segunda-feira, 28 de novembro de 2011

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 127


Por: Luiz Fontes

25ª Estação – Mítica (parte 1)

TEXTOS: Nm 19:1-3; 2Co 5:21; Hb 8:1

A PROVISÃO DE DEUS EM CRISTO JESUS

Vamos estudar hoje a 25ª estação, que é MITICA. Lá em Números 33:28 diz assim:

28 E partiram de Tera e acamparam-se em Mitca”.

Nesta estação nós vamos estudar sobre a provisão de Deus em Cristo Jesus. Graças ao Senhor estamos dando mais um passo no estudo dessas estações por onde o povo de Israel peregrinou durante aqueles 40 anos pelo deserto. Vamos prosseguir aqui na 25ª estação. Se você segue a sequência desde Êxodo até Números, de estação a estação, você vai chegar a Mitica. E aqui você vai encontrar uma verdade muito especial, nessa estação Deus revela para nós algo surpreendente. Os textos correspondentes a essa estação se encontram no capítulo 19 do livro de Números.

Queridos irmãos e irmãs, estudando o Antigo Testamento iremos nos deparar com algo muito especial, você verá o quanto o Antigo Testamento está cheio de Cristo – como você vai ver a face do nosso Senhor sendo revelada pelo Espírito Santo das páginas do Antigo Testamento ao seu coração! Quando você estuda desde a primeira estação, em Ramessés, você vai vendo Cristo aparecendo. É interessante como o Espírito Santo vai revelando Cristo lentamente e mais profundamente dentro do nosso coração. Aqui em Ramessés Ele nos é apresentado como o Cordeiro Pascal, por meio do qual o povo foi libertado do Egito e salvo debaixo do sangue. Quando você avança até Mara, encontra aquelas águas amargas como fel, e ali Cristo é tipificado por aquele pedaço de madeira que Moisés lançou naquela água para adoça-la. Lá no deserto de Sim, vemos Cristo tipificado pelo Maná, o verdadeiro pão que nos alimenta, que nos supre. Quando o povo chega ao monte Sinai, eles se deparam com as Leis. Alguns podem achar que se trata apenas de legalismo. Mas não, meus amados irmãos, ali está Cristo sendo revelado por meio daquelas Leis e dos sacrifícios. Na história do povo de Deus, os mandamentos, as ordenanças, os estatutos, sempre vão nos mostrar aspectos da vida de Cristo. Você vai ver que na história do povo de Deus sempre existem essas coisas, todos esses mandamentos, os vemos mesclados, entreverados com os sacrifícios. Ali você encontra os sacrifícios pelas transgressões, o sacrifício pelo pecado, o sacrifício de paz, o holocausto totalmente queimado, os pães de flor de farinha. Amados, precisamos ver que quando Deus, no Antigo Testamento, estava dando a Lei, Ele estava introduzindo, revelando, Cristo para Seu povo. Tudo aquilo era para revelar Cristo.

E agora nós temos o grande privilégio de poder compreender um aspecto singular da obra de Cristo aqui nessa estação, em Mitica, no capítulo 19 do livro de Números. É interessante saber que esse capítulo que iremos estudar é estritamente cristológico, e que o sacrifício de Cristo foi uma única vez, para sempre. Tudo que foi cumprido por Cristo em seu sacrifício na cruz é tão profundo, que Deus teve que desenvolvê-lo progressivamente através de exemplos e de muitas maneiras. Por isso, vemos todas essas estações do povo de Israel pelo deserto. Em cada uma dessas jornadas, ou estações, podemos aprender algo acerca de Cristo. A obra da cruz, amados, foi tão profunda que Deus teve de simbolizar tudo aquilo que o Senhor Jesus cumpriu por meio de classes de sacrifícios. Nós não podemos compreender essa obra olhando apenas um sacrifício.

Quero chamar sua atenção para um fato muito curioso sobre esse capítulo 19 de Números. Nós sabemos que quando queremos estudar sobre os sacrifícios, geralmente estudamos o livro de Levítico. É em Levítico onde vamos encontrar os sacrifícios – os sacrifícios pelas transgressões, pelos pecados, pela culpa, pela paz –, e ainda todas aquelas ofertas – como a ofertas de manjares, a oferta de flor de farinha, e tantas outras. O livro de Levítico é o livro dos sacrifícios e das ofertas. Esse livro surge no segundo ano da peregrinação do povo de Israel pelo deserto, lá no monte Sinai. Mas aqui em Números, que é o livro que trata das peregrinações do povo de Israel pelo deserto, temos um aspecto no capítulo 19 que não foi mencionado em Levítico. Assim como o livro de Levítico trata dos aspectos da obra de Cristo, nesse capítulo 19 do livro de Números podemos ver ainda detalhes impressionantes revelados. Aqui em Números é onde podemos ver aspectos gloriosos da obra de Cristo. É muito curioso o fato de o Espírito Santo reservar essa porção maravilhosa da obra de Cristo aqui em Números, e não em Levítico. Ele os colocou justamente no meio das peregrinações no deserto. Isso tem de ser muito significativo para nós.

A questão do perdão, da reconciliação, todas as provisões que temos em Cristo, pela obra redentora, encontramos em Levítico. O sacrifício que encontramos em Levítico nos revela a provisão da graça em relação aos pecados cometidos pelo homem por causa da sua natureza adâmica, caída. A condição do homem era de completa reprovação diante de Deus, o homem estava totalmente em ruína, ele estava perdido por natureza. Agora, aqui nesse capítulo 19 de Números, o Espírito Santo nos mostra a questão do perdão em relação à conduta do homem em seus passos, em relação a sua própria história futura. Dia a dia, a cada momento, não podemos pensar no perdão dos pecados apenas como um fato que ocorreu no passado, mas como algo que experimentamos dia a dia. É aqui que nós vamos entender a questão do sangue como provisão para o perdão dos nossos pecados.

Quando você estuda o significado hebraico do nome Mitica, você vai ver que Mitica significa doçura. Amados, espiritualmente falando indica uma situação que um dia era amarga, seca, sem sentido, e então Deus proveu Cristo para tornar essa situação doce. O sentido dessa palavra em hebraico não é estático e sim de uma maneira dinâmica, algo que aconteceu dentro de uma situação. Imagine o quanto isso é sugestivo, o quanto isso é espiritual, o quanto o Espírito Santo está nos mostrando para nos revelar uma verdade profunda. Portanto, gostaria de ler com você esse capítulo 19 do livro de Números. Se você tiver uma Bíblia perto de você, pegue essa Bíblia, vamos ler juntos, vamos crescer juntos, vamos aprender juntos, vamos ser enriquecidos pelo Espírito Santo através da Palavra juntos. Vamos ler os versículos 1 e 2 de Números 19:

1 Falou mais o SENHOR a Moisés e a Arão, dizendo: 2 Este é o estatuto da lei, que o SENHOR ordenou, dizendo: Dize aos filhos de Israel que te tragam uma bezerra ruiva sem defeito, que não tenha mancha, e sobre que não subiu jugo.”

Olhe bem, meus amados, essa bezerra ruiva é um extraordinário tipo de Cristo. Era uma provisão de Deus prefigurando a morte de Cristo como purificação dos pecados e respostas as nossas necessidades durante a nossa peregrinação neste mundo corrompido. Nós estamos indo em direção ao descanso eterno e, para isso, necessitamos conviver diariamente sobre o fato consumado da obra de Cristo na nossa experiência cristã. A obra do Espírito Santo em nós é glorificar, é magnificar essa obra dentro de nós. Aqui somos constrangidos a contemplar o Senhor Jesus, pelos olhos da fé, como Aquele que era sem mancha e santo em toda a eternidade passada, em Sua santa pessoa, e também Aquele que viveu entre nós sem se macular com os pecados dos homens.

Paulo, escrevendo sua segunda Epístola aos corintos, no capítulo 5 e o versículo 21, diz:

“Aquele [Cristo], que não conheceu pecado, Ele [Deus] o fez pecado por nós; para que, nEle [em Cristo], fossemos feitos justiça de Deus”. (2Co 5:21)

Houve um irmão no passado chamado Charles Mackintosh. Esse irmão escreveu aquilo que eu considero um dos mais grandiosos escritos sobre o Pentateuco, uma coleção de seis livros que ele escreveu sobre o Pentateuco, conhecida mundialmente como O Pentateuco de Mackintosh. Convido você a conhecer esse material; é muito maravilhoso. Meu irmão Mackintosh diz algo muito interessante sobre os tipos bíblicos: “O Espírito Santo é sempre o zeloso guardião da pessoa de Cristo e deleita-se em o apresentar à alma em toda a sua excelência e supremo valor. Por isso, cada tipo, cada sombra, destinada a apresentá-lo exibe a mesma defesa.” Aí Ele prossegue fazendo uma exposição acerca dessa mesma bezerra ruiva que eu convido você a estudar. Você vai ver o quanto você vai crescer, vai aprender algo maravilhoso, porque, amados, no que concerne a essa bezerra ruiva, sabemos que nosso bendito salvador Jesus Cristo não só era, quanto a Sua natureza humana, intrínseca, inerentemente puro e imaculado, mas também quanto ao Seu nascimento e as Suas relações, ele sempre se manteve perfeitamente isento de toda a mancha e aparência do pecado. Ele viveu uma vida santa e perfeita diante de Deus. Ele foi aprovado diante do Pai como homem perfeito. Por isso Ele pode se qualificar como nosso Salvador. Paulo dizia:

“Aquele que não conheceu pecado”. (2Co 5:21)

Ele foi à cruz para exibir os nossos pecados e para lançar os fundamentos da nossa perfeita justiça em Deus. E assim podemos ser perdoados eternamente. Mas Ele fez aquilo como Aquele que nunca teve, em qualquer momento da sua bendita vida, levado sobre si o jugo do pecado. E por isso Ele foi capaz de ser nosso glorioso e perfeito redentor. Isso tem que nos impressionar, isso tem que nos tocar profundamente.

Então, veja que o versículo 2 de Números 19 diz:

“(...) uma bezerra ruiva, sem defeito, que não tenha mancha e sobre quem não subiu jugo”.

O Espírito Santo nesse texto nos revela a perfeita obra do nosso Senhor Jesus Cristo. Imagine que lindo quadro temos diante de nós. Ele era puro, tanto interiormente quanto exteriormente, não havia qualquer resquício do pecado. Ele entrou profundamente em toda a realidade das nossas circunstâncias e condições, mas nEle não havia pecado e sobre Ele não subiu o jugo do pecado. O versículo 3 diz:

3 E a dareis a Eleazar, o sacerdote; e a tirará fora do arraial, e se degolará diante dele.”

É importante você considerar que cada palavra nesse capítulo 19 de Números está cheia de significado espiritual. Nessa passagem temos o sacerdote e a vítima. Quando vamos para as páginas do Novo Testamento, vemos que nosso Senhor Jesus foi, ao mesmo tempo, o sacerdote, como também a vítima. Mas quero que você note algo. Veja que Ele não assumiu Suas funções sacerdotais enquanto Sua obra como vítima na cruz não fosse consumada. Quando estudamos a Epístola aos Hebreus, podemos ver o que o autor dessa epístola nos revela de um modo especial quando expõe esse maravilhoso argumento no capítulo 8 e versículo 1, dizendo assim:

1 Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da Majestade”. (Hb 8:1)

Quando o escritor diz “Ora, a suma”, a expressão suma, no grego, é “kephalaion” e significa “aquilo que é fundamental, o ponto principal, aquilo que é indispensável, o mais importante”. Então, Ele diz assim: “A coisa mais importante, o que é indispensável, fundamental, de tudo que estamos dizendo, tem a ver com o Sacerdote que nós temos”. Que coisa impressionante! É dentro desse contexto, dentro dessa esfera, desse conteúdo espiritual, que nós iremos estudar nessa estação. Queremos estudar juntos, queremos crescer juntos, queremos ter uma visão daquilo que Cristo cumpriu e o valor que isso tem hoje na nossa vida cristã. Meus amados irmão e irmã, que Deus, de uma forma gloriosa e poderosa fale ao seu coração. Que o Senhor leve você a compreender toda essa grandeza. Estaremos juntos, e peço ao Senhor que Ele abra os nossos olhos para que possamos ver, e o nosso coração para receber tudo que Ele tem para ministrar a nós dentro do contexto dessa estação.

Que Ele lhe abençoe!

Nenhum comentário: