2. A
plenitude do Espírito Santo.
Imediatamente
após o Seu batismo, lemos: “Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e
foi guiado pelo mesmo Espírito, no deserto” (Lc 4.1). O mesmo registro se faz a
respeito dos discípulos no cenáculo, imediatamente após a descida do Espírito:
“Todos ficaram cheios do Espírito Santo” (At 2.4). O assunto tratado nessas
passagens em nada parece diferente daquilo que, em outras passagens das
Escrituras, se chama de receber o Espírito Santo. É uma experiência que pode
ser repetida, e certamente o será, se estivermos vivendo no Espírito. Mas é
claramente uma experiência de alguém que já se converteu. Isso fica evidente na
vida de Paulo. Se, conforme citamos mais para o início deste capítulo, o
recebimento do Espírito está associado sempre e inseparavelmente à conversão,
alguém poderá com razão perguntar por que uma conversão tão marcante e radical
como a do apóstolo aos gentios precisa ser seguida de uma experiência como a
mencionada em Atos 9.17: “Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio
Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas, para que recuperes a vista e
fiques cheio do Espírito Santo”. Parece que temos aqui uma clara indicação para
aquilo que constantemente aparece nas Escrituras, tanto na doutrina como na
experiência, algo divinamente distinto da conversão e posterior a ela,
experiência que temos chamado de receber o Espírito Santo. Podemos chamá-la
também, apropriadamente, de “revestimento de poder”; repare a frequência com
que, em todo o livro de Atos, poderosas obras e poderosos discursos estão
relacionados a essa experiência. “Então, Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Autoridades do povo e anciãos”
(At 4.8) é o prefácio de um dos mais poderosos sermões desse apóstolo. “...todos ficaram cheios do Espírito Santo
e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus” (At 4.31) é um registro
semelhante. “...elegeram Estêvão, homem cheio
de fé e do Espírito Santo” diz a
narrativa da escolha dos diáconos, em Atos 6.5. “Estêvão, cheio do Espírito
Santo” é a tônica desse grande sermão do mártir. Esse enchimento do Espírito
assinala uma decisiva e muito importante crise na vida cristã, é o que
concluímos da história da conversão do apóstolo, a que acabamos de nos referir.
Mas,
como já dissemos, estamos longe de afirmar que essa é uma experiência que
ocorre uma vez para sempre, como parece ser o caso do selo. Assim como as
palavras “regeneração” e “renovação”, quando usadas pelas Escrituras, assinalam
respectivamente a concessão da vida divina como possessão permanente e o seu
aumento por meio de repetidas transmissões, assim quando somos selados
recebemos o Espírito Santo uma vez para sempre, recebimento esse que pode ser
seguido de repetidos enchimentos. É razoável concluir isso, uma vez que nossa
capacidade está sempre aumentando e nossa necessidade sempre de novo aparece,
conforme Godet expõe de forma tão bela: “O homem é um vaso destinado a receber
a Deus, um vaso que precisa ser ampliado na proporção em que se enche, e
precisa ser cheio à medida que se amplia”.
E
mesmo assim confessamos aqui certo grau de incerteza quanto ao uso dos termos,
e se os dois que estamos considerando são exatamente a mesma coisa. Creio que
devemos, por isso, fazer uma pausa e orar, uma vez que “nós não temos recebido
o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que conheçamos o
que por Deus nos foi dado gratuitamente”. Que o bendito Revelador e Intérprete
possa não somente nos revelar nosso privilégio e herança no Espírito Santo, mas
nos ensinar a denominar e distinguir os termos pelos quais essas bênçãos nos
são transmitidas.
Embora
o fato a respeito do qual estamos falando pareça indubitável, a sua explicação
está longe de ser fácil. Por essa razão, não podemos considerar de pouco valor
um consenso de opinião a esse respeito por parte daqueles que têm pensado com
mais cuidado e pesquisado com mais devoção sobre o assunto. Essa é a nossa
justificativa para as inúmeras citações que introduzimos neste capítulo, por
crer que o Espírito Santo provavelmente Se dará a entender por meio daqueles
que mais O honram ao buscar a Sua direção e iluminação.
Numa
recente obra sobre o assunto, na qual se uniram de forma harmoniosa tanto a
erudição quanto o discernimento espiritual, o autor coloca da seguinte forma as
suas conclusões: “Parece-me sem dúvida nenhuma, como assunto de experiência
tanto dos cristãos de nossos dias quanto dos cristãos da igreja primitiva, da
forma que está registrado nos escritos inspirados, que, em adição ao dom do
Espírito recebido na conversão, há uma outra bênção correspondente em seus
sinais e efeitos à bênção recebida pelos apóstolos no dia de Pentecostes — uma
bênção que precisa ser pedida e esperada por aqueles que já são cristãos, e que
pode ser descrita com a linguagem empregada no livro de Atos dos Apóstolos. O
que quer que seja essa bênção, ela é uma direta ligação com o Espírito Santo;
uma experiência que pode ser descrita pela expressão ‘ser cheio do Espírito’.
Assim como aconteceu com os cristãos primitivos, assim também ocorre conosco: o
enchimento ocorre quando há especial necessidade dele... E há uma ocasião em
que essa bênção ocorre pela primeira vez. Essa primeira vez é uma crise
espiritual que se torna referência para toda a sua vida espiritual futura.
Talvez fique a dúvida sobre como chamar essa crise, ou pelo menos qual é o nome
que as Escrituras nos autorizam dar a ela... Quer se esteja consciente disso ou
não, toda a nova vida se deve à vinda do Espírito Santo na alma, com novo
poder; e quanto mais conscientemente se entende isso, mais se encontra o
Espírito Santo em Seu devido lugar em nossos corações. É somente quando Ele é
conscientemente aceito em todo o Seu poder, que se pode dizer que fomos tanto
‘batizados’ como ‘cheios’ com o Espírito Santo. Devo acrescentar que é possível
afirmar que Deus desde o começo ofereceu ao Seu próprio povo uma posição mais
elevada nesse assunto do que eles têm sido capazes de ocupar, pelo fato de que
a plenitude do Espírito foi e é oferecida a cada pessoa na conversão; e que é
unicamente por causa da falta de fé que as subsequentes efusões do Espírito
Santo se tornaram necessárias”[1].
Parece
claro, da exortação encontrada na Epístola aos Efésios, que o enchimento do
Espírito nos pertence como privilégio da aliança, a qual evidentemente se
aplica a todos os cristãos: “E não vos embriagueis com vinho, no qual há
dissolução, mas enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18). O uso passivo do verbo aqui
é muito sugestivo. A vontade rendida, o corpo submisso, o coração esvaziado —
são os grandes requisitos para que Ele entre. E quando Ele vier e encher o
crente, o resultado é uma espécie de atividade passiva, como alguém que foi
moldado e controlado, em vez de alguém que controla suas próprias ações. Sob a
influência de bebida forte, há uma efusão de tudo que o espírito mau inspira —
frivolidade, profanação, e conduta desordenada. “Sejam homens embriagados de
Deus”, diz o apóstolo; “permitam que o Espírito de Deus os controle de tal
forma que vocês transbordem em salmos e hinos e cânticos espirituais”. Se um
entusiasmo divino desses possui seus perigos, cremos que são menos temíveis do
que o moderantismo que torna os servos de Deus satisfeitos com a letra das
Escrituras, desde que essa letra seja manejada com habilidade e de forma
sistemática, em vez de conceder ao Espírito o principal lugar como o inspirador
e o gerador de todo serviço cristão.
3. A
unção do Espírito.
Após
o batismo e a tentação, encontramos nosso Senhor apropriando-Se das palavras do
profeta, conforme Ele as leu na sinagoga de Nazaré: “O Espírito do Senhor está
sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres” (Lc 4.18). Duas vezes,
no livro de Atos, faz-se referência a esse importante acontecimento em termos
similares: “teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste” (At 4.27); “Deus ungiu a
Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder” (At 10.38). E assim como
aconteceu com o Senhor, assim acontece com os Seus discípulos: “Mas aquele que
nos confirma convosco em Cristo e nos ungiu é Deus” (2 Co 1.21).
Aquele
que estuda as Escrituras sabe quão estreitamente relacionada estava a cerimônia
da unção a todos os importantes ofícios e ministérios dos servos de Jeová sob a
antiga aliança. O sacerdote era ungido para que se tornasse santo diante do
Senhor (Lv 8.12). O rei era ungido para que o Espírito do Senhor pudesse
repousar sobre ele em poder (1 Sm 16.15). O profeta era ungido para que pudesse
tornar-se o oráculo de Deus para o povo (1 Rs 19.16). Nenhum servo de Jeová era
considerado preparado para seu ministério sem esse toque santo e santificador
posto sobre ele. Nem mesmo a purificação do leproso ficava sem essa cerimônia.
Requeria-se que o sacerdote imergisse o dedo direito no azeite que estava na
sua mão esquerda, para colocá-lo na ponta da orelha direita, sobre o polegar da
mão direita, e sobre o polegar do pé direito daquele que estava sendo
purificado. O azeite tinha de ser posto “em
cima do sangue da oferta pela culpa” (Lv 14.17). Dessa forma, com divina
exatidão, os tipos prenunciavam a dupla provisão para a vida cristã: a
purificação por meio do sangue e a santificação por meio do azeite —
justificação em Cristo, santificação no Espírito Santo.
Se
agora indagarmos o que é essa unção, com certeza veremos que é o próprio
Espírito Santo. Assim como Ele antes foi o selo, certificando que somos de
Deus, assim agora Ele é o azeite que nos santifica — é o mesmo dom representado
por símbolos diferentes. E assim como foi com Arão, o primeiro ungido
qualificado para ungir a outros, assim ocorre com o nosso grande Sumo
Sacerdote. É Ele, dentro do véu, que concede o Espírito aos que são Seus, para
capacitá-los a serem “raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus” (1 Pe 2.9). “E vós tendes a unção do Santo e
sabeis tudo” (1 Jo 2.20 – RC). Cristo é constantemente chamado, no Novo
Testamento, de “o Santo”. E pelo fato de o Espírito Santo ter sido enviado para
comunicá-lO ao povo, eles são feitos participantes tanto do Seu conhecimento
como da Sua santidade. Se dissermos que essa unção de que João fala é
miraculosa, que se refere à iluminação divina dos evangelistas e profetas que
foram comissionados para serem os veículos das Escrituras inspiradas, temos de
chamar a atenção para outras passagens que associam o conhecimento de Deus com
o Espírito Santo. “Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu
próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as
conhece, senão o Espírito de Deus” (1 Co 2.11). O cavalo e o seu cavaleiro
podem ver a mesma estátua, magnífica obra de escultura posta no parque; um se
delicia com aquele produto do gênio humano, mas aos olhos do outro aquilo não
causa nenhuma impressão. A razão é simples: é necessária uma mente humana para
apreciar a obra da mente humana. Da mesma forma, somente o Espírito de Deus
pode conhecer e fazer conhecidos os pensamentos e ensinamentos e revelações de
Deus. Parece ser esse o significado de João, quando fala sobre a unção divina:
“Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes permanece em vós, e não
tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a
respeito de todas as coisas” (1 Jo 2.27).
Em
nenhum outro aspecto se manifesta mais claramente o revestimento do Espírito do
que no magnífico discernimento da verdade revelada que ele transmite. Assim
como no serviço é fácil discernir a diferença entre trabalhar no poder do
Espírito e trabalhar na energia da carne, mais claramente se vê, no
conhecimento e no ensino, a diferença entre o esforço para aprender e a intuição[2]
do Espírito. Embora não devamos desvalorizar o primeiro, é importante notar
como a Bíblia coloca maior ênfase no último; de forma que o ouvinte
não-espiritual é considerado menos censurável por não discernir a verdade do
que o pregador que, confiando no próprio intelecto, espera que isso aconteça.
Quando, por exemplo, alguém tenta convencer, com os melhores argumentos, um
descrente a respeito da divindade de Cristo — e fracassa em seus esforços — a
palavra das Escrituras para ele é: “ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão
pelo Espírito Santo” (1 Co 12.3).
Somente
o Espírito de Jesus pode revelar aos homens o senhorio de Jesus, e a chave
desse conhecimento o Espírito Santo não colocará jamais na mão de nenhum homem,
por mais instruído que seja. Assim como está escrito que Cristo é “o
resplendor” (o cintilar, o refulgir) da glória do Pai, e “a expressa imagem da
sua pessoa” (Hb 1.3 - RC), por meio dessa bela figura nos lembrando que assim
como somente podemos ver o sol por meio dos seus raios, dessa forma nós somente
podemos conhecer a Deus em
Jesus Cristo, o qual é a manifestação de Deus. Assim também é
com respeito à segunda e à terceira Pessoas da Trindade. Cristo é a imagem do
Deus invisível; o Espírito Santo é a imagem invisível de Cristo. Assim como
Jesus manifestou o Pai visivelmente, o Espírito manifesta Jesus interiormente,
de forma invisível, formando-O em nós como o homem oculto do coração,
imprimindo a Sua imagem no espírito, impressão essa que nenhuma instrução
intelectual, por mais diligente que seja, pode operar.
Em
suas profundas palavras a respeito da “unção” e da iluminação que a acompanha,
João estava meramente expondo pelo Espírito aquilo que Jesus tinha dito antes
da Sua partida: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a
toda a verdade;... Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e
vo-lo há de anunciar” (Jo 16.13,14). “O Espírito da verdade” — Quanta instrução
contém essa expressão, e quão sugestiva ela é! Assim como Ele é chamado “o
Espírito de Cristo”, como quem revela Cristo em Seu sofrimento e glória, assim
Ele é chamado “o Espírito da verdade”, como quem manifesta a verdade em todas
as suas profundezas e alturas. Da mesma forma que é impossível conhecermos a
pessoa de Cristo sem que o Espírito de Cristo no-lO revele, assim é impossível
que conheçamos a verdade como ela é em Jesus sem o Espírito da verdade que foi
designado para transmiti-la. “...o Espírito da verdade, que o mundo não pode
receber” (Jo 15.26) — É somente Ele que pode nos ensinar a clamar como
verdadeiros filhos: “Abba, Pai”. “...o Espírito da verdade, ele vos guiará a
toda a verdade” (Jo 16.13). Conhecer a Deus depende total e completamente do
Seu poder de comunicá-lo a nós, e sem a Sua iluminação isso estará totalmente
fora da nossa percepção.
Dessa
forma, vimos o revestimento do Espírito apresentado sob três aspectos: o selo,
o enchimento e a unção. Todos esses termos, até onde podemos compreendê-los,
significam a mesma coisa — o dom do Espírito Santo, apropriado por meio da fé.
Cada um desses termos está ligado a algum revestimento especial — o selo, com
segurança e consagração; o enchimento, com poder; e a unção, com conhecimento.
Todos esses dons estão envolvidos naquele dom em que estão todos incluídos, e
sem o qual não possuímos nenhum deles.
Embora
concluamos, dessa forma, que é privilégio e dever do cristão clamar por uma
unção específica do Espírito para capacitá-lo para o seu serviço, queremos ser
cautelosos para não prescrever nenhuma fórmula estereotipada para ser seguida a
fim de possuir essa unção. Não é difícil mencionar casos de experiências
claras, vívidas e marcantes do revestimento do Espírito Santo, como na vida do
Dr. Finney, de James Brainard Taylor, e muitos outros. E em vez de desacreditar
dessas experiências, que foram comprovadas pelos contemporâneos desses homens,
que também viram seus efeitos, pedimos ao leitor que estude esses casos, e
observe os extraordinários efeitos que se fizeram acompanhar no ministério
desses que provaram essa bênção. A vida de muitos dos colaboradores de Wesley e
Whitefield confirmam de forma evidente a doutrina que estamos defendendo. Não
são poucos os grandes homens de Deus que, depois de reconhecerem o Espírito
Santo e O receberem, viram anos de ministério árido e estéril, nos quais o
Evangelho foi pregado com ortodoxia e retoques literários, serem seguidos por
pastorados dos mais fervorosos e frutíferos que se conhecem.
Não
permitamos que esse importante assunto se complique por meio de pequenas
definições teológicas, por um lado, nem por outro lado pela extrema exigência
por experiências espirituais impressionantes. Se não cuidarmos, colocaremos
sobre as almas simples um fardo maior do que podem carregar. No entanto, jamais
conseguiremos dar relevo suficiente à crise divina que ocorre na alma em
decorrência da plenitude do Espírito Santo. “...meus filhos, por quem, de novo,
sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós” (Gl 4.19), escreve o
apóstolo àqueles que já tinham crido no Filho de Deus. O que quer que seja que
ele queria dizer nessa calorosa expressão, não duvidamos que o mais profundo
anseio do Espírito diz respeito à formação de Cristo no coração, para que
ocorra a conformação exterior com Cristo, que é o principal alvo da educação
cristã. Se nossa concepção da vida cristã é meramente um crescimento gradual na
graça, não existe o perigo de que cheguemos a considerar esse crescimento tanto
invisível como inevitável, e assim assumir pouca responsabilidade para que ele
ocorra? Que o crente receba o Espírito Santo por meio de um definido ato de fé
para sua consagração, assim como recebeu a Cristo pela fé para sua
justificação. Não dará isso a ele a certeza de que está agindo de forma
seguramente bíblica? Não conhecemos nenhuma outra forma de expor o assunto de
forma tão clara como quando dizemos que é necessário aceitar pela fé, a fé que
é
Uma
afirmação e um ato,
Que torna a verdade eterna em presente fato.
É
um fato que Cristo fez propiciação pelo pecado; na conversão, a fé se apropria
desse fato, para nossa justificação. É um fato que o Espírito Santo foi dado;
na consagração, a fé se apropria desse fato para nossa santificação. Um
escritor diz, a esse respeito, com erudição evidentemente iluminada por uma
profunda percepção espiritual: “Se posso mencionar uma experiência pessoal,
quero aqui ‘dar meu aval’. Não muito depois da primeira vez que me apropriei de
forma específica da visão do Senhor crucificado como o sacrifício pela paz do
pecador, tive a experiência de maior compreensão e de mais conscientemente me
confiar à viva e graciosa pessoa do Espírito, por meio de cuja misericórdia eu
tinha recebido a visão de Cristo como meu Salvador. Jamais esquecerei como veio
sobre minha alma uma maior consciência de fé e paz, nessa segunda experiência.
Foi um novo aumento da compreensão do amor de Deus. Foi como um novo contato com os internos e eternos movimentos da
bondade e do poder, uma nova descoberta dos recursos de Deus”[3].
Nossa
doutrina está bem descrita nestas palavras em itálico: “Um contato com os internos e eternos movimentos do poder de Deus”.
A apropriação da energia do Espírito, assim como o bonde elétrico se conecta
com a corrente que está acima dele no cabo elétrico e recebe poder dele — dessa
forma o poder que é eternamente nosso torna-se poder dentro de nós; a lei do
Sinai, com suas tábuas de pedra, é substituída pela “lei do Espírito da vida”
nas tábuas de carne do coração; o mandamento externo é mudado em um decálogo
interno; deveres pesados, em santo prazer, para que daqui em diante a vida
cristã possa ser “tudo em Cristo, pelo Espírito Santo, para a glória de Deus”.
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