Tera – 24ª estação (parte 2)
TEXTO: Nm 18:25-32
Vamos continuar estudando a 24ª estação que é Tera. Essa jornada trata do “espírito correto em servir a Deus na Sua obra”.
Nos textos que temos lido em Números capítulo 18, versículos 25 a 32, vemos que àqueles a quem era destinado o dízimo do povo, o Senhor lhes diz que eles tinham que dar também o dízimo dos dízimos; pegar o dízimo que eles recebiam do povo e entregar o dízimo dos dízimos a Arão. Isso aqui é um princípio, precisamos da ajuda do Espírito Santo para que sejamos tocados pelo Espírito da Palavra e, assim, aprender a lição espiritual, a aplicação espiritual, daquilo que Deus deseja nos falar.
No livro de Malaquias o Senhor nos fala acerca desse espírito correto, como nós devemos servi-lo. Aqui neste livro profético de Malaquias o Senhor denuncia o espírito incorreto, isto é, quando nós servimos inadequadamente. Quando você lê Malaquias, vê muitas coisas, onde o Senhor mostra a indisposição de alguns que não servem com interesse de glorificar o Senhor na Sua obra.
Malaquias 1:6:
“O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo? —diz o SENHOR dos Exércitos a vós outros, ó sacerdotes que desprezais o meu nome. Vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome?”
Aqui você precisa ver algum muito especial. O que significa honrar ao Senhor? Honrar ao Senhor significa servi-lo com o coração generoso, voluntário. Isto, dentro deste contexto que estamos lendo em Malaquias, é honrar ao Senhor. Às vezes não temos consciência de que com a nossa má atitude estamos menosprezando ao Senhor. Olhe o que o Senhor vai mostrar aqui, como podemos menospreza-lo. Veja o versículo 7:
“Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e ainda perguntais: Em que te havemos profanado? Nisto, que pensais: A mesa do SENHOR é desprezível.”
Quero que você note aqui esta frase: “nisto que pensais”. Uma certa feita um irmão nosso falou que nossos pensamentos nos céus falam mais forte que nossas palavras na terra. Por que será? Por que eles revelam a natureza das nossas motivações, os intentos secretos que residem dentro de nós, aquilo que realmente nós somos, aquilo que realmente nós definimos.
Veja o que o Senhor diz: “Nisto, que pensais: A mesa do SENHOR é desprezível”. Era isso que estava no coração deles.
Amados irmãos e irmãs, nós precisamos servir ao Senhor com alegria, precisamos servir ao Senhor livres da murmuração. Se você prossegue lendo aqui estes versos de Malaquias, seguindo até o versículo 10, você verá que o Senhor está denunciando a maneira leviana como esses líderes tratavam o serviço ao Senhor. Não queriam servir com liberdade, não tinham disposição de se entregarem totalmente para o Senhor na Sua obra. Tudo o que faziam e ofereciam ao Senhor era movido por espírito relaxado e profano, um espírito ganancioso. É isso que o Senhor está denunciando aqui. Aqueles que querem fazer a obra de Deus, mas querem obter lucro. Essas pessoas queriam servir, mas pelo dinheiro.
Amados irmãos e irmãs, temos que saber de uma vez por todas que aquilo que não oferecemos de bom coração ao Senhor, ele não aceita. Olhe o versículo 13:
“E dizeis ainda: Que canseira! E me desprezais, diz o SENHOR dos Exércitos; vós ofereceis o dilacerado, e o coxo, e o enfermo; assim fazeis a oferta. Aceitaria eu isso da vossa mão? —diz o SENHOR.”
Amados, quero sugerir para vocês uma leitura numa aversão alternativa na Bíblia na Linguagem de Hoje, você pode ler assim:
“Vocês dizem: “Já estamos cansados de tudo isso!” E riem de mim e me tratam com desprezo. E ainda me oferecem um animal roubado ou um animal aleijado ou doente. Vocês acham que eu, o SENHOR, vou aceitar isso?”
Tudo isso é muito sério, precisamos pedir ao Senhor que nos ajude a nunca termos um espírito de murmuração. Que Ele nos livre de estarmos servindo em Sua obra com espírito conforme vemos aqui nesses textos de Malaquias.
Então, vemos que nesta jornada o Senhor nos fala de porção, de contribuição – é isso o que significa Tera. Aqui o Senhor fala especificamente dos obreiros que recebem, mas que precisam também aprender a dar. Precisamos aprender a seguir com espírito voluntário. Hoje vemos que os obreiros estão sendo consumidos por um espírito marqueteiro, um espírito de ganância. Quantos estão se auto promovendo de maneira organizada e sistemática através de um comércio – seja lá através da venda de livros, de CD’s... –, com o único propósito de mercadejar a palavra de Deus. Olhe o que Paulo diz em II Coríntios, capítulo 2, versículo 17:
“Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus.”
Quero que você note o vocábulo que Paulo usa para “mercadejante”. No original grego é kapeleuo, que significa “mascatear, comercializar, negociar”. Aquilo que temos pregado tem sido algo que o Senhor tem confiado a nós, é algo que pertence a Ele, para Sua Igreja. Não é uma propriedade nossa. Creio que esse é um assunto muito melindroso e precisamos tratar com muito cuidado. Não quero aqui formalizar nenhuma acusação a ninguém, pois sei da sinceridade e da seriedade com que muitos têm feito a obra do Senhor. Às vezes, com boas intenções, podemos ser agarrados em armadilhas pelo diabo. Creio que isso o Senhor deseja corrigir em nós, precisamos ser cautelosos, cuidadosos, quando colocamos qualquer produto diante do povo de Deus com interesse comercial. Tem que haver cuidado. Esse lucro é para quem? Quem está querendo ganhar com isso?
Irmãos, sei que a minha palavra não será a última, mas quero que vocês considerem isso diante do Senhor. Qual é o princípio espiritual que governa esses assuntos, que governa essas coisas? Sei que, sofismas, muitos têm para poder tentar combater aquilo que a palavra de Deus diz. Esse comércio aberto que se faz em relação aos assuntos espirituais é algo que tenho absoluta certeza que fere ao Senhor.
Por outro lado, também vejo que a Igreja precisa ter sensibilidade para sustentar aqueles que, de tempo integral e com o peso da vocação sobre seus ombros, servem na obra do Senhor. Devemos servir com o propósito de honrar ao Senhor e não de fazer da obra de Deus nosso negócio particular, onde mercadejamos aquilo que o Senhor nos confiou para servir aos santos.
Precisamos ser livrados da síndrome e da intoxicação do marketing, da ambição. Há uma coisa muito perigosa que nos rodeia, e nos rodeia sempre, falo especialmente para aqueles que assim como eu serve no santo encargo do ministério da palavra. Há uma síndrome intoxicante e espiritualmente perigosa dentro do contexto de eklesia que vivemos, especialmente em torno daqueles que julgam terem alcançado grande sucesso no ministério. Isso faz com que eles seja levado pelo simples entusiasmo do sucesso e não percebam que estão caindo numa armadilha satânica a perigosa. Podemos notar que nestes últimos tempos uma coisa fez com que a ênfase da ética ministerial desse uma guinada da fidelidade para a produtividade e o sucesso. Isso fez incendiar a fogueira da ambição.
Infelizmente, amados irmãos e irmãs, isso é algo bem comum no contexto da cultura ocidental, assim como não fico surpreso com a ferocidade da guerra que teremos com a ambição, uma vez que a tendência à egolatria maculou cada um de nós, e muitas vezes não temos percebido como satanás tem nos envolvido por tantas situações, com um único propósito: de nos tornar pessoas famosas, reconhecidas, aplaudidas, de nos levar à apoteose do ministério, enquanto a glória de Deus tem sido camuflada pelo nosso próprio nome.
Que o Senhor nos guarde, que o Seu Espírito Santo possa inquietar nosso coração. Esse é um assunto que nós precisamos tratar com muita referência e temor diante de Deus. Como seria alentador vermos os líderes cristãos em uma mesa-redonda admitindo que lutam com esse problema da ambição que os sufoca, que muitas vezes tem sido essa ambição, essa fogueira da ambição, a única motivação que os mantém no ministério. O desejo de sobrepujar outros, o desejo do aplauso, o reconhecimento, da aprovação.
Amados irmãos e irmãs, todos nós sabemos que a ambição está presente no coração natural do homem. O que precisamos é encarar isso com honestidade. Com muita tristeza, admito que isso tem atrasado o propósito de Deus em nossa geração. Quando Paulo escreveu Filipenses, no capítulo 2, versículo 3, ele disse assim:
“Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo.”
Meus amados, quero aqui analisar uma palavra nesse texto. É a palavra partidarismo. No grego ela é eritheia. Essa palavra significa “o desejo de colocar-se acima dos outros; um espírito partidário e faccioso”. Antes do Novo Testamento essa palavra era encontrada apenas nos escritos de Aristóteles, onde denota uma perseguição egoísta do ofício político, através de meios injustos. E aqui nós vemos Paulo exortando para que sejamos “um em Cristo”, não colocando-nos acima uns dos outros, por que isso nos liberta da ambição e do egoísmo. Tiago, no capítulo 3 e versículo 14, diz assim:
“Se, pelo contrário, tendes em vosso coração inveja amargurada e sentimento faccioso, nem vos glorieis disso, nem mintais contra a verdade.”
Vejam a seriedade de tudo isso. Que o Senhor nos guarde, que o Senhor nos ajude, pelo Seu Espírito Santo, para que não venhamos ser escravos da ambição, que sejamos libertos desse espírito ególatra, que nos impede de servir com generosidade, esse espírito que nos impede de dar.
Aqui nós temos duas coisas: o amor da Igreja e a fé dos obreiros. Toda Igreja sem amor e obreiros sem fé não agrada a Deus. Essas foram as palavras ditas pelo irmão Watchman Nee. Deus não usa um obreiro que não tem fé. Assim, também, uma Igreja que não tem amor é inútil para Deus. E por causa disso, nós temos visto muitos obreiros fugindo da direção de Deus para suas vidas e se tornando marqueteiros da fé, marqueteiros ministeriais. Hoje se vende de tudo. Hoje o nome do Senhor Jesus é apenas uma grife que as pessoas têm usado para o seu próprio sustento.
Em Atos dos Apóstolos, capítulo 20, versículo 35, diz assim:
“Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem-aventurado é dar que receber.”
E este é o princípio evidente que devemos aprender nesta jornada: sobre a generosidade dos obreiros. Nós obreiros devemos ser os primeiros a exercer a generosidade.
Quero mostrar um exemplo para meditarmos, porque o Senhor requer de nós que sejamos exemplos de generosidade, de entrega, para o próprio rebanho. Quando você estuda a III Epístola que João escreveu, vê ali uma lição muito importante. Sabemos que esta carta João endereça a Gaio. Ele está falando diretamente a um de seus cooperadores. Um dos enfoques de João nesta carta é o caráter de hospitalidade de Gaio. Mas antes de você focar nesta carta, você precisa voltar para a II Epístola que Paulo escreveu aos Coríntios, capítulos 8 e 9, quando Paulo preparava aquela oferta generosa às igrejas da Acaia – assim, também, como às igrejas da Macedônia –, para os irmãos pobres de Jerusalém. Nesse tempo nós sabemos que ele teve a ajuda de três cooperadores: Tito, Lucas e Gaio. Esses três eram irmãos de confiança das igrejas, mensageiros das igrejas, os quais foram confiados a levar as oferta aos irmãos pobres de Jerusalém. Então, veja que Gaio era um obreiro muito conhecido por sua generosidade naquela região.
E, agora, João escreve esta carta para ele. Dizem assim os versículos 1 e 2:
“1 O presbítero ao amado Gaio, a quem eu amo na verdade. 2 Amado, acima de tudo, faço votos por tua prosperidade e saúde, assim como é próspera a tua alma.”
Essa pronunciação de prosperidade indica o resultado de sua generosidade, que é o serviço aos santos. No versículo 3 ele disse:
“Pois fiquei sobremodo alegre pela vinda de irmãos e pelo seu testemunho da tua verdade, como tu andas na verdade.”
Quero que você perceba algo aqui. Note que esta verdade não era a ortodoxia doutrinal, embora pudesse estar incluída aqui, mas era a sua própria maneira de viver, era a conduta de Gaio aqui que João declara como verdade. E agora os versículos 4 e 5 para concluirmos:
“Não tenho maior alegria do que esta, a de ouvir que meus filhos andam na verdade. Amado, procedes fielmente naquilo que praticas para com os irmãos, e isto fazes mesmo quando são estrangeiros,”
Aqui João está enfocando a hospitalidade. Hospitalidade é uma característica na vida dos obreiros. Esse é o aspecto da verdade que João enfoca aqui na vida de Gaio.
Então temos esse exemplo de Gaio. Ele era um o presbítero, ele era um pastor, e, amados, aqui nós vemos um irmão que aprendeu a se dar. Nós que servimos na obra devemos ser os primeiros a dar, os primeiros a entregar, os primeiros a ofertar. Nós não temos que nos preocupar apenas em receber, porque isso é o Senhor que fará em nossa vida.
Precisamos ser o modelo para os irmãos no tocante à hospitalidade, no tocante à fidelidade, no tocante à cooperação, no tocante ao serviço. É isso que nós devemos aprender nesta jornada. É isso que o Senhor está falando ao seu coração; é isso que Ele está ministrando a você.
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