quinta-feira, 13 de setembro de 2012

O Templo do Espírito Santo


Capítulo XXI

 Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?
I Co 3:16

As Escrituras nos convidam a estudar a analogia do templo com a habitação interior do Espírito. O templo foi construído com o modelo que Moisés viu no monte, uma sombra lançada pelas realidades espirituais eternas que ele simbolizava. Uma dessas realidades é a natureza tripla do homem. Porque o homem foi criado à imagem de Deus, o templo não é apenas um exemplo do mistério da aproximação do homem à presença de Deus, mas também do caminho de Deus para penetrar no homem, para estabelecer residência com ele.
Nós estamos familiarizados com a divisão do templo em três partes. Havia o exterior, visto por todos os homens, com o átrio no qual todo israelita podia entrar e onde todos os serviços externos eram executados. Havia o Santo lugar, no qual apenas os sacerdotes entravam, para apresentar a Deus o sangue e o incenso, o pão ou o óleo, que tinham trazido de fora. Embora próximos, eles não estavam ainda dentro do véu; na presença imediata de Deus. Deus habitava no Santíssimo, em uma luz inacessível, onde ninguém poderia se aventurar. A entrada momentânea do sumo sacerdote uma vez ao ano era apenas para fazê-los conscientes da verdade de que não havia lugar para o homem lá até que o véu fosse rasgado em dois.
O homem é o templo de Deus. Nele há três partes. O corpo representa o átrio, a vida exterior e visível, onde a conduta é regulada pelas leis de Deus e onde todo o serviço consiste em olhar como são as coisas ao redor de nós, e aproximar-nos de Deus. A alma representa a vida interior, o poder da mente, sentimento e vontade. No homem regenerado este é o Santo lugar, onde pensamentos, afeições e desejos se movem para lá e para cá como os sacerdotes do santuário, rendendo a Deus o seu serviço na plena luz da consciência. Então há, dentro do véu, oculto de toda vista e luz do homem, o mais íntimo e oculto santuário, o lugar secreto do Altíssimo, onde Deus habita e onde o homem não pode entrar, até que o véu se rasgue. O homem tem não apenas corpo e alma, mas também espírito. Mais profundo que a alma com sua consciência, há a natureza espiritual unindo o homem com Deus. Tão grande é o poder do pecado que de alguma maneira esta parte morre: “eles são sensuais, não tendo o Espírito”. Em outros, ele é nada mais que um lugar dormente, um vácuo, aguardando pela vivificação do Espírito Santo. No crente, ele é a câmara interior do coração, do qual o Espírito tomou posse, e a partir do qual Ele aguarda para fazer Sua gloriosa obra, tornando a alma e o corpo santos para com o Senhor.
Assim que, a menos que esta habitação interior seja reconhecida, rendida e humildemente mantida em adoração e amor, ela trará comparativamente pouca bênção. Reconhecer a presença do Espírito Santo habitando interiormente nos habilitará a levar em conta todo o templo, mesmo o átrio mais exterior, como sendo sagrado para o Seu serviço, e entregar cada faceta de nossa natureza à Sua liderança e vontade. A parte mais sagrada do templo – para a qual todo o resto existia e dependia – era o Santo dos Santos. Embora os sacerdotes nunca pudessem entrar e ver a glória que residia lá, a conduta deles era regulada e sua fé motivada pelo pensamento da presença invisível que ele continha. Era este fato que dava valor à aspersão do sangue e ao queimar do incenso. E era este fato que tornava um privilégio se aproximar e lhes dava confiança para sair e abençoar o povo. Era o Santo dos Santos que tornava o lugar onde eles serviam um Santo lugar. Toda a vida deles era controlada e inspirada pela fé na glória invisível que habitava para dentro do véu.
E assim é com o crente. Até que ele aprenda pela fé curvar-se em santo temor diante do estupendo mistério que ele é o templo de Deus porque o Espírito de Deus habita nele, ele nunca aceitará a sua vocação com a alegria e confiança que ela merece. À medida em que ele olha para o santo lugar, tanto quanto o homem possa ver por si mesmo, ele buscará em vão pelo Espírito Santo. Cada um deve aprender a conhecer o lugar secreto do Altíssimo interiormente.
Como esta fé nesta habitação oculta se torna nossa? Tome uma posição sobre a Palavra de Deus e aceite e se aproprie de seu ensino. Necessitamos crer que Deus quer dizer o que Ele diz. Nós somos o Seu templo – um tipo de templo que Deus ordenou que fosse construído. Ele quer que vejamos nele o que Deus pretendia para nós. O Santo dos Santos era o ponto central, a porção essencial do templo. Ele era escuro, secreto, escondido, até o tempo de seu desvendamento. Ele requeria e recebia a fé do sacerdote e do povo. O Santíssimo dentro de mim é oculto e invisível também – algo que apenas a fé pode perseguir e conhecer. O Pai e o Filho agora mesmo fazem Seu lar dentro de mim. Eu meditarei e estarei quieto até que algo da sobrepujante glória desta verdade se apodere de mim e a fé comece a perceber que eu sou o Seu templo, e no lugar secreto Ele se assenta sobre o Seu trono. Quando eu me aplico em meditar e adorar dia a dia, rendendo e abrindo todo o meu ser a Ele, Ele resplandecerá, em Seu poder divino e amoroso, em minha consciência a luz da Sua presença.
Em meio à terrível experiência do fracasso e pecado, nova esperança romperá. Embora eu possa ter buscado avidamente fazê-lo, eu não pude manter o lugar santo para Deus, porque Ele próprio é que o mantém. Se eu Lhe dou a glória devida ao Seu nome, Ele enviará Sua luz e Sua verdade através de todo o meu ser, revelando o Seu poder para santificar e abençoar. Através da alma, colocando-se sempre mais debaixo de Seu governo, o Seu poder operará, mesmo nas paixões e apetites interiores, sujeitando cada pensamento ao Espírito Santo.
Se você tem afastado o pecado e pedido ao Espírito para habitar em você, creia que Ele o faz e que você é o templo do Deus vivo! Você foi selado com o Espírito Santo; Ele é a segurança do amor do Pai por você.
Lembre-se de que o véu era apenas para um tempo. Quando a preparação estava completa, o véu da carne foi rasgado. Assim como a morte de Cristo rasgou o véu de templo, também o véu é rasgado em você para permitir a entrada do Espírito Santo do alto para o interior do seu ser. A glória oculta do lugar sagrado se derramará dentro de sua vida consciente: o serviço do lugar santo será no poder do Espírito eterno.
Sumário

·      O espírito aqui (João 4:24) denota aquele elemento mais profundo da alma humana pelo qual é possível manter comunhão com Deus.
·      Note como Paulo, ao apelar aos coríntios para erguer-se de seu profundo estado carnal, mais uma vez pleiteia com eles na base do fato de eles serem templos do Espírito Santo.
·      Aprendamos aqui que cada crente tem o Espírito Santo, e que ele deve saber disto, e que este conhecimento é a mais eficiente ferramenta para elevar-se de uma vida carnal e adentrar a plenitude do Espírito.
·      É o corpo que é o templo do Espírito Santo (I Coríntios 6:19). Se nosso espírito é cheio com o Espírito de Deus, isto se manifestará também no corpo. “Se pelo Espírito mortificardes os feitos do corpo, certamente vivereis” (Romanos 8:13).
·      Você sabe disto pela fé? Você está prosseguindo para conhecê-lo em plena experiência de modo que sua consciência mais profunda dirá espontaneamente: sim, eu sou um templo de Deus; o Espírito de Deus habita em mim?

Introdução sobre Espírito, Alma e Corpo

(Estudo complementar)
O corpo é a cobertura externa do homem é, sem dúvida alguma, correto, mas a Bíblia jamais confunde o espírito e a alma como se fossem a mesma coisa. Não só são diferentes em condições, mas também suas naturezas diferem uma de outra. A Palavra de Deus não divide o homem em duas partes de alma e corpo. Pelo contrário, trata o homem como um ser tripartido: espírito, alma e corpo. 1 Tessalonicenses 5:23, 24 diz:

“E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”.

Este versículo mostra claramente que o homem está dividido em três partes. O apóstolo Paulo se refere aqui à santificação total dos crentes: «vos santifique completamente». Segundo o apóstolo, como se santifica uma pessoa por completo? Guardando seu espírito, alma e corpo. Este versículo também faz uma distinção entre espírito e alma, pois de outro modo Paulo teria dito simplesmente «sua alma».
Tem alguma importância a divisão em espírito e alma? É um assunto de primordial importância porque afeta tremendamente a vida espiritual do crente. Como um crente pode compreender a vida espiritual se não conhecer o alcance do mundo espiritual? Sem compreender isto como pode crescer espiritualmente?
O fracasso em distinguir entre o espírito e a alma é fatal para a maturidade espiritual. Como poderemos escapar do fracasso se confundirmos o que Deus dividiu? Outras partes da Bíblia fazem a mesma diferenciação entre espírito e alma. Veja Hb 4:12:

“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração”.

Neste versículo, o escritor divide os elementos não corporais do homem em duas partes, «alma e espírito». Aqui se menciona a parte corporal através das juntas e das medulas — órgãos motores e sensoriais. Quando o sacerdote utiliza a faca para cortar e dividir totalmente o sacrifício, não pode ficar nada oculto. Inclusive se separam as juntas e as medulas (tutanos). Da mesma maneira o Senhor Jesus usa a Palavra de Deus sobre seu povo para separá-lo todo, para penetrar inclusive até a divisão do espiritual, o anímico e o físico. E daqui se deduz que, posto que se pode dividir a alma e o espírito, devem ser diferentes em sua natureza. Assim, é evidente aqui que o homem é um composto de três partes.

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