Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Hebreus 4:12
domingo, 1 de agosto de 2010
AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 70
14ª Estação – Hazerote (parte 1)
TEXTOS: Números 33:17; Nm 11:35 a Nm 12:15; 1Co 12:12-28
Nm 33:17: “partiram de Quibrote-Hataavá e acamparam-se em Hazerote.”
Amados irmãos e irmãs, após sair de Quibrote-Hataavá, o povo de Israel acampou-se em Hazerote. Quando estudamos cada estação dessas jornadas, vemos o trabalhar do Senhor em cada situação, em cada fase, pelas quais Ele nos conduz.
Ao olharmos o mapa, vemos que a Península do Sinai é um triângulo invertido. Desde a parte de baixo, partindo do Sinai, eles começaram a subir, passando por Quibrote-Hataavá e, em seguida, chegaram a Hazerote, em direção ao Deserto de Parã. Nesse deserto ocorreram várias estações. Os acontecimentos de Hazerote encontram-se em Nm 11:35 a Nm 12:15. As lições que o Espírito Santo proveu para nós aqui são muito delicadas e solenes. Vamos ler alguns textos:
Nm 11:35: “De Quibrote-Hataavá partiu o povo para Hazerote e ali ficou.”
Nm 33:17: “partiram de Quibrote-Hataavá e acamparam-se em Hazerote.”
Vejamos que em Nm 11:35 diz “e ali ficou”; mas em Nm 33:17 diz “e acamparam-se em Hazerote”. Acampar pode ser algo passageiro, pode ser uma pernoite, mas, quando diz “e ali ficou”, indica que eles ficaram um tempo ali. É importante notarmos essa diferença.
Além disso, precisamos compreender o significado do nome Hazerote. Trata-se de uma palavra plural e feminina. A terminação “owth”, no hebraico, é feminina; já a terminação “in”, também em hebraico, é plural masculina. Então, Hazerote, cuja terminação “owth” é plural feminina, significa aldeias. Eles acamparam, ficaram, em Hazerote. Ali ficaram por um tempo, onde puderam conviver um pouco, juntos, como família. Nesse tempo, como família, alguns problemas começaram a surgir – problemas de ordem familiar.
Diante disso, vamos ler Nm 12:1-4:
“1 Falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da mulher cuxita que tomara; pois tinha tomado a mulher cuxita. 2 E disseram: Porventura, tem falado o SENHOR somente por Moisés? Não tem falado também por nós? O SENHOR o ouviu. 3 Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra. 4 Logo o SENHOR disse a Moisés, e a Arão, e a Miriã: Vós três, saí à tenda da congregação. E saíram eles três.”
Vejamos que no versículo 1 há uma ordem e essa ordem está invertida – “Falaram Miriã e Arão contra Moisés”. A ordem que está estabelecida é Miriã, Arão e depois Moisés – completamente errada. Depois, no versículo 4, temos a ordem que Deus estabeleceu: “Logo o SENHOR disse a Moisés, e a Arão, e a Miriã” – essa é a ordem divina, a ordem do governo de Deus. Deus chamou os três para que saíssem à tenda da congregação e os três saíram. Na sequência, a partir do versículo 5, temos:
“5 Então o SENHOR desceu na coluna de nuvem e se pôs à porta da tenda; depois, chamou a Arão e a Miriã, e eles se apresentaram. 6 Então, disse: Ouvi, agora, as minhas palavras; se entre vós há profeta, eu, o SENHOR, em visão a ele, me faço conhecer ou falo com ele em sonhos. 7 Não é assim com o meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa. 8 Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a forma do SENHOR; como, pois, não temestes falar contra o meu servo, contra Moisés? 9 E a ira do SENHOR contra eles se acendeu; e retirou-se. 10 A nuvem afastou-se de sobre a tenda; e eis que Miriã achou-se leprosa, branca como neve; e olhou Arão para Miriã, e eis que estava leprosa.”
Amados irmãos e irmãs, Miriã e Arão foram falar com Moisés sobre o seu casamento. Este foi o problema. Moisés havia casado com uma mulher cuxita, negra, descendente de Cuxe. Seguramente podemos ver aqui uma atitude racista que, durante muito tempo, eles tiveram guardado em seus corações, sem tratar da questão com Moisés. O agravante em relação a esse problema de ordem familiar é que ele sai da esfera natural dos assuntos familiares e toca a questão do governo de Deus na terra. Precisamos considerar este assunto com muita seriedade. Vejamos como diz o texto: “Falaram Miriã e Arão contra Moisés, por causa da mulher cuxita que tomara” (v. 1). A questão é realmente muito profunda, por se tratar de um problema no qual eles saem do âmbito familiar e adentram a esfera espiritual, a questão do governo de Deus.
Atentemos para o texto quando disseram: “Porventura, tem falado o SENHOR somente por Moisés? Não tem falado também por nós?” (v. 2). A Bíblia diz que “O SENHOR o ouviu” (v. 2). Amados irmãos e irmãs, embora parecesse assunto de família, esse foi um ato de rebeldia; rebeldia clara contra o governo de Deus; um caso típico de disputa pelo poder. Usaram uma situação familiar, mas esse não foi de fato o problema. Na verdade, eles não estavam compreendendo que Deus havia escolhido Moisés para ser um vaso através do qual Ele mesmo se dispensasse a Israel. Arão e Miriã também eram vasos ungidos, mas havia uma ordem divina que não poderia ser mudada. Vimos como era essa ordem: Moisés, Arão e Miriã, e não Miriã, Arão e Moisés. Eles não estavam percebendo que estavam se levantando contra a autoridade de Deus. Estavam tocando, não na pessoa de Moisés, e sim na autoridade de Deus na vida de Moisés.
Notemos o versículo 3: “Era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra”. Esse texto nos revela que Moisés não reagiu a essa atitude de Miriã e Arão. Ele não procurou defender-se. Há uma lição espiritual que precisamos aprender aqui: na obra de Deus, ninguém precisa defender sua autoridade. A autoridade na obra de Deus não é humana, e sim espiritual. Não defendemos nossa autoridade, ninguém precisa defendê-la, porque, quando defendemos nossa autoridade, a perdemos. Quando Deus nos coloca em uma posição de governo na Sua obra, Ele mesmo é a nossa proteção e a nossa defesa.
Vejamos que o versículo 4 diz: “Logo o SENHOR disse a Moisés, e a Arão, e a Miriã: Vós três, saí à tenda da congregação.” É importante notar que a frase “saí à tenda da congregação” é profundamente significativa. Quando não estamos na presença de Deus, não percebemos em quantas coisas erradas estamos envolvidos; não percebemos quando estamos em descordo com a vontade de Deus. Podemos passar muito tempo sem saber o que realmente está acontecendo, mas, quando chegamos à presença de Deus, a luz da Sua presença traz a nós a realidade daquilo que O incomoda. Isso foi o que aconteceu com Miriã e Arão. Eles não tinham noção do quanto aquilo que falaram de Moisés estava desagradando a Deus. Quantas coisas ficam sem solução no meio do povo de Deus porque não achegamos à presença de Deus! Quantas vezes estamos equivocados, quantas vezes falamos coisas desagradáveis, coisas que ferem nossos irmãos, e não sabemos a gravidade delas diante de Deus! Que o Senhor nos guarde!
Irmãos e irmãs, que o Senhor coloque guardas em nossos próprios lábios, para que não venhamos desagradá-lO, tocando em nossos irmãos. Especialmente quanto à autoridade espiritual de Deus que flui da vida deles. recisamos ser claros quanto a isso, pois não temos o direito de permanecer na ignorância. Por causa disso, há muitos que têm ferido o coração de Deus. Uma coisa muito importante na vida de um Cristão é ele saber que a opinião de Deus é diferente da opinião que as pessoas têm dEle. Existe um equivocado juízo pelas aparências. Muitas vezes as pessoas olham uma pessoa e já começam a julgar. O mais importante é aquilo que Deus vê, aquilo que Deus pensa dele e não o que vemos com nosso próprios olhos. Erramos quando julgamos pelas aparências. Precisamos ser cuidadosos com nossos irmãos. Por falta de temor a Deus somos apressados em nossos juízos e, muitas vezes, ferimos a Deus quando machucamos nossos irmãos. Que o Senhor nos guarde e nos perdoe.
Desse modo, somos levados a entender sobre autoridade espiritual. Um assunto que flui do trono do próprio Deus, porque o trono de Deus é a revelação da Sua autoridade. Deus age a partir do Seu trono e este está relacionado e estabelecido sobre a autoridade. Todas as coisas são criadas pela autoridade de Deus e todas as leis físicas do Universo são mantidas através da autoridade divina. Nós, que desejamos servir ao Senhor, necessitamos conhecer a autoridade divina. Lembram-se de quando o Arcanjo transformou-se em satanás? Quando ele quis usurpar a autoridade de Deus? Foi a rebeldia que provocou a queda de Lúcifer (Is 14:12-15 e Ez 28:13-17). Nesses dois textos temos a ascensão e a queda de Lúcifer. Is 14:12-15 fala como Lúcifer violou a autoridade de Deus e Ez 28:13-17 enfatiza o modo como a transgressão dele feriu a santidade de Deus.
Irmãos e irmãs, quando servimos a Deus não devemos desobedecer às autoridades que Ele estabeleceu para que, por meio delas, Ele mesmo pudesse fluir. Fazer isso é um princípio satânico. Como podemos pregar a Cristo de acordo com o princípio de satanás? Não podemos. É possível em nossa obra permanecermos com Cristo em doutrina e, ao mesmo tempo, com satanás em princípio. Muitas vezes pregamos a doutrina, mas com o fundamento errado, por estar debaixo do princípio de satanás, que é a rebeldia contra a autoridade divina. O medo de satanás não é que preguemos a Palavra, mas que nos submetamos à autoridade de Deus. Precisamos ter um encontro com a autoridade de Deus para que sejamos derrotados em nossos maus caminhos. Caminhos, esses, cheios de justiça própria. Precisamos ter um encontro com a autoridade de Deus para que sejamos quebrantados a uma vida de submissão. Antes de o cristão se sujeitar à autoridade delegada por Deus, é preciso que conheça a autoridade inerente de Deus.
Em 1Sm 15, temos a desobediência de Saul, quando Deus ordenou que ele destruísse os amalequitas. Segundo a Bíblia, Saul poupou Agague, rei dos amalequitas, junto com o que havia de melhor dos despojos. A desculpa de Saul foi que havia poupado os despojos para ofertar ao Senhor. Já em Lc 22:42, temos a oração do Senhor Jesus fundamentada dentro desse princípio. Nessa oração Ele expressa Sua obediência à autoridade do Pai. O Senhor Jesus considerava obedecer a autoridade de Deus a mais importante tarefa que Ele pudesse realizar sobre a terra – mais importante do que sacrificar-se sobre a Cruz. Em Jo 18:11 Ele diz: “Não beberei, por ventura, o cálice que meu Pai me deu?”. Aqui Ele sustenta a supremacia da autoridade de Deus. Ir à Cruz, para Jesus, só tinha um fundamento: se essa fosse a vontade do Pai.
Amados irmãos e irmãs, a maior exigência que Deus faz não é carregar a cruz, servir, entregar a oferta ou negar a si mesmo. A maior exigência, é que Lhe obedeçam. Quando a obediência honra a Deus, ela coloca a vontade de Deus no centro. Para que a autoridade de Deus se expresse, é preciso que haja submissão. E é necessária uma vida de oração e comunhão com o Pai para que conheçamos Sua vontade. Vejam que a morte do Senhor Jesus é a mais alta expressão de obediência à autoridade! No servir a Deus não somos chamados à abnegação, mas a cumprir o Seu propósito. Então, antes de trabalhar para Deus, devemos ser conquistados por Sua autoridade.
Amados, precisamos entender que há uma autoridade no corpo de Cristo. Em 1Co 12:12-28, vemos algumas preciosas lições sobre o corpo de Cristo, sobre a verdade da autoridade que nós, hoje, como igreja, precisamos considerar. Lendo todos esses textos de 1Coríntios, vemos que somente o relacionamento entre Cristo e a igreja pode expressar totalmente autoridade e obediência. É no corpo de Cristo que experimentamos a autoridade espiritual. A autoridade é procedente do Cabeça, que é Cristo, a fonte de toda a autoridade. Cada um de nós como membros tem uma função e ministramos uns aos outros com autoridade. Assim, vivemos em comunhão, em harmonia. Assim não haverá fracassos e Deus receberá toda a glória. Ninguém vive em função de si mesmo, mas em função uns dos outros. Miriam e Arão não entenderam isso, não entenderam o governo de Deus. Não entenderam o propósito do governo de Deus. Por isso a vida da igreja é tão importante. Entender esta questão de autoridade para servir, e não para mandar (e não para sobrepujar), nos leva a entender que Deus providenciou que a Cabeça, Cristo, e o corpo, a Sua igreja, participassem de uma só vida e natureza. Por isso, irmãos e irmãs, é normal que Cristo esteja no governo do corpo, que é a Sua igreja. Todo o comando do corpo procede da Cabeça. A obediência perfeita só pode ser exercida quando nos submetemos à lei da vida. No corpo físico, alguns dos movimentos são conscientes, enquanto outros são automáticos. Isso porque a cabeça e o corpo estão unidos de um modo perfeito. Sem fazer qualquer força, o coração bate automaticamente. Respiramos automaticamente, embora, às vezes, com consciência. Essa é a ordem natural da vida do corpo e, dessa mesma maneira, funciona a vida da igreja, que é o corpo de Cristo.
Irmãos e irmãs, fomos inseridos no corpo de Cristo onde a união e a submissão são perfeitas. Trata-se de uma união íntima. Uma coisa está ligada à outra – o corpo à Cabeça e a Cabeça ao corpo. A igreja é o lugar onde a comunhão e a autoridade manifestam-se juntas. Nesses textos de 1Co 12:12-28, vemos a autoridade direta e a autoridade indireta. Embora o corpo esteja em total submissão à Cabeça, os demais membros do corpo completam-se num processo de ajuda mútua, em submissão uns aos outros. Neste capítulo, vemos cada membro depender uns dos outro e, nesse processo de integração e comunhão, a igreja tem o modelo da vida. Esse é o viver da igreja. Essa é a lei da vida que rege a vida prática da igreja do Senhor Jesus.
Outro princípio que notamos nesse texto de 1Coríntios é que cada membro deve aceitar o trabalho e a utilidade dos demais membros. Quando agimos assim, participamos das riquezas da nossa herança em Cristo. Somente assim, perceberemos que a autoridade é mais uma expressão das riquezas insondáveis de Cristo, dispensada a nós através da vida dos nossos irmãos. Desse modo, precisamos permanecer na posição que Deus nos colocou no corpo de Cristo. Deus usa a autoridade para suprir nossas falhas através das riquezas insondáveis de Cristo e essas riquezas estão no corpo, que é a Sua igreja. Os cristãos fracos são ajudados por aqueles que são mais desenvolvidos na vida cristã. Assim, um é enriquecido pela vida do outro. Neste ponto encontramos a obra do Espírito Santo no exercício da autoridade do corpo – orientar e controlar tudo, todos os membros, para que duas coisas fundamentais sejam mantidas: vida e autoridade.
Então, vemos que essas duas coisas faltaram a Miriam e a Arão. Eles não entenderam o propósito da questão da autoridade. Não entenderam por que Deus havia estabelecido Moisés. Eles estavam querendo preeminência. Estavam buscando posição, e autoridade não é uma questão de posição. Muitos acham que o ministério na vida da igreja é uma questão de ter uma posição mais elevada, mas o ministério na vida da igreja é para servir aos irmãos. E essa é uma questão de autoridade divina. Você não precisa se impor, pois a própria autoridade se manifesta. Quando as pessoas procuram se impor, é porque a autoridade não se manifesta e, assim, na carne, na força, na arrogância, começam a manifestar a si mesmas. Essa é a atitude de Lúcifer para poder manter o controle, para poder estabelecer seu reino, seu governo. Que Deus nos liberte disso.
Que a autoridade, a vida e a submissão sejam uma expressão prática na igreja do Senhor Jesus nesses dias, para que Cristo tenha toda a Sua glória, para que Cristo tenha toda a Sua expressão por meio do Seu povo.
Por: Ir. Luiz Fontes
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