quinta-feira, 13 de setembro de 2012

ESTUDO SOBRE A PESSOA E OBRA DO ESPÍRITO SANTO


Capítulo XVI
A Liberdade do Espírito

Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis.
Rm 8:2,13

No sexto capítulo de Romanos, Paulo fala da nossa libertação do pecado em Cristo Jesus (versículos 18, 22). Nossa morte para o pecado em Cristo nos libertou de seu domínio: sendo livres do pecado como poder, como mestre, quando aceitamos a Cristo em fé, nos tornamos servos da justiça e de Deus. No sétimo capítulo, ele nos fala de sermos libertos da lei (versículos 1-6). “A força do pecado é a lei” (I Coríntios 15:56): a libertação do pecado e da lei andam juntas. Sendo livres da lei, somos unidos ao Cristo vivo, para que em união com Ele sirvamos em novidade do Espírito (7:4-6). Paulo, nestas duas passagens (Romanos 6 e 7), apresenta a libertação do pecado e da lei, em sua realidade objetiva, como uma vida preparada em Cristo para ser aceita e mantida por fé. De acordo com a lei de crescimento gradual na vida cristã, o crente deve, no poder do Espírito com o qual foi selado por fé, entrar nessa união e andar nela. Em matéria de experiência, quase todos os crentes podem testificar que mesmo depois que viram e aceitaram este ensinamento, sua vida não é o que esperavam que fosse. Eles consideram a descida para a experiência de Romanos 7 muito real e muito dolorosa. É porque, via de regra, não há outra maneira de aprender as duas grandes lições. A primeira é a inutilidade da vontade humana, sendo compungida à obediência pela lei, para produzir a justiça divina na vida de alguém. A segunda é a necessidade da habitação plena e consciente do Espírito Santo como o único poder suficiente para a vida de um filho de Deus.
Na primeira metade de Romanos 8, vemos esta segunda verdade exposta. Na divina exposição da vida cristã nessa epístola, e de seu crescimento no crente, há um evidente avanço passo a passo. O oitavo capítulo – ao apresentar pela primeira vez o Espírito Santo na revelação da vida de fé conforme a vemos nos capítulos 6 a 8 – nos ensina que é somente conforme o Espírito motiva nossa vida e caminhada, e conforme Ele é distintamente conhecido e aceito para fazer isso, que podemos plenamente possuir e desfrutar das riquezas da graça que são nossas em Cristo. Que todos que desejam saber o que é estar morto para o pecado e vivo para Deus, ser livre do pecado e da lei e unido Àquele que foi levantado dos mortos, encontrem a força que necessitam nesse Espírito, através de quem a união com Cristo pode ser mantida como uma experiência divina e Sua vida vivida em nós em poder e verdade.
Na primeira metade do oitavo capítulo, o segundo versículo é central. Ele revela o maravilhoso segredo de como nossa liberdade do pecado e da lei pode se tornar uma experiência viva e permanente. Um crente pode saber que é livre, mas ter de admitir que sua experiência é a de um irremediável cativo. A liberdade é tão inteiramente em Jesus Cristo, e a manutenção da união viva com Ele é tão evidente e inteiramente uma obra do poder divino, que é somente quando vemos que o Espírito habita dentro de nós para este mesmo propósito, e sabemos como aceitar e nos render ao Seu trabalhar, que podemos verdadeiramente permanecer perfeita e completamente na liberdade com que Cristo nos libertou. A vida e liberdade de Romanos 6 e 7:1-6 serão nossas na mesma medida em que pudermos dizer: “a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte” (Romanos 8:2). Por toda a vida cristã, reina este princípio: “Faça-se-vos conforme a vossa fé” (Mateus 9:29). Conforme o Espírito Santo, o Espírito da fé, revela a grandeza do poder de ressureição de Deus operando em nós, e conforme a fé no Espírito de habitação leva a receber este poder em plenitude, tudo o que está disponível para nós em Cristo Jesus se torna manifesto em nossa experiência diária pessoal. Quando percebemos a diferença entre este ensino e o anterior (Romanos 6-7:6), e quando vemos que evidente vantagem existe neste, o mais glorioso e exclusivo lugar que o Espírito Santo como Deus possui no plano da redenção e da vida da fé se abrirá para nós. Aprendemos com isso que tão divinamente perfeita quanto é a vida de liberdade em Cristo Jesus, também assim o poder dessa vida nos capacita a andar na liberdade do Espírito Santo. A certeza e a experiência vivas da habitação do Espírito Santo se tornarão para nós a primeira necessidade da nova vida, inseparáveis da pessoa e da presença de Jesus Cristo nosso Senhor.
Novamente, a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, nos livrou da lei do pecado e da morte”. Paulo contrasta aqui as duas leis opostas: a do pecado e da morte nos seus membros, e a do Espírito e da vida governando e avivando até mesmo o corpo mortal. Sob a primeira vemos o crente suspirando como um irremediável cativo. Na segunda metade de Romanos 6, Paulo o retrata como liberto do pecado e, por rendição voluntária, tornado servo de Deus e da justiça. Ele abandonou o serviço do pecado e ainda assim o pecado frequentemente o domina. A promessa de que “o pecado não” – nem por um momento – “terá domínio sobre vós”(6:14) não se tornou realidade. O querer está presente, mas ele não sabe como realizar. “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (7:24) é o lamento pela futilidade de todos os seus esforços para cumprir a lei. “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” (7:25) é a resposta de fé que proclama a libertação em Cristo desse poder que o mantinha cativo. Da lei – o domínio do pecado e da morte nos membros – e seu verdadeiro poder em motivar o pecado, existe liberdade. Esta liberdade é uma nova lei, uma força poderosa, um verdadeiro poder de tornar livre do pecado. Tão real quanto foi a energia do pecado operando em nossos membros é a energia do Espírito habitando em nossos corpos. É o Espírito da vida que está em Cristo. Dessa vida, como quando estava cheia da poderosa energia do poder de Deus na ressureição e ascenção (Efésios 1:17,21), e foi admitida no trono da onipotência de Deus como o Espírito eterno – dessa vida foi que desceu o Espírito Santo, o próprio Deus. A lei, o poder, o domínio da vida em Cristo Jesus me livrou da lei, do domínio do pecado e da morte em meus membros, com uma liberdade tão real quanto foi a escravidão. Desde os primórdios da nova vida, foi o Espírito quem inspirou a fé em Cristo. Quando entramos pela primeira vez na justificação, foi Ele quem derramou copiosamente o amor de Deus em nossos corações. Foi Ele quem nos levou a ver Cristo como nossa vida e também como nossa justiça. Mas tudo isso foi, na maioria das vezes, acompanhado pela falta de conhecimento de Sua presença e da grande necessidade de um suprimento de Seu imenso poder. Conforme o crente em Romanos 7:14-23 é trazido à descoberta do legalismo arraigado da velha natureza e de sua absoluta impotência, a verdade do Espírito Santo e do imenso poder com o qual Ele, no sentido prático, nos liberta do poder do pecado e da morte é compreendida como nunca antes. Nosso texto se torna uma declaração da mais alta fé e experiência combinadas: “a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte”. Tão real, poderosa e espontânea quanto foi a lei do pecado nos membros, assim também é a lei do Espírito da vida nesses membros.
O crente que deseja viver plenamente nessa liberdade de vida em Cristo Jesus entenderá facilmente qual é o caminho em que ele aprenderá a andar. A mensagem de Roamnos 8 é o objetivo para o qual Romanos 6 e 7 conduzem. Em fé, ele primeiro terá de estudar e aceitar tudo o que é ensinado nesses dois primeiros capítulos sobre estar em Cristo Jesus, morto para o pecado e vivo para Deus, livre do pecado e da lei e unido a Cristo. “Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:31-32). Permita que a Palavra de Deus, conforme o ensina sobre sua união com Cristo, seja o solo vivo no qual sua fé e vida criam raízes diariamente; habite, permaneça nela, e permita que ela habite em você. Meditar, agarrar-se, esconder no coração a palavra deste evangelho, assimilar por fé, é a maneira de reter a verdade que a Escritura ensina. Se a sua passagem pela experiência de carnalidade e cativeiro para a qual as tentativas de cumprir a lei nos conduzem parece ser qualquer coisa menos progresso, lembre-se que é no mais profundo desespero de si mesmo que a completa rendição ao Espírito nasce e se fortalece. O fim de toda a esperança através da carne e da lei é a entrada para a liberdade do Espírito.
Para andar nos caminhos desta nova vida será de particular importância lembrar o que significa a expressão “andar no Espírito”. O Espírito deve conduzir, revelar o caminho. Isso implica em rendição, em obediência, em espera para ser guiado. Ele deve ser o poder governante;em todas as coisas devemos viver e agir sob a lei e a autoridade do Espírito. Santo temor em entristecê-Lo, diligência em procurar conhecer sua liderança, fé diária em Sua presença, humilde adoração a Ele como Deus – tudo isto deve ser marca dessa vida. As palavras que Paulo usa ao fim dessa seção devem expressar nosso objetivo: “se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis” (Romanos 8:13). O Espírito Santo possuindo, inspirando, e motivando todos os poderes do nosso espírito e alma, entrando em nós e nos capacitando para morrer para os feitos do corpo, é com isso que devemos contar. Esta é a santificação do Espírito para a qual fomos chamados.
Andamos por fé e não por vista: é disso que precisamos particularmente nos lembrar a respeito de nosso andar no Espírito. Porque a manifestação visível de Cristo e Sua obra é muito mais inteligível do que a revelação da obra do Espírito em nós, buscar a liderança do Espírito geralmente demanda mais fé. O poder do Espírito se oculta juntamente com nossa fraqueza para encarregar-se por nós de nossa vida diária. É necessária uma paciente perseverança para se entrar na plena consciência de Sua presença interior.
Precisamos da unção direta, renovada dia a dia pelo que é Santo, em comunhão com Cristo. Se alguma vez a expressão “crê somente!” foi necessária, ela o é agora. Creia na promessa do Pai. Creia no Filho e na vida Dele que é sua pelo Espírito Dele. Creia no Espírito Santo como o portador, comunicador e mantenedor da vida e presença de Jesus com você. Creia que Ele habita em você.

Sumário
1.    Questione se esta é a sua experiência: você está vivendo na liberdade da lei do Espírito da vida em Cristo Jesus? Você está verdadeiramente liberto da lei do pecado e da morte nos seus membros?

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