Tera – 24ª Estação (parte 1)
Por: Luiz Fontes
TEXTOS: Nm 33:27; Nm 18:25-32; 2 Co 11:7-9; 1 Co 9:15
Números 33:27 diz:
“27 partiram de Taate e acamparam-se em Tera.”
Chegamos agora à 24ª Estação, Tera. Sabemos que essas estações que temos estudado ultimamente estão todas em torno do Monte Seir. Em Deuteronômio 2:1 podemos ver todas elas. Os textos relativos a Tera estão em Números 18:25-32. Temos visto que, de um modo muito especial, nessas estações em torno do Monte Seir, o Senhor tem tratado especificamente no que diz respeito à liderança espiritual. Assim, também aqui em Tera, veremos que o Senhor deseja prosseguir, avançar, na revelação da Sua palavra, no que diz respeito aos assuntos da liderança cristã.
Quando estudamos a palavra “Tera”, precisamos fazê-lo com certo cuidado, porque o seu significado no original hebraico vem de uma palavra raiz que significa “porção”. Espiritualmente falando, refere-se a algo dedicado ao Senhor; um tributo a Deus – é isso que essa palavra, Tera, em sua raiz hebraica, significa. Havíamos estudado, no contexto dessa estação, sobre a origem do sacerdócio, a consagração dos sacerdotes, a responsabilidade do sacerdócio, seus direitos. Agora, precisamos avançar mais um pouco. Então, vamos ler os textos relativos a essa estação. Números 18:25-32 diz:
“25 Disse o SENHOR a Moisés: 26 Também falarás aos levitas e lhes dirás: Quando receberdes os dízimos da parte dos filhos de Israel, que vos dei por vossa herança, deles apresentareis uma oferta ao SENHOR: o dízimo dos dízimos. 27 Atribuir-se-vos-á a vossa oferta como se fosse cereal da eira e plenitude do lagar. 28 Assim, também apresentareis ao SENHOR uma oferta de todos os vossos dízimos que receberdes dos filhos de Israel e deles dareis a oferta do SENHOR a Arão, o sacerdote. 29 De todas as vossas dádivas apresentareis toda oferta do SENHOR: do melhor delas, a parte que lhe é sagrada. 30 Portanto, lhes dirás: Quando oferecerdes o melhor que há nos dízimos, o restante destes, como se fosse produto da eira e produto do lagar, se contará aos levitas. 31 Comê-lo-eis em todo lugar, vós e a vossa casa, porque é vossa recompensa pelo vosso serviço na tenda da congregação. 32 Pelo que não levareis sobre vós o pecado, quando deles oferecerdes o melhor; e não profanareis as coisas sagradas dos filhos de Israel, para que não morrais.”
Amados, é interessante notar que, no início do versículo 1 desse capítulo 18, Deus fala a Arão um assunto relativo à responsabilidade do sacerdócio e aos dízimos do sacerdócio. Sabemos que isso aconteceu em Harada. Depois, no versículo 8, em Maquelote. E, assim, o Senhor prossegue falando sempre a Arão. Ainda no versículo 20, em Taate, há mais um aspecto de uma revelação posterior acerca dos assuntos relativos à responsabilidade dos serviços sacerdotais, o lugar do dízimo e das ofertas ao Senhor. Desde o versículo 1 de Números 18, Deus está falando com Arão. Mas, agora, Ele vai falar a Moisés. Aqui o Senhor vai tratar com algo que os levitas vão entregar a Arão; algo da parte de Deus. Arão não poderia, em hipótese alguma, pedir algo para si, senão que viesse da parte do Senhor Deus – aquilo que Deus havia dito, que ele não teria nenhuma parte na terra, na herança da terra. Portanto, Deus agora vai tratar do suprimento para Arão e para sua casa. Vamos avançar um pouco.
O Senhor exige que o dízimo dos dízimos seja entregue a Arão. Vejam como a Bíblia nos revela isso. Do dízimo que era entregue do povo para os levitas, era tirado o dízimo dos dízimos e entregue a Arão. Há aqui um princípio espiritual que nos ensina que na Casa de Deus, isto é, na Igreja do Senhor Jesus, no Corpo de Cristo – esse aspecto é fundamental e essencial da revelação para nós –, não devemos utilizar a palavra de Deus com interesse egoísta, para nós mesmos. Este é o princípio fundamental que aprendemos aqui. Nunca devemos pretender nada, buscar na obra de Deus nosso próprio interesse. Não podemos usar do ministério aos santos, do encargo do ministério, da vocação ministerial, como se tivéssemos o direito de usurpar qualquer coisa da Igreja. Nossa motivação nunca deve ser essa. A pregação da palavra de Deus deve ser para que a vontade de Deus seja glorificada. Jamais podemos usar disso em benefício próprio.
Na última vez que lemos a passagem de 1 Coríntios 9, onde Paulo faz uma exposição acerca dos direitos ministeriais, vimos isso. Precisamos ler esses textos. Não podemos achar que Paulo estivesse ali buscando algo para si mesmo. Vejam o que ele escreveu em 2 Coríntios 11:7-9:
“7 Cometi eu, porventura, algum pecado pelo fato de viver humildemente, para que fôsseis vós exaltados, visto que gratuitamente vos anunciei o evangelho de Deus? 8 Despojei [grego: explorei, roubei] outras igrejas, recebendo salário, para vos poder servir, 9 e, estando entre vós, ao passar privações, não me fiz pesado a ninguém; pois os irmãos, quando vieram da Macedônia, supriram o que me faltava; e, em tudo, me guardei e me guardarei de vos ser pesado.”
Vejam então que Paulo nunca buscou usar o ministério para o interesse próprio. Embora fosse um direito que ele tinha, ele nunca usou. O cuidado de Paulo aqui foi para que eles cuidassem dos obreiros, mas ele mesmo não foi pesado aos irmãos em nada. Em 1 Coríntios 9:15, no contexto desse texto, onde ele trata dos direitos ministeriais, quando fala sobre comer, beber, ter uma esposa consigo em suas viagens, ele diz:
“15 eu, porém, não me tenho servido de nenhuma destas coisas e não escrevo isto para que assim se faça comigo; porque melhor me fora morrer, antes que alguém me anule esta glória.”
Amados irmãos e irmãs, que haja em nós esse mesmo sentimento, cuidado, zelo, para que não sejamos tropeço para nenhuma pessoa na obra de Deus. Vemos aqui alguns pontos delicados no que concerne ao governo de Deus na Sua obra, como, por exemplo, a autoridade delegada àqueles que o Senhor tem chamado com o encargo do ministério, da liderança; a questão do sustento daqueles que ministram em tempo integral. Sabemos que, se não tratamos desses assuntos com cuidado e reverência, trazemos muitos danos à obra de Deus. O Espírito Santo está velando para que todos esses assuntos se façam com pureza e com um coração sincero. E, assim, que Deus nos guarde. E que Ele tenha a Sua glória através do ministério, através do serviço, através do governo e da liderança espiritual.
Vamos atentar para Números 18:25-26:
“25 Disse o SENHOR a Moisés: 26 Também falarás aos levitas e lhes dirás: Quando receberdes os dízimos da parte dos filhos de Israel, que vos dei por vossa herança, deles apresentareis uma oferta ao SENHOR: o dízimo dos dízimos.”
Aqui nós temos um importante princípio espiritual sendo introduzido por Deus. Temos conhecimento de que essas estações estão relacionadas com a liderança cristã. Sabemos que há sempre o perigo, que corremos, de querer administrar as coisas sagradas da obra de Deus como se fossem uma instituição secular, uma empresa. Não podemos adaptar o modus vivendi do tipo organizacional à obra de Deus; não podemos secularizar a obra de Deus. Temos que entender que servimos a Deus, trabalhamos para o Senhor, e que todo serviço a Deus é espiritual e deve ser alinhado pela Sua palavra. Temos que ter um espírito correto e puro, no tocante às coisas espirituais.
Essa jornada trata especificamente do espírito correto em servir a Deus na Sua obra. Esse é o tema dessa jornada. Nos textos que temos lido, em Números 18:25-32, vemos que o Senhor diz àqueles a quem eram destinados os dízimos do povo, os levitas, que eles tinham que dar também o dízimo dos dízimos a Arão. Em Malaquias, o Senhor nos fala acerca desse espírito correto, como devemos servi-lO. Nesse livro profético o Senhor denuncia o espírito incorreto, aqueles que têm agido de má fé em Sua obra. Embora possa parecer, para alguns, uma regra, uma prática religiosa, a questão dos levitas receberem os dízimos que o povo entregava voluntariamente ao Senhor, e deles tirar o dízimo dos dízimos e entregar para o sustento de Arão e sua casa, temos que conhecer o Espírito da Palavra, o que está por trás de tudo isso e a maneira como o Senhor requer de nós, a maneira como Ele deseja que venhamos tratar os assuntos espirituais, no que concerne à Sua obra.
Amados irmãos e irmãs, que o Senhor nos ajude. Que ao estudar essa Jornada, possamos atentar para esses fatores práticos da nossa vida cristã, da administração cristã, do serviço a Deus, daquilo que diz respeito à Sua obra, da maneira como temos tratado todos esses assuntos. Precisamos da ajuda do Espírito Santo para que possamos agir com um coração sincero e puro diante de Deus. Que Ele nos guarde com a Sua palavra. Que Ele nos abençoe. Que a palavra dEle venha encher o seu coração.
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