, o homem estava em correspondência, em comunhão com Deus, fruía Deus, e a sua vida era uma vida de inalterada paz e bem-aventurança. Não havia infelicidade, não havia problema, não havia dificuldade, não havia ansiedade. O homem estava num estado de inocência e de completa paz, quietude e liberdade. No entanto, o homem caiu. Deu ouvidos a outra força, a outro poder, e ao lhe dar ouvidos, ficou sujeito a esse poder. O poder do diabo, o poder do mal, o poder do inferno começou a atuar sobre ele, e daquele momento em diante a vida do homem foi de inquietude e conflito. O homem, fora da relação com Deus, é exatamente como o mar. Continua havendo nele uma rememoração, uma lembrança, da sua retidão origi¬nal. Ele não sabe disso, ele não pode dizer nada a respeito; ele não acredita na Bíblia, não acredita na teologia; não obstante, é um fato.
Há no homem um fator chamado consciência. Ah, quantos não há que gostariam que não houvesse consciência! Contudo eles a têm, e ela vai lhes falando e os vai segurando; é uma influência em sua vida. Que é ela? E a lembrança, a reminiscência da sua retidão original. No fundo do coração o homem sabe que foi feito para algo melhor. Ele tem senso de justiça, do certo e do errado, do bem e do mal. Vou além, ele tem até senso de Deus. Não gosta, mas tem; e isso o perturba. Esse é um lado – a força que vem de cima. Entretanto, há outra força que o puxa na direção oposta – a natureza humana decaída, a cobiça, a paixão, o desejo, o ciúme, a inveja, todas estas coisas feias e horríveis. O apóstolo fala disso uma vez por todas no capítulo sete de Romanos: "Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros". As duas são antagônicas, e o resultado é que o homem fica inquieto e como as ondas do mar, do mar inquieto, que não tem descanso. E então, ocasionalmente, vêm os temporais. Refiro-me a alguma furiosa investida do diabo! Há sempre um ligeiro movimento no ar, todavia nem sempre dizemos que é uma ventania. Quando o movimento aumenta, torna-se ventania, vendaval. O diabo está sempre aí, a perturbar-nos, porém há ocasiões em que ele faz uma furiosa investida, e sofremos um ataque violento, somos jogados para lá e para cá, e somos lançados violenta¬mente, como uma tempestade no mar. O diabo e as suas forças parecem incontroláveis, e as nossas vidas ficam tão turbulentas e agitadas como o mar na mais violenta tempestade. E não só isso – as circunstâncias também! Vêm as guerras, vem a enfermidade, um ente querido cai doente, algo vai mal, e toda a nossa vida se transtorna. Não sabemos onde estamos; abalam-se as nossas bases, como dizemos. Tudo vai rolando para lá e para cá, como o mar. Vocês veem como a descrição é perfeita. Esse é o homem que não tem relação com Deus, o homem resultante da Queda. Não tem paz, vive inquieto.
Naturalmente, a consequência disso tudo é que o homem nunca está satisfeito. Não há nada que caracterize tanto a vida pecaminosa como a sua inquietude. Acaso vocês não vêem isso no mundo atual? O mundo alguma vez esteve tão inquieto como no presente? Vejam a moderna mania de lazer. A que se deve? À inquietude! As pessoas dizem: vamos sair, vamos fazer alguma coisa; não podemos aguentar só ficar em casa; isso nos fará enlouquecer. Vamos sair, vamos esquecer tudo, vamos fugir de tudo. Lazer! Estão tentando livrar-se da inquietude! Uma nova emoção, um ansioso desejo de algo novo! Escapismo é o termo usado para isso hoje, e o mundo se enquadra no fato. O mundo está emocionalmente agitado, e está procurando agitar-se mais ainda. Tem que receber estímulo na forma de bebidas ou de diversão. Tem que ter algo que mantenha a coisa andando. É tudo expressão dessa inquietude fundamental, desse desassossego, dessa falta de paz, dessa falta de tranquilidade mental. O homem em pecado não conhece a paz mental, não conhece a paz do coração. É instável, diz Tiago, como as ondas do mar. Tem mentalidade dupla – isto puxa, aquilo puxa; sente que devia ser melhor, mas gosta de alguma coisa má; e se vê puxado de dois lados. Sua vida e seus caminhos são de fato como as inquietas ondas do mar. Sem nada que o satisfaça!
A analogia é perfeita, não é? Ah, a lama e a sujeira lançadas por tudo isso! Milhões passam o domingo lendo sobre isso. A lama e a sujeira! Está em todos os jornais, em toda parte, nas conversas do povo; está se tornando por demais óbvio. A respeitabilidade está desaparecendo, o pecado está se tornando escancarado outra vez. A tempestade soprou durante algum tempo, e a lama e a sujeira estão ficando cada vez mais evidentes. O homem em pecado é isso – sem paz, sem sossego, sem tranquilidade; como as ondas revoltas do mar, a sua vida espirra lama, sujeira e coisas nojentas. O horror e a fealdade disso tudo! E a tragédia é que, em sua ignorância e cegueira, o homem não percebe nada disso. Ele não sabe, não entende; acha que os seus problemas são causados pelas circunstâncias, ou pelo ambiente, ele está sempre em busca de paz e procurando ter repouso. Mas não consegue; esforça-se quanto pode, e falha. Tudo isso indica o fato de que a suprema necessidade do homem, a necessidade fundamental do homem, é a necessidade de paz e repouso, mente serena, coração tranquilo.
A paz é a necessidade de todos os homens, não somente de alguns
Passemos, porém, ao segundo ponto. A paz é a necessidade de todos os homens, não somente de alguns. "E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto." Os judeus precisavam da mensagem tanto como os gentios que estavam longe, e exatamente da mesma maneira que eles. Pois bem, essa é a grande tese do apóstolo aqui. Ele tem que estabelecer que os judeus necessitam da mensagem tanto como os gentios. No entanto, os judeus não conseguiam ver isso. Esse era o seu problema. Naturalmente os gentios podiam precisar disso! – embora os judeus não gostassem nem disso, porque achavam que Deus não Se interessava por nenhum povo, exceto eles próprios. Mas eles certamente não precisavam! Por isso os fariseus odiavam tanto o nosso Senhor. A pregação do nosso Senhor fazia os fariseus acharem que até eles eram pecadores, e não gostavam disso. Eles diziam: somos piedosos, somos religiosos, somos boas pessoas, temos a lei! E assim o apóstolo Paulo teve que escrever os capítulos dois e três da Epístola aos Romanos só para mostrar-lhes que eles necessi¬tavam da mensagem de paz tanto como os gentios. Os judeus achavam que, porque tinham a lei, isso de algum modo significava que eles a haviam cumprido; que, porque sabiam que havia uma lei, isso os colocava em boas relações com a lei. E por isso Paulo tem que dizer: "Pela lei vem o conhecimento do pecado"; ela não os livra dele, não faz mais que dar conhecimento, mas eles não conseguiam ver isso. Acha¬vam que os seus privilégios – e eles tinham privilégios, como Paulo mostra – salvavam-nos automaticamente. Eles tinham os oráculos de Deus, as Escrituras do Velho Testamento; a lei fora dada a eles, os pais lhes pertenciam, e assim por diante. Isso era verdade. Todavia posto que punham a sua confiança nesses privilégios e em sua posse deles, eles estavam fora do reino. Mas não enxergavam isso. Assim, a mensagem tem que vir a eles como tem que vir a todos os outros. Não obstante continua sendo um problema para muitos. Há muitos que pensam que o evangelho, numa forma evangelística, precisa ser pregado a certas pessoas, porém não a todas. Acham que certamente isso não é necessário para os que foram criados em lares cristãos e que, em sua juventude, eram levados à Escola Dominical e sempre frequentavam um local de culto. Você não precisa pregar-lhes evangelisticamente, dizem eles; certa¬mente eles já estão lá, já chegaram perto. Os que dizem isso não conseguem ver que os que estão perto precisam da mesma mensagem da qual precisam os que estão longe. Mas precisam, diz Paulo – ¬"evangelizou os que estavam longe e os que estavam perto".
Observem ainda que longe e perto são distinções relativas, não são distinções absolutas. Permitam-me oferecer-lhes uma ilustração. Vejam o caso de dois vultos que figuram no Novo Testamento, um o apóstolo Paulo, e outro o carcereiro de Filipos. Considerem-nos a ambos. Vejam Paulo, hebreu de hebreus, educado como fariseu, sentara-se aos pés de Gamaliel, conhece a lei e nela tem prazer. Ele serve a Deus, pensa ele, com consciência pura. Um bom homem, homem de boa moral, homem religioso! Do outro lado, o carcereiro de Filipos, gentio, sujeito violento, homem pronto a cometer suicídio quando as coisas vão mal. Olhando para esses dois homens, que é que vocês dizem deles? Alguém dirá instintivamente: o apóstolo Paulo está muito perto do reino de Deus; o carcereiro de Filipos está muito longe. E, contudo, o próprio apóstolo nos diz que, na realidade, os dois homens tinham idêntica necessidade, que ele tinha tanta necessidade da paz do evangelho como o aquele carcereiro. "Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação", diz ele, "que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores" – gente como o carcereiro de Filipos e como os membros da igreja de Corinto, que eram adúlteros, fornicadores, mal vistos até pela humani¬dade, a escória da sociedade? Não, não; não somente eles, Cristo Jesus veio para salvar os pecadores – "dos quais eu sou o principal"! Porventura não parece monstruoso, não parece ridículo que este jovem piedoso, este bom fariseu, esteja na mesma situação do carcereiro de Filipos? Contudo ele diz que é isso mesmo. Não havia diferença alguma, pois "Não há um justo, nem um sequer". Estamos todos na mesma situação. E continua sendo assim hoje.
Falemos com clareza sobre isso. Há alguns que obviamente se acham tão longe quanto é possível estar do reino de Deus. As pessoas às quais me referi há pouco, cuja ideia de felicidade consiste em embebedar-se e tornar-se piores que animais, pessoas que vivem em sentinas de vício e iniquidade sem jamais terem um pensamento sobre Deus ou sobre moralidade, porém que só vivem de acordo com a sua natureza animal, estão, vocês costumam dizer, tão longe do reino de Deus quanto é possível conceber. Mas há outros que são amáveis, pacíficos, respeitáveis, que nunca praticam males visíveis aos outros, que odeiam essas coisas, procuram fazer o bem, empreendem luta moral, trabalham pela elevação da raça, estão cheios de boas obras, de boas ações, de boas realizações, de interesses e trabalhos intelectuais, que se interessam pelas coisas da mente etc., que frequentam um local de culto, que são membros de igreja, talvez. A primeira vista, e superficialmente, as duas posições perecem diametralmente opostas, e a tendência geral é dizer que elas não têm nada em comum.
Todavia, o propósito geral do evangelho é dizer que, diante de Deus, elas são idênticas e precisam exatamente da mesma mensagem. O segundo tipo precisa da mensagem de paz tanto como o primeiro. Paz aos que estavam perto, como também aos que estavam longe! Aqueles parecem estar às portas do reino, mas não estão no reino. E no momento em que vocês se puserem a analisar isso, verão como é verdade. Os seus intelectualistas, os seus moralistas e os seus idealistas vivem tão inquietos como os outros, e igualmente infelizes. Não conseguem achar paz, mais do que as outras pessoas. Claro, talvez não lancem tanta lama e tanta sujeira. O que é óbvio no caso delas não é alguma prática nojenta, porém os restos do naufrágio são igualmente óbvios. Não é lama e imundície, talvez sejam pedaços de madeira ou restos de enfeites ou algo parecido. No caso dos infelizes que levam a vida nas sarjetas, a coisa é óbvia, é aberta, é visível; todos podem vê-la. A condição do bêbado cambaleante ou do homem violento é óbvia, todos podem vê-la. Mas o fato de vocês não poderem ver muito movimento na superfície da vida dos outros não significa que não haja nenhum movimento. Posso demonstrar que há um tremendo movimento ali. Por baixo da superfície aparentemente calma e lisa, há uma revolta em ação, há uma tremenda violência. Como posso saber disso? Desta maneira: a grande moléstia da humanidade, particularmente do homem civilizado, é a chamada neurose. As neuroses, dizem-nos, são causadas por repressões. Que é uma repressão? Algo que você mantém em baixo, que você não deixa vir à tona, você não parte para a embriaguez ou o adultério. Não, todavia a luta está ali, a fúria interior, a tempestade, uma verdadeira torrente de luxúria e paixões, mantidas por baixo, por assim dizer, mas ali estão. Não há repouso, não há paz. Repressões e neuroses! – manifestando-se talvez em úlceras gástricas, transparecendo na insônia e na dependência de soníferos. Essa é a doença do homem moderno e da civilização. As pessoas do primeiro grupo que descrevi nunca têm que tomar essas drogas; a inquietude toma forma diferente nelas; as outras se reprimem, e a natureza protesta. A luta é tão grande que os nervos não aguentam, e assim essas drogas se tornam necessárias. As duas posições são realmente idênticas. O importante não são os sintomas de uma doença, e sim a doença propriamente dita; assim vocês veem que aquelas pessoas que parecem estar tão perto do reino, que são tão agradáveis e bondosas, e que estão sempre falando de elevação moral e estão sempre tentando melhorar a condição do homem e lutam em prol da cultura, são tão inquietas e doentias como o pecador violento e patente. Elas necessitam de paz, tanto quanto esse violento.
Mas talvez eu possa provar o meu ponto mais conclusivamente se lhes peço que examinem experimentalmente os dois tipos, as duas classes. O teste sobre a nossa situação, como disse quando expus o meu primeiro princípio, é se conhecemos a Deus. Não é se você acredita em coisas concernentes a Deus. Não há paz se não há conhecimento de Deus. Aquela boa pessoa das suas relações, pessoa culta, intelectual, altamente moral, pessoa que pode estar sempre lendo livros, teologia, talvez a Bíblia, pode não ter nenhum conhecimento de Deus. Por isso é inquieta e infeliz. Ela não pode ver a Deus, está sempre investigando, pesquisando, indo ouvir boas preleções, esperando que algo vá acontecer; porém, não o possuem. Não o têm mais do que qualquer outra pessoa. O teste é esse. Tais indivíduos estão atormentados por algum pecado passado. Têm medo de morrer. Não sabem onde estão, não sabem que os seus pecados foram perdoados. Não sabem o que os espera no futuro. Não têm a fé que sustenta no transe da morte, não têm certeza do céu, não sabem que são filhos de Deus; e o resultado é que vivem inquietos, sentem-se mal e infelizes. Acaso estou esclarecendo o meu princípio? Não é esse o problema com eles? Acham-se tão perto e, todavia, tão longe! "Longe" e "perto", como eu disse, são termos relativos. A pergunta importante é: você está no reino? E se você compreender que a pergunta importante é essa, você compreenderá que, afinal, estar perto não dá nenhuma vantagem sobre estar longe.
Posso oferecer-lhes uma ilustração quase ridícula? Você quer sair, e entra numa fila de ônibus. O ônibus chega, e você está, digamos, no décimo lugar da fila. As pessoas começam a entrar no ônibus. Você diz: “Ótimo, eu vou entrar". O nono passageiro entra, e o motorista diz: “Ninguém mais, lotado." Ajudaria em alguma coisa você ter sido o próximo, se ainda houvesse lugar? O fato é que você está fora do ônibus, e o fato de você ser o próximo na fila não o ajuda. Ou, a mesma coisa com alguém que vai pegar um trem, e justo no momento em que ele vai mostrar o bilhete na entrada da plataforma de embarque, ouve-se o apito e o trem parte. Diz ele: quase o peguei! – mas isso o ajuda? Essas ilustrações podem ser divertidas, porém espero que os que se riem façam a si mesmos esta pergunta solene: "Estou dentro do reino, ou apenas perto?" Pode ser que você esteja à porta de entrada há muitos anos. Você seria incapaz de ver que isso não o ajudará? Pergunto: você está dentro? Você conhece a Deus? Você sabe que os seus pecados estão perdoados? E quando você vai orar a Deus quando tem algum problema, você sabe que O vê e que você está falando com Ele? Você tem acesso com confiança e ousadia? Você entra pelo sangue de Jesus no "Lugar Santíssimo"? Essa, digo eu, é a questão, e não há outra. Tão perto e, contudo, tão longe! Estar uma polegada fora do reino não é nenhuma vantagem sobre o homem que está a mil milhas de distância. "Paz aos que estavam longe, e, aos que estavam perto." Todos têm necessidade da paz. "Os ímpios, diz o meu Deus, não têm paz." "Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus." Ou, como Agostinho o diz finalmente em sua experiência pessoal: "Tu nos fizeste para Ti, e os nossos corações não descansam enquanto não acham repouso em Ti". Intelectualistas morais, vocês têm repouso? Está tudo tranquilo por dentro, há paz em sua alma, e paz entre vocês e Deus? Esta é a necessidade de todos.
Cristo, e somente Cristo, oferece e é capaz de dar esta paz a todos os que vêem a necessidade dela
Isso me leva ao derradeiro princípio, que é: Cristo, e somente Cristo, oferece e é capaz de dar esta paz a todos os que vêem a necessidade dela. É nisso que o apóstolo se gloria. Cristo o fez e abriu o caminho. Nenhum homem pode achar a Deus procurando-O. Nenhum homem pode reconciliar-se com Deus. Todavia, como vimos, Cristo fez a paz entre o homem e Deus pelo sangue da Sua cruz. Foi ali que Ele aboliu a inimizade, e o fez tomando-a sobre Si. Não somente os pecados vis, torpes, patentes, flagrantes, mas também os pecados de justiça própria, de presunção, de arrogância, de moralismo, como se isso fosse espiritualidade. Ele tomou isso tudo sobre Si. "Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados" (1 Pedro 2:24). Foi por causa disso que Ele pôde dizer: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize" (João 14:27). Você já recebeu a Sua paz? Ele o reconcilia com Deus; e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, poderá guardar o seu coração e a sua mente, se tão-somente você for a Ele. "Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus" (Filipenses 4:6-7). Leve tudo a Ele. Cristo abriu o caminho para você ir a Deus com as suas dificuldades, com os seus problemas, sejam quais forem.
Quanta vez a paz perdemos,
Quanta dor temos em vão,
Tudo porque não levamos
Tudo a Deus em oração.
E o caminho está livre para você agir assim também, pois Cristo o abriu. O pecado foi removido, a inimizade, o antagonismo, foi destruído, e você pode ir confiantemente à presença de Deus.
E tendo levado a Ele os seus problemas e dificuldades, deixe-os com Ele, deixe-os lá. "Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em ti" (Isaías 26:3). Firme no Senhor! – você tem ampla, franca e aberta entrada, pelo sangue de Jesus Cristo. Entre, olhe para Ele, tenha firme a sua mente nEle, e você começará a gozar a Sua bem-aventurada paz. Cristo nos dá paz com Deus, paz com os outros, paz interior. "Ele veio e pregou a paz aos que estavam longe e aos que estavam perto." Alguém que tem vivido como que nas próprias mandíbulas do inferno pode ler estas palavras. Meu amigo, você pode ter esta paz, agora. Mas se a sua situação é de quem sempre esteve interessado e sempre esteve muito perto, você também pode tê-la, agora. Vocês podem tê-la juntos. É dádiva inteiramente gratuita de Deus, mediante Jesus Cristo, o nosso Senhor. Você já a tem? Regozija-se nela? A paz que Jesus Cristo oferece pode ser sua agora e para todo o sempre.
Por. D. M. Lloyd Jones
ELEIÇÃO
Samuel 16: 7 - Mas o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque eu o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração.
Estamos em época de eleição, cada um dos candidatos procura mostrar uma boa aparência, capacidade de fazer as coisas e até mesmo poder. Sabemos que o homem olha e considera todas estas coisas, poder, aparência, retórica etc...
Mas na visão do Senhor é diferente, Ele não olha para a aparência, para o exterior, Ele vê o interior, Ele olha para o coração e seus olhos são como chamas de fogo, Ele vê tudo, nada fica oculto aos seus olhos.
Por isso devemos dar graças a Deus por termos sidos eleitos por Ele e chamados por Ele. Os homens buscam vencerem uma eleição, e nós, pela graça, fomos eleitos n'Ele, pelo Senhor na eternidade passada Ele nos viu e quis ter um povo, uma família, , uma esposa, um reino de sacerdotes.
Que possamos corresponder a esse chamamento, a essa santa eleição, e sermos como o nosso Senhor Jesus foi neste mundo, manso e humilde de coração, que possamos expressar o Senhor através da nossa vida. Que Ele nos ajude por meio do Seu Espírito.
Igreja desperta, o Senhor está voltando que possamos ansiar e desejar a sua vinda e amadurecermos para que a Igreja possa atrair a vinda do nosso Rei.
Que Deus nos abençoe.
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