
                  
                                    T. Austin–Sparks
                           Leituras: Êxodo 4:22-23; Romanos          1:9; 7:6; 12:1; Efésios 4:11-14, 16.
                           Em cada uma das passagens          anteriores, de uma maneira ou de outra, a          questão do serviço se refere a: «…que deixes          ir a meu filho, para que sirva»; «…a quem          sirvo em meu espírito»; «…que sirvamos          debaixo do novo regime do Espírito»;          «…que é o vosso serviço (culto) racional          «; e por último, na porção de Efésios,          embora a palavra não esteja explícita, é          evidente que toda essa parte da carta se refere          ao assunto do serviço.
                            
                                    Um princípio subjacente da          criação
                           Seria uma coisa muito simples          dizer que o serviço é um pensamento que rege a          existência deste mundo e, de fato, deste          universo. Tudo existe sobre o princípio de          serviço. Tudo foi disposto para servir a um          propósito, e aquilo que não serve está          totalmente fora do pensamento divino. Quando          você medita sobre isso, que livro de serviço é a          Bíblia! O pensamento emerge com a criação e          avança até o Apocalipse, onde aprendemos que          «os seus servos lhe servirão», mesmo que as          eras tenham passado, e chegue a eternidade. Todo          o caminho através do pensamento e a lei de          serviço estão em evidência.
                           O espírito de serviço é o          espírito do Senhor Jesus; porque ele disse de si          mesmo: «O Filho do Homem não veio para ser          servido, mas para servir, e para dar a sua vida          em resgate por muitos». O Senhor não sabe          nada acerca de uma classe trabalhadora e uma          classe inativa. A palavra de Deus não considera          uma parte da criação como fora de serviço, e não          reconhece nada nem ninguém que não sirva. As          mais altas posições que a palavra de Deus revela          como nossas possibilidades de alcançar,          inclusive em relação com o próprio Deus, são          mostradas como posições de serviço.
                           Estamos familiarizados com o          termo «filho», e em nosso uso de certas          passagens da Escritura talvez temos feito uma          falsa distinção entre os servos e os filhos. Mas          a palavra de Deus é muito clara e muito          insistente, de que um filho é um filho que          serve; e inclusive chegar à posição de filiação          em seu sentido mais amplo não é alguém chegar a          estar em um lar que não faz nada e que tudo tem          sido feito para ele, mas alguém que está ali com          uma capacidade de servir. «Israel é meu          filho, meu primogênito... Deixa ir a meu filho,          para que me sirva» (Êx. 4:22:23). Portanto,          diretamente, você verá que a filiação, a mais          alta posição espiritual que podemos alcançar, é          antes de tudo uma posição de serviço.
                            
                                    O serviço é algo do Espírito
                           Além disso, o serviço é um          assunto do espírito. Paulo diz: «…a quem          sirvo em meu espírito», e ao dizer isto,          simplesmente se referia ao seu homem essencial.          O homem real é o espírito e ele estava dizendo          em outras palavras: «…a quem sirvo na realidade          mais interna do meu ser». Na terceira passagem:         «…que sirvamos no novo regime do Espírito»,          ele só está dizendo que a sua realidade mais          interna, este homem real, é renovado por          completo, e ele serve «em novidade de espírito».          Antes servia no obsoleto dos seus interesses,          sua esfera, suas energias. Era o velho homem          tratando de servir.
                           O serviço real não é algo          imposto. O serviço de Deus não é algo tomado do          exterior. Não é uma questão forçada ou de          obrigação. Não é algo que nos diga ou nos ordene          fazer, nem que tenhamos que estar à altura          daquilo e nos ver forçados a fazê-lo. O serviço          é uma questão do espírito, nosso espírito, e nós          somos provados quanto à realidade do nosso ser          interior, em sua relação com Deus, pelo espírito          de serviço que mostramos.
                           Isso nos leva a Romanos 12: 1. «Assim,          irmãos, rogo-vos pelas misericórdias de Deus,          que apresenteis os vossos corpos em sacrifício          vivo, santo, agradável a Deus, que é vosso culto          racional». Sei que as palavras que as cercam          são diferentes. Chegaremos a isso em um momento,          mas o significado é o mesmo. É ter nosso ser          obstinado a Deus.
                           Isso é o serviço, e todo outro          serviço emana deste. «…pelas misericórdias de          Deus». E, é obvio, Paulo falou dessas          misericórdias na maioria dos capítulos          anteriores ao capítulo 12: as misericórdias do          juízo passado, o julgamento assumido pelo Senhor          Jesus; as misericórdias de justificação pela fé          em Cristo; as misericórdias de comunhão com          Deus. Todas essas maravilhosas misericórdias que          nos mostram nos primeiros capítulos de Romanos,          o apóstolo as põe como base do seu chamado. ‘Assim          que…’, diz, com efeito, ‘devido a          estas misericórdias, o Senhor tem um mandamento          para vocês, tem direito sobre vocês e eu lhes          suplico que reconheçam os mandamentos de Deus          por suas abundantes misericórdias; e, incluindo          tudo, a apresentação dos seus corpos como          sacrifício vivo é serviço’.
                           O serviço não é, em primeiro          lugar, algo feito. A palavra de Deus não fala          nada a respeito disso. O serviço a Deus não é,          em primeiro lugar, o que fazemos por Deus, mas,          segundo a Sua palavra, é em primeiro lugar o que          nós somos para Deus; quer dizer, que nós somos          para Deus, totalmente do Senhor, e quando          realmente chegamos a isso, todos os outros          problemas ou questões sobre o serviço estarão          resolvidos. Não nos pede decidir o que faremos,          aonde iremos, como trabalharemos. Na realidade          estas perguntas nunca são apresentadas pelo          Senhor. A única pergunta que surge dele é: «Você          é meu?». «Se for assim», diz ele, em efeito,          «sem dúvida posso fazer exatamente o que me          agrade contigo e posso obter exatamente o que          quero de ti. Não contenderás comigo se te pedir          que tome uma determinada linha, que siga certo          curso, que vá em uma direção determinada ou que          permaneça em certo lugar».
                           Tudo isso se encontra          estabelecido no assunto inicial, amplo e extenso          de «apresentar os vossos corpos em sacrifício          vivo». Qualquer tipo de pergunta, argumento          ou dificuldade com o Senhor, como por exemplo, a          natureza, a forma ou direção do serviço,          representam algumas duvidas básicas quanto a          nossa absoluta sujeição ao Senhor, como também a          pergunta de ser totalmente do nosso Senhor.          Assim que, quando assimilamos de fazer dos          nossos corpos um sacrifício vivo para o Senhor,          quando assimilamos realmente o significado dessa          transação, resolvemos  de uma vez e para sempre          todas as outras incógnitas que possam surgir.
                            
                                    A verdadeira concepção do serviço
                           Através da Bíblia, há um meio de          ilustrar isto que é empregado com frequência, e          está ali como uma lei que governa o serviço. É          aquela lei e o propósito da relação. Do povo de          Israel, não só disse o Senhor a Faraó: «É meu          filho, meu primogênito», mas com frequência          é representada no Antigo Testamento outra          relação existente entre o Senhor e Israel, e          Israel e o Senhor. Tomo um fragmento de um          profeta: «Tenho me lembrado de ti, da          fidelidade da tua juventude, do amor do teu          desposamento, quando andava atrás de mim no          deserto, em terra não semeada».
                           Veem a importância disto? Vejamos          de novo a conhecida passagem em Jeremias 31:          «Eis que vêm dias, diz Jehová, nos quais farei          novo pacto com a casa do Israel e com a casa de          Judá. Não como o pacto que fiz com os vossos          pais no dia que tomei a sua mão para os tirar da          terra do Egito; porque eles invalidaram o meu          pacto, embora fui eu um marido para eles, diz          Jehová». «O amor do seu desposamento».          «Eu fui um marido para eles». Agora, se você          esquadrinhar cuidadosamente a lei hebraica sobre          este assunto encontrará que a ideia global desse          relacionamento era uma ideia de serviço.
                           Às vezes um livro inteiro da          Bíblia é dado para anunciar um só princípio.          Sabe-se que o livro de Ester, por exemplo, tem          só um princípio ao redor do qual tudo gira. É          assim também, uma vez mais, com o livro de Rute.          Qual é o princípio neste caso? É a operação de          uma das leis do ano do jubileu.
                           Uma das leis relativas a esse ano          era que se deviam restaurar todas as          propriedades alienadas. Mas devia haver um          parente que estivesse em uma posição de          capacidade e boa disposição, por um lado, para          receber, para encarregar-se da herdade          restaurada e, por outro lado, para assumir a          responsabilidade por aqueles envolvidos na perda          da herança. Agora, em poucas palavras, essa é          uma lei do ano de jubileu. Quando chega ao livro          de Rute, encontramos que, embora o ano do          jubileu esteja à vista, tudo é uma questão da          recuperação de uma herdade perdida. Noemi          retorna e encontra que perdeu a herança, que          caiu em outras mãos. Ela está na miséria. Rute          está com ela e as duas estão conectadas com essa          herança perdida, mas totalmente incapazes de          fazer algo por sua redenção.
                           Boaz é um parente que está em          posição de recuperar a herança: é um homem          próspero, um homem estável, um homem de          recursos. Ele é provado no assunto e não só se          encontra capaz, como também disposto. Boaz se          compromete por inteiro; e conhecemos a cena na          porta da cidade onde ele desafia a outro parente          que se mostra pouco disposto e então ele mesmo          entra na negociação de redimir a herdade          perdida. Tendo redimido a herança perdida, ele          também se entregou a outra lei intimamente          relacionada com a redenção, a qual é assumir a          responsabilidade por aqueles que perderam a          herdade.
                           Vou deixar isto aqui por agora, e          passarei ao outro lado do pequeno romance. Ali          está Rute e ela também conhece a lei sobre este          ponto. Ela está necessitada e depende totalmente          das misericórdias deste parente redentor para          que a tire da sua destituição, para salvá-la da          sua desgraça e trazê-la de volta para uma          herança rica e plena. Mas uma coisa rege, ou          seja, que assim como o parente redentor deve          estar disposto a assumir a responsabilidade por          aqueles a quem concerne a perda da herança, eles          também devem estar dispostos a serem servos          daquele parente redentor, um serviço para o          resto da vida.
                           E, como deve ser esta relação?          Porque esta é a lei, Oh, não de amo e servo, mas          sim de marido e mulher! Isto explica por que          Rute entra silenciosamente na tenda de Boaz          quando ele foi descansar e toma o cobertor dos          seus pés e o põe sobre si mesmo e sobre os pés          dele. Ela está aos seus pés. Ela está de agora          em diante absolutamente em submissão a ele, como          sua propriedade, para o seu serviço. Pois bem,          tudo o que era necessário agora é um          reconhecimento formal de uma relação, e isso          significa o seu matrimônio.
                           Mas você vê que é o princípio do          serviço, e Paulo simplesmente está trabalhando          nesse princípio quando diz: «…apresenteis os          vossos corpos em sacrifício vivo... vosso          serviço racional». As misericórdias de Deus          lhe demandam isso. A lei das misericórdias de          Deus é que você deve ser do Senhor e deve ser          trazido para a relação mais íntima da igreja com          ele, como a noiva para o noivo. A ideia global          da igreja é a do serviço.
                           A questão do serviço ao Senhor se          revela através da Palavra de Deus. Está no livro          de Rute. A relação mais sagrada e honrosa          conhecida no céu ou na terra é essa relação da          qual o apóstolo fala em Efésios 5: «Por isso          deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e se          unirá a sua mulher, e os dois serão uma só          carne. Grande é este mistério; mas eu digo isto          com respeito a Cristo e a igreja» (vv.          31-32).
                           A relação mais santa e honrosa          conhecida no céu ou na terra se expressa no          serviço. Oh!, do ponto de vista do céu, o          serviço não é servidão ou vassalagem. É a mais          santa e a mais exaltada dignidade. O poder fazer          algo pelo Senhor é o maior privilégio. Oh!, como          podemos ser atraídos e cativados por Aquele a          quem pertencemos, e não considerar o serviço ao          Senhor, porque toma certas formas, como algo a          ser rejeitado, a ser evitado ou esquivado.
                            
                                    A prova da nossa compreensão do          Senhor
                           Agora, aí está o princípio, a lei          do serviço. Depois de tudo, é uma questão de          gratidão ao Senhor. Qualquer forma que tome, é          esta. Mas, então, nós passamos à questão da          forma, e aqui nos aproximamos das considerações          práticas. O Senhor prova o nosso espírito, quer          dizer, a realidade mais interna do nosso ser,          através da linha de serviço. Não haveria nenhuma          prova em nosso ser interior se o Senhor sempre          nos pedisse fazer as coisas que são o maior          prazer para a nossa carne.
                           Não há nada mais provador que o          serviço ao Senhor, porque esse serviço nos leva          inteiramente de um âmbito a outro. Sim, já sei          que homens fora de Cristo servem; entregam-se a          si mesmos. Não é minha intenção indagar quanto          do serviço humano se faz por motivos ou          interesses pessoais, por autossatisfação e          autogratificação, porque fazer um bom trabalho          traz muito frequentemente uma grande satisfação          a quem o faz. Não me corresponde a procurar          quanta ambição há por trás deste trabalho ou          busca de fama, influência, êxito, prosperidade e          assim sucessivamente; mas isto sei, que quando          realmente chegamos às  mãos do Senhor, a          pergunta ou o assunto do serviço se converte          para nós em Sua forma de encontrarmos a Ele.
                           Agora, voltando para Israel.          «Deixa ir a meu filho, para que me sirva».          Essa é a palavra que podemos dizer que foi          escrita sobre a saída de Israel do Egito. Esse          era o objetivo. Moisés foi desafiado          completamente nessa questão todo o tempo. Israel          também tinha compreendido algo do seu          significado, e Faraó, por outro lado, foi          reconhecendo a importância daquele serviço ao          Senhor no deserto. A própria ideia de Israel de          sair para servir ao Senhor no deserto era uma          ideia muito romântica, e sem dúvida houve muito          entusiasmo associado a este serviço.
                           Aquela ideia de servir ao Senhor          era uma ideia atrativa, uma ideia cativante. Mas          tinham que seguir, marchar no deserto e ver se,          depois de tudo, a ideia demonstrava ser tão          romântica como eles esperavam. Todo o entusiasmo          deles morreu: todo elemento de romance          desapareceu. O assunto tomou uma forma que          requeria algo muito maior que todo o entusiasmo          que eles eram capazes de demonstrar, e sua          atitude se tornou em desilusão. Oh, isto não é o          que esperávamos! Isto é algo completamente          diferente! Pensamos isto e aquilo. Nunca          pensamos que seria assim!
                           Mais cedo ou mais tarde, quando          chegamos às mãos do Senhor, isso é o que          acontece. Quaisquer que sejam as nossas          expectativas, chegamos ao ponto em que          descobrimos que o serviço ao Senhor nos prova na          própria essência do nosso ser, e o ponto de          apoio é, sobretudo, se estamos obtendo alguma          gratificação, prazer ou satisfação pessoal          nisto, ou se estamos tendo tal devoção ao Senhor          que somos achados em Seu serviço e plenamente          nisso, só porque é para Ele, para o Seu prazer,          para a Sua satisfação, pelo que Ele é e por Suas          misericórdias. Deus nos põe totalmente em aperto          nesta questão.
                           Agora, isto funciona simplesmente          em milhares de formas práticas, todos os dias.          Se o Senhor apenas nos deixasse lhe servir nesta          direção, quão encantador, quão satisfatório          seria! Que felizes seríamos! O princípio de          serviço é uma coisa; a forma do serviço é algo          muito distinto, e ali somos provados. Não somos          provamos em nada menos que em nossa devoção ao          Senhor. A pergunta que se faz todo o tempo é:          Pode isto de alguma forma servir aos interesses          do Senhor, ser uma contribuição ao conjunto?
                           Não devemos perguntar como ou no          que devemos servir com o nosso espírito. Você          tem o espírito de serviço e não terá nenhuma          dificuldade sobre a forma do serviço. São as          pessoas que não tem o espírito de serviço que          sempre se encontra em dificuldades sobre o          como do serviço. Eles estão em espera de          algo que coincida totalmente com a sua ideia de          serviço. Eles têm as suas ideias sobre o que é o          serviço ao Senhor e, até que as suas ideias          tenham a possibilidade de realizar-se, o serviço          não existe para eles. Oh não!
                           A voz do verdadeiro servidor se          ouve nas palavras: «…a quem sirvo em meu          espírito». Aí começa. O espírito de serviço          resolve todas as outras interrogações. Não          comece perguntando onde servirá ao Senhor, como          servirá, o que vais fazer por ele, mas considera          que o Senhor te possui total e absolutamente,          que está enamorado por ele, que pode dizer que          as suas misericórdias capturaram o seu coração.          Eu sou do Senhor, tão verdadeiramente como Rute          estava aos pés de Boaz, no lugar de entrega e          sujeição absoluta a Ele, para sempre. Busque          estar aos pés do teu Senhor, casado com Cristo,          e todas as outras questões sobre o serviço          deixarão de existir. O Senhor poderá fazer o que          lhe agrada e você não terá questionamentos nem          debates.
                           Então, a questão do serviço          parece ser definitivamente do espírito. Isso é          tratar muito ligeiramente o assunto.
                            
                                    O serviço tem três aspectos
                           Só quero mencionar uma coisa a          mais, que o serviço tem três aspectos, tanto          como posso ver, na palavra de Deus; três e só          três. Acima de tudo e sobre tudo, o culto;          porque, de fato, para isso Israel saiu para o          deserto, e isso é o que Deus chama serviço:          «…para que me sirva». Quando eles chegaram          ao seu destino, era um assunto de culto. Não          podiam fazer muito mais em um deserto, em uma          terra que não foi semeada.
                           Escutemos o que o Senhor disse          deles no momento da sua saída. «Lembrei-me de          ti, da fidelidade da tua juventude, do amor do          teu desposamento, quando andava atrás de mim no          deserto, em terra não semeada» (Jer. 2: 2).          Isso é culto, quando Deus pode nos ter em um          lugar, estado e posição de devoção a ele, quando          nós não podemos fazer nada mais, estando em um          lugar estéril. Oh!, nós podemos dar ao Senhor          muito do que chamamos culto quando estamos tendo          um bom momento, quando está ocorrendo todo tipo          de coisas interessantes no que chamamos o          serviço do Senhor.
                           Mas quando nos encontramos em um          deserto, em uma terra não semeada, quer dizer,          quando nós estamos separados destas atividades          auto gratificantes no serviço, isolados das          coisas, e nos encontramos em silêncio diante do          próprio Senhor e só temos ao Senhor e o coração          está com ele, então tem o que Deus chama o          serviço mais alto. Ele nos tem para si mesmo.          Assim foi ali no deserto para com Israel, onde o          Senhor pôde ter a Israel para Si mesmo e achar a          Israel lhe respondendo e estando satisfeito com          Ele. Isso é o que Deus chama o serviço mais          alto, isso é o culto. Portanto a interpretação          alternativa dessas palavras em Romanos 12: 1 é         «vosso culto espiritual»: «vosso          serviço racional».
                           Não vou falar destas três coisas,          só vou mencioná-las, mas a forma mais alta de          serviço a Deus é o culto; quer dizer, onde o          Senhor é o único objeto da nossa devoção, não          pelo que obtemos, não pela bênção que se acumula          em nós, não por prazer ou satisfação do nosso          próprio ser, mas apenas por Ele mesmo. Ele chama          a isso serviço. É maravilhoso, creio, o serviço          que se presta ao Senhor, além disso, é Sua          própria satisfação. Quer dizer, se o Senhor          tiver uma vida que é realmente de adoração,          dedicada, dada a ele por Sua própria causa, há          uma influência que emana daquela vida, há um          poder nessa vida, há um testemunho naquela vida.          Aí é onde começa o serviço, e é um serviço          inconsciente; é um serviço de frutificação          inconsciente, só para o Senhor.
                           Em seguida, há outras duas fases          mais do serviço. Uma delas é o ministério aos          santos, e a outra, é obvio, é o testemunho ao          mundo. Três aspectos do serviço; culto,          ministério aos santos, testemunho ao mundo.          Quando você diz isto, pode transformá-lo em          dois: primeiro, Deus operando diretamente, e em          segundo e terceiro lugar o trabalho do homem, e          Deus operando indiretamente. Como tenho dito,          não falarei em detalhe sobre essas três coisas,          mas quero dizer isto, que, na palavra de Deus,          todo o povo do Senhor é considerado em todas e          em cada uma destas fases do serviço; todas as          pessoas do Senhor, do menor até o maior. Os          adoradores não são uma classe por si mesmos.          Suponho que vocês aceitarão a declaração de que          todas as pessoas do Senhor são consideradas          adoradores, totalmente para o Senhor. Bom, isso          é o serviço; esse é o serviço do povo do Senhor          para Ele.
                           Todo o povo do Senhor é também          considerado participante no serviço aos santos.          É um assunto que cada vez devemos enfrentar mais          e mais e é justamente isto o que trata o          capítulo 4 da carta aos Efésios. Certamente, o          Senhor deu dons especiais à igreja; alguns          apóstolos e alguns profetas, e evangelistas,          pastores e mestres. Com que propósito estes          foram dados? Para o aperfeiçoamento dos santos          para a obra do ministério. Creio que isso é o          que Paulo queria dizer. A avaliação deve ser          organizada de acordo com esse sentido. Foi para          o aperfeiçoamento dos santos, para levar a todos          os santos a uma posição onde eles possam cumprir          com a obra do ministério.
                           O restante do capítulo o deixa          claro. Vocês veem o que quer dizer: «…de          quem todo o corpo, bem consertado e unido entre          si por todas as juntas que se ajudam mutuamente,          segundo a própria atividade de cada membro,          recebe o seu crescimento para ir edificando-se          em amor» (Ef. 4:16). O corpo, com cada uma          das suas partes trabalhando de acordo com a sua          medida, se auto edifica. É o que chamamos          ‘mutualidade’. O serviço do Senhor, em          segunda instância, é o ministério mútuo dos          santos, a mútua edificação do corpo de Cristo.          Não é apenas uma pessoa ministrando aos santos,          mas todos os santos se ministrando um ao outro          na medida espiritual e cada um em sua medida.          Isto tem um lugar muito importante na palavra de          Deus, tanto no Antigo como no Novo Testamento.
                           Então, por último, é o testemunho          ao mundo. Parece-me que este terceiro aspecto de          serviço tomou preeminência, como se os outros          fossem secundários. O testemunho ao mundo –pode          chamá-lo evangelização ou ganhar almas– se          converteu no serviço ao Senhor. Isso é o que          hoje as pessoas chamam «trabalhar para o          Senhor»; muitas pessoas têm isto em mente. Não          quero desprezar a importância deste aspecto do          serviço, senão fortalecê-lo. Aqui, de novo,          quero dizer que a palavra de Deus considera          também a todo o povo do Senhor neste aspecto do          ministério ou serviço. Todas as pessoas do          Senhor são testemunhas. Pode não ser um          evangelista no sentido específico, mas é uma          testemunha, e isso é uma parte do serviço do          Senhor em que todos nós devemos permanecer          fiéis.
                           Aqui, então, estão os três          aspectos do serviço, e todos nós fomos          considerados como participantes neles; culto,          ministério aos santos, testemunhas para o mundo.          Sim, em cada um de nós, individualmente, recai          este serviço triplo ao Senhor.
                            
                                    O serviço e a casa de Deus
                           Agora, amados, para finalizar,          quero lhes recordar que o serviço sempre começa          na Casa. Se buscares no Novo Testamento,          encontrarás que a base de todo serviço é a          assembleia local. A assembleia local tem em si          todos os elementos de serviço necessários para          servir. É ali que se expressa a forma mais alta          de serviço, ou seja, o culto, e a assembleia          local está constituída sobre a base do culto.          Estamos pelo Senhor, para o Senhor; somos do          Senhor. A assembleia local também está          constituída sobre o princípio do ministério          mútuo de uns aos outros; e, além disso, deveria          estar expressando em sua vida e em todos os          valores de uma assembleia local, os recursos e          energias para testemunho ao mundo.
                           Agora, isto abre um grande          assunto. A assembleia local é o lugar para a          capacitação e treinamento para o serviço. Quando          há uma verdadeira vida de assembleia,          proporciona-se uma garantia contra toda uma          série de riscos que estão conectados com o          serviço; e isso significa mais um grande          assunto. Mas quero que vocês cheguem a uma          compreensão –sem detalhar– do que é o serviço e          o que ele significa, e especialmente lhes deixar          com esta urgência em seus corações, que a prova          da nossa relação com o Senhor se encontra,          primeiro, no espírito de culto e devoção a ele;          e em segundo lugar, em quão envolvidos estamos          na edificação do seu povo e no caminho desse          ministério; e em seguida, o espírito de serviço          é provado por nosso testemunho ao mundo, nossa          preocupação pelos interesses do Senhor para os          nãos convertidos. Esta é a tripla prova do          espírito de serviço.
                           Que o Senhor nos encontre na          companhia daquele servo dele que disse: «…a          quem sirvo em meu espírito… que sirvamos sob o          novo regime do espírito… que apresenteis os          vossos corpos em sacrifício vivo… vosso culto          racional». E que em nenhum de nós haja nunca          na presença do mundo uma vacilação para declarar          nossa lealdade como aquele servo do Senhor nas          palavras: «…de quem sou e a quem sirvo…».
Fonte: www.vida.emcristo.nom.br
                   
                                                                                 |              Em       consonância com o desejo de T. Austin-Sparks de que aquilo       que foi recebido de graça seja dado de graça, seus escritos       não possuem copirraite. Portanto, você está livre para       usá-los como desejar. Contudo, nós solicitamos que, se você       desejar compartilhar escritos deste site com outros, por       favor ofereça-os livremente - livres de mudanças, livres de       custos e livres de direitos autorais. 
 
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