terça-feira, 17 de janeiro de 2012

CONTINUAÇÃO DO ESTUDO DA ESPÍSTOLA AOS HEBREUS


Indiferença – 5ª exortação

Hb 12:14-29.

A última passagem exortativa está em Hb 12:14-29. Precisamos atentar para “os pecados envolvidos” em cada exortação. Com relação à exortação, o pecado envolvido é a “Negligência”. Com relação à exortação o pecado envolvido é a “Incredulidade”. Com relação à exortação o pecado envolvido é a “Apostasia”. Com relação à exortação o pecado envolvido é o “Pecado voluntário ou deliberado”. E com relação à 5ª exortação o pecado envolvido é a “Indiferença”.

Prestemos atenção ao “progresso” do pecado. O primeiro passo é “Negligenciar” – não dar atenção, não ter cuidado, não ser um ouvinte atento. Quando nós negligenciamos, o próximo passo é a “Incredulidade” – coração impermeável, duro, incapaz de receber a Palavra de Deus. Se não tomarmos cuidado com isso o assunto vai piorar: “vos afaste do Deus vivo. Então o terceiro passo tem a ver com a “Apostasia”. Significa abandono em relação a um estado anterior. Nós estávamos andando no caminho e agora nos colocamos à margem do caminho. Esse é o significado da palavra “caíram” de Hb 6:6: “pôr-se à margem do caminho”. Isso é apostatar! E isso é um perigo nos nossos dias. O quarto passo é algo ainda pior. Depois que nos colocamos à margem do caminho, poderemos viver uma vida de “pecado voluntário ou deliberado”. Voltamos a amar o pecado, desejar pecar, andar no pecado. Esse é o pecado voluntário ou deliberado. Há ainda algo pior que isso? Há! O quinto passo toca o assunto da “Indiferença”. E este é o “estado final” – a Indiferença. Indiferentes à Palavra, à reunião dos santos, ao Senhor, ao Reino de Deus, indiferença! O exemplo citado neste quinto passo é o de “Esaú”, um terrível exemplo. Veja o que Hb 12:16 nos diz:

“nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura.”

Por ser Esaú um indiferente, vendeu o seu direito de primogenitura. Esse foi o seu pecado. Sua indiferença.

No último estudo nós partilhamos até o verso 13 de Hebreus 12, a respeito da figura adicional dento do livro. Essa figura adicional vem complementar as outras duas figuras que se referem ao Senhor Jesus. Então o livro de Hebreus apresenta, acima de tudo, o nosso Senhor Jesus como o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão.

O cap. 12 de Hebreus vem mostra essa figura adicional que se refere não propriamente ao Senhor Jesus, mas sim ao Pai. Então a partir do verso 4 mostra que esse Pai do Filho glorioso, que foi feito nosso Apóstolo, nosso Sumo Sacerdote, nos trata como a filhos, que foram feitos filhos no Filho, Filho do seu amor, nós fomos tornados filhos. Agora este mesmo Pai, do Filho (singular), administra “disciplina” sobre nós, os filhos (plural) para que nós possamos ser conduzidos, de glória em glória, até a Sua própria imagem. Como nos diz Hb 2:10:

“Porque convinha que aquele, (o Pai) por cuja causa e por quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória...”

Então nós vimos que este propósito é atingido mediante a “disciplina de Deus”. Por isso o texto que partilhamos, que está em Hb 12:10 diz assim:

“... Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, (aprovação) a fim de sermos participantes da sua santidade.”

Isso fala do caráter do Pai formado nos filhos. Como é importante este tema que encerra a carta aos Hebreus. Depois de mostrar que o Senhor Jesus é o pioneiro da nossa Salvação, precursor da nossa Salvação, aquele nosso representante diante de Deus que vive para interceder por nós. Garantia segura que nós estaremos face a face com Ele. E como “âncora da alma” Ele já está além do véu.

Então o livro de Hebreus termina com algumas exortações no cap. 13 mostrando que devemos fazer uma coisa muito necessária para que nós possamos correr a carreira cristã sem peso, além de, obviamente, estarmos com os nossos olhos fixos naquele que é o Autor da nossa fé.

No cap. 12 de hebreus há duas referências muito interessantes para que nós saibamos aproveitar, reter a graça de Deus, correr esta carreira sem peso. Então veja Hb 12:15:

atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus;”

Depois de fazer a exortação no verso 14, que fala de caráter, concordando com o que já vimos em Hb 12:10a fim de sermos participantes da sua santidade”, que é o Seu caráter, Sua pessoa. Que está tratando Seus filhos com disciplina para participarem de Sua Santidade porque sem Santidade ninguém verá o Senhor. Veja que os temas estão ligados. Então ele diz: “atentando, diligentemente”. Aqui faz conexão com o verso 14. Como podemos seguir a Paz e a Santificação? Tendo atenção, sendo diligente, tendo cuidado. Ele continua: “ninguém seja faltoso”. Em que sentido? Como ser faltoso? “separando-se da graça de Deus”.

A carta aos Hebreus coloca-nos diante de uma visão tão elevada do Senhor Jesus. Então a “graça” é sempre fundamento, base. Se nós temos uma “carreira” para correr é pela graça. Se nós temos uma “Paz” para perseguir é pala graça. Se nós temos uma “Santificação” pra alcançar é pela graça. Não é uma santificação por obras. É claro que há sim, necessidade de compromisso nosso, resposta nossa, passos nossos. Há uma necessidade de co-operarmos, co-respondermos ao Senhor. Mas a “base” é sempre a graça. Veja Hb 12:28:

“Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo a agradá-lo, com reverência e santo temor”

O falar é de Deus. A iniciativa é de Deus. Mas não há problema quanto a isso. Há problema quanto a nossa resposta. Então cabem bem as exortações pra nós.

Agora vejamos o verso 16:

“nem haja algum impuro ou profano, como foi Esaú, o qual, por um repasto, vendeu o seu direito de primogenitura”.

Por ser Esaú um indiferente, vendeu o seu direito de primogenitura. Veja em Gn 25:32 o

que ele disse para si mesmo sobre o seu direito de primogenitura:

“Estou a ponto de morrer; de que me aproveitará o direito de primogenitura?”

Esse foi o seu pecado. Sua indiferença. Quando o nosso coração está envolvido com uma “crosta” tão grande que nos tornamos incapazes de responder a Deus, Sua Palavra, Seu Espírito. Esse é o pecado da Indiferença.

Sabe o que foi mais terrível na vida de Esaú? Ele não considerou o mais precioso de Deus. O que era o mais precioso de Deus? O direito de Primogenitura. Todo primogênito era possessão do Senhor. Veja o que diz: Êx 13:2:

“Consagra-me todo primogênito

Veja também Nm 3:13 :

“Porque todo primogênito é meu

Do que nos fala o direito de primogenitura? Fala do Primogênito. Cristo é o primogênito entre muitos irmãos. O primogênito recebia uma benção dobrada. Ele era o herdeiro. O direito de primogenitura no contexto de Hebreus fala de sermos “companheiros de Cristo”. Sermos transformados de glória em glória na Sua própria imagem. Isso é primogenitura. É deixarmos aquilo que possa ocupar nossa atenção e sermos ocupados com Cristo, para que Cristo seja formado em nós. Esse é o direito de primogenitura do Novo Testamento. Sermos irmãos do primogênito, parecidos com Ele. Filhos nos quais o caráter do Filho está sendo formado. Então no Velho Testamento temos este exemplo de Esaú. O que ele fez com o direito de primogenitura? O vendeu. E vendeu em troca do que? Um repasto ou prato de lentilhas. Veja Gn 25:29:

“Tinha Jacó feito um cozinhado, quando, esmorecido, veio do campo Esaú”

Jacó de maneira muito esperta fez o cozinhado. E quando Esaú chega sente aquele cheiro e Jacó diz que não vai dar para ele se não desse algo em troca. O que Jacó queria? O direito de primogenitura. Era o que Jacó almejava. O ardiloso Jacó foi buscar abtê-lo de uma forma complicada. Então quando Esaú sente o cheiro Jacó propõe a troca com ele. Agora veja a expressão que Esaú usa referindo-se ao direito de primogenitura. Veja Gn 25:32:

“Estou a ponto de morrer; de que me aproveitará o direito de primogenitura?”

Noutras palavras: “de que me vale”. Essa foi uma frase terrível. De que me vale o meu direito de primogenitura se estou agora morrendo de fome. Percebe porque aqui no verso 16 de Hebreus 12 ele é chamado de “profano”. Qual é o significado dessa palavra “profano”? É aquele que considera o santo como comum. É aquele que considera o sagrado como vil. Como uma coisa de qualquer valor. Coisa comum. Foi isso o que Esaú fez. E o que aconteceu com ele? Não achou lugar de arrependimento na mente de Isaque seu pai. Ele se arrependeu. Mas na mente de seu pai não encontrou arrependimento. Porque Isaque já tinha liberado a benção para Jacó.

O Senhor também já nos deu um elevado chamamento em Cristo. Mas se nós agirmos como Esaú, “profano”, dizendo: “de que me vale” a minha primogenitura se agora eu preciso de... Preciso de... Preciso de... E esse alvo, e essa meta, e esse sonho, essa ambição, esse desejo etc.

Esaú era o primogênito de Isaque. E possuía por nascimento o direito de primogenitura. Mas ele perdeu o seu direito “voluntariamente” e “propositalmente”. Esaú tinha um coração “dividido”. Um coração dividido nos faz considerar a Palavra de Deus, as promessas de Deus, a herança de Deus, o reino de Deus, que são santos como algo comum, algo simples. Que podem ser trocados por qualquer coisa. Foi isso que Esaú fez. Indiferente às coisas celestiais. Qual é o prato do mundo que tem nos atraído? Que temos desejado? Percebe o quanto é sério essa exortação para nós? Por isso esta Epístola tem um tom tão grave nas suas exortações.

Sabe como o direito de primogenitura é citada neste cap. 12 de Hebreus? Está no verso 28, veja:

“... recebendo nós um reino inabalável...”

Essa é a nossa primogenitura citada aqui. Nós recebemos um “reino inabalável”. Então retenhamos a graça pela qual nós devamos servir a Deus de modo a “agradá-lo”. Então se essa não for a nossa motivação aqui nós trocaremos o nosso direito de primogenitura por aquilo que é: menor, comum, vil. E nós não seremos “companheiros de Cristo”. Nós não seremos “noiva de Cristo”. Se nós não respondermos ao Senhor, se nós não acolhermos sua Palavra, se nós na medida da luz que temos não respondermos a luz que temos o Senhor nos “porá de lado” no que concerne a sermos “companheiros de Cristo”. Ele não nos porá de lado nos enviando pro inferno. Porque Ele já nos deu a vida eterna. E ninguém nos arrebatará da Sua mão. Mas isso é um assunto. O assunto de sermos companheiros de Cristo e noiva de Cristo é outro assunto. O horário de Deus não é apenas “cronológico”. O horário é também “espiritual”. Quanto é requerido de nós. Que o Senhor definitivamente nos acorde para isso. Que sejamos despertados para que não nos encontremos no estado de Esaú. Indiferente.

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