terça-feira, 17 de janeiro de 2012

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 130

25ª Estação – Mítica (parte 5)

TEXTOS: Nm 19:1-9; 1 Jo 1:7,10; 2:1,2; Rm 6:5; Ef 2:1-7

Vamos estudar hoje o capítulo 19 do livro de Números, onde estão os textos relacionados a essa 25ª estação – Mítica. Veremos aqui a nossa posição em Cristo mediante a Sua obra na cruz, aquilo que Ele realizou e alcançou por nós.

O SACRIFÍCIO DA NOVILHA RUIVA: o alcance da obra de Cristo para cobrir os problemas com os pecados que se possam apresentar na nossa vida futura

Mesmo sendo pessoas salvas por Cristo, ainda cometemos e podemos cometer pecados. Mas, graças a Deus, nós temos uma posição em Cristo. E essa é uma posição de vitória baseada na obra que o Senhor Jesus Cristo realizou lá na cruz do Calvário. Precisamos notar que Deus está aqui provendo o devido tratamento para Seu povo quando eles pecarem. É justamente isso que vemos em Números 19. Amados, sabemos que temos da parte de Cristo, na Sua obra perfeita, o perdão eterno. E o perdão está relacionado a tudo o que nós fizemos. Mas, no dia-a-dia, erramos, falhamos... E como é que Deus trata com as nossas falhas, com as imundícies, com o que cometemos muitas vezes, por distração, por falha, por negligência, por leviandade, por ter esse caráter vulnerável, por causa desse corpo de corrupção que temos? Como Deus trata com tudo isso? Esse é o ponto fundamental que vamos estudar aqui. Em Números 19 vemos que esse sacrifício que Deus nos revela era para quando houvesse qualquer contaminação. Foi feito para tratar com as imundícies do povo da peregrinação.

Uma coisa interessante em relação a esse sacrifício da novilha ruiva, é que Deus está nos mostrando o alcance completo da obra do Senhor Jesus lá na cruz do Calvário para nós hoje. Mesmo depois de sermos perdoados, ainda poderemos pecar. E é nesse aspecto que nós temos que entender o significado do sacrifício aqui da novilha vermelha. Há um texto em 1 João 2:1 que diz assim:

1 Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo”.

Preste atenção nesses textos. Estamos vendo a questão do sacrifício futuro para o povo de Deus. É o que vamos ver aqui, é o que Deus está fazendo em Números 19. Mas, mesmo olhando para isso, para esse sacrifício, não temos o direito de viver de uma forma descuidada. Olhando aqui para esse texto de 1 João 2:1, vemos que ele não permite que vivamos uma vida leviana, descuidada, uma vida de pecado. Mesmo tendo essa promessa, não temos nós esse direito. Um cristão salvo em Cristo, e que vive a vida cristã adequada, não tem o prazer no pecado. O pecado não é a sua vida. Cristo é a sua vida. E antes de analisarmos esse versículo primeiro, vamos ler os versículos anteriores, em 1 João 1, para entendermos o que o Espírito Santo está nos dizendo.

Veja, por exemplo, o versículo 10:

Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.

Ainda o versículo 7:

Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.

Meus irmãos e irmãs, o sangue de Cristo nos mostra dois aspectos: o perdão e a purificação. Lá na cruz nós fomos perdoados pelo sangue de Cristo Jesus para sempre. Mas, agora, na nossa vida diária, dia após dia quando falhamos, quando erramos, nós necessitamos da purificação pelo sangue. 1 Jo 2:2 diz assim:

e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro”.

Quero que você note a palavra propiciação, no Novo Testamento, porque essa palavra no NT é a mesma palavra no hebraico, no Antigo Testamento, para expiação. Essas palavras são sinônimas. Amados, na prática isso significa que a obra do Senhor Jesus é suficiente para perdoar, limpar os pecados e nos libertar do poder do pecado. Quero que você entenda que tudo isso não é válido apenas com relação ao passado, mas também a toda a nossa vida futura. Tem um alcance futuro no nosso viver. Note que aqui João diz:

Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis (1Jo 2:1).

Veja que ele está dizendo que, na eventualidade de pecarmos, há uma provisão em Cristo para nos limpar desses pecados. Estamos ainda nesse corpo corruptível e por isso estamos ainda sujeitos ao pecado. Quando você estuda essas peregrinações do povo de Israel pelo deserto você nota que Deus já havia tirado o Seu povo do Egito – que é uma figura do mundo. Espiritualmente falando, trata-se da nossa libertação do mundo. E que há todo o processo pelo qual o povo de Israel vai passar até chegar ao monte Sinai, a 12ª estação. Nós vemos que todas essas estações focam os primeiros passos da vida cristã. Veja que lá no Egito, quando eles estavam em Ramessés, tiveram que comer o pão sem fermento, que significa abandonar o pecado. Depois, eles sacrificaram o cordeiro, colocaram o sangue nos umbrais das portas das suas casas e lá dentro comeram a carne, que fala da nossa união com Cristo na sua morte (Rm 6:5). Então, vemos que tudo isso aponta para os efeitos subjetivos do sangue e da cruz em nossa vida cristã.

Mas, agora, amados irmãos e irmãs, em Números 19 há uma revelação acerca do alcance da obra de Cristo para cobrir os problemas com os pecados que se possam apresentar na nossa vida futura. E é por isso que em Números 19 nós vamos ver essa questão da novilha vermelha. É curioso (e quero que você note isso) que Deus exige que seja uma novilha vermelha. Estudando esses sacrifícios no Pentateuco, especialmente em Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio, você sempre vai ver que os animais que Deus exige para os sacrifícios às vezes eram um novilho, um cordeiro, um bode – todos machos. Mas nesse sacrifício específico de Números 19, Deus pede uma novilha vermelha. Deus sempre vai pedir um animal macho. Mas aqui temos uma fêmea. O que isso tem a ver com Cristo? O que isso tem a ver com a obra da cruz? Sabemos que se trata de uma figura de Cristo, e isso nos mostra dois aspectos da obra de Cristo na cruz: o objetivo e o subjetivo. Tudo o que Ele cumpriu fora de nós, isto é, diante de Deus e da Sua justiça, é o sacrifício no aspecto objetivo. Mas a experiência daquilo que Ele faz em nós é subjetivo. O masculino representa o aspecto objetivo, e o feminino o aspecto subjetivo.

Então, além desse detalhe, há um que nós temos que notar. Quero que você veja que Deus diz a Moisés e a Arão que o povo trouxesse essa novilha, que representa Cristo, mas quem deveria realizar esse ritual era Eleazar e não Arão. O sumo sacerdote era Arão. Ele é quem tinha que realizar esse sacrifício. Números 19:3 diz assim:

“Entregá-la-eis a Eleazar, o sacerdote; este a tirará para fora do arraial, e será imolada diante dele”.

Aqui há algo muito especial, porque o sacrifício não é feito por Arão, e sim por Eleazar. Por quê? Vemos aqui justamente a questão do tratamento em relação aos nossos pecados no futuro. Esse sacrifício está falando do futuro. Deus está fazendo aqui a provisão, lembrando-nos que o nosso futuro está fundamentado em Sua graça. Nós precisamos estar seguros disso. Você sabe que Eleazar foi aquele que Deus escolheu para suceder Arão no sacerdócio. E Eleazar aqui está representando o futuro. Arão está representando a necessidade presente, a realidade presente, mas Eleazar está representando o futuro. Meus amados irmãos e irmãs, Deus sabia claramente que mesmo depois de recebermos a salvação do Seu amado Filho Jesus lá na cruz do Calvário, nos sobreviriam muitas impurezas, muitos pecados, erros e falhas. Então, o que Ele fez? Ele fez justamente o que nós vemos aqui em Mítica, no capítulo 19 de Números. Ele proveu através da morte do Seu Filho Jesus, através daquilo que Cristo cumpriu, essa maravilhosa promessa do sangue de Cristo Jesus para tratar com nossos pecados futuros. Haveria muitas impurezas e nós necessitaríamos ser limpos para obtermos comunhão com Deus. E o que Ele proveu? Deus proveu esse aspecto distinto, específico, da obra da cruz para tratar com as nossas vidas, com os nossos pecados.

Meus amados irmãos e irmãs, na epístola aos Romanos a ênfase, no que diz respeito à obra da nossa salvação, é a questão dos pecados e do pecado. E quando você estuda a salvação em Romanos, vê que de acordo com esse livro ela está fundamentada na justiça de Deus. A palavra justiça ocorre 29 vezes nessa epístola. E a salvação nessa epístola trata da libertação do poder do pecado. Mas, na epístola aos Efésios, vemos a questão da vida em relação à salvação, do dispensar da vida. Em Efésios o apóstolo Paulo diz que fomos vivificados juntamente com Cristo (Ef 2:1). Em Efésios vemos que estávamos no reino de satanás – ou por que não dizer em três reinos: o curso deste mundo, que é o sistema que nos dominava; a potestade do ar, a atmosfera maligna ao redor da Terra onde satanás exercia o seu governo sobre nós; e também as inclinações da nossa carne, que são os desejos governados na nossa mente. Então, aqui nós vemos três reinos: reino do mundo, reino da carne e reino das trevas. O mundo está fora de nós, as potestades estão acima de nós, e as inclinações da carne em nós. Na prática, essa era a condição da nossa natureza, segundo a nossa natureza caída, segundo a nossa vida em Adão. Estávamos mortos em ofensas e pecados. Ainda assim, vivíamos uma vida sob a perspectiva do mundo, governados pela potestade do ar e também pela nossa própria carne. Mas quando estudamos Efésios, nesse capítulo dois, a partir do verso primeiro, vemos a nossa salvação. E essa salvação é uma questão de vida.

Em Romanos vemos que a salvação é uma questão da justiça de Deus, e essa justiça concedeu-nos o direito de sermos aceitos por Deus. Na epístola aos Efésios nós vemos a salvação numa questão de posição elevada. Fomos colocados acima do mundo, dos poderes do diabo e também do pecado e da carne. É essa uma salvação que nós temos agora. E para vivermos essa salvação nós necessitamos de uma vida purificada pelo sangue de Cristo Jesus. Para vivermos nessa esfera, nessa posição, é necessário que o sangue de Cristo Jesus esteja agindo momento após momento na nossa vida, de acordo com a necessidade que temos. Que coisa mais impressionante nós podemos encontrar aqui!

Que Deus prossiga abrindo o seu entendimento, revelando, verdadeiramente, o significado dessa experiência com o sangue de Cristo Jesus fazendo provisão dia a dia para o seu viver. Que Deus fale de uma forma poderosa, de uma forma clara, ao seu coração, mostrando a eficácia do sangue de Cristo Jesus – não apenas objetivamente, isto é, naquilo que Ele mesmo cumpriu, mas também naquilo que Ele está fazendo, subjetivamente, que é a questão da experiência. Por isso nós temos aqui uma novilha vermelha, esse aspecto distinto e maravilhoso, específico, o sacrifício específico que nós encontramos aqui em Números 19.

Ainda quero que você leia Números 19:4, que diz assim:

Eleazar, o sacerdote, tomará do sangue com o dedo e dele aspergirá para a frente da tenda da congregação sete vezes”.

Veja a expressão: sete vezes. O número 7 é o número da completação, da perfeição, da suficiência. Espiritualmente falando isso indica que o sacrifício de Cristo é suficiente para prover a nossa purificação. Depois, o versículo 9 diz assim:

Um homem limpo ajuntará a cinza da novilha e a depositará fora do arraial, num lugar limpo, e será ela guardada para a congregação dos filhos de Israel, para a água purificadora; é oferta pelo pecado”.

Veja que as cinzas serão guardadas pelo povo de Israel para serem usadas na preparação da água que faz a purificação dos pecados. A cinza misturada com água tem um grande significado, porque a cinza é o último elemento incorruptível da matéria. Uma coisa pode decompor-se em outra coisa, em outra coisa e depois em outra coisa. Mas quando chega à cinza, ela é permanente, é o último estágio. A cinza aqui quer dizer que esse sacrifício é permanente, para qualquer eventualidade futura, qualquer imundície futura, qualquer contaminação futura que o povo de Deus possa sofrer.

Irmãos e irmãs, que essa verdade possa falar profundamente no nosso coração. Que Deus venha mostrar o significado prático de tudo isso que Cristo cumpriu para nós lá na cruz do Calvário. Que na revelação desse capítulo, daquilo que o Espírito Santo está ministrando a nós, você possa sentir-se seguro, guardado; você possa descansar no sangue de Cristo Jesus, ter a certeza de que Ele não apenas proveu para você a libertação, mas também a purificação. Por isso nós necessitamos confessar os nossos pecados. Se cometermos pecados, temos que confessá-los, e o sangue de Cristo Jesus nos purifica de toda iniquidade.

Que Deus possa falar ao seu coração.

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