terça-feira, 17 de janeiro de 2012

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 133

Por: Luiz Fontes

25ª Estação – Mítica (parte 7)

TEXTOS: Nm 19:1-6; Hb 4:14-16; Hb 7:15; Ex 28:9-12; 15-30; Hb 6:17-20; Ex 25:17-21; Dn 7:9; Ap 4:2; 5:1; 22:1-2; Lc 15:20-24

Vamos avançar dando mais um passo no estudo desse assunto maravilhoso que encontramos aqui em Números 19. Vamos estudar agora sobre o que Cristo está fazendo por nós.

Considerando que nossa condição era uma condição imperfeita, que nosso andar é imperfeito, considerando também que nossa comunhão é suscetível a ser interrompida, necessitamos de Cristo Jesus em Seu atual ofício como o nosso Sumo Sacerdote diante do Pai, nos céus. Nos céus, hoje, Ele exerce Seu ministério por nós. Nosso Senhor vive à destra do Pai por nós. Em Seu ministério incessante diante de Deus por nós Ele não para um só momento. Por causa da morte expiatória consumada na cruz Ele penetrou os céus e, ali, exerce continuadamente Sua perfeita obra de interceder pela Sua Igreja, pelo Seu povo. Ele está nesse exato momento como a nossa justiça, permanente diante do Pai, a fim de manter-nos sempre numa posição espiritual íntegra, na qual podemos estar em perfeita harmonia, em perfeita relação, perfeita comunhão com Deus.

Hebreus 7:15 diz assim:

15 E isto é ainda muito mais evidente, quando, à semelhança de Melquisedeque, se levanta outro sacerdote”.

A frase muito mais, no grego, é perissoteron e significa o que excede em número, medida, posição, abundantemente, supremamente; preeminência, superioridade, mais extraordinário, mais excelente. É tudo isso o que essa palavra significa. Então, como foi que Cristo foi constituído a fim de ser nosso Sumo Sacerdote? Pela infinita graça de Deus nós temos a oportunidade de continuar avançando nesse estudo de Mítica. Somente pelo Senhor. E hoje quero falar sobre a imutabilidade do propósito de Deus. Estamos estudando os textos relativos a esta estação, em Números 19, mas agora com luz em Hebreus. Considerando a Epístola aos Hebreus, nós vamos ter uma visão clara. Primeiro vimos o que Cristo fez por nós. E agora, estudaremos sobre a imutabilidade do propósito de Deus, Isso está dentro do assunto que vínhamos estudando, sobre o que Cristo está fazendo hoje por nós. Sabemos que Ele foi à cruz e realizou uma obra que é para sempre. Ali Ele perdoou nossos pecados para sempre. Diante do Pai Ele exerceu Sua justiça. Ali, diante do Pai, Ele realizou uma obra perfeita, gloriosa, incontestável – a questão do perdão dos nossos pecados, da nossa justificação, uma obra eterna. Foi o que Ele fez por nós, livrando-nos eternamente da condenação do inferno. Mas o que é que Cristo está fazendo por nós? É isso que Números 19 nos mostra. É isso o que temos que entender sobre a novilha ruiva. Ao estudar esse assunto, temos uma visão clara. E tendo já estudado uma parte desse assunto, sobre o que Cristo está fazendo hoje por nós, diante do Pai, como nosso Sumo Sacerdote, vamos dar continuidade a partir aqui de Hebreus, sobre a imutabilidade do propósito de Deus.

Hebreus 4:14-16:

14 Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão. 15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. 16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.”

Aqui nós estamos vendo Cristo como nosso Sumo Sacerdote. A principal função do nosso Sumo Sacerdote hoje não é nem no Altar, nem no Lugar Santo, mas no Lugar Santíssimo, onde está a presença e a glória de Deus, onde está o trono de Deus. O que Cristo está fazendo no lugar santíssimo da presença do Pai? Ele está ministrando o Pai para dentro de nós. Isso tem que nos impressionar, causar espanto no nosso coração, ao vermos essa profunda verdade sendo revelada para nós.

A principal função do Sumo Sacerdote era ministrar Deus ao povo. Agora, Cristo está ministrando Deus a nós. No Antigo Testamento, quando o Sumo Sacerdote ia até o Lugar Santíssimo, ele levava em seus ombros duas pedras de ônix, nas quais estavam gravados os nomes dos filhos de Israel. Em Êxodo 28:9-12, é justamente isso que vemos. Ele também usava um peitoral no qual estavam doze pedras preciosas com os nomes dos filhos de Israel. Todas elas gravadas naquele peitoral que ele levava. Em Êxodo 28:15-30 podemos ver isso. Meus irmãos, há algo muito significativo em tudo isso. Significa que o povo de Deus estava sobre os ombros e no peito do sumo sacerdote. Ombro significa força e peito significa amor. Aos olhos de Deus, quando o sumo sacerdote estava no Santíssimo Lugar todo o povo de Israel estava lá com ele. Quando Deus olha para Cristo, nosso Sumo Sacerdote, junto do Seu trono, Ele nos vê em Seus ombros e no Seu peito. Sua força e Seu amor nos sustentam diante do Pai. Quando Deus olha para Cristo, é isso que Ele vê. Quando Cristo, nosso Sumo Sacerdote, nos leva diante do Pai, no Lugar Santíssimo, Ele ministra o Pai para dentro de nós. Algo extraordinário está acontecendo em sua vida. Se você não percebe, não sente, é porque você tem vivido uma vida cristã muito distante da realidade daquilo que a Palavra de Deus diz. Você precisa conhecer a Palavra, para poder conhecer o verdadeiro sentido da vida cristã.

Amados irmãos, ouçam o que quero lhes dizer. Nós precisamos viver a vida cristã em um plano mais alto. Se nós escolhemos viver a vida cristã superficialmente, cheia de quinquilharias, de ensinos que nada produzem em nosso coração, a não ser emocionalismo, sensacionalismo, precisamos permitir que a realidade viva da Palavra de Deus toque o nosso coração, para que contemplemos e vivamos de acordo com esta Palavra – nesse plano mais alto, nessa esfera mais elevada, “nos lugares celestiais em Cristo Jesus” (Ef 2:6).

Hebreus 6:17, continuando, diz:

17 Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade do seu propósito, se interpôs com juramento”.

Observe aqui a palavra imutabilidade. No grego, essa palavra é ametathetos, significa algo que não pode ser transferido, algo inalterável. Ela ocorre apenas duas vezes em todo o Novo Testamento, nos versículos 17 e 18 desse mesmo capítulo, indicando a irrevogabilidade do propósito de Deus expresso na promessa confirmada pelo juramento. Duas coisas aqui são imutáveis. Primeiro, as promessas de Deus. As promessas de Deus são imutáveis. É impossível que Deus não cumpra aquilo que Ele prometeu. Segundo, o juramento de Deus. É impossível Deus jurar falsamente. Meus irmãos, percebam a riqueza, a grandeza dessas verdades. Imaginem como tudo isso é rico, porque a nossa esperança é uma âncora. O termo âncora usado no grego para retratar a esperança fala de algo firme, estabelecido. A nossa esperança é uma âncora que penetra no reino invisível de Deus. Ela vai além do véu. A âncora da nossa salvação é segura e firme, porque está apoiada na imutabilidade do caráter de Deus, em um Deus que não pode jurar falsamente (Hb 6:18-20). E Ele se interpôs sobre juramente. Então, são aspectos importantes para nós acerca da nossa salvação: as promessas de Deus e o firme juramento de Deus. Esses aspectos nos trazem gozo, saber que a nossa salvação é uma âncora, segura.

Quando retornamos a Hebreus 4:14, onde o escritor dessa Epístola diz: Tendo, pois, a Jesus (...)”, gostaria que observássemos a expressão tendo. No grego ela é echo, significa ser unido, agarrar, segurar. Isso é muito significativo, pois mostra que estamos unidos, agarrados em Cristo, inseridos em Cristo. Nesse versículo 14 vemos ainda três declarações acerca do Senhor Jesus como nosso Sumo Sacerdote:

1) Jesus, o Filho de Deus. Ele é o Filho de Deus. Nesse texto, o nome Jesus refere-se a Sua humanidade, sugere proximidade, unidade e afinidade com o Pai. Filho de Deus, refere-se à deidade, autoridade e poder. Nesse termo, o divino e o humano são postos juntos, depois de terem sido separados, quando estudamos os capítulos 1 e 2 aqui de Hebreus. Ali vemos a humanidade do Filho de Deus, e depois a Sua divindade. E, agora, o escritor traz esses dois aspectos juntos. Isso é muito especial, pois esse é o mistério da piedade de que Paulo falara. Esse mistério da encarnação é algo que nós precisamos compreender claramente na Palavra de Deus.

2) Grande. Essa palavra significa excelente, maravilhoso, glorioso, honrabilíssimo; aquele que é digno da mais excelente honra. No original, ela nos diz que Cristo é tão glorioso que ninguém pode descrevê-lo. Ele é glorioso no que diz respeito a Sua Pessoa e a Sua obra. Essa grandeza se estende não somente ao Seu caráter, mas também a Sua obra.

3) Penetrou. Uma palavra que O descreve para nós como nosso Sumo Sacerdote. Essa expressão ocorre aqui no versículo 14 de uma forma muito clara, porque significa ultrapassou; significa que nada pôde detê-lo. Isso é um ponto importante, pois mostra que Cristo, nosso Sumo Sacerdote, completou toda a Sua obra perfeita. Essa palavra sugere que nenhum impedimento atrapalhou Sua passagem até o Pai.

Então, consideremos: Jesus, o Filho de Deus – humanidade e divindade. Esse é o nosso Sumo Sacerdote, qualificado, pois somente Ele era Homem e Deus ao mesmo tempo. Cem por cento Homem e cem por cento Deus. Como homem Ele pode se assemelhar a nós, pode compadecer-se das nossas fraquezas, porque as conhece, embora nunca tenha pecado, nunca tenha havido qualquer mácula do pecado na Sua vida. Ele foi Homem perfeito, qualificou-se diante do Pai. Mas, também, Ele era divino, Ele é divino – Deus com Deus. Grande – maravilhoso, glorioso, cheio de honra, majestade. Aquele que penetrou até os céus. Ninguém pôde detê-lo. Ele foi diante do Pai por nós.

Ainda em Hebreus 4:14, o texto diz: conservemos. Em Apocalipse 2:14 temos o verbo sustentam. E ainda em Apocalipse 20:2 temos outro verbo: prender. Esses dois verbos ilustram o peso dessa palavra conservemos. Ela exige de nós uma atitude em relação à grandeza da obra de Cristo como nosso Sumo Sacerdote. O sentido claro desses verbos no grego, tanto em Hebreus, quanto em Apocalipse, é que nós devemos agarrar, manter com todas as nossas forças e diligência, esse testemunho de que Cristo está ministrando Deus para nós. No original grego este verbo é krateo, que significa apegar-se, como que exigindo uma resolução da nossa parte, uma resposta da nossa vida, porque, agora, Cristo Jesus está diante do Pai, como nosso Sumo Sacerdote.

Depois o escritor aos hebreus fala da nossa confissão. Ele diz: (...) conservemos firme a nossa confissão. No original grego, essa palavra é homologia, e tem o sentido subjetivo e o objetivo. O sentido objetivo é confessar, declarar, revelar; mas o sentido subjetivo é ter convicção, por em prática, andar, viver de acordo com essa verdade, com essa revelação, com aquilo que Cristo hoje está fazendo diante do Pai”.

Precisamos conhecer a suficiência da Pessoa e da obra de Cristo Jesus ao nosso favor, como nosso Sumo Sacerdote. Essa talvez seja a mais elevada experiência da vida de um cristão. Essa experiência de Cristo como nosso Sumo Sacerdote é a mais elevada que um cristão pode desfrutar hoje. Quando Paulo orou pedindo a Deus que removesse o espinho na sua carne (II Co 12:7-9), o Senhor disse: A minha graça te basta, porque o Meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. (II Co 12:9). O Senhor aqui está dizendo a Paulo que não iria remover o espinho em sua carne, mas que Ele, o Senhor Jesus, como graça, viria para dentro dele e seria a graça mais do que suficiente, mais do que ele precisava. A graça toda inclusiva, a graça toda suficiente para ele. Paulo pode conhecer o quanto Cristo era suficiente, o quanto foi acrescentado de Cristo em sua vida, em meio àquela experiência dolorosa. Isso tem que tocar o nosso coração, porque essa é a realidade da nossa vida. Quando consideramos esses textos de Hebreus que focam o nosso Senhor como nosso Sumo Sacerdote, o Seu caráter vai sendo revelado para nós. Isso é tão importante! Quando olhamos para Ele na Sua humanidade, vemos como o Pai O conduziu na Sua trajetória humana, pelo Espírito, para que Ele se qualificasse perfeitamente como nosso Sumo Sacerdote. Ele sentiu toda a força da tentação que os homens também experimentaram, e algumas que os homens não puderam experimentar, ou jamais puderam ter tal contato como Ele teve com o próprio satanás lá no deserto. E, jamais tendo cedido ao pecado, Ele conheceu suas intensidades, seu poder. E nós jamais poderemos experimentar de tal forma como Ele experimentou. Desde que Ele conhece o pecado, seu poder e sua intensidade, nós agora podemos olhar para esse texto de Hebreus 4:16 quando diz:

16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.”

Irmãos, nós precisamos ver que Ele, como nosso Sumo Sacerdote, também é nosso Advogado e nosso Mediador. Como Mediador Ele nos reconcilia com Deus; com Advogado Ele restaura o homem a sua posição, em relação ao pecado. Quando o homem peca, sua posição é afetada diante de Deus, mas Ele, como nosso advogado, restaura essa posição. E como nosso Sumo Sacerdote Ele sustenta o homem e lhe proporciona um modo de resistir ao pecado, de vencer o pecado. Ele propicia para o homem a força, o poder, a graça suficiente, a misericórdia necessária, através do Seu sacrifício que ainda hoje fala, que ainda hoje é evidente na nossa vida. Temos um Sumo Sacerdote que se compadece das nossas fraquezas. Esse vocábulo, compadece(Hb 4:15; 10:34), no grego é sumpatheo: sofrer juntamente com. Nós temos um Sumo Sacerdote que sofre juntamente conosco. Uma pessoa não vê o sofrimento da outra pessoa estando do lado de fora. É impossível você sentir a mesma dor de uma pessoa olhando apenas com seus olhos, estando apenas ao lado dela. Esse vocábulo revela o sentimento de alguém que penetra no sofrimento da outra pessoa e torna esse sofrimento o seu sofrimento. As nossas fraquezas (Hb 4:15) significam as nossas limitações tanto físicas, morais, como espirituais.

E a Bíblia diz que o Senhor Jesus sentiu toda a sorte de tentações experimentadas pelos homens. Embora jamais tenha cedido ao pecado, Ele conhece sua incalculável intensidade e poder. Por isso, Ele agora nos capacita. Somente Ele, como nosso Sumo Sacerdote, Mediador e Advogado, nos capacita a estar no trono da graça, a chegar ao trono da graça. Esse trono precisa ser visto de uma forma muito clara e experimental na nossa vida cristã hoje. Porque esse é o trono onde Deus está, nos céus. Aquele trono de Apocalipse 4:2, o trono da autoridade, onde Deus exercerá Seu juízo e governo sobre todo o Universo, conforme vemos em Daniel 7:9 e Apocalipse 5:1. É o trono da administração governamental de Deus. Mas, para nós, esse é o torno da graça, o trono representado pelo propiciatório de Êxodo 25:17-21. É aqui que Deus se encontra, e que tem comunhão conosco. É aqui onde nós podemos desfrutá-lo através de Cristo, nosso Sumo Sacerdote. Esse é o trono da graça aqui de Hebreus 4. O trono da autoridade, o trono do Cordeiro de Deus. Esse é o trono de onde flui o rio da água viva e cristalina de Apocalipse 22:1-2. Devemos entender que todas as vezes que nos aproximamos do trono da graça de Deus sentimos algo de Deus, que Deus está nos regando, nos suprindo.

Ah, irmãos! Reitero mais uma vez: Precisamos viver a vida cristã num plano mais alto. Não se permite viver a vida cristã numa pobreza espiritual, porque aqui vemos a misericórdia e a graça fluindo do trono de Deus. A misericórdia e a graça são expressões do amor de Deus. Quando estamos em uma condição deplorável, Deus ministra Sua misericórdia, nos alcança e nos leva para o estado onde Sua graça é dispensada para nós. Você olha para Lucas 15:20-24, a “História do Filho Pródigo”. Quando o Pai o viu voltando, teve compaixão – isso é misericórdia. Então, o Pai o vestiu com as melhores roupas – isso é graça. A misericórdia de Deus nos alcança, nos qualifica e nos adorna. Segundo esse livro de Hebreus que estamos estudando, a vida cristã é uma vida na qual não se achega somente junto ao trono da graça, mas também ao Lugar Santíssimo. Nós permanecemos continuadamente recebendo essa misericórdia e essa graça, dia após dia. A graça e a misericórdia de Deus são ministradas a nós, dia a dia. A misericórdia de Deus se renova em nossa vida, dia após dia, enquanto a graça é dispensada.

Que todas essas verdades venham revelar mais e mais daquilo que Cristo está fazendo hoje para nós, daquilo que Ele está realizando na nossa vida, daquilo que Ele cumpriu, fez, e está fazendo agora. Abra seus olhos espirituais e permita que a Palavra de Deus, como um colírio, venha tocá-los, para que você tenha uma visão clara, nítida, deste maravilhoso e grande propósito.

Que Deus lhe abençoe em Cristo Jesus.

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