O Caminho do Santo dos Santos
Hb 9:4-9
Vamos tomar uma frase importante aqui – O Caminho para o Santo dos Santos. Essa frase está no verso 8, veja:
“querendo com isto dar a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do Santo dos Santos não se manifestou...”
Como já vimos o grande chamado no livro de Hebreus é para que nós “vivamos” no “Santíssimo” – “morar” no Santíssimo, “habitar” no Santíssimo – 24 horas por dia. Não apenas quando oramos, quando estamos reunidos, mas habitar no Santíssimo. Essa foi à aspiração dos “Santos” do Antigo Testamento. Veja as seguintes passagens:
Salmos 23:6
“Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do SENHOR para todo o sempre.”
Salmos 27:5
“Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no seu templo.”
Salmos 65:4
“Bem-aventurado aquele a quem escolhes e aproximas de ti, para que assista nos teus átrios;
Salmos 84:10
“Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade.”
Esse é o “chamamento” de Hebreus que nós vemos aqui nesse ensino acerca do “Sacerdócio de Cristo”. Um chamamento “central” – Habitar no Santíssimo. Esse é o pano de fundo da 4ª exortação. Por isso Hb 10:19 nos diz com tanta ênfase:
“Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus”
Há uma carga especial do Espírito Santo aqui. Se estudarmos com cuidado o Livro de Hebreus veremos isso. O Espírito Santo precisa “abrir” esse livro para nós para podermos ver que esta frase – O Caminho do Santo dos Santos – é o resumo de todo o livro. Ele quer nos mostrar esse caminho. Com que propósito? Para que possamos entrar lá, viver lá, morar lá, habitar lá. Porque esse é o caminho da “perfeição” ou “maturidade”. É o caminho que foi aberto pelo perfeito Sumo Sacerdote. O Caminho do Santo dos Santos.
Vamos atentar, com a ajuda do Espírito Santo, para algumas coisas aqui. Há uma nota curiosa no verso 4. Diz que ao Santo dos Santos “pertencia um altar de ouro para incenso”. Teremos que tomar cuidado aqui. Porque aqui não está se referindo ao altar de ouro de incenso. Porque o altar de ouro onde o incenso era queimado ficava na frente do véu. Ele nunca saia dali. Ele pertencia ao Lugar Santo. Veja a figura do altar de ouro:
O altar do incenso - era feito de acácia e coberto de ouro. Tinha seus 4 lados iguais. Cada lado media 1/2 mt e sua altura era de 1 mt. Sobressaindo da sua superfície, havia em seus 4 cantos umas pontas em forma de chifre. Todas as manhãs e todas as tardes, quando preparavam as lâmpadas do Candelabro, os sacerdotes queimavam sobre esse o incenso, utilizando-se do fogo tirado do altar do holocausto.
No altar do incenso temos CRISTO na comunhão da oração. O incenso nos fala das “virtudes morais de Cristo”. Embora o altar do incenso não esteja no santo dos Santos, ele nos dirige e nos leva para o Santo dos Santos. Ele está no Santo lugar, mas sua função é para o Santo dos Santos.
Então ali se queimava incenso na frente do véu. O altar de ouro estava no Lugar Santo e não no Santo dos Santos. Então quando a expressão “altar de ouro” é usada no verso 4, no Santo dos Santos, precisamos ler Lv 16:12:
“Tomará também, de sobre o altar, o incensário cheio de brasas de fogo, diante do SENHOR, e dois punhados de incenso aromático bem moído e o trará para dentro do véu”.
Em Levítico 16, temos o registro do “dia” mais importante do calendário do povo judeu. Que dia é esse? É o dia da “Expiação”. Expiar significa tirar a “culpa” (ver estudo*). Então o sumo sacerdote vai entrar no Santo dos Santos. Ele vai ter acesso a Glória de Deus. Ele vai representar todo o povo. Só que infelizmente ele é um homem pecador, mortal. Ele vai entrar lá e vai sair e vai morrer um dia. Veja Hb 9:7:
“mas, no segundo, o sumo sacerdote, ele sozinho, uma vez por ano, não sem sangue, que oferece por si e pelos pecados de ignorância do povo”
Agora veja o que diz Hb 9:11:
“Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, a exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados”
Veja também Hb 9:12:
“Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus”.
Então veja o grande Melquisedeque, o grande Sacerdote Celestial “Jesus” entrou além do véu, pelo poder de uma vida “indissolúvel”, se tornando Sumo Sacerdote para sempre e “assentou-se”. Ele se tornou Mediador, Ministro do Santuário e Fiador.
Então o capítulo 9 de Hebreus, verso 4, quando fala do altar de ouro, se refere ao “incensário” portátil, como vimos em Lv 16:12:
“Tomará também, de sobre o altar, o incensário cheio de brasas de fogo... e o trará para dentro do véu”.
Era um incensário móvel que o sumo sacerdote levava, queimando incenso, para dentro do Santo dos Santos. Ele entrava com sangue numa mão e como incenso queimando na outra mão. Em um pequeno incensário portátil. Ele tomava o incenso do altar de ouro e colocava nesse incensário e entrava no santíssimo. Por que o livro de hebreus menciona este fato? Porque o que Hebreus está nos mostrando é que o sumo sacerdote está no Santo dos Santos. Então quando ele descreve o tabernáculo, descreve no “Dia da Expiação”. Não em outro dia. A descrição que ele faz aqui no capítulo 9 é a descrição do Dia da Expiação. Quando aquele incensário está lá dentro do Santo dos Santos. E isso significa que o sumo sacerdote está lá dentro. Porque este é o tema de Hebreus. E nós temos um grande Sumo Sacerdote que penetrou os céus.
Outra coisa importante aqui, agora no verso 9, veja:
“É isto uma parábola para a época presente...”
Toda aquela parafernália (utensílios, mobílias, cortinas) no tabernáculo, o escritor de Hebreus chama de uma “parábola”. É só uma metáfora, não tem realidade espiritual, é sombra, é figura, é tipo de um verdadeiro santuário, de um verdadeiro sacerdócio, de coisas eternas, de coisas celestiais. É isso uma parábola para o tempo presente. E qual é o centro dessa parábola? Não temos como deixar de ver que o “véu” é o centro desta parábola. Veja o verso 8:
“querendo com isto dar a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do Lugar Santíssimo não se manifestou, enquanto o primeiro tabernáculo continua erguido.”
Precisamos ver também o verso 3:
“por trás do segundo véu, se encontrava o tabernáculo que se chama o Santo dos Santos,”
O primeiro “véu” separava o “Átrio do Santo Lugar”. E o segundo “véu” separava o “Lugar Santo” do “Santo dos Santos”. Então a ênfase do Espírito Santo aqui não está no primeiro véu. Está no segundo véu. Porque isso? A explicação está em Hb 10:19,20, veja:
“Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne”
Por isso a ênfase no capítulo 9. Aquele véu do tabernáculo era uma figura muito preciosa. Porque era figura da “carne” de Cristo. O que aconteceu na cruz? Quando a carne do Senhor Jesus é “rasgada”? O véu do santuário se “rasgou” de alto a baixo. Veja Mt 27:51:
“Eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo...”
Se a “realidade” foi cumprida, o “tipo, a figura, a sombra” não podia permanecer de pé. Então quando Cristo foi rasgado o véu foi rasgado. Porque o véu é uma figura. Para nada mais serve. Cristo foi rasgado por aquela “lança” e do seu lado saiu “sangue e água”. Veja isso em Jo 19:34:
“Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água”.
O que isto significa? Para que serve o sangue? Para remissão. Veja em Hb 9: 22:
“... sem derramamento de sangue, não há remissão”.
Para que serve a água? Para que Ele compartilhe conosco a sua “vida”, sua “natureza” para que nós sejamos um com Ele. Tendo a Sua própria vida e natureza em nós. Então esse é o significado do Caminho “novo e vivo” que Ele nos abriu pelo véu, isto é, pela sua carne. Que maravilhoso Sacerdote!!! Ele está nos “trono da graça” com o caminho aberto, caminho para o Santo dos Santos.
Se os hebreus conhecessem o caminho para este Lugar, eles não iriam “retroceder”, não iriam “desanimar”, eles iriam avançar. Porque temos Grande Sumo Sacerdote sobre a Casa de Deus. Ele é o vitorioso Sumo Sacerdote. Então se nós “vivemos” no Santo dos Santos, se conhecemos o caminho para o Santíssimo, caminhamos para a “perfeição” ou “maturidade”, pois para isto fomos chamados. E só assim podemos ser suas “testemunhas”.
Essa é a “carga” de Hebreus. O caminho para o Santo dos Santos. Oremos no sentido de que o Espírito Santo tire as “escamas” dos nossos olhos para que a Palavra de Deus seja “revelada”, para que tenhamos a revelação do “conhecimento” de Deus.
Estudo sobre a Expiação*
O Velho Testamento, através de tipos, ilustra para nós o valor da morte de Cristo como aquilo que “propicia” ou desencadeia o amor e misericórdia de Deus em relação aos pecadores. Esta “propiciação” é descrita para nós em Lv 16, onde temos a revelação de Deus sobre o Dia da expiação. Quero chamar sua atenção para alguns fatos sobre o “ritual” deste dia que constituem uma espécie de “provisão” sobre a obra “propiciatória” de Jesus Cristo.
Propiciação fala do valor da morte de Cristo em relação a Deus. A Propiciação não sugere que Deus precise mudar, pois o nosso Deus é imutável. Não muda a atitude de Deus, mas lhe dá liberdade de ação para favorecer os pecadores. São os homens que precisam ser reconciliados com Deus, e não Deus com Eles. A Propiciação é a obra de Cristo que satisfaz as exigências da justiça, santidade e retidão divinas para que Deus ficasse livre para agir em benefício dos pecadores. Não era o incenso, nem as ofertas que operavam a propiciação. Não eram também as orações do sumo sacerdote pedindo perdão para o povo que operavam a propiciação, mas única e exclusivamente o “sangue”. Veja Lv 16:14:
“Tomará do sangue do novilho e, com o dedo, o aspergirá sobre a frente do propiciatório...”
Deus mostrou onde o sangue da propiciação devia ser colocado. Esse lugar era o propiciatório, acima da Arca. Depois de o sangue ter sido aplicado e Deus “propiciado”, Sua condenação aos pecadores era suspensa por um período de 12 meses (um ano). Cada vez que o sacrifício era oferecido sobre o propiciatório, tratava-se do reconhecimento de uma dívida. Os filhos de Israel estavam “renovando” uma dívida, e todos os anos no Dia da Expiação ofereciam o sangue com a intenção de que seu débito fosse prorrogado. Por que a prorrogação? Veja Hb 10:4:
“porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados”.
Cristo na cruz ofereceu seu sangue e pagou toda a dívida. A justiça de Deus foi satisfeita. Ele se tornou Sumo Sacerdote Perfeito para sempre. Então Cristo é a propiciação. Cristo é o propiciatório. Cristo foi propício a Deus.