Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Hebreus 4:12
terça-feira, 15 de junho de 2010
AS 42 JORNADAS NO DESERTO
CAPÍTULO 63
Por; Ir. Luiz Fontes
TEXTOS: Levítico 25:1 a 26:46/ Levítico 27:34/ Números 3:1 – da 9ª à 11ª subida
Hoje vamos estudar da 9ª subida de Moisés ao Monte Sinai até a 11ª, que é a última vez que Moisés sobe ao Monte Sinai, e tenho certeza que Deus tem algo para poder falar a nós. Temos estudado todas essas subidas onde o Senhor tem falado a cada um de nós que temos recebido esta Palavra – entender o revelar de Deus por meio do Seu falar.
9ª subida – Levítico 25:1 a Levítico 26:46
Nessa subida vemos que até aqui Deus já havia revelado a questão do amor do povo para com Ele; o amor que Seu povo deveria ter por Ele; como também o amor ao próximo. Até aqui Deus revelou o mistério de Cristo e a maneira de viver na comunhão do corpo de Cristo e a renovação do pacto – a nova aliança. Agora Deus começa a ensinar o povo acerca da vida prática no Reino. Nesta nona subida vemos a questão do ano sabático, o jubileu da terra, a remissão, a questão das dívidas, ou seja, a vida cristã revelada debaixo dos parâmetros da revelação divina. Toda a nossa vida deve ser norteada pela palavra de Deus. Todo o nosso viver tem que ser conduzido pela palavra de Deus. Esses princípios são revelados em Levítico 25 a Levítico 26:46.
Em tudo isso podemos ver algo acerca do caráter cristão, do fundamento da vida e da pessoa de Cristo Jesus. Meus irmãos e irmãs, nossa vida não é uma vida qualquer. Como Cristão, isto é, como alguém em Cristo, toda a nossa vida deve ser conduzida pelo caráter de Cristo. Todo o nosso viver tem que corresponder à pessoa e à obra de Cristo em nós; aquilo que Ele é em nós, aquilo que Ele tem feito em nós; aquilo que Ele deseja realizar em nós; aquilo que se requer de nós como Cristãos.
10ª subida – Levítico 27:34
Nessa subida Deus revela as coisas consagradas. Estude essa décima subida e você vai ver Deus conduzindo o povo a estabelecer o reino de Deus na terra. O reino de Deus na terra não é como muitas pessoas têm pregado hoje – a questão das posições que os cristãos precisam ter nos assuntos deste mundo. Alguns têm compreendido de uma forma maligna. Vejo até mesmo uma semente satânica do ensino concernente ao reino de Deus na terra. O reino de Deus na terra só pode ser visto e manifestado pela Sua igreja. O reino de Deus é Sua autoridade expressa. Não é os cristãos ocupando funções e cargos políticos seculares neste mundo. Cargos estratégicos, posições estratégicas, nada disso! O reino de Deus só pode ser visto na coletividade e na expressão viva da Sua igreja nessa terra.
Primeiro Deus ensina o que devemos fazer em tratar com a terra. Como vendê-la, fazer o jubileu, fazer o resgate, fazer a remissão. Nessa décima subida Deus fala das coisas consagradas a Ele: se alguém quer consagrar a Deus sua terra, se alguém quer consagrar a Deus sua casa. Deus vai tomando o reino na expressão de tudo aquilo que somos e de tudo aquilo que fazemos como membros do corpo de Cristo. Tudo o que fazemos devemos fazer como ao Senhor. Seja na sua casa, seja no seu trabalho, tudo isso deve refletir na sua vida o caráter do reino de Deus. Então veja, Deus começa desde o Monte Sinai e vai descendo até chegar a tomar a nossa casa, nossa terra, nossos bens... Tudo em nós deve bendizer o Senhor. O nosso emprego, a nossa casa, nosso casamento, os nossos filhos, os nossos bens, tudo em nós deve bendizer o Senhor. Porque tudo em nós é para a glória do Senhor. Isso tem algo a ver com o reino de Deus na nossa vida, com o reino de Deus na terra. É isso que aprendemos nessa décima subida.
11ª subida – Números 3:1
Na décima primeira subida, temos os deveres dos levitas. É isso que aprendemos aqui.
Essa décima primeira subida de Moisés está em Números 3:1. Aqui Moisés está no Monte Sinai. Deus mostra a Moisés os deveres dos levitas, isto é, quando o acampamento tivesse que mudar, dali em diante, a base essencial para o reino já lhes havia sido revelada. O núcleo essencial para o Antigo Pacto e a tipologia para o Novo, tudo isso já havia sido dado por Deus. Agora Deus tem que avançar. Agora Deus revela quais são os deveres dos levitas. As responsabilidades daqueles que estão pela obra de Deus. E esses levitas deveriam ser os gersonitas, os coatitas, os meraritas, ou seja, pertencentes às famílias de três filhos de Levi: Gerson, Coate e Merari. E aqui Deus mostra os distintos serviços dos que querem cooperar com a causa de Deus, daqueles que foram vocacionados para a obra de Deus. Isso não é um assunto comum, porque o ministério tem sido tratado como algo secular.
Mas sabemos qual é a função do ministério cristão, que foi determinado pelo Senhor Jesus lá em Efésios 4:11, quando Paulo diz:
“E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres (...)”.
Esses ministérios foram determinados pelo Senhor com o propósito de levar todos os membros do corpo de Cristo a varões perfeitos, à medida da estatura completa de Cristo. Podemos ver que o ministério é o meio pelo qual se obtém esse fim – que sejamos todos levados à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus; e não a divisões, e não a separações. Não são essas coisas funções ou implicações do ensino do ministério na obra de Deus.
Paulo diz assim:
“para que não mais sejamos como meninos (...)”. (Ef 4:14)
Paulo nos diz essa grande verdade. Ele diz que o ministério tem como função nos levar à maturidade. Não podemos viver a vida cristã de uma forma tão superficial.
A função daqueles que servem na obra de Deus é algo muito sério, porque o sinônimo de ministério, de acordo com a palavra de Deus, é servir. Não é uma posição onde alguns ministram e os outros ficam sentados simplesmente recebendo como inúteis. Todos os membros do corpo de Cristo têm uma função específica e distinta; pelo Espírito Santo de Deus são capacitados para poderem servir.
Naturalmente, os ministérios expressam homens como dádivas de Deus. Não são homens que têm uma posição elevada, mas são homens que têm uma responsabilidade. Essa responsabilidade é que é elevada. Mas essa responsabilidade não nos eleva como pessoas. Ao contrário, essa responsabilidade é um encargo divino e distinto que Deus coloca sobre aqueles os quais Ele escolheu para que, por meio desses, Cristo mesmo possa fluir em cada ministério – ou como apóstolo, ou como profeta, ou como evangelista, ou como pastor, ou como mestre. É isso, essa é a grande verdade! Esse é o ponto essencial! É isso que precisamos entender.
Por não entender isso, temos visto muitos fazerem do ministério um cabide de emprego; outros têm feito do ministério algo particular, algo seu. Satanás tem se utilizado disso para poder denegrir, para poder manchar, macular a dignidade do ministério de acordo com a palavra de Deus. Hoje temos perdido essa afeição pelo ministério porque muitos não têm compreendido o verdadeiro significado do ministério de acordo com a palavra de Deus. O que temos visto é que a igreja moderna transformou-se num negócio, numa empresa. Muitas vezes a função do ministério é de um cargo executivo, alguém que luta para manter-se no mercado. Esta é, talvez, uma das mudanças mais significativas e sérias que estamos atravessando na questão do ministério.
Se você volta para essa décima primeira subida de Moisés ao Monte Sinai, você vê que Deus trata a questão dos levitas, daqueles que estariam servindo na Sua casa, daqueles que estariam cuidando dos assuntos da Sua casa. Em certo sentido, amados irmãos, isso nos leva para o Novo Testamento, e nós vemos a questão do ministério à luz do Novo Testamento. Não somos executivos eclesiásticos, circulando com agendas eletrônicas, telefones celulares, secretárias, auxiliares e assistentes para atender a um volume cada vez maior de reuniões, entrevistas, conferências, aconselhamentos. Hoje, ser ocupado tornou-se um símbolo de status e sucesso, tanto no mundo secular como também no mundo eclesiástico. Ter uma agenda repleta de compromissos é sinal de importância e de competência. Ora, não somos assim; nós que temos o encargo do ministério da palavra não somos assim. Hoje, no mundo secular, para ser competente é preciso estar com a agenda dos próximos meses completamente cheia. Este é um grande sinal, um estigma de um bom profissional no mundo secular.
Infelizmente, nessa busca pelo sucesso, pelo status, não temos tido mais tempo para construirmos amizades verdadeiras e profundas, nem tempo para caminharmos com nossos amigos no discipulado. Não temos tido tempo para poder ouvir a voz de Deus porque estamos tão ocupados com nós mesmos. Vivemos hoje um processo de profissionalização do ministério, o qual vem deixando de ser uma vocação para se tornar uma profissão. Creio que precisamos ser tocados por isso; creio que aqui Deus deseja falar profundamente para nós. Essa motivação que muitos têm tido em relação ao ministério no aspecto secular é uma motivação maligna. Não podemos permitir isso, porque o profissionalismo no ministério nos induz a avaliar o ministério por resultados mensuráveis. Buscamos sempre isso porque traz para nós, através das estatísticas, uma autoafirmação quanto ao sucesso, quanto ao poder. Não podemos permitir isso. Líderes profissionais se encontram constantemente diante do perigo de criarem pequenos reinos para si mesmos. Por que o profissional no ministério necessita de reconhecimento, ser aclamado, ser admirado, ser aceito. Isso não é algo pertinente àqueles que foram chamados por Cristo, àqueles que são cheios do Espírito de Cristo em Suas vidas, para a vocação do santo ministério. Não podemos nos tornar cativos e dependentes deste consumo religioso. Um líder profissional, geralmente, procura estar cercado de admiradores e não de pessoas que desejam receber mais de Cristo em suas vidas. Procura mais pessoas que estejam dependentes emocionalmente dele, porque o poder impede que as amizades, que a comunhão, sejam estabelecidas. E quando um líder cai na armadilha do profissionalismo, ele acaba tornando-se um antiministro da comunhão, da reconciliação, da verdadeira amizade; ele cai no isolamento. E o terrível perigo de tudo isso, desse ministério profissional, é a pessoa não perceber o orgulho do seu próprio coração. Ao invés de reconhecer que é parte de uma comunidade de pessoas que servem, ele fica revestido de uma fantasia de “messias intocável”, sempre correto e justo.
Amados irmãos, a natureza da vocação é essencialmente relacional. Somos chamados para promover a comunhão, pra poder sustentar a comunhão no Espírito, para poder proclamar, para poder expressar o ministério da reconciliação, da amizade, do afeto. Esse chamado envolve mais do que a capacidade de execução de projetos de natureza eclesiástica, ou conversas de vinte minutos em gabinetes. Envolve a arte de penetrar nos lugares secretos da alma humana e trazer para dentro delas a presença divina; conduzir as pessoas a experimentar na oração encontros com Deus. Isso exige tempo.
Essa profissionalização do ministério torna-se algo desumano na nossa vocação, nos faz pessoas desumanas. Somos os mais hipócritas dos homens quando revestimos o ministério de um caráter profissional, porque deixamos de olhar para as pessoas como membros do corpo de Cristo, como a noiva de Cristo, e passamos a vê-las como produtos do nosso comércio particular. Que Deus nos liberte disso, que nessa décima primeira jornada o Senhor venha nos confrontar; o Senhor venha tocar profundamente a nossa vida.
Lembram quando o Senhor Jesus, depois da ressurreição, toma a Pedro e, caminhando com Pedro, diz: “Pedro, tu me amas?” Pedro diz: “Senhor, tu sabes que eu te amo”. Pela segunda vez o Senhor pergunta: “Pedro, tu me amas?” E Pedro diz: “Senhor, tu sabes que eu te amo”. Pela terceira vez o Senhor pergunta para Pedro: “Pedro, tu me amas?” E Pedro responde: “Senhor, tu sabes de todas as coisas”. Aqui podemos ver que:
O Senhor Jesus pergunta para Pedro por três vezes se Ele o amava porque, por três vezes, Pedro o havia negado. E Pedro havia negado o Senhor por três vezes porque Pedro ainda não havia negado a si mesmo.
Outra coisa que vemos aqui é que o Senhor Jesus pergunta para Pedro “Pedro, tu me amas?” porque eram os afetos de Pedro que Cristo queria. Eram os afetos de Pedro por Ele.
Amados irmãos, é isso que tem que tocar o nosso coração. Você que tem o encargo do ministério da palavra precisa olhar para isso. Você precisa ver essa verdade. É isso que Deus está requerendo de você; é isso que Cristo está requerendo de você. É isso que Ele está falando ao seu coração. Não permita que o ministério se torne uma coisa profissional e secular na sua vida. Olhe para Cristo. Ele é o modelo de pastor, de apóstolo, de profeta, de evangelista e mestre. Ele, somente Ele, é o verdadeiro apóstolo. Somente Ele é o verdadeiro profeta; o verdadeiro evangelista, pastor e mestre. E somente Ele poderá expressar-se como apóstolo, profeta, evangelista, pastor e mestre na vida daqueles que Ele chama e vocaciona.
Que Ele prossiga te abençoando e falando à sua vida, mostrando para você o verdadeiro caminho por onde Ele deseja se mover na sua vida para poder, Ele mesmo, alimentar aqueles que estão famintos, aqueles que estão necessitados, aqueles que estão doentes, aqueles que estão desanimados. Somente Cristo, por meio daqueles, os que Ele escolheu, é capaz de realizar essa tão grande obra do ministério. E que ele encontre lugar na minha vida e na sua vida para Ele poder se expressar.
Que Deus lhe abençoe ricamente através desta poderosa palavra.
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