Irmãos estmos compartilhando mais um estudo a cerca do maravilhoso livro de Efésios. Que o Senhor nos dê graça para enxergarmos as verdades espirituais e nos apropriarmos delas.
CAPÍTULO 15
“SEM CRISTO”
"Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comu¬nidade de Israel, e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo." - Efésios 2:12
Passamos agora, neste versículo doze, a ver e estudar em detalhe o segundo aspecto deste problema, a saber, como foi possível que estes efésios - que eram gentios, incircuncisos - como foi possível que eles fossem introduzidos na Igreja Cristã e unidos aos cristãos judeus para formarem um novo corpo, a Igreja Cristã? Essa é a questão da qual o apóstolo trata aqui. A distinção entre judeu e gentio era deveras real. Não devemos menosprezá-la, nem diminuí-la, nem tratá-la como algo de somenos importância. Afinal de contas, foi Deus mesmo que introduziu o sinal da circuncisão. Foi Deus que mandou Abraão circuncidar-se e circuncidar os seus filhos, e que isso fosse feito perpetuamente. Por¬tanto, não devemos subestimar essa distinção entre judeus e gentios. Mas, embora reconheçamos a distinção, devemos ter claro entendi¬mento do que ela significa e o que representa. Foi nesse ponto que os judeus se extraviaram. Para eles o sinal externo, sozinho, significava tudo. Era algo na carne, era algo externo. Este homem é circunciso? Então ele está bem, ele pertence ao povo de Deus. É incircunciso? Então ele está mal e não tem esperança nenhuma. Eles tinham entendido de maneira totalmente errônea o objetivo, o propósito e o espírito da circuncisão.
O apóstolo trata dessa questão em muitas das suas Epístolas. Ele o faz, por exemplo, de maneira particularmente clara, na Epístola aos Romanos, capítulo dois, versículos vinte e oito e vinte e nove, onde ele diz: "Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra; cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus". Noutras palavras, os judeus tinham sido totalmente incapazes de ver que todo o objetivo disso era algo espiritual na mente de Deus. O apóstolo estava muito preocupado com isso. Alguns, quando ouvem que não existe mais circuncisão e incircun¬cisão, judeu e gentio, e assim por diante, mostram-se propensos a dizer: bem, então não precisamos dar atenção a estas coisas. Alguns cristãos têm sido bastante tolos para dizer que, uma vez que somos cristãos, não necessitamos do Velho Testamento. Todavia, isso, diz ainda o apóstolo na Epístola aos Romanos, está completamente errado. "Qual é logo a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão?" E ele replica: "Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhes foram confiadas". Depois, no capítulo nove da Epístola aos Romanos, ele torna a desenvolver o mesmo argumento. Ele fala da sua grande tristeza e dor no coração - "Porque eu mesmo poderia desejar ser separado de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne; que são israelitas". Que é que ele quer dizer? Ele prossegue para dar a resposta: "dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto, e as promessas; dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente". Havia um propósito e objetivo muito real na distinção entre judeu e gentio. Não era como os judeus o interpretavam, que o faziam erroneamente, mas lá estava o fato, e era extremamente impor¬tante. Aqui, agora, neste versículo doze de Efésios, capítulo dois, Paulo nos dá o verdadeiro conceito da matéria em foco. No versículo onze ele nos dá o falso conceito da circuncisão; no versículo doze ele nos dá o verdadeiro conceito da circuncisão e da falta dela.
O apóstolo apresenta o seu ensino de maneira interessante, extra¬ordinária e, à primeira vista, surpreendente. Eis como ele o expressa: "Que naquele tempo estáveis sem Cristo". Ora, esse é um modo estranho de dizê-lo - "sem Cristo". Pode-se traduzir como "separados de Cristo", "fora de Cristo", "não em comunhão com Cristo", "não em relação com Cristo", ou até "vivendo separadamente de Cristo". Depois de haver feito a sua colocação em termos gerais, ele vai adiante para expressar-se a respeito mediante cinco pontos diferentes: "sepa¬rados da comunidade de Israel", "estranhos aos concertos da pro¬messa", "não tendo esperança", "sem Deus", "no mundo".
A situação que prevalecia antes de Cristo
Isto certamente exige nossa cuidadosa atenção. Obviamente Paulo está se referindo à situação que prevalecia antes de Cristo, sob a antiga dispensação, sob o Velho Testamento. O mundo estava dividido entre judeus e gentios, aqueles que, como judeus, tinham sido circuncidados, e os incircuncisos, os gentios, as outras nações. Todavia, vocês podem reparar que ele se refere aos gentios daquele tempo e naquela condição nestes termos: "sem Cristo", "fora de Cristo". Aqui ele está se referindo a uma situação que imperava antes da vinda do Senhor Jesus Cristo ao mundo; entretanto, ele o diz em termos de estar "em Cristo", ou "fora de Cristo", em termos de viver separadamente de Cristo. Por que é que o apóstolo descreve esse estado de coisas em termos de uma relação com Cristo? Naturalmente, num sentido, a resposta é que ele está fazendo algo que é obrigado a fazer, e se não entendemos e não captamos claramente o que ele está fazendo nesta passagem, só se pode pensar que temos lido o Velho Testamento em vão. Aqui ele está fazendo um repasso geral do Velho Testamento. Que é que o caracteriza? A resposta é: "a comunidade de Israel"; "os concertos da promessa"; a esperança que Deus dera ao povo; a relação deste com Deus; sua separação do mundo. Este é o sumário da condição e da situação dos israelitas sob a dispensação do Velho Testamento. Todas as outras nações estavam fora destas bênçãos e, todavia, a descrição que ele faz é em termos de estar "em Cristo", ou "fora de Cristo".
Tudo no Velho Testamento olha para o futuro, para Cristo
Como devemos entender isto? A resposta é que tudo o que Deus fez aos judeus e por eles sob a antiga dispensação foi feito na expectação de Cristo. Tudo no Velho Testamento olha para o futuro, para Cristo. Nunca devemos examinar aquelas coisas em si e de si. Tudo quanto Deus fez àqueles judeus, àqueles israelitas, Ele o fez como preparação para a vinda do Senhor Jesus Cristo. O apóstolo o expressa numa frase em Gálatas 3:23 desta maneira: diz ele que o propósito de Deus foi manter-nos "encerrados para aquela fé que se havia de manifestar"; "a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo", nunca foi seu propósito fazer coisa alguma em si e de si. Foi aí que os judeus erraram. Eles pensavam que a lei era alguma coisa em si mesma, e que eles foram salvos porque possuíam a lei, ao passo que os outros não. Não, diz Paulo, a lei é o nosso preceptor, o nosso aio, para levar-nos a Cristo. O propósito de todas aquelas coisas era encerrar-nos para aquela fé que se havia de manifestar.
Podemos ver o ponto mais ou menos assim: Deus fez o homem à Sua imagem, e o homem vivia em harmonia e em comunhão com Deus. Mas, ele pecou e caiu, apartando-se de Deus. Que lástima! Depois que ele deu nascimento à sua progênie, a terra encheu-se de gente, e até ao tempo do chamamento de Abraão o mundo inteiro e todos os seus povos e nações estavam numa mesma relação com Deus. Não houve nenhuma divisão importante até à vocação de Abraão. Já havia uma espécie de divisão entre a linhagem de Caim e a de Sete, contudo Deus tratava igualmente todas as nações e todos os povos, até quando Abraão foi chamado. Então Deus fez algo novo. Ele disse a Abraão que ia fazer dele uma nação, que dos seus lombos surgiria uma grande nação, um povo especial e peculiar pertencente ao próprio Senhor Deus. Ele ia criar uma nova nação, uma nação especial. Ia separá-la de todos os outros povos e manteria uma peculiar relação com essa nação especial. Essa é a formação de Israel, essa é a gênese da comunidade de Israel, o povo de Deus. Depois Ele fez certas alianças com esse povo. Fez-lhe certas promessas. Comprometeu-Se com ele. Ele separou este homem, Abraão, e lhe disse: "Em ti e em tua semente serão abençoadas todas as famílias da terra". Deus fez aliança com Abraão, comprometeu-Se com ele, fez um juramento - esse é o significado das alianças. Estas promessas foram repetidas muitas vezes - a grande e única aliança repetida em várias formas – a lsaque e a Jacó, a Moisés no Sinai, e ainda a Davi, e pregadas pelos profetas. É isso que se quer dizer com estas expressões, "a comunidade de Israel", "os concertos da promessa", e assim por diante. Todas tinham em vista a futura vinda do Messias, o grande Libertador. Noutras palavras, o que temos que compreender é que agora Deus via o mundo e o seu povo de duas maneiras: via o povo da aliança de um modo; via os demais povos de outro modo. E o povo da aliança era conhecido pelo sinal e pela marca da circuncisão. Todo menino nascido em Israel tinha que ser circuncidado no oitavo dia porque pertencia ao povo da aliança, à nação de Israel, ao povo de Deus. De um lado está o povo de Deus; do outro estão os gentios.
É isso que o apóstolo está lembrando aos efésios, e este é o seu objetivo ao fazê-lo: ele quer que eles se apercebam da grandeza da sua salvação. Quer que compreendam que o fato de agora se haverem tornado concidadãos, coerdeiros com os santos e da família de Deus, é a coisa mais assombrosa que poderia acontecer. A única maneira pela qual eles poderão entender isto é experimentando algo da "sobreexce¬lente grandeza do poder de Deus sobre nós, os que cremos". Não é somente o poder que nos ressuscita da morte no pecado, é um poder que sobrepuja esta tremenda questão de como os que estão fora da relação pactual, da aliança, poderão ser introduzidos. Assim, ele prossegue, para explicar-lhes e expor-lhes isso. Ninguém jamais se regozijará em Cristo como deve, se não compreender qual era a sua situação antes de se tornar cristão. O problema com todos os cristãos professos que não se regozi¬jam em Cristo é que eles nunca se deram conta do que eles eram em pecado. Não ajuda nada dizer-lhe que você deve ser "sempre positivo"; você tem que partir do que há de negativo em você. Se você não se der conta do que você era antes de ser tomado por Deus, jamais O louvará como deve. Por isso Paulo desce a minúcias. Há muitos que nunca viram qualquer necessidade de Cristo. Por quê? Porque estão satisfeitos consigo e pensam que tudo está bem com eles como eles são. Esse é o problema. Paulo está desejoso de que os seus leitores entendam esta questão. Ele orou no sentido de que Deus abrisse "os olhos de seu entendimento", para que pudessem entendê-la. Vocês estavam longe, diz ele, mas agora "pelo sangue de Cristo chegastes perto" - você seria capaz de ver o que Deus fez? Você não consegue ver a medida do Seu amor, da Sua graça e misericórdia, e do Seu ilimitado poder?
Aplicando esse argumento do apóstolo a nós
Esse é o argumento. Vamos adiante, com o fim de aplicá-lo a nós. Vocês conhecem com o seu coração, como também com a sua cabeça, o maravilhoso amor de Deus? Ficam emocionados quando pensam nele e o imaginam? Enchem-se de um sentimento de maravilha, de amor e de louvor? Se não se sentem assim é porque vocês ainda não compre¬enderam o que Deus fez por vocês em Cristo. Entende-se isto exami¬nando o que significa não ser cristão - "sem Cristo", estar "fora de Cristo". Noutras palavras, o primeiro princípio que firmamos é que a única coisa que importa nesta vida e neste mundo é estar relacionado com Deus em Cristo. Não há nada mais terrível que se possa dizer a qualquer pessoa do que esta - "sem Cristo", "vivendo separadamente de Cristo". Quando o apóstolo procurou uma expressão pela qual mostrar àquelas pessoas quão longe elas estavam, e a total desesperança da sua situação, foi esta que ele escolheu: "sem Cristo". "Vivendo separadamente de Cristo." "Sem estar em vívida relação com Cristo." Não há nada pior do que isso. Mas, por outro lado, não há nada mais maravilhoso do que estar "em Cristo". Estas são as expressões do Novo Testamento - "em Cristo", "fora de Cristo".
As duas únicas posições que importam
São essas as duas únicas posições que importam. Todos estamos, ou "em Cristo", ou "fora de Cristo". Você sabe exatamente onde está? Isto não é teoria, é fato real, é experiência. É o que vai determinar o nosso destino eterno. É porque ignoram o que é estar "fora de Cristo" que milhões de pessoas no mundo atual passam o domingo de manhã lendo os jornais e o lixo dos tribunais, em vez de investigarem a Palavra de Deus. Não se apercebem de como é terrível a sua situação por estarem "fora de Cristo". Por isso Paulo lhes diz em detalhe o que significa isso com as cinco expressões já mencionadas. Elas podem ser classificadas em duas divisões.
O que significa estar sem Cristo quanto à nossa relação com Deus
Primeiro consideremos: o que significa estar sem Cristo quanto à nossa relação com Deus. Aqui o apóstolo diz duas coisas, as duas primeiras das cinco expressões.
"Separados da comunidade de Israel"
A primeira é que nós estamos num estado e numa condição de "separados da comunidade de Israel". A referência é à uma agremiação de cidadãos ou de pessoas definidamente constituídas numa comunidade política. No mínimo significa certo número de pessoas definidamente constituídas numa comunidade. É algo separado e distinto, algo que pode ser reconhecido. Portanto, o que nos é dito é que Deus, da maneira que indiquei, formou uma comunidade para Ele. Este é o método de salvação estabelecido por Deus; Ele forma um povo, uma comunidade. Ele separa as pessoas e Se mantém numa relação especial com elas. Uma descrição minuciosa disso tudo é dada no capítulo dezenove do livro de Êxodo. O apóstolo Pedro o cita em sua Primeira Epístola, capítulo dois, versículos nove e dez. Deus reuniu aquelas pessoas antes de lhes dar os Dez Mandamentos, e lhes disse: "Sereis a minha propriedade peculiar", "Vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido." Ele separou esse povo para Si e o apartou de todos os demais. Mas não ficou nisso. Fez isso porque tinha um interesse especial por ele. É um povo que constitui a Sua "propriedade peculiar". Assim, bem mais tarde, por meio do profeta Amós, Deus disse a respeito da nação de Israel: "De todas as famílias da terra a vós somente conheci" (Amós 3:2). Obviamente, isso não significa que Ele não tomava conhecimento de todas as outras. Certamente que tomava. "Conhecer" nas Escrituras significa ter inte¬resse pessoal e especial por, estar preocupado com, importar-se com, ver com os olhos de um pai e com amorosa contemplação. "De todas as famílias da terra avós somente conheci" - a referência é a Israel. Deus via todas as nações, porém não as conhecia, não tinha esse interesse especial por elas; elas estavam fora da comunidade de Israel, eram estranhos. De fato, a palavra empregada por Paulo aqui é muito interessante. Aqui se lê "(estáveis) separados"; a tradução deveria ser "tendo-se feito separados", ou "tendo-se tornados separados". Nou¬tras palavras, nunca houve o propósito de que alguém estivesse nessa situação; é tudo consequência da Queda, consequência do pecado. O homem separou-se, passou a estar fora do interesse peculiar de Deus.
Então a primeira coisa que significa estar "sem Cristo" é que você está fora daquele círculo no qual Deus está peculiarmente interessado. Você não pertence ao povo da aliança. Você é tão-somente um de uma grande multidão nalgum lugar; não há este interesse especial, este especial objeto de interesse. "Separados da comunidade de Israel." Hoje é a Igreja Cristã que corresponde à comunidade de Israel. A coisa mais terrível acerca do não cristão é que ele está fora daquele círculo e não pertence ao povo de Deus. Você está separado da comunidade de Israel? Você se sente estranho num culto cristão? Você se pergunta: do que é que esse homem está falando? Que será isso tudo? Não lhe parece muito prático, não é como uma pregação sobre conferências internacionais, sobre a fabricação de armas atômicas ou sobre questões políticas correntes. Não é relevante, é obsoleto. E alheio a você, é-lhe estranho? Ou você sente que lhe diz respeito? É uma coisa terrível a pessoa sentir¬-se um forasteiro, um intruso, sentir que não tem parte nestas coisas, que de algum modo elas nada têm a ver consigo. Você está dentro? Você ama os irmãos na fé? Você tem parte nestas coisas? É terrível estar "fora de Cristo", "separado da comunidade de Israel".
"Estranhos ao concerto da promessa"
O que a seguir o apóstolo nos diz é que os gentios eram "estranhos ao concerto da promessa", ou "às alianças da promessa" (ARA). Já lhes fiz lembrar as alianças feitas por Deus. Deus tomou Abraão. Não porque houvesse algo de peculiarmente bom em Abraão; ele era um pagão entre outros pagãos. Deus o chamou e lhe disse: Eu pus Meus olhos em você, vou abençoar você, empenho-Me pessoalmente com você. Como nos lembra o autor da Epístola aos Hebreus, Deus o fez com juramento (6:13-18). Empenhou-Se e fez um juramento, para a segu¬rança de Abraão e sua semente. As promessas de Deus! Leiam o Velho Testamento e as verão uma após outra. Deus chama homens, separa-os, dá-lhes uma revelação, uma visão, dirige-Se a eles, envia-lhes uma palavra. É o que os mantém em marcha. Este foi o segredo do povo descrito no capítulo onze da Epístola aos Hebreus - as promessas. Deus olhava para os do Seu povo e lhes dizia: não se preocupem; deixem que as outras nações os invejem e tentem destruí-los; deixem que os homens se levantem contra vocês; não importa; vocês são o Meu povo, nunca os deixarei desaparecer, "Não te deixarei, nem te desampararei" (Hebreus 13:5); apegue-se à palavra da minha aliança e às Minhas promessas, olhem para o futuro, para o seu cumprimento.
As promessas da aliança! Mas os efésios lhes eram estranhos. As nações gentílicas nada sabiam delas. Enquanto que o povo peculiar de Deus, os judeus, recebia estas grandes mensagens e se regozijava nelas, os outros absolutamente não as conheciam - eram estranhos, absoluta¬mente estranhos, nada tinham ouvido dessas promessas, não sabiam nada a respeito, e não estavam interessados nelas. Essa continua sendo a verdade sobre todos os que estão "fora de Cristo", sobre os que não estão ligados vitalmente a Cristo. Podem ler a Bíblia, e não se comovem. Podem ver estas "grandíssimas e preciosas promessas" (2 Pedro 1:4), e ainda indagam: a quem se aplica isso? Que se pode dizer a respeito? São estranhos, são como estrangeiros, não entendem a língua. Acaso a Bíblia lhe diz algo? É-lhe inteligível? Você acha que ela não passa de palavras sem nexo, de jargão? Ou lhe diz algo, diz-lhe palavras que o levantam e o firmam sobre os seus pés e o levam a louvar a Deus? Você é estranho às alianças da promessa, ou sabe que elas estão falando com você e que você é membro da agremiação, que Deus Se dirige a você quando você lê a Sua Santa Palavra? Que coisa terrível é estar "fora de Cristo", não estar em vívida relação com Cristo, ser estranho às alianças da promessa!
As inevitáveis consequências de estar "fora de Cristo"
Vamos adiante e consideremos a segunda divisão: as inevitáveis consequências de estar "fora de Cristo". O apóstolo menciona três.
Sem esperança
A primeira é que a pessoa está sem esperança. Certamente esta é uma das declarações mais terríveis das Escrituras, senão a mais terrível. "Não tendo esperança"! Não existe nada pior. "Enquanto há vida há esperança"; sim, porém quando a esperança se vai, nada mais resta. A esperança é a última que morre, mas quando morre a esperança, "retoma o caos" - como diz Otelo *. Contudo, quem está sem Cristo está sem esperança.
Isto significa, primeiramente, que ele não tem nenhuma esperança nesta vida. Vocês já tinham percebido que sem Cristo não há nenhuma esperança nesta vida, neste mundo? - absolutamente nenhuma! Será exagero? Em resposta eu lhes peço que considerem as declarações dos pensadores mais profundos que o mundo conheceu, e verão que, invariavelmente, eles são pessimistas. As maiores obras de Shake¬speare são tragédias. Todas as religiões, fora a fé cristã, são profunda¬mente pessimistas. O único consolo que lhe dão é que chegará o tempo em que você escapará deste mundo; poderá ter que passar por uma série de reencarnações - mas aqui não há esperança, você terá que livrar-se dele e, de um modo ou de outro, perder-se nalgum nirvana. Elas não dão esperança alguma ao homem neste mundo. É a carne, o corpo, dizem elas, que causa todos os nossos problemas, e não há esperança para você enquanto estiver no corpo. Por isso você tem que sair deste mundo. O hinduísmo, o budismo e todo o resto são completamente sem esperança. São produtos de pensamento profundo sem a revelação; e todas elas são totalmente destituídas de esperança. Isso é algo que vocês verão em todas as grandes filosofias, em todas as grandes religiões. Vê-le-ão em toda grande literatura. Já notaram que os nossos maiores poetas são pessimistas? Wordsworth nos diz que ouvia a "dolente e triste música da humanidade". Naturalmente, se vocês estiverem voejando de salão de baile em salão de baile e de cinema em cinema, não a ouvirão, porque há tanto barulho que não a podem ouvir; porém, o poeta senta-se, põe¬-se à escuta e medita, e o que ouve? - Que a vida é maravilhosa? - Não, o que ele ouve é a "dolente e triste música da humanidade". "A vida é real, a vida é séria." Não é um vertiginoso rodar de prazer após prazer. Não se vê esperança nesta vida e neste mundo.
Tudo isso nos vem habilmente resumido no livro de Eclesiastes, onde o autor diz: "Vaidade das vaidades! é tudo vaidade". Isso não é dito de maneira superficial, num momento de decepção; é a conclusão a que chegou um profundo pensador que tentara todas as possibilidades, considerara todas as coisas que se nos oferecem, e viu que todas elas juntas não chegam a nada. "O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; de modo que nada há novo debaixo do sol" (1:9). Não há esperança para o mundo, ele não vai ficar cada vez melhor. Todo o fútil idealismo dos últimos séculos é totalmente condenado por todas as grandes expressões do pensamento dos séculos - e, natural¬mente, está totalmente desacreditado hoje pelos fatos e eventos. Sem Cristo não há esperança nesta vida e neste mundo. "Vaidade de vaidades! é tudo vaidade!", pode-se escrever rotulando todas essas coisas. Não somente não há esperança de que as coisas melhorem, também não há esperança de que o próprio homem melhore. Ele não é nada melhor do que era sob a dispensação do Velho Testamento. Continua cometendo os mesmos pecados, continua culpado das mesmas faltas; não há prova de que houve progresso espiritual do homem. O homem é tão podre hoje como quando caiu no jardim do Éden. Além disso, não há o que ver no futuro. Todos estamos envelhecendo, as nossas energias vão fenecendo, a morte virá, inevitavelmente. Façam vocês o que fizerem, não se livrarão dela. Essa é a vida sem Cristo. Deixemos que Shakespeare, com seu jeito inimitável, resuma o ponto para nós. Já no período final da sua vida, ele o expressou perfeitamente num dos seus últimos dramas, A Tempestade ("The Tempest").
As torres envoltas em nuvens,
Os suntuosos palácios,
Os templos solenes
E o próprio globo grandioso,
Sim, todo o universal legado se dissolverá,
E, como esta frágil pompa esmaecida,
Nem mesmo um vapor deixará atrás:
É o que somos,
Como feitos de sonhos, e um sono cerca
A nossa curta vida.
É assim a vida sem Cristo. Nenhuma esperança! Absolutamente nenhuma! Isso não é pessimismo, é realismo, é encarar os fatos. Não há esperança neste mundo, ele não está ficando melhor. Vejam os jornais, vejam os fatos: o homem não está melhorando, e nada o espera senão a morte. As torres envoltas em nuvens, os suntuosos palácios, o próprio globo grandioso - tudo vai dissolver-se.
Assim como não há esperança nesta vida, neste mundo, certamente não há nenhuma esperança além desta vida para quem está fora de Cristo. A morte é apenas o fim da jornada para ele. Como Horácio Bonar diz em seu hino: "Falecem os homens cercados de trevas, sem uma esperança que alegre sua tumba". Eles olham para o futuro, mas o que veem? Nada! Não conseguem ver através da morte, não têm "a fé que vê através da morte". Que é que existe além da morte? Eles não sabem. Ou dizem que não há nada, ou que há um tormento, ou uma série de reencarnações. Não sabem; e quando chegam ao fim, deixam tudo, caem os palácios e as torres, e o que fica? - Nada! Sem esperança! Essa é a vida sem Cristo. Esta é a vida que estão tendo milhões neste país hoje, milhões que nos julgam tolos porque nos assentamos para ouvir o velho evangelho nas igrejas. Eles pensam que têm vida e liberdade - todavia eis a sua situação: "não tendo esperança"!
Sem esperança
Mas, pior ainda: "sem Deus"! Que é que Paulo quer dizer com isso? Refere-se obviamente a uma vida sem nenhuma experiência subjetiva de Deus. Deus continua existindo, porém essas pessoas não o sabem, não têm consciência disso; e não O fruem! Permitam-me fazer um sumário disso nos seguintes termos: eles não conhecem a Deus e não estão em comunhão com Deus; portanto, eles estão sem a ajuda, a paz e a alegria que vêm mediante o conhecimento de Deus e a fé nEle. O mundo deles está enterrado em colapso, tudo vai indo mal e eles se veem sós. Em seu completo isolamento e desolação, eles não têm nada, porque não conhecem a Deus. Os cristãos também têm problemas nesta vida, ocorrem acidentes, as coisas vão mal; quanto às circunstâncias, o cristão pode ser idêntico a outro homem. Mas há esta grande diferença: o outro está sem Deus; o cristão tem Deus e conhece a Deus.
Quão diferente do salmista é esse outro homem sem Deus! O salmista, vocês recordam, disse isto: "Quando meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me recolherá" (Salmo 27:10). Seu pai e sua mãe o deixaram, amigos e companheiros foram-se todos, tudo se foi. Está bem, diz o salmista, "quando meu pai e minha mãe me desampa¬rarem", mesmo então, "o Senhor me recolherá". Ouçam-no ainda: "Eu me deitei e dormi" - ele estava cercado de inimigos nessa altura - "Eu me deitei e dormi; acordei" - por quê? - "porque o Senhor me sustentou" (Salmo 3:5). Ouçam-no noutra ocasião: "Das profundezas a ti clamo, ó Senhor" (Salmo 130:1). Ele estava num fosso horrível, e tudo parecia ter-se ido; mas olhou para o alto, Deus continuava lá; "Das profundezas clamei ao Senhor". "O Senhor é o meu pastor, nada me faltará." "Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam" (Salmo 23:1,4). Não posso ver mais nada, mas ainda vejo a Ti. O outro homem não conhece isso; ele está "sem Deus". "O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?" (Salmo 27:1). Com Deus! - não "sem Deus". Ouçam-no, porém, dizê-lo também numa admirável declaração: "Desde o fim da terra clamarei a ti, quando o meu coração estiver desmaiado; leva-me para a rocha que é mais alta do que eu" (Salmo 61:2). Aí está ele, quase afundando num oceano de dificuldades, com inimigos e tudo mais contra ele; ele clama a Deus: "Leva-me para a rocha que é mais alta do que eu", sabendo que ali estará seguro. No entanto, esse outro homem nada sabe disso, está sem Cristo e, portanto, está sem Deus. Que diferença do apóstolo Paulo, que diz: "Ninguém me assistiu na minha primeira defesa, antes todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado. Mas o Senhor me assistiu e fortaleceu-me" (2 Timóteo 4:16-17). Paulo estava em julgamento, todos os seus amigos o tinham abandonado: "ninguém me assistiu, todos me desampararam". "Mas o Senhor me assistiu e fortaleceu-me." Também escreve da prisão a Timóteo, quando tudo estava contra ele, e diz: "Mas não me envergonho; porque sei em quem eu tenho crido, e estou certo de que é poderoso, para guardar o meu depósito até àquele dia" (2 Timóteo 1:12). Ouçam o autor da Epístola aos Hebreus citar o Velho Testamento: "O Senhor é o meu ajudador, e não temerei o que me possa fazer o homem". Por quê? Porque Deus disse: "Não te deixarei, nem te desampararei" (Hebreus 13:5-6).
Contudo, esse outro homem não sabe disso; ele é deixado entregue a si mesmo quando o seu mundo cai por terra e tudo vai mal. Ele não somente está "sem esperança", mas também está "sem Deus", e não pode olhar para o futuro, para o dia em que, segundo o livro de Apocalipse, "Deus limpará de seus olhos toda a lágrima", e não mais haverá tristeza, nem suspiros, nem pranto. O homem sem Cristo não conhece essas coisas. Quão diferente é o nosso Senhor! Ouçam o Senhor dizer pessoalmente: "Eis que chega a hora, e já se aproxima, em que vós sereis dispersos cada um para sua parte, e me deixareis só; mas não estou só, porque o Pai está comigo" (João 16:32). Ele não estava "sem Deus". Deus estava com Ele quando todos O tinham abandonado e fugido. "Mas não estou só, o Pai está comigo."
"Sem esperança" e "sem Deus" "no mundo"
Que coisa terrível é estar "sem esperança" e "sem Deus" "no mundo" - pertencer a este mundo passageiro que está debaixo da ira de Deus, debaixo da condenação, e que deverá ser destruído. "O mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre" (1 João 2:17).
Essas palavras vêm a alguém que está "sem Cristo"? Se vêm, você se dá conta de onde está? Você está fora da comunidade, fora do interesse especial de Deus, você não conta com promessas que o sustentem, com "nenhuma esperança", você está "sem Deus", "no mundo"! Se você vê isso, e se você compreende o que significa, há só uma coisa para você fazer - fugir para Cristo. Outrora os efésios tinham estado naquela situação - "Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto". Você não precisa continuar sendo um forasteiro. Não precisa continuar e achar que estas coisas não lhe dizem respeito. Deus está falando com você. Creia nEle, ouça-O, aja baseado no que Ele diz, vá a Ele, confesse a Ele tudo quanto seja verdade quanto a você, e se lance sobre o Seu amor e graça e misericórdia e compaixão. E Ele o receberá e lhe dirá que enviou Seu Filho para morrer e derramar Seu sangue por você, para que você se tornasse "concidadão dos santos e da família de Deus". Você verá que passou a ter nova vida e nova esperança, conhecerá a Deus e saberá que Ele nunca o deixa nem o desampara. Fuja para Ele.
Se você está ali, regozije-se nEle. Estar "em Cristo"! Não há nada que sobrepuje isso. É o céu na terra. É o antegozo da bem-aventurança eterna.
* Título de um drama de Shakespeare e nome do seu principal personagem. Nota do tradutor.
Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração. Hebreus 4:12
quinta-feira, 29 de julho de 2010
domingo, 25 de julho de 2010
AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 69
13ª Estação – Quibrote-Hataavá (parte 5)
TEXTOS: Números 33:16/ 1 Tm 6:6-11
Amados irmãos e irmãs, esta é a última palavra sobre Quibrote-Hataavá, a 13ª estação por onde o povo de Israel passou um dia. Assim como eles, nós hoje também podemos passar por essa experiência, através da Palavra de Deus, pelo Seu maravilhoso Espírito.
Temos aprendido sobre o significado de Quibrote-Hataavá. Essa é uma palavra muito interessante:
• Quibrote: é plural de “qeber”, que significa tumba, sepulcro ou sepultura. Quibrote significa justamente isso, tumba.
• Hataavá: “hat” é um artigo em hebraico e “ta’avah” significa cobiçosos.
• Então, Quibrote-Hataavá significa tumba dos cobiçosos; sepultura dos cobiçosos.
Meu desejo hoje é ler um texto que está em 1 Timóteo 6:6-11, onde temos um ensino neotestamentário que corresponde a essa lição. Conforme vemos em 1 Coríntios 10:6, “essas coisas se tornaram exemplos para nós a fim de que não cobicemos as coisas más como eles cobiçaram”. Assim, vamos analisar essa passagem que Paulo escreveu a Timóteo (1 Tm 6:6-11):
6 De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. 7 Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. 8 Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. 9 Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. 10 Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. 11 Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.
Meus amados, vamos entender alguns princípios aqui. Paulo diz que alguns querem a piedade para convertê-la em negócio. Especialmente nesses tempos da chamada teologia da prosperidade, não é o dinheiro que é a raiz de todos os males, mas o amor a ele. Esse amor é caracterizado pela cobiça e esse tipo de cobiça nos leva a desviar da fé. Essa é a figura que nós encontramos aqui em Quibrote-Hataavá.
Nós temos que entender o verdadeiro sentido de prosperidade à luz da Bíblia. Precisamos ser claros quanto a Palavra de Deus, porque muitas pessoas têm criado uma teologia para si. Vejamos algumas proposições no estudo desses textos que Paulo nos traz. 1 Tm 6:9 diz:
Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição.
Gostaria de tomar algumas palavras desse texto para que, juntos, possamos estudá-las, analisá-las, segundo o original grego, conforme foram escritas, e conhecer verdadeiramente o que Deus deseja nos falar. Creio que dentro de cada uma dessas palavras podemos ver uma proposição divina dando para nós o verdadeiro sentido daquilo que o Espírito Santo quer nos falar agora.
• “querem”: no grego é “boulomai”. Significa querer deliberadamente, ter um propósito; vontade vinculada ao afeto.
Querer aqui significa que alguém tem um propósito e esse propósito é ficar rico. O propósito que essa pessoa tem na vida cristã não é quanto à salvação em si, mas é usar a salvação para obter valores para a sua própria vida. Quantas pessoas estão buscando a Deus em troca de alguma coisa? Quantas pessoas têm usado a vida cristã para poder solucionar o seu problema financeiro, o seu problema de casamento... Muitos têm procurado a vida cristã para poder solucionar os seus problemas, mas sabemos que não é essa a proposta do Evangelho, não era isso que o Senhor Jesus pregava, nem tão pouco os apóstolos. Então, a expressão querer, aqui, nos fala de uma vontade vinculada ao afeto, dos que querem, daqueles que têm uma vontade vinculada ao afeto – o que significa que a riqueza é uma coisa que está vinculada ao desejo. Mas a vida cristã não pode ter outro desejo que não seja Cristo. Você entende isso?
• “caem”: essa expressão no grego é “empipto”. Significa cair no poder de alguém.
Desde que uma pessoa deliberadamente tem um propósito, e esse propósito está vinculado ao afeto, e esse propósito é ficar rico, essa pessoa se torna escrava do poder da riqueza. Quando as pessoas agem assim, quando a busca delas é o dinheiro, quando a busca delas é simplesmente satisfação própria, elas caem sob esse poder.
Não é que Deus não queira lhe abençoar, resolver o seu problema, restaurar o seu casamento. Ele quer, é propósito dEle. Mas o que nós precisamos conhecer não é simplesmente a natureza das bênçãos espirituais, mas a natureza dos problemas pelos quais estamos passando e por que estamos passando por eles. Qual é o problema real do meu casamento? Qual é o verdadeiro problema da minha vida financeira? Por que o problema da minha vida financeira não é ter mais, não é pagar as dívidas. O que me motivou a fazê-las? O que levou meu casamento à ruína? Muitas vezes as pessoas querem simplesmente a benção, mas não querem compreender o verdadeiro caminho, o verdadeiro mover de Deus, a verdadeira vontade de Deus, o querer de Deus. Nós temos que entender isso.
• “caem em tentação”: a palavra tentação aqui no grego é “peirasmos” – tentação da fidelidade do homem quanto à integridade, virtude, constância, na condição das coisas; um estado mental no qual somos seduzidos ao pecado, a um desvio da fé e da santidade.
“Caem em tentação”, isto é, as pessoas caem em relação à fidelidade do homem, quanto ao seu caráter, a sua integridade, virtude, a sua perseverança quanto à fé, quanto à santidade.
• “e ciladas”: ciladas aqui no grego é “pagis” – armadilha; encerra a ideia de algo inesperado, repentino; o mal que mantém alguém preso.
Vejam o quanto é sério isso que Paulo está falando. As pessoas que deliberadamente têm um propósito de ficar ricas caem no poder da riqueza, tornam-se escravas desse desejo que é uma tentação que fere a integridade, o caráter do homem, a sua santidade, e o mantém preso em uma armadilha.
• “e em muitas concupiscências”: “epithumia” – essa palavra tem um sentido muito interessante; fala de desejo, de anelo; desejo pelo que é proibido; luxúria.
Vejam que um pecado vai levando a pessoa a outro pecado. É uma degradação; é depravação.
• “insensatas”: a palavra insensatas aqui se refere àquele que não está em seu juízo, cujos atos são contrários ao bom senso.
• “perniciosas”: pernicioso é aquilo que é nocivo.
• “as quais afogam”: essa palavra afogam é “buthizo”. No grego é arrastar para o fundo, afundar.
• “afogam os homens na ruína”: ruína aqui no grego é “olethros”. Significa destruição, morte.
• “perdição”: no grego é “apoleia” – destruição total; destruição que consiste no sofrimento da pessoa.
Então, amados irmãos e irmãs, vejam o quanto tudo isso é sério!
Agora, olhem o versículo 11. Paulo diz:
Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.
Meus queridos, devemos saber que o amor ao dinheiro é uma idolatria e isso naturalmente segue à injustiça, à avareza, à destruição, à morte, à queda, ao fracasso. Há um texto em Oséias 9:10 que diz assim:
Achei a Israel como uvas no deserto, vi a vossos pais como as primícias da figueira nova; mas eles foram para Baal-Peor, e se consagraram à vergonhosa idolatria, e se tornaram abomináveis como aquilo que amaram.
A Bíblia diz em 2 Coríntios 3:18 que somos transformados de glória em glória. Gostaria que você pudesse pegar essa última frase de Os 9:10, “e se tornaram abomináveis como aquilo que amaram”, e olhasse para 2 Co 3:18, que diz que “somos transformados de glória em glória”. Todos nós estamos em um processo de transformação. Saímos daquilo que éramos, daquela vida velha, do mundo, do Egito, e chegamos a essa posição cristã, por causa do perdão, do sangue, da obra da cruz em nós; e estamos caminhando para aquilo que seremos, de glória em glória.
Meus irmãos e irmãs, é muito interessante compreendermos estas questões – para onde estamos indo, em que estamos nos transformando –, porque tudo isso é tão sério! Temos que entender que, hoje, em nossa vida cristã, estamos em um processo de transformação; que nós não estamos em um estado de petrificação. Somos pessoas flexíveis e maleáveis e estamos caminhando em direção à transformação que Deus tanto almeja em seu coração. O irmão A. W. Tozer disse certa vez:
“O que perturba não é o fato de estarmos em transformação e sim no que estamos nos tornando. Não é problema o fato de estarmos em movimento, precisamos saber para onde estamos nos movendo, pois não está na natureza humana mover-se num plano horizontal – ou alçando voo ou afundando.”
Meus irmão e irmãs, se nossa vontade não for transformada pelo trabalho da cruz em nós, nossas escolhas não nos levarão para Deus e sim para o mundo. O pior é que nós seremos conduzidos sempre pelos desejos da nossa carne. Apocalipse 22:11 diz:
“Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se.”
Amados, não só estamos todos num processo de transformação, mas estamos todos nos tornando naquilo que amamos. Em grande medida, somos a somatória de tudo que amamos e, por necessidade moral, todos nós crescemos à imagem daquilo que mais amamos, pois o amor, entre outras coisas, é uma afinidade criativa poderosa. O amor muda, molda, modela e transforma. Você e eu precisamos saber disso. Sem dúvida, o mais poderoso agente que afeta a natureza humana depois da ação direta do Espírito Santo dentro da alma é o amor. Por isso, não podemos permitir que sejamos seduzidos pelo poder do consumo, pela força do dinheiro, pela cobiça do nosso próprio coração, porque são situações que a nossa carne tenta impor sobre nós. O dinheiro ou qualquer outra coisa desse mundo não podem ser objeto do nosso amor, porque se nós permitirmos isso, seremos engolfados. Se Cristo não for o objeto único do nosso amor, nunca vamos viver uma vida que agrada a Deus. Esse não é um assunto insignificante, esse não é um assunto que pode ser desprezado pelos Cristãos de hoje; pelo contrário, é de ordem profética para o nosso futuro, porque este assunto mostra-nos o que seremos e, dessa forma, prediz com precisão o nosso destino eterno.
Nossos afetos, amados irmãos e irmãs, precisam ser purificados. Amar coisas erradas é fatal para o crescimento espiritual. Quando o nosso amor não é Cristo, quando o nosso amor está voltado para outras coisas, esse amor torce, deforma a vida e torna impossível a imagem de Cristo se formar na vida humana. É somente quando amamos as coisas certas que podemos estar certos. Somente enquanto continuamos amando aquilo que realmente Deus coloca em nós, mesmo que de forma lenta, somos deslocados, estamos em um movimento, um movimento firme, para conformação do caráter de Cristo.
Quando lemos o primeiro mandamento, “amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento”, como está em Mateus 22:37, vemos o desejo supremo de Deus que criou o homem conforme a Sua imagem e semelhança. A suprema obra de Cristo na redenção não foi salvar-nos do inferno. Graças a Deus que na obra da redenção Ele nos salvou do inferno; graças a Deus porque na obra da redenção Ele perdoou os nossos pecados; graças a Deus por tudo isso. Mas temos que entender que a grande e suprema obra de Cristo na redenção foi restaurar-nos à semelhança de Deus, ao propósito declarado em Romanos 8:29:
“Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho (...).”
Isso é lindo meus irmãos e irmãs! Embora a perfeita restauração à imagem divina aguarde o dia do aparecimento de Cristo, a obra da restauração está em andamento agora. Há uma lenta, porém firme, transformação no nosso ser, na nossa natureza humana. É isso que temos que entender neste ponto. É interessante entender que Deus está provendo tudo para que, através de Cristo, através do Espírito Santo, por meio da Palavra, Ele mesmo sendo dispensado a nós, possa nos conformar a Si mesmo. Por isso é importante você guardar o seu coração em Deus. Quando lemos e compreendemos que temos de amar a Deus sobre todas as coisas, perguntamos: como podemos amar a Deus acima de todas as coisas? A resposta a essa pergunta e a todas as outras relacionadas a ela é que o amor que temos por Deus não é o amor do sentir, mas o amor do querer. O amor está dentro do nosso poder de escolha. De outra forma, não teríamos na Bíblia a ordem de Deus para amá-lo; não teríamos como prestar contas diante dEle em relação a esse amor. Não chegamos ao amor de Deus através de uma repentina visitação emotiva. O amor por Deus vem do arrependimento, do desejo de mudar o rumo da vida, de uma determinação resoluta de amá-lO, de desejá-lO. Na medida em que Deus entra de uma maneira mais completa no foco do nosso coração, nosso amor por Ele pode, de fato, expandir, crescer, avançar dentro de nós, até nos libertar de toda compulsão de coisas que residem em nosso interior. Somos responsáveis por amar a Deus. Não somos responsáveis por sentir, mas somos responsáveis por amar. E o verdadeiro amor espiritual começa com o desejo, com o querer. Se os nossos desejos não forem tratados, trabalhados, voltados para Deus, nunca saberemos, nunca poderemos amá-lo de verdade.
Que Deus nos ajude; que Deus venha nos abençoar pela Sua Palavra.
Por: Ir. Luiz Fontes
TEXTOS: Números 33:16/ 1 Tm 6:6-11
Amados irmãos e irmãs, esta é a última palavra sobre Quibrote-Hataavá, a 13ª estação por onde o povo de Israel passou um dia. Assim como eles, nós hoje também podemos passar por essa experiência, através da Palavra de Deus, pelo Seu maravilhoso Espírito.
Temos aprendido sobre o significado de Quibrote-Hataavá. Essa é uma palavra muito interessante:
• Quibrote: é plural de “qeber”, que significa tumba, sepulcro ou sepultura. Quibrote significa justamente isso, tumba.
• Hataavá: “hat” é um artigo em hebraico e “ta’avah” significa cobiçosos.
• Então, Quibrote-Hataavá significa tumba dos cobiçosos; sepultura dos cobiçosos.
Meu desejo hoje é ler um texto que está em 1 Timóteo 6:6-11, onde temos um ensino neotestamentário que corresponde a essa lição. Conforme vemos em 1 Coríntios 10:6, “essas coisas se tornaram exemplos para nós a fim de que não cobicemos as coisas más como eles cobiçaram”. Assim, vamos analisar essa passagem que Paulo escreveu a Timóteo (1 Tm 6:6-11):
6 De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. 7 Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. 8 Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. 9 Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. 10 Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores. 11 Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.
Meus amados, vamos entender alguns princípios aqui. Paulo diz que alguns querem a piedade para convertê-la em negócio. Especialmente nesses tempos da chamada teologia da prosperidade, não é o dinheiro que é a raiz de todos os males, mas o amor a ele. Esse amor é caracterizado pela cobiça e esse tipo de cobiça nos leva a desviar da fé. Essa é a figura que nós encontramos aqui em Quibrote-Hataavá.
Nós temos que entender o verdadeiro sentido de prosperidade à luz da Bíblia. Precisamos ser claros quanto a Palavra de Deus, porque muitas pessoas têm criado uma teologia para si. Vejamos algumas proposições no estudo desses textos que Paulo nos traz. 1 Tm 6:9 diz:
Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição.
Gostaria de tomar algumas palavras desse texto para que, juntos, possamos estudá-las, analisá-las, segundo o original grego, conforme foram escritas, e conhecer verdadeiramente o que Deus deseja nos falar. Creio que dentro de cada uma dessas palavras podemos ver uma proposição divina dando para nós o verdadeiro sentido daquilo que o Espírito Santo quer nos falar agora.
• “querem”: no grego é “boulomai”. Significa querer deliberadamente, ter um propósito; vontade vinculada ao afeto.
Querer aqui significa que alguém tem um propósito e esse propósito é ficar rico. O propósito que essa pessoa tem na vida cristã não é quanto à salvação em si, mas é usar a salvação para obter valores para a sua própria vida. Quantas pessoas estão buscando a Deus em troca de alguma coisa? Quantas pessoas têm usado a vida cristã para poder solucionar o seu problema financeiro, o seu problema de casamento... Muitos têm procurado a vida cristã para poder solucionar os seus problemas, mas sabemos que não é essa a proposta do Evangelho, não era isso que o Senhor Jesus pregava, nem tão pouco os apóstolos. Então, a expressão querer, aqui, nos fala de uma vontade vinculada ao afeto, dos que querem, daqueles que têm uma vontade vinculada ao afeto – o que significa que a riqueza é uma coisa que está vinculada ao desejo. Mas a vida cristã não pode ter outro desejo que não seja Cristo. Você entende isso?
• “caem”: essa expressão no grego é “empipto”. Significa cair no poder de alguém.
Desde que uma pessoa deliberadamente tem um propósito, e esse propósito está vinculado ao afeto, e esse propósito é ficar rico, essa pessoa se torna escrava do poder da riqueza. Quando as pessoas agem assim, quando a busca delas é o dinheiro, quando a busca delas é simplesmente satisfação própria, elas caem sob esse poder.
Não é que Deus não queira lhe abençoar, resolver o seu problema, restaurar o seu casamento. Ele quer, é propósito dEle. Mas o que nós precisamos conhecer não é simplesmente a natureza das bênçãos espirituais, mas a natureza dos problemas pelos quais estamos passando e por que estamos passando por eles. Qual é o problema real do meu casamento? Qual é o verdadeiro problema da minha vida financeira? Por que o problema da minha vida financeira não é ter mais, não é pagar as dívidas. O que me motivou a fazê-las? O que levou meu casamento à ruína? Muitas vezes as pessoas querem simplesmente a benção, mas não querem compreender o verdadeiro caminho, o verdadeiro mover de Deus, a verdadeira vontade de Deus, o querer de Deus. Nós temos que entender isso.
• “caem em tentação”: a palavra tentação aqui no grego é “peirasmos” – tentação da fidelidade do homem quanto à integridade, virtude, constância, na condição das coisas; um estado mental no qual somos seduzidos ao pecado, a um desvio da fé e da santidade.
“Caem em tentação”, isto é, as pessoas caem em relação à fidelidade do homem, quanto ao seu caráter, a sua integridade, virtude, a sua perseverança quanto à fé, quanto à santidade.
• “e ciladas”: ciladas aqui no grego é “pagis” – armadilha; encerra a ideia de algo inesperado, repentino; o mal que mantém alguém preso.
Vejam o quanto é sério isso que Paulo está falando. As pessoas que deliberadamente têm um propósito de ficar ricas caem no poder da riqueza, tornam-se escravas desse desejo que é uma tentação que fere a integridade, o caráter do homem, a sua santidade, e o mantém preso em uma armadilha.
• “e em muitas concupiscências”: “epithumia” – essa palavra tem um sentido muito interessante; fala de desejo, de anelo; desejo pelo que é proibido; luxúria.
Vejam que um pecado vai levando a pessoa a outro pecado. É uma degradação; é depravação.
• “insensatas”: a palavra insensatas aqui se refere àquele que não está em seu juízo, cujos atos são contrários ao bom senso.
• “perniciosas”: pernicioso é aquilo que é nocivo.
• “as quais afogam”: essa palavra afogam é “buthizo”. No grego é arrastar para o fundo, afundar.
• “afogam os homens na ruína”: ruína aqui no grego é “olethros”. Significa destruição, morte.
• “perdição”: no grego é “apoleia” – destruição total; destruição que consiste no sofrimento da pessoa.
Então, amados irmãos e irmãs, vejam o quanto tudo isso é sério!
Agora, olhem o versículo 11. Paulo diz:
Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.
Meus queridos, devemos saber que o amor ao dinheiro é uma idolatria e isso naturalmente segue à injustiça, à avareza, à destruição, à morte, à queda, ao fracasso. Há um texto em Oséias 9:10 que diz assim:
Achei a Israel como uvas no deserto, vi a vossos pais como as primícias da figueira nova; mas eles foram para Baal-Peor, e se consagraram à vergonhosa idolatria, e se tornaram abomináveis como aquilo que amaram.
A Bíblia diz em 2 Coríntios 3:18 que somos transformados de glória em glória. Gostaria que você pudesse pegar essa última frase de Os 9:10, “e se tornaram abomináveis como aquilo que amaram”, e olhasse para 2 Co 3:18, que diz que “somos transformados de glória em glória”. Todos nós estamos em um processo de transformação. Saímos daquilo que éramos, daquela vida velha, do mundo, do Egito, e chegamos a essa posição cristã, por causa do perdão, do sangue, da obra da cruz em nós; e estamos caminhando para aquilo que seremos, de glória em glória.
Meus irmãos e irmãs, é muito interessante compreendermos estas questões – para onde estamos indo, em que estamos nos transformando –, porque tudo isso é tão sério! Temos que entender que, hoje, em nossa vida cristã, estamos em um processo de transformação; que nós não estamos em um estado de petrificação. Somos pessoas flexíveis e maleáveis e estamos caminhando em direção à transformação que Deus tanto almeja em seu coração. O irmão A. W. Tozer disse certa vez:
“O que perturba não é o fato de estarmos em transformação e sim no que estamos nos tornando. Não é problema o fato de estarmos em movimento, precisamos saber para onde estamos nos movendo, pois não está na natureza humana mover-se num plano horizontal – ou alçando voo ou afundando.”
Meus irmão e irmãs, se nossa vontade não for transformada pelo trabalho da cruz em nós, nossas escolhas não nos levarão para Deus e sim para o mundo. O pior é que nós seremos conduzidos sempre pelos desejos da nossa carne. Apocalipse 22:11 diz:
“Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se.”
Amados, não só estamos todos num processo de transformação, mas estamos todos nos tornando naquilo que amamos. Em grande medida, somos a somatória de tudo que amamos e, por necessidade moral, todos nós crescemos à imagem daquilo que mais amamos, pois o amor, entre outras coisas, é uma afinidade criativa poderosa. O amor muda, molda, modela e transforma. Você e eu precisamos saber disso. Sem dúvida, o mais poderoso agente que afeta a natureza humana depois da ação direta do Espírito Santo dentro da alma é o amor. Por isso, não podemos permitir que sejamos seduzidos pelo poder do consumo, pela força do dinheiro, pela cobiça do nosso próprio coração, porque são situações que a nossa carne tenta impor sobre nós. O dinheiro ou qualquer outra coisa desse mundo não podem ser objeto do nosso amor, porque se nós permitirmos isso, seremos engolfados. Se Cristo não for o objeto único do nosso amor, nunca vamos viver uma vida que agrada a Deus. Esse não é um assunto insignificante, esse não é um assunto que pode ser desprezado pelos Cristãos de hoje; pelo contrário, é de ordem profética para o nosso futuro, porque este assunto mostra-nos o que seremos e, dessa forma, prediz com precisão o nosso destino eterno.
Nossos afetos, amados irmãos e irmãs, precisam ser purificados. Amar coisas erradas é fatal para o crescimento espiritual. Quando o nosso amor não é Cristo, quando o nosso amor está voltado para outras coisas, esse amor torce, deforma a vida e torna impossível a imagem de Cristo se formar na vida humana. É somente quando amamos as coisas certas que podemos estar certos. Somente enquanto continuamos amando aquilo que realmente Deus coloca em nós, mesmo que de forma lenta, somos deslocados, estamos em um movimento, um movimento firme, para conformação do caráter de Cristo.
Quando lemos o primeiro mandamento, “amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento”, como está em Mateus 22:37, vemos o desejo supremo de Deus que criou o homem conforme a Sua imagem e semelhança. A suprema obra de Cristo na redenção não foi salvar-nos do inferno. Graças a Deus que na obra da redenção Ele nos salvou do inferno; graças a Deus porque na obra da redenção Ele perdoou os nossos pecados; graças a Deus por tudo isso. Mas temos que entender que a grande e suprema obra de Cristo na redenção foi restaurar-nos à semelhança de Deus, ao propósito declarado em Romanos 8:29:
“Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho (...).”
Isso é lindo meus irmãos e irmãs! Embora a perfeita restauração à imagem divina aguarde o dia do aparecimento de Cristo, a obra da restauração está em andamento agora. Há uma lenta, porém firme, transformação no nosso ser, na nossa natureza humana. É isso que temos que entender neste ponto. É interessante entender que Deus está provendo tudo para que, através de Cristo, através do Espírito Santo, por meio da Palavra, Ele mesmo sendo dispensado a nós, possa nos conformar a Si mesmo. Por isso é importante você guardar o seu coração em Deus. Quando lemos e compreendemos que temos de amar a Deus sobre todas as coisas, perguntamos: como podemos amar a Deus acima de todas as coisas? A resposta a essa pergunta e a todas as outras relacionadas a ela é que o amor que temos por Deus não é o amor do sentir, mas o amor do querer. O amor está dentro do nosso poder de escolha. De outra forma, não teríamos na Bíblia a ordem de Deus para amá-lo; não teríamos como prestar contas diante dEle em relação a esse amor. Não chegamos ao amor de Deus através de uma repentina visitação emotiva. O amor por Deus vem do arrependimento, do desejo de mudar o rumo da vida, de uma determinação resoluta de amá-lO, de desejá-lO. Na medida em que Deus entra de uma maneira mais completa no foco do nosso coração, nosso amor por Ele pode, de fato, expandir, crescer, avançar dentro de nós, até nos libertar de toda compulsão de coisas que residem em nosso interior. Somos responsáveis por amar a Deus. Não somos responsáveis por sentir, mas somos responsáveis por amar. E o verdadeiro amor espiritual começa com o desejo, com o querer. Se os nossos desejos não forem tratados, trabalhados, voltados para Deus, nunca saberemos, nunca poderemos amá-lo de verdade.
Que Deus nos ajude; que Deus venha nos abençoar pela Sua Palavra.
Por: Ir. Luiz Fontes
sexta-feira, 23 de julho de 2010
O verdadeiro Big Brother (George Orwell)
Sempre leio os artigos postados no Blog Apocalipse 2010 e achei esse texto muito interessante, fala da plataforma do anticristo que está sendo montada e pelo que vejo está quase pronta.
Que possamos despertar, pois mudanças drásticas estão por ocorrer no mundo e nós não somos da noite, somos do dia e devemos estar atentos a tudo que está acontecendo.
O Senhor Jesus não deseja que sejamos pegos de surpresa, Ele está nos alertando pela sua Palavra, que possamos ouvir a sua voz através da leitura da Bíblia.
O sistema do anticristo está quase pronto.
E muitos de nós mesmos estamos ajudando em sua construção.
Nunca reparou?
Por conta de segurança, praticidade, conforto, aceitamos.
Ajudamos.
E assim, cada vez mais, todos os nossos passos, hábitos e atividades são monitorados pelo sistema.
O dia inteiro.
Todos os dias.
Em qualquer lugar.
Surpreso?
Exagero meu?
Que tal acompanhar o dia a dia de uma pessoa comum, como você e eu?
Então… vamos lá.
Logo ao sair de casa pela manhã, alguns moram em condomínios.
De casas, ou em prédios de apartamentos.
E, por medida de segurança, existem câmeras nos elevadores, na garagem, nas ruas internas.
Estas imagens são gravadas…
Pronto!
Começou seu dia.
Quase todas as pessoas no Brasil, tem telefones celulares.
E, em sua maioria, já ligaram ao acordar.
Ou ao sair de casa.
Ou, até mesmo, usaram como despertador.
Seus aparelhos celulares mostram exatamente onde estão, o tempo todo, por conta dos sistemas de roamming das operadoras de celular.
Elas precisam saber aonde você está para bilhetar os serviços…
Supostamente, apenas por este motivo.
Ao sair do elevador, do condomínio, ou da casa de rua mesmo, alguns pegam seus carros…
Muitos já tem os modernos aparelhos de GPS, que oferecem um grande benefício ao ajudar no planejamento dos trajetos…
Mas também, mostram, exatamente, o lugar em que estão e o trajeto de deslocamento do carro para alguém em algum lugar, conectado na operadora.
O tempo todo!
Se você prestou atenção no noticiário, sabe que esta exatidão e precisão de informação, permitiu que fosse usada na peça de acusação do casal Nardoni. Estes dados serviram para a acusação dizer a que horas eles entrararam na garagem do prédio em que moravam.
Também estão sendo utilizados na investigação de crimes rumorosos hoje em evidência na mídia…
Além disso, muitos tem aquele serviço de bloqueio de veículos para caso de furto ou roubo.
Motos também.
Os caminhões de carga também tem seus equipamentos.
Ônibus já tem câmeras internas de segurança, inclusive.
Toda esta frota é monitorada…
Aliás, provavelmente, já deve estar disponivel uma tecnologia semelhante a aquela que vimos no filme ¨O Pacificador¨ (The Peacemaker), com George Clooney, em que um satélite era capaz de mostrar, na tela de um computador, a placa do caminhão do terrorista de forma absolutamente clara.
Você acompanhou as atividades do Google com suas viaturas com câmeras, que, aparentemente, registraram até mesmo pessoas nuas em suas casas?
Bem… mas o carro saindo de casa, ou a pessoa andando a pé nas ruas, monitorada por seu celular, será observada por todas as câmeras de segurança espalhadas pelas cidades.
Nas ruas, avenidas, fachadas de prédio.
Praças de alimentação dos Shoppings.
Lojas. Supermercados.
Bancos.
Padarias. Farmácias. Sapatarias… quer mais?
Quem vai de ônibus ou metrô irá usar seus cartões do trabalhador, estudante ou semelhantes, para pagar sua passagem.
Como estes cartões estão associados com a identidade da pessoa, ficará assim mais uma ¨pegada digital¨.
Ao chegar ao trabalho, cartões de ponto digitais.
Quem estiver apenas visitando a empresa para uma entrevista em busca de emprego, ou se estiver visitando para uma reunião externa da empresa, será fichado na recepção.
Apresentará documento de identidade, e vai tirar uma fotografia digital.
Vai receber um cartão, que dará acesso aos elevadores, pela catraca digital.
Seus dados vão ficar lá, capturados pelos computadores do condomínio.
Saindo da reunião, um café na padaria.
Se pagar com cartão de débito, mais um registro.
Se pagar com vales alimentação eletrônicos, a mesma coisa.
Se pagar com cartão de crédito, idem.
Além disso, os cartões com chip registram todo o perfil de seu consumo.
Todos os aposentados têm hoje cartões para receberem seus benefícios.
E fazem recadastramentos periódicos.
Mesmo nos lugares mais remotos de nosso país.
Bolsa família.
Bolsa educação.
Bolsa qualquer coisa… qualquer serviço oferecido pelo governo nestas modalidades, oferece acesso ao recurso através de um cartão eletrônico.
Todos têm seus dados e seus cadastros.
Quem tem celular pré pago precisa vincular seu CPF com a linha.
Todos os estudantes estão cada vez mais digitalizados.
A carteira do estudante é digital.
Escolas e Faculdades fornecem dados eletrônicamente.
Notas.
Faltas.
Todos os passos.
Aqui em São Paulo, consumidores oferecem, espontaneamente, o número de seu CPF para a Nota Fiscal Paulista.
Disponibilizam assim, mais informações sobre hábitos e perfis de consumo.
Tenho certeza, inclusive, que, em breve, fornecer o CPF será obrigatório.
Em todo o território nacional.
Aguardem…
Continuando o dia, ao estacionar o carro, mais cartões.
Câmeras.
Registros.
Se fizer uma viagem por uma estrada com pedágio, e tiver o serviço ¨Sem Parar¨, o sistema vai registrar sua passagem.
Nos Shopping Centers que já tem este serviço disponibilizado, idem.
Chegando ao seu destino, acesso a Internet.
Seja em casa ou trabalho, tudo continuará sendo registrado: sua senha de acesso ao computador.
Ao seu provedor.
Emails adicionais.
Cookies de seus sites frequentes.
Histórico de sites visitados.
Todo o registro armazenado no seu provedor.
Suas consultas ao Google e outros semelhantes.
YouTube.
Todas as suas redes de relacionamentos.
Orkut.
Facebook.
Twiter.
MSN.
Skype.
Suas fotos, informações… seus amigos, data de aniversário.
Seus pensamentos. Visão sobre o mundo.
Sites e blogs favoritos.
Literatura, música, políticos, ídolos.
Religião.
Alguns, contam quase toda sua vida.
Felizes!
Para renovar ou tirar a carteira de motorista, impressão digital eletrônica.
Aquí em São Paulo, inspeção veicular: seu carro com um chip!
Todos seus dados relativos ao veículo contidos no chip.
Enquanto você dirige pelas ruas, radares.
Convencionais e fotográficos.
Estes últimos, com softwares capazes de dizer quem é o proprietário, e se o carro está com o IPVA e licenciamento em dia.
Monitoram os carros no rodízio.
Aqui em São Paulo, (não sei onde você, meu leitor está agora), determinadas placas não podem circular em determinados dias.
Assim, estes radares, aproveitando a viagem podem acessar TUDO sobre o veículo.
E sobre o proprietário…
Voltando para casa, relaxar e assistir a novela, o jornal, o futebol.
Ligar a TV!
Quem tem TV por assinatura, registros de todos os canais sintonizados.
Perfil do pacote adquirido.
Hábitos do Pay Per View.
E as viagens internacionais?
Impressões digitais eletrônicas para imigração.
Fotos!
Scanner corporal.
Hotéis nacionais ou internacionais, põem todos os seus dados apresentados no check in, na tarja eletrônica do cartão eletrônico que abre a porta do seu quarto.
Poderia pensar em outras coisas…
Você já lembrou de outras.
E, creio, você já entendeu tudo.
Imagine quando alguém tiver a idéia de juntar todas estas informações em algum lugar… quem tiver acesso a isso saberá tudo sobre sua vida, não é mesmo?
Isso já foi explorado em muitos filmes de Hollywood, e parecia distante…
Apenas para espiões sofisticados… galãs ou mocinhas lindas em perigo…
Mas hoje, já está totalmente disponivel.
Para você!
E aqui, no Brasil.
É o fim da privacidade.
Bem vindo ao controle.
TOTAL!
Sua vida nunca mais será a mesma.
Ninguém poderá comprar nem vender sem a marca.
Na verdade, ninguém poderá fazer mais quase NADA.
Será que ainda estaremos aqui quando isso chegar?
Você está preparado?
Veja os sinais!
SHALOM!
Fonte: http://apocalipseem2010.blogspot.com
Que possamos despertar, pois mudanças drásticas estão por ocorrer no mundo e nós não somos da noite, somos do dia e devemos estar atentos a tudo que está acontecendo.
O Senhor Jesus não deseja que sejamos pegos de surpresa, Ele está nos alertando pela sua Palavra, que possamos ouvir a sua voz através da leitura da Bíblia.
O sistema do anticristo está quase pronto.
E muitos de nós mesmos estamos ajudando em sua construção.
Nunca reparou?
Por conta de segurança, praticidade, conforto, aceitamos.
Ajudamos.
E assim, cada vez mais, todos os nossos passos, hábitos e atividades são monitorados pelo sistema.
O dia inteiro.
Todos os dias.
Em qualquer lugar.
Surpreso?
Exagero meu?
Que tal acompanhar o dia a dia de uma pessoa comum, como você e eu?
Então… vamos lá.
Logo ao sair de casa pela manhã, alguns moram em condomínios.
De casas, ou em prédios de apartamentos.
E, por medida de segurança, existem câmeras nos elevadores, na garagem, nas ruas internas.
Estas imagens são gravadas…
Pronto!
Começou seu dia.
Quase todas as pessoas no Brasil, tem telefones celulares.
E, em sua maioria, já ligaram ao acordar.
Ou ao sair de casa.
Ou, até mesmo, usaram como despertador.
Seus aparelhos celulares mostram exatamente onde estão, o tempo todo, por conta dos sistemas de roamming das operadoras de celular.
Elas precisam saber aonde você está para bilhetar os serviços…
Supostamente, apenas por este motivo.
Ao sair do elevador, do condomínio, ou da casa de rua mesmo, alguns pegam seus carros…
Muitos já tem os modernos aparelhos de GPS, que oferecem um grande benefício ao ajudar no planejamento dos trajetos…
Mas também, mostram, exatamente, o lugar em que estão e o trajeto de deslocamento do carro para alguém em algum lugar, conectado na operadora.
O tempo todo!
Se você prestou atenção no noticiário, sabe que esta exatidão e precisão de informação, permitiu que fosse usada na peça de acusação do casal Nardoni. Estes dados serviram para a acusação dizer a que horas eles entrararam na garagem do prédio em que moravam.
Também estão sendo utilizados na investigação de crimes rumorosos hoje em evidência na mídia…
Além disso, muitos tem aquele serviço de bloqueio de veículos para caso de furto ou roubo.
Motos também.
Os caminhões de carga também tem seus equipamentos.
Ônibus já tem câmeras internas de segurança, inclusive.
Toda esta frota é monitorada…
Aliás, provavelmente, já deve estar disponivel uma tecnologia semelhante a aquela que vimos no filme ¨O Pacificador¨ (The Peacemaker), com George Clooney, em que um satélite era capaz de mostrar, na tela de um computador, a placa do caminhão do terrorista de forma absolutamente clara.
Você acompanhou as atividades do Google com suas viaturas com câmeras, que, aparentemente, registraram até mesmo pessoas nuas em suas casas?
Bem… mas o carro saindo de casa, ou a pessoa andando a pé nas ruas, monitorada por seu celular, será observada por todas as câmeras de segurança espalhadas pelas cidades.
Nas ruas, avenidas, fachadas de prédio.
Praças de alimentação dos Shoppings.
Lojas. Supermercados.
Bancos.
Padarias. Farmácias. Sapatarias… quer mais?
Quem vai de ônibus ou metrô irá usar seus cartões do trabalhador, estudante ou semelhantes, para pagar sua passagem.
Como estes cartões estão associados com a identidade da pessoa, ficará assim mais uma ¨pegada digital¨.
Ao chegar ao trabalho, cartões de ponto digitais.
Quem estiver apenas visitando a empresa para uma entrevista em busca de emprego, ou se estiver visitando para uma reunião externa da empresa, será fichado na recepção.
Apresentará documento de identidade, e vai tirar uma fotografia digital.
Vai receber um cartão, que dará acesso aos elevadores, pela catraca digital.
Seus dados vão ficar lá, capturados pelos computadores do condomínio.
Saindo da reunião, um café na padaria.
Se pagar com cartão de débito, mais um registro.
Se pagar com vales alimentação eletrônicos, a mesma coisa.
Se pagar com cartão de crédito, idem.
Além disso, os cartões com chip registram todo o perfil de seu consumo.
Todos os aposentados têm hoje cartões para receberem seus benefícios.
E fazem recadastramentos periódicos.
Mesmo nos lugares mais remotos de nosso país.
Bolsa família.
Bolsa educação.
Bolsa qualquer coisa… qualquer serviço oferecido pelo governo nestas modalidades, oferece acesso ao recurso através de um cartão eletrônico.
Todos têm seus dados e seus cadastros.
Quem tem celular pré pago precisa vincular seu CPF com a linha.
Todos os estudantes estão cada vez mais digitalizados.
A carteira do estudante é digital.
Escolas e Faculdades fornecem dados eletrônicamente.
Notas.
Faltas.
Todos os passos.
Aqui em São Paulo, consumidores oferecem, espontaneamente, o número de seu CPF para a Nota Fiscal Paulista.
Disponibilizam assim, mais informações sobre hábitos e perfis de consumo.
Tenho certeza, inclusive, que, em breve, fornecer o CPF será obrigatório.
Em todo o território nacional.
Aguardem…
Continuando o dia, ao estacionar o carro, mais cartões.
Câmeras.
Registros.
Se fizer uma viagem por uma estrada com pedágio, e tiver o serviço ¨Sem Parar¨, o sistema vai registrar sua passagem.
Nos Shopping Centers que já tem este serviço disponibilizado, idem.
Chegando ao seu destino, acesso a Internet.
Seja em casa ou trabalho, tudo continuará sendo registrado: sua senha de acesso ao computador.
Ao seu provedor.
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E as viagens internacionais?
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Fotos!
Scanner corporal.
Hotéis nacionais ou internacionais, põem todos os seus dados apresentados no check in, na tarja eletrônica do cartão eletrônico que abre a porta do seu quarto.
Poderia pensar em outras coisas…
Você já lembrou de outras.
E, creio, você já entendeu tudo.
Imagine quando alguém tiver a idéia de juntar todas estas informações em algum lugar… quem tiver acesso a isso saberá tudo sobre sua vida, não é mesmo?
Isso já foi explorado em muitos filmes de Hollywood, e parecia distante…
Apenas para espiões sofisticados… galãs ou mocinhas lindas em perigo…
Mas hoje, já está totalmente disponivel.
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Sua vida nunca mais será a mesma.
Ninguém poderá comprar nem vender sem a marca.
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Fonte: http://apocalipseem2010.blogspot.com
terça-feira, 20 de julho de 2010
3º TEMPLO EM ISRAEL
Segundo uma sondagem actual comissionada pelo canal de TV do Knesset (parlamento israelita) e realizada pelo Panels Institute, metade da população de Israel quer ver o santo Templo (Beit HaMikdash) reconstruído.
Esta sondagem foi feita antecipando o dia de hoje, Terça-Feira 20 de Julho, em que se comemora o Dia Nacional do Lamento, conhecido por Tisha B'Av, ou seja, o dia exacto em que os 2 Templos de Jerusalém foram destruídos, há 2.000 e 2.500 anos respectivamente.
Quarenta e nove por cento disseram querer a reconstrução do 3º Templo, enquanto 23% disseram não a querer. Os restantes não estavam certos do que queriam.
A população está também dividida praticamente a meio no que respeita a acreditar que isso vai mesmo acontecer, com uma pequena diferença - 42% para 39% - dos que acreditam que o Terceiro Templo vai mesmo ser reconstruído.
Quarenta e oito por cento acham que o estado de Israel não deve dar passos concretos nesse sentido, contra 27% que acham que deve.
O estado actual do local onde isso poderá acontecer levanta muitas questões, uma vez que é dia a dia controlado pelo muçulmanos, e estes simples resultados da sondagem popular podem já por si levantar ondas de indignação no mundo islâmico. A simples visita ao local pelo antigo primeiro ministro Ariel Sharon levantou uma autêntica guerra generalizada, com uma nova onda da Intifada, pelo que a tensão à volta do Monte do Templo irá certamente crescer, à medida que estes tempos finais se aproximam.
Segundo as profecias bíblicas do profeta Daniel, o Anticristo interromperá os sacrifícios contínuos que estarão nessa altura sendo realizados no Templo de Jerusalém, dando origem à "Grande Tribulação" de 3 anos e meio (Daniel 9:27 e 10:11), dando claramente a entender que terá de haver um templo em Jerusalém durante os dias finais desta dispensação. Muitos crêem que será o próprio Anticristo a erigir esse templo, uma vez que isso poderá fazer parte da "aliança" que ele fará "com muitos" por uma semana (7 anos), isto é: para seduzir os judeus, ele dar-lhes-á aquilo que eles tanto anseiam, especialmente os religiosos: o Templo. Para tal, e contrariamente à opinião de alguns, a mesquita do Domo da Rocha não terá de ser destruída, pois há na esplanada suficiente espaço para a edificação de um outro ou até mais edifícios.
É minha convicção que o Anticristo, possuído do espírito satânico do engano, conseguirá fazer um "pacto diabólico" com judeus e árabes, dando a uns o que eles tanto almejam e aos outros o "respeito" pelos seus lugares de culto e adoração a Alá.
É também minha convicação que estamos muito próximos desses dias. Os sinais que vemos à nossa volta não nos deixam dúvidas acerca disso. Um dos sinais que me preocupam cada vez mais é ver que no meio cristão evangélico estes temas são permanente e até propositadamente ignorados por líderes que preferem "não assustar" as ovelhas, alimentando-as de falsas expectativas, quando deveriam estar seriamente alertando e preparando o povo para os dias difíceis que se aproximam.
Mas, tal como revela o profeta Daniel, "no fim do tempo o conhecimento se multiplicará... mas os sábios entenderão".
Shalom, Israel!
Fonte: shalon-israel-shalon.blogspot.com
AS 42 JORNADAS NO DESERTO - CAPÍTULO 68
Irmãos o capítulo 68 do estudo das 42 jornadas do povo de Israel pelo deserto é o assunto de estudo essa semana. Que o Senhor fale aos nosso corações, creio que há muito a aprender e que nos ajudará na nossa caminhada espiritual.
TEXTO: Números 11:1-6 – Quibrote – Hataavá – parte 4
Em Números capítulo 11, versículos de 1 ao 4, diz assim:
1 - Queixou-se o povo de sua sorte aos ouvidos do SENHOR; ouvindo-o o SENHOR, acendeu-se-lhe a ira, e fogo do SENHOR ardeu entre eles e consumiu extremidades do arraial.
2 - Então, o povo clamou a Moisés, e, orando este ao SENHOR, o fogo se apagou.
3 - Pelo que chamou aquele lugar Taberá, porque o fogo do SENHOR se acendera entre eles.
4 - E o populacho que estava no meio deles veio a ter grande desejo das comidas dos egípcios; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar e também disseram: Quem nos dará carne a comer?
5 - Lembramo-nos dos peixes que, no Egito, comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos.
6 - Agora, porém, seca-se a nossa alma, e nenhuma coisa vemos senão este maná.
Amados irmãos, estudaremos mais um aspecto desta 13ª Jornada – Quibrote-Hataavá. Aqui nós temos a murmuração do povo. Depois de vermos a maneira como Deus ordenara este povo a “caminhar”, nesta sequência Ele ordena que este povo “marche”, porque Deus queria trazer a consciência deste povo à realidade de uma guerra espiritual. Eles deveriam ser vigilantes no que se diz respeito à “marcha”. Eles não poderiam vacilar, não poderiam perder o zelo. Agora, o Senhor está colocando ordem na caminhada e tudo isso tem um aspecto espiritual para nós. Após o Senhor estabelecer a “ordem da marcha”, nós vemos um ambiente muito bonito, todavia e infelizmente, satanás, o inimigo da obra de Deus, começa a provocar o povo contra Deus, contra o Seu trabalhar.
Na passagem descrita nós vemos que havia um “populacho” que estava no meio deles, e este populacho “(...)veio ter grande desejo das comidas dos egípcios(...)”. Eles tornaram a chorar e a clamar: “quem nos dará carne a comer?”. E assim, nós notamos que o Egito ainda estava no coração daquele povo. No meio do povo de Israel havia este populacho, de onde se originou o problema, a murmuração, as lamúrias, as queixas contra Deus. Precisamos ser cuidadosos em relação a este tipo de coisa. Não podemos nos deixar envolver por pessoas estranhas em nosso meio, pessoas que nunca tiveram uma experiência viva de conversão com Deus.
Em Romanos 16:17, Paulo nos admoesta para notarmos bem aqueles que provocam “divisões e escândalos”, que andam em desacordo com a doutrina. Ainda em II Tessalonicenses 3:14, este mesmo servo do Senhor prossegue exortando os irmãos que prestem muita atenção, porque se alguém não anda em obediência a Palavra, a doutrina, essas pessoas precisam ser notadas e nós não podemos nos associar com elas, porque elas precisam sentir vergonha do caminho mau pelo qual têm andado.
Em Filipenses 2:14, Paulo exorta os irmãos em Filipos, para que eles pudessem fazer tudo sem murmuração. Não poderia haver murmuração no caminhar, no andar da Igreja. Às vezes, há pessoas entre nós que não são convertidas, pessoas que a experiência de salvação deles é mais uma experiência “psicológica” não é uma salvação somada com arrependimento.
Olhando para Números, capítulo 11, no episódio de Quibrote- Hataavá, vemos a murmuração, notamos que eles começaram a depreciar o “maná”. Números 11:7 nos mostra o que é o maná: era como uma semente de coentro, com a aparência semelhante a do bdélio. Aquele povo estava menosprezando, desprezando o maná. O maná, do ponto de vista espiritual, não era simplesmente aquilo que Deus estava dando para eles se alimentarem, era o alimento, a provisão de Deus para que aquele povo andasse com Ele, andasse em obediência a Ele, andasse segundo as provisões dEle.
Infelizmente aquele povo não estavam vendo a medida de Deus dentro da própria essência do maná. Este é o retrato fiel da nossa própria situação, pois, amados irmãos, quando consideramos a história da humanidade, desde o princípio ao fim, percebemos que ela, a hitória da humanidade, está marcada pela queda, pelo fracasso, por um coração rebelde.
Neste acontecimento de Números 11, vemos a situação do nosso pobre e miserável coração. Nesta ocasião se descobre inteiramente as inclinações, as manifestações e os desejos do coração humano. A despeito do estado de escravidão em que vivia no Egito, aquele povo ainda suspirava por aquela terra onde viviam escravizados, debaixo de açoites. Esse é um retrato fiel da nossa própria situação, vez que o nosso coração perde o vigor pelas coisas de Deus sempre ele se volta para as coisas do mundo. E em conseqüência a tudo isso, em Números 11:11-15, vemos o abatimento de Moisés. O texto diz assim:
11 - Disse Moisés ao SENHOR: Por que fizeste mal a teu servo, e por que não achei favor aos teus olhos, visto que puseste sobre mim a carga de todo este povo?
12 - Concebi eu, porventura, todo este povo? Dei-o eu à luz, para que me digas: Leva-o ao teu colo, como a ama leva a criança que mama, à terra que, sob juramento, prometeste a seus pais?
13 - Donde teria eu carne para dar a todo este povo? Pois chora diante de mim, dizendo: Dá-nos carne que possamos comer.
14 - Eu sozinho não posso levar todo este povo, pois me é pesado demais.
15 - Se assim me tratas, mata-me de uma vez, eu te peço, se tenho achado favor aos teus olhos; e não me deixes ver a minha miséria.
Precisamos considerar este assunto diante do Senhor. Que o Espírito Santo nos ajude! No Salmo 106:33, diz assim: “pois foram rebeldes ao Espírito de Deus, e Moisés falou irrefletidamente”. Olha este Salmo! Diz que “Moisés falou irrefletidamente”. Isso é muito sério! Porque aqui nós vemos Moisés falar isso para Deus e segundo o salmista estas palavras foram palavras impensadas, irrefletidas. O que podemos aprender com esta notável explosão de abatimento de Moisés, descrita nestes textos? Uma das coisas que nós temos que aprender é que o deserto é o lugar onde se revela o que há no nosso próprio coração! Aqui as falhas são descobertas.
O livro de Números é o livro do deserto. Percebemos que Moisés estava sujeito às mesmas paixões que nós. Parece que o seu coração estava prestes a sucumbir sobre o peso da responsabilidade que estava sobre ele. O fardo que Moisés suportava era pesado demais para os ombros humanos. Mas, será que Deus colocou aquilo sobre Moisés, sem conhecer a estrutura emocional dele? Será que aquele fardo que ele estava suportando era pesado demais como o próprio Moisés afirmara para Deus? Será que Deus o chamou para fazer tudo sozinho? Deus não estava com ele? Deus não era suficiente? Todo poder e graça e sabedoria não provém de Deus? Tudo isso deveria ser descanso para Moisés. Ele não deveria se abater diante daquilo. Quando Deus chama um homem para determinada obra de responsabilidade no serviço, Ele derrama sua graça suficiente para capacitá-lo a servir adequadamente.
Creio que este triste fato, esta triste experiência que Moisés passou ajuda-nos muito nos dias atuais, porque nós somos seres humanos passíveis de abatimento. Mas podemos, pela graça de Deus, olhar essas experiências de consagrados servos de Deus e ver que há lições que precisamos aprender.
Moisés não podia prover a comida para aquela grande multidão. Mas Deus sim! Esse foi um momento sombrio na vida de Moisés. Isso nos reverte para outro servo de Deus: Elias, quando este, em 1 Reis 19:4, se assentou debaixo de um zimbro e “pediu a própria morte”.
Em Mateus capítulo 17, vemos Moisés e Elias no monte da transfiguração, junto com o nosso Senhor Jesus Cristo! Isso nos dá segurança para compreendermos que os pensamentos de Deus não são como os nossos pensamentos. Imagine que um dia, Moisés esteve profundamente abatido. Elias esteve num momento de profunda angústia, no entanto, Deus alcançou nestes homens a sua Obra.
Deus repreende nossos temores pela riqueza da sua graça. Quando nossos pobres corações querem antecipar nossa própria morte, Ele dá vida, vitória, glória e derrama sua superabundante graça, bondade e misericórdia sobre nós.
Quibrote-Hataavá, significa “túmulos de cobiça”. Nesta passagem vemos este episódio de Mois a fonte e a provisão dele.
Também temos que olhar outro aspecto aqui em Quibrote-Hataavá. Em Números 11:31-35 vemos a cobiça daquele povo. O coração deles voltado para o Egito. Diz assim os versículos:
31 - Então, soprou um vento do SENHOR, e trouxe codornizes do mar, e as espalhou pelo arraial quase caminho de um dia, ao seu redor, cerca de dois côvados sobre a terra.
32 - Levantou-se o povo todo aquele dia, e a noite, e o outro dia e recolheu as codornizes; o que menos colheu teve dez ômeres; e as estenderam para si ao redor do arraial.
33 - Estava ainda a carne entre os seus dentes, antes que fosse mastigada, quando se acendeu a ira do SENHOR contra o povo, e o feriu com praga mui grande.
34 - Pelo que o nome daquele lugar se chamou Quibrote-Hataavá, porquanto ali enterraram o povo que teve o desejo das comidas dos egípcios.
35 - De Quibrote-Hataavá partiu o povo para Hazerote e ali ficou.
Veja isso! Chamou aquele lugar Quibrote-Hataavá porque ali foram enterrados, aquelas pessoas que tiveram o desejo das comidas dos egípcios. Irmãos, essa é uma grande lição para cada um de nós. Se permitirmos que habite no nosso coração qualquer desejo pelo mundo com certeza nós seremos condenados com o mundo. Seremos enterrados por estas coisas. A nossa cobiça é como a sepultura onde somos enterrados. Não podemos permitir que o nosso coração nos engane e que sejamos levados a viver uma experiência como esta.
Então veja todo este quadro! Primeiro nós vemos um povo desesperado pelas comidas do Egito. Um povo que não queria Deus, que estava sufocado pela obsessão das coisas do Egito e que tinha um desejo descontrolado pelas coisas do Egito. Irmãos, o Egito, é o mundo! O Egito figura o mundo para nós. Nós não podemos permitir que sejamos vencidos pelas astutas ciladas do Diabo. O nosso coração precisa ser tomado pela Vida de Deus. Nossos desejos precisam ser purificados pelo poder da Palavra, pela presença do Espírito trabalhando em nós. Pelo fruto do Espírito em nós, para que não venhamos viver uma vida que desagrade a Deus como aconteceu aqui em Quibrote-Hataavá. A ira de Deus se acendeu, aquele povo foi julgado e condenado com o mundo, condenado segundo o desejo dos seus corações. Por outro lado nós vemos Moisés abatido por causa desta situação. Nós necessitamos da ajuda do Senhor.
Nós que temos o encargo da Palavra, não podemos permitir que situações como essa venha sufocar-nos, que venha suplantar a nossa dependência de Deus, a nossa confiança e segurança em Deus. Porque a Obra é de Deus! Esse foi o segredo intrínseco do ministério de Cristo Jesus. Sua completa dependência do Pai, sua total confiança e segurança no Pai. A certeza de que era o Pai que estava fazendo a Obra! Nós somos pequenos canais nos quais Deus se move para poder alcançar o Seu Propósito. Quando, através dos nossos próprios esforços, procuramos fazer a Obra de Deus, nos desgastamos, nos frustramos, nos desanimamos e ficamos suscetíveis à queda, ao fracasso e a tantas coisas.
Portanto, amados irmãos, que o Senhor venha nos ajudar através do Seu maravilhoso Espírito. Que Ele possa trabalhar na nossa vida de uma forma poderosa, por meio da Sua Palavra e por meio do Espírito Santo para que nós sejamos cuidadosos quanto ao ministério, para que sejamos cuidadosos em relação ao serviço a Deus.
Nunca julgue que o fardo está pesado demais porque a Obra é de Deus. É Ele e não nós que dá a provisão para o Seu povo. Nós somos apenas instrumentos nas mãos Dele. Toda a glória é para Ele! Aprendamos a confiar que Deus vai suprir toda necessidade. Procuremos desenvolver um relacionamento de dependência, confiança e segurança nas mãos de Deus para que nós não venhamos vacilar.
Outra grande lição que nós aprendemos é que os nossos desejos precisam estar trabalhados pela obra da Cruz, pela Palavra, pela presença do Espírito Santo em nós, para que não venhamos cobiçar as coisas do mundo. Porque essas coisas entristecem a Deus, por essas coisas vem a ira de Deus.
Que esta solene advertência venha nos ajudar a caminhar numa trilha reta cujo alvo é Cristo Jesus. Que Deus nos abençoe e nos guarde por meio da Palavra que está ministrando ao nosso coração.
Por. Ir. Luiz Fontes.
TEXTO: Números 11:1-6 – Quibrote – Hataavá – parte 4
Em Números capítulo 11, versículos de 1 ao 4, diz assim:
1 - Queixou-se o povo de sua sorte aos ouvidos do SENHOR; ouvindo-o o SENHOR, acendeu-se-lhe a ira, e fogo do SENHOR ardeu entre eles e consumiu extremidades do arraial.
2 - Então, o povo clamou a Moisés, e, orando este ao SENHOR, o fogo se apagou.
3 - Pelo que chamou aquele lugar Taberá, porque o fogo do SENHOR se acendera entre eles.
4 - E o populacho que estava no meio deles veio a ter grande desejo das comidas dos egípcios; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar e também disseram: Quem nos dará carne a comer?
5 - Lembramo-nos dos peixes que, no Egito, comíamos de graça; dos pepinos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos.
6 - Agora, porém, seca-se a nossa alma, e nenhuma coisa vemos senão este maná.
Amados irmãos, estudaremos mais um aspecto desta 13ª Jornada – Quibrote-Hataavá. Aqui nós temos a murmuração do povo. Depois de vermos a maneira como Deus ordenara este povo a “caminhar”, nesta sequência Ele ordena que este povo “marche”, porque Deus queria trazer a consciência deste povo à realidade de uma guerra espiritual. Eles deveriam ser vigilantes no que se diz respeito à “marcha”. Eles não poderiam vacilar, não poderiam perder o zelo. Agora, o Senhor está colocando ordem na caminhada e tudo isso tem um aspecto espiritual para nós. Após o Senhor estabelecer a “ordem da marcha”, nós vemos um ambiente muito bonito, todavia e infelizmente, satanás, o inimigo da obra de Deus, começa a provocar o povo contra Deus, contra o Seu trabalhar.
Na passagem descrita nós vemos que havia um “populacho” que estava no meio deles, e este populacho “(...)veio ter grande desejo das comidas dos egípcios(...)”. Eles tornaram a chorar e a clamar: “quem nos dará carne a comer?”. E assim, nós notamos que o Egito ainda estava no coração daquele povo. No meio do povo de Israel havia este populacho, de onde se originou o problema, a murmuração, as lamúrias, as queixas contra Deus. Precisamos ser cuidadosos em relação a este tipo de coisa. Não podemos nos deixar envolver por pessoas estranhas em nosso meio, pessoas que nunca tiveram uma experiência viva de conversão com Deus.
Em Romanos 16:17, Paulo nos admoesta para notarmos bem aqueles que provocam “divisões e escândalos”, que andam em desacordo com a doutrina. Ainda em II Tessalonicenses 3:14, este mesmo servo do Senhor prossegue exortando os irmãos que prestem muita atenção, porque se alguém não anda em obediência a Palavra, a doutrina, essas pessoas precisam ser notadas e nós não podemos nos associar com elas, porque elas precisam sentir vergonha do caminho mau pelo qual têm andado.
Em Filipenses 2:14, Paulo exorta os irmãos em Filipos, para que eles pudessem fazer tudo sem murmuração. Não poderia haver murmuração no caminhar, no andar da Igreja. Às vezes, há pessoas entre nós que não são convertidas, pessoas que a experiência de salvação deles é mais uma experiência “psicológica” não é uma salvação somada com arrependimento.
Olhando para Números, capítulo 11, no episódio de Quibrote- Hataavá, vemos a murmuração, notamos que eles começaram a depreciar o “maná”. Números 11:7 nos mostra o que é o maná: era como uma semente de coentro, com a aparência semelhante a do bdélio. Aquele povo estava menosprezando, desprezando o maná. O maná, do ponto de vista espiritual, não era simplesmente aquilo que Deus estava dando para eles se alimentarem, era o alimento, a provisão de Deus para que aquele povo andasse com Ele, andasse em obediência a Ele, andasse segundo as provisões dEle.
Infelizmente aquele povo não estavam vendo a medida de Deus dentro da própria essência do maná. Este é o retrato fiel da nossa própria situação, pois, amados irmãos, quando consideramos a história da humanidade, desde o princípio ao fim, percebemos que ela, a hitória da humanidade, está marcada pela queda, pelo fracasso, por um coração rebelde.
Neste acontecimento de Números 11, vemos a situação do nosso pobre e miserável coração. Nesta ocasião se descobre inteiramente as inclinações, as manifestações e os desejos do coração humano. A despeito do estado de escravidão em que vivia no Egito, aquele povo ainda suspirava por aquela terra onde viviam escravizados, debaixo de açoites. Esse é um retrato fiel da nossa própria situação, vez que o nosso coração perde o vigor pelas coisas de Deus sempre ele se volta para as coisas do mundo. E em conseqüência a tudo isso, em Números 11:11-15, vemos o abatimento de Moisés. O texto diz assim:
11 - Disse Moisés ao SENHOR: Por que fizeste mal a teu servo, e por que não achei favor aos teus olhos, visto que puseste sobre mim a carga de todo este povo?
12 - Concebi eu, porventura, todo este povo? Dei-o eu à luz, para que me digas: Leva-o ao teu colo, como a ama leva a criança que mama, à terra que, sob juramento, prometeste a seus pais?
13 - Donde teria eu carne para dar a todo este povo? Pois chora diante de mim, dizendo: Dá-nos carne que possamos comer.
14 - Eu sozinho não posso levar todo este povo, pois me é pesado demais.
15 - Se assim me tratas, mata-me de uma vez, eu te peço, se tenho achado favor aos teus olhos; e não me deixes ver a minha miséria.
Precisamos considerar este assunto diante do Senhor. Que o Espírito Santo nos ajude! No Salmo 106:33, diz assim: “pois foram rebeldes ao Espírito de Deus, e Moisés falou irrefletidamente”. Olha este Salmo! Diz que “Moisés falou irrefletidamente”. Isso é muito sério! Porque aqui nós vemos Moisés falar isso para Deus e segundo o salmista estas palavras foram palavras impensadas, irrefletidas. O que podemos aprender com esta notável explosão de abatimento de Moisés, descrita nestes textos? Uma das coisas que nós temos que aprender é que o deserto é o lugar onde se revela o que há no nosso próprio coração! Aqui as falhas são descobertas.
O livro de Números é o livro do deserto. Percebemos que Moisés estava sujeito às mesmas paixões que nós. Parece que o seu coração estava prestes a sucumbir sobre o peso da responsabilidade que estava sobre ele. O fardo que Moisés suportava era pesado demais para os ombros humanos. Mas, será que Deus colocou aquilo sobre Moisés, sem conhecer a estrutura emocional dele? Será que aquele fardo que ele estava suportando era pesado demais como o próprio Moisés afirmara para Deus? Será que Deus o chamou para fazer tudo sozinho? Deus não estava com ele? Deus não era suficiente? Todo poder e graça e sabedoria não provém de Deus? Tudo isso deveria ser descanso para Moisés. Ele não deveria se abater diante daquilo. Quando Deus chama um homem para determinada obra de responsabilidade no serviço, Ele derrama sua graça suficiente para capacitá-lo a servir adequadamente.
Creio que este triste fato, esta triste experiência que Moisés passou ajuda-nos muito nos dias atuais, porque nós somos seres humanos passíveis de abatimento. Mas podemos, pela graça de Deus, olhar essas experiências de consagrados servos de Deus e ver que há lições que precisamos aprender.
Moisés não podia prover a comida para aquela grande multidão. Mas Deus sim! Esse foi um momento sombrio na vida de Moisés. Isso nos reverte para outro servo de Deus: Elias, quando este, em 1 Reis 19:4, se assentou debaixo de um zimbro e “pediu a própria morte”.
Em Mateus capítulo 17, vemos Moisés e Elias no monte da transfiguração, junto com o nosso Senhor Jesus Cristo! Isso nos dá segurança para compreendermos que os pensamentos de Deus não são como os nossos pensamentos. Imagine que um dia, Moisés esteve profundamente abatido. Elias esteve num momento de profunda angústia, no entanto, Deus alcançou nestes homens a sua Obra.
Deus repreende nossos temores pela riqueza da sua graça. Quando nossos pobres corações querem antecipar nossa própria morte, Ele dá vida, vitória, glória e derrama sua superabundante graça, bondade e misericórdia sobre nós.
Quibrote-Hataavá, significa “túmulos de cobiça”. Nesta passagem vemos este episódio de Mois a fonte e a provisão dele.
Também temos que olhar outro aspecto aqui em Quibrote-Hataavá. Em Números 11:31-35 vemos a cobiça daquele povo. O coração deles voltado para o Egito. Diz assim os versículos:
31 - Então, soprou um vento do SENHOR, e trouxe codornizes do mar, e as espalhou pelo arraial quase caminho de um dia, ao seu redor, cerca de dois côvados sobre a terra.
32 - Levantou-se o povo todo aquele dia, e a noite, e o outro dia e recolheu as codornizes; o que menos colheu teve dez ômeres; e as estenderam para si ao redor do arraial.
33 - Estava ainda a carne entre os seus dentes, antes que fosse mastigada, quando se acendeu a ira do SENHOR contra o povo, e o feriu com praga mui grande.
34 - Pelo que o nome daquele lugar se chamou Quibrote-Hataavá, porquanto ali enterraram o povo que teve o desejo das comidas dos egípcios.
35 - De Quibrote-Hataavá partiu o povo para Hazerote e ali ficou.
Veja isso! Chamou aquele lugar Quibrote-Hataavá porque ali foram enterrados, aquelas pessoas que tiveram o desejo das comidas dos egípcios. Irmãos, essa é uma grande lição para cada um de nós. Se permitirmos que habite no nosso coração qualquer desejo pelo mundo com certeza nós seremos condenados com o mundo. Seremos enterrados por estas coisas. A nossa cobiça é como a sepultura onde somos enterrados. Não podemos permitir que o nosso coração nos engane e que sejamos levados a viver uma experiência como esta.
Então veja todo este quadro! Primeiro nós vemos um povo desesperado pelas comidas do Egito. Um povo que não queria Deus, que estava sufocado pela obsessão das coisas do Egito e que tinha um desejo descontrolado pelas coisas do Egito. Irmãos, o Egito, é o mundo! O Egito figura o mundo para nós. Nós não podemos permitir que sejamos vencidos pelas astutas ciladas do Diabo. O nosso coração precisa ser tomado pela Vida de Deus. Nossos desejos precisam ser purificados pelo poder da Palavra, pela presença do Espírito trabalhando em nós. Pelo fruto do Espírito em nós, para que não venhamos viver uma vida que desagrade a Deus como aconteceu aqui em Quibrote-Hataavá. A ira de Deus se acendeu, aquele povo foi julgado e condenado com o mundo, condenado segundo o desejo dos seus corações. Por outro lado nós vemos Moisés abatido por causa desta situação. Nós necessitamos da ajuda do Senhor.
Nós que temos o encargo da Palavra, não podemos permitir que situações como essa venha sufocar-nos, que venha suplantar a nossa dependência de Deus, a nossa confiança e segurança em Deus. Porque a Obra é de Deus! Esse foi o segredo intrínseco do ministério de Cristo Jesus. Sua completa dependência do Pai, sua total confiança e segurança no Pai. A certeza de que era o Pai que estava fazendo a Obra! Nós somos pequenos canais nos quais Deus se move para poder alcançar o Seu Propósito. Quando, através dos nossos próprios esforços, procuramos fazer a Obra de Deus, nos desgastamos, nos frustramos, nos desanimamos e ficamos suscetíveis à queda, ao fracasso e a tantas coisas.
Portanto, amados irmãos, que o Senhor venha nos ajudar através do Seu maravilhoso Espírito. Que Ele possa trabalhar na nossa vida de uma forma poderosa, por meio da Sua Palavra e por meio do Espírito Santo para que nós sejamos cuidadosos quanto ao ministério, para que sejamos cuidadosos em relação ao serviço a Deus.
Nunca julgue que o fardo está pesado demais porque a Obra é de Deus. É Ele e não nós que dá a provisão para o Seu povo. Nós somos apenas instrumentos nas mãos Dele. Toda a glória é para Ele! Aprendamos a confiar que Deus vai suprir toda necessidade. Procuremos desenvolver um relacionamento de dependência, confiança e segurança nas mãos de Deus para que nós não venhamos vacilar.
Outra grande lição que nós aprendemos é que os nossos desejos precisam estar trabalhados pela obra da Cruz, pela Palavra, pela presença do Espírito Santo em nós, para que não venhamos cobiçar as coisas do mundo. Porque essas coisas entristecem a Deus, por essas coisas vem a ira de Deus.
Que esta solene advertência venha nos ajudar a caminhar numa trilha reta cujo alvo é Cristo Jesus. Que Deus nos abençoe e nos guarde por meio da Palavra que está ministrando ao nosso coração.
Por. Ir. Luiz Fontes.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
OS JUDEUS E OS GENTIOS
Irmãos esse é o assunto do estudo da reunião de hoje. Os Judeus e os Gentios.
Que possamos receber do Senhor as verdades espirituais que ele deseja nos comunicar.
DEUS ABENÇOE A TODOS
CAPÍTULO 14
"Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens."
– Efésios 2:11
Este versículo é o começo de uma declaração que tem continuidade no versículo doze: "Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo". Mas agora chamo a atenção para o versículo onze somente.
Chegamos aqui a uma nova seção da declaração que o apóstolo Paulo faz neste capítulo dois desta Epístola. Há uma definida interrup¬ção aqui, e o apóstolo toma uma nova ideia e um novo pensamento. É importante, pois, que tenhamos claro em nossas mentes o seu argumento e o que ele pretende fazer.
O grande objetivo da Epístola é explicar e expor o grandioso propósito de Deus durante a presente era. Vem na forma de sumário no versículo dez do capítulo primeiro – assim, Deus se propusera "tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra". Esse é o grande propósito de Deus durante a presente dispensação, o grandioso propósito de Deus em nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Cristo veio a este mundo – falando em termos do Seu supremo objetivo – a fim de reunir, de colocar de novo sob o Seu comando todas as coisas, tanto as do céu como as da terra. O apóstolo está interessado em explicar e expor isso aos membros da igreja de Éfeso e às outras igrejas às quais esta carta deveria ser enviada. Vimos também que o apóstolo logo passa a dizer que este propósito de Deus, grandioso e final, já está sendo posto em operação, que a própria Igreja é uma ilustração dessa verdade, no sentido de que os efésios, juntamente com outros gentios, tinham sido introduzidos na Igreja, como os judeus. Tendo dito isso, o apóstolo passa a dizer a estes efésios que a coisa mais importante para eles era que tivessem iluminados os olhos do seu entendimento.
Paulo quer que os efésios conheçam particularmente "a sobre excelente grandeza do poder de Deus para com eles". Portanto neste segundo capítulo (da Epístola) ele expõe e demonstra para eles esse grande poder. Ele ilustra para eles o que está querendo dizer. É admirável, é espantoso, que estes efésios, estes gentios, sejam membros da Igreja Cristã, lado a lado com os judeus. E só existe uma coisa que tornou isso possível, esta sobreexcelente grandeza do poder de Deus. É o mesmo poder que Deus manifestou ressuscitando o Senhor Jesus Cristo dentre os mortos.
1) Havia dois obstáculos principais entre os gentios e sua vinda para Deus
1.1) O primeiro obstáculo era o seu estado e condição em pecado
Como isso é demonstrado? Desta maneira: havia dois obstáculos principais entre estes e sua vinda para Deus, a fim de serem cristãos e membros da Igreja. O primeiro obstáculo era o seu estado e condição em pecado. O apóstolo trata disso nos dez primeiros versículos deste capítulo. Já estivemos tratando disso, não o olvidemos. Ele os faz lembrar-se do que eles eram. Mas agora são cristãos. Que foi que os mudou, que foi que os trouxe daquilo para isto? Há só uma resposta: é o poder de Deus – nada menos que isso. Lá estava aquele terrível obstáculo – e continua sendo o grande obstáculo entre todos os homens e Deus – a morte do pecado. Nada, senão o poder de Deus, poderia ter lidado com tal situação.
1.2) O segundo obstáculo era a sua posição, ou o seu "status", na economia de Deus
No entanto, havia um segundo obstáculo, mais uma coisa que se interpunha entre estes gentios e a qualidade de membros da Igreja de Cristo e o conhecimento de Deus. Que seria? Era a sua posição, ou o seu "status", na economia de Deus, e especialmente em termos da sua relação com a lei de Deus. É a esse assunto que o apóstolo se dedica neste versículo onze, continuando até o versículo doze do capítulo três.
Aí está, obviamente, outra questão vitalmente importante. Como esse primeiro obstáculo ainda opera, assim também este segundo obstáculo continua operando. Portanto, não estamos empenhados num estudo acadêmico, puramente objetivo, de algo que era real há dois mil anos. É real hoje como então. As Escrituras são sempre relevantes e contemporâneas, elas falam de nós e de todos os demais. Daí então, é de vital interesse que entendamos o ensino do apóstolo neste ponto.
Proponho-me a tratar disso apenas de maneira geral no momento, pois quero fazer uma introdução geral da seção toda. O apóstolo está desejoso de que estes efésios captem e apreendam verdadeiramente quão tremenda coisa era eles se tornarem cristãos e serem membros da Igreja Cristã. O segundo meio de que se utilizou para conseguir que eles enxergassem isso é o seguinte: "... lembrai-vos", diz ele, "de que vós noutro tempo" – e em seguida vem a descrição. É assim que ele a introduz. Será somente quando eles se lembrarem disso, e somente quando se derem conta de qual é a verdade a seu respeito, que eles poderão realmente começar a entender a grandeza do poder de Deus. Vocês jamais poderão aperceber-se da grandiosidade do poder de Deus, enquanto não se aperceberem da grandiosidade dos obstáculos que aquele poder venceu. Há muitos hoje que não veem nada na salvação cristã, que não ficam admirados face a ela, e que pensam que, provavel¬mente, Paulo era um psicopata, porque ele entrava em êxtase quando contemplava as glórias da salvação. Eles não veem nada disso; para eles não há no cristianismo nada que cause admiração, que cause espanto. Por quê? Porque nunca se deram conta do problema, porque ignoram o pecado e nada sabem da ira de Deus. Não se dão conta da natureza destes obstáculos e dificuldades. O apóstolo tinha consciência disso; e ele quer que os efésios também a tenham. O seu método para essa finalidade é lembrá-los do que eles eram e fazê-los ver como Deus venceu este segundo obstáculo. Isto, num sentido, é tão esplêndido e maravilhoso como o modo pelo qual Ele venceu o primeiro.
1.3) Naqueles tempos antigos o mundo estava dividido em dois principais grupos, judeus e gentios
Qual é o segundo obstáculo? Permitam-me expressá-lo assim: naqueles tempos antigos o mundo estava dividido em dois principais grupos, judeus e gentios. A divisão parecia absoluta, e qualquer conversa sobre reconciliação parecia descomunal e impossível. Judeu e gentio! Os judeus e os "cães"! Mas, por outro lado, os gentios tinham a sua classificação, particularmente os gregos. Para eles o mundo todo estava dividido em gregos e bárbaros – o povo inteligente, os filósofos, os gregos, de um lado; os ignorantes, os iletrados, os bárbaros de outro. Essa era a situação, e parecia completamente impossível que estes dois segmentos, estes segmentos em conflito e que se desprezavam um ao outro tão fortemente, se juntassem e se reconciliassem, muito menos que fossem vistos ajoelhar-se juntos, cultuando e adorando o mesmo Deus e o mesmo Senhor. Todavia aconteceu, diz Paulo. O espantoso é que isso é verdade. Estes efésios foram introduzidos e igualmente são membros da Igreja. Este é o fato espantoso que nada menos que "a sobreexcelente grandeza do poder de Deus" poderia fazer acontecer.
Pois bem, essa é a mensagem. A maneira pela qual o apóstolo a expressa é extremamente interessante. Vejam o versículo onze, que estamos considerando. É onde ele introduz o assunto. Vocês notaram o modo como ele o faz? Pessoas há que com frequência acham este versículo difícil, e o é até que se veja exatamente o que ele significa. Na primeira leitura parece impossível. Vejam-no de novo: "Portanto, (vós efésios), lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne" – e então esta longa declaração, "e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens".
Significa isto: Paulo começa fazendo-os lembrar-se de que de fato eles eram "gentios na carne". Era um simples fato da história, um fato literal, sólido, que como gentios eles não tinham sido circuncidados. Portanto, eram "gentios na carne". "Na carne" aqui não é um contraste com "no espírito", porque, se fosse, o apóstolo pareceria estar dizendo: é verdade que vocês eram gentios na carne, porém, naturalmente, no espírito vocês estavam bem. Não é nada disso que ele quer dizer. Eis o que ele quer dizer: é um duro fato de que vocês eram gentios na carne; não tinham a marca, o sinal, o símbolo de serem judeus – vocês não tinham sido circuncidados. Mas ele não abandona o ponto aí. Poderia fazê-lo, entretanto sai numa espécie de digressão que termina no fim do versículo, e depois volta ao ponto de origem, no princípio do versículo 12. Mas a digressão vem carregada de interesse. "Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne", éreis chamados incircuncisão pelos que a si mesmos se intitulavam ou se chamavam circuncisão, circuncisão na carne, feita pelas mãos. A dificuldade era que os judeus se haviam agarrado a isso, que era realmente um fato, e o tinham transformado num problema. Visto que tinham entendido mal o ensino das suas próprias Escrituras, passaram a pensar que a única coisa que realmente importava era o sinal na carne. Estavam considerando isso de maneira material, carnal, e para eles nada importava, senão a circuncisão qua1 circuncisão. Para eles isso era tudo, era da máxima importância, e nada mais importava. Eles tinham entendido errada¬mente o propósito todo, até mesmo a circuncisão propriamente dita; com isso criaram esta grande barreira, este grande obstáculo no mundo antigo. O apóstolo faz a sua colocação com estas palavras: vocês eram gentios na carne. Sim, e por aquelas pessoas que se diziam A Circuncisão vocês eram apelidados e descritos como A Incircuncisão. Os que falam somente em termos da carne e daquilo que é feito pelas mãos dos homens, pensando unicamente nesse nível, põem-se à parte e dizem: "Nós somos A Circuncisão, e aqueles outros são A Incircuncisão".
Este é um ponto muito importante que vocês devem observar quando leem as Epístolas do Novo Testamento. Vejam, por exemplo, o que Paulo escreve aos filipenses (3:3): "A circuncisão somos nós" – ¬nós, os cristãos! – "que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne". É exatamente o mesmo ponto. Noutras palavras, para termos um verdadeiro entendimento destas Epístolas paulinas, temos que entender o ponto que ele está defendendo neste versículo. Não somente era um fato e uma verdade que os gentios não tinham sido circuncidados; desafortunadamente, os judeus tinham exagerado esse fato, e tinham feito daquilo uma parede de separação que parecia completamente irremovível.
Pois bem, essa pequena exposição é vital para ter-se entendimento de tudo o que temos para dizer. Havia dois aspectos deste segundo obstáculo que Deus tinha que vencer antes de os efésios poderem tornar¬-se cristãos. Primeiramente havia a atitude dos judeus para com os gentios. E depois, em segundo lugar, havia a atitude de Deus para com os gentios. A atitude de Deus tinha que manifestar-se porque, afinal de contas, eles não tinham sido circuncidados, não eram da semente de Abraão. Mas, antes de passarmos a isso, temos que examinar esta atitude judaica, esta "circuncisão e incircuncisão", esta divisão. Há, creio eu, um elemento próximo do sarcasmo na maneira pela qual o apóstolo se expressa – "éreis... chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam (ou se intitulam) circuncisão feita pela mão dos homens". Vocês podem observar a ênfase que ele dá. O grande ponto que ele defende é que Deus venceu este obstáculo duplo. Ambas estas dificul¬dades foram sobrepujadas por Cristo e pelo que Ele fez. A atitude do judeu para com o gentio foi corrigida, se o judeu se tornou cristão; e a atitude de Deus para com eles também mudou. Assim, toda a questão da lei foi solucionada por nosso Senhor e Salvador. Esse é o argumento real e concreto do apóstolo.
1.4) A relevância disso tudo hoje
Permitam-me agora mostrar-lhes a relevância disso tudo hoje, porque continua sendo verdadeiro. Estamos vivendo numa era e num tempo em que há muito pensamento e muita concentração precisamente sobre este problema. O mundo está cheio de divisões e conflitos. Todos nós sabemos destes fatos; vemo-los entre nações – a tensão entre os Estados Árabes e Israel, entre o Oriente e o Ocidente, e todas as diversas subdivisões e ramificações. Divisões! – a Cortina de Ferro2, a Cortina de Bambu, e assim por diante! Contudo, essa verdade não diz respeito somente à esfera das nações e das relações internacionais; aplica-se igualmente ao que ocorre dentro das nações: classes, grupos e várias outras divisões. O mundo, em certo sentido, está repleto desta coisa toda. Assim como o mundo antigo estava dividido da maneira que vimos, assim também o mundo moderno está dividido desses vários modos. E acontece a mesma coisa com a Igreja Cristã: seitas, denominações, grupos e divisões, e barreiras. Que pena! E tudo isso está ocupando muito pensamento e muita atenção no presente. Fala-se disso interminavel¬mente, escreve-se interminavelmente sobre isso. Todo mundo está preocupado em conseguir entendimento, em obter unidade, e em tratar desse problema nestas diversas esferas. E, todavia, não pareceria que grande parte dessa conversa, desses escritos e dessas atividades é completamente vã e inútil? Parece não levar a nada; e a questão é: por quê? A resposta está no que Paulo ensina nesta passagem; pois a sua afirmação aqui, como em toda a sua Epístola, é que a única unidade digna de que dela se fale só é possível sob certas condições. A Igreja Primitiva, que consistia de judeus e gentios, foi a demonstração da verdadeira unidade. Eles foram aproximados e reunidos, dirigiam-se juntos em oração ao mesmo Pai graças ao Espírito, estavam na mesma Igreja, eram concidadãos, na verdade eram membros da mesma família. Esse é o único caminho, e todo e qualquer outro caminho que se tente não levará a nada. Para mim, uma das maiores tragédias da hora presente, especi¬almente na esfera da Igreja, é que a maior parte do tempo parece que é tomada pelos líderes para a pregação sobre unidade, em vez de pregarem o evangelho, o qual, unicamente, pode produzir unidade. O tempo é gasto com falas e conferências, interminavelmente – conferências nas quais eles "averiguam as suas dificuldades". Jamais se conseguirá unidade dessa maneira. Unicamente o evangelho produzirá unidade. E enquanto houver desacordo sobre o evangelho, será desperdício de fôlego e de energia falar sobre qualquer outro caminho para a unidade. Essa é a mensagem desta seção, como eu a vejo; e não se aplica somente à Igreja, mas também se aplica ao mundo de fora.
2) Duas questões principais que terão que ser consideradas antes de haver alguma espe¬rança de unidade e de solução dos problemas e dificuldades
Qual é o ensino, então? Permitam-me resumi-lo da seguinte maneira: o apóstolo queria fazer-nos ver que existem duas questões principais que terão que ser consideradas antes de haver alguma espe¬rança de unidade e de solução dos problemas e dificuldades. Quais são?
2.1) A primeira é que temos de compreender a causa da dificuldade
A primeira é que temos de compreender a causa da dificuldade. E preciso afirmar isso constante e interminavelmente nos dias atuais! Muito do que debalde se fala e se escreve sobre unidade e entendimento hoje deve-se inteiramente a uma só coisa, a saber, que os que o fazem nunca encararam a causa da dificuldade. É preciso ter o diagnóstico antes de fazer o tratamento. Quem se apressa a fazer tratamento sem saber com segurança qual é o diagnóstico, simplesmente não sabe o que faz. Positivamente está se arriscando. Medicar os sintomas ignorando a doença, a causa em suas raízes, é pura loucura. É porque as pessoas simplesmente não reconhecem a causa como esta passagem a ensina, que todas as suas tentativas são comprovadamente inúteis.
2.2) As diferenças tinham¬-se tornado barreiras
Aqui o apóstolo fala sobre a causa, sobre a moléstia. Vejam este caso dos judeus, como ele o coloca no versículo onze. Podemos expressá-lo da seguinte forma, como um postulado: a divisão do mundo antigo era devida a uma só coisa, e essa era que as diferenças tinham¬-se tornado barreiras, as diferenças tinham-se tornado uma "parede de separação que estava no meio". As diferenças existem, e menosprezá¬-las é tolice. As diferenças são fatos. E mesmo quando se tem verdadeira unidade, permanecem as diferenças. Todavia a tragédia é que os homens exageram as diferenças e as transformam em barreiras, em obstáculos, em "cortinas", em paredes de separação no meio. Era exatamente o que aqueles judeus estiveram fazendo. A ordenação de Deus era que houvesse judeus e gentios. Deus é que tinha formado a nação dos judeus. Havia uma real diferença. Os judeus eram circuncisos, os outros não. Mas isso não era para ser uma barreira. Deus não criou uma nação para não se importar com as outras; Ele criou a nação dos judeus para falar por meio deles ao mundo inteiro. Entretanto o judeu o tinha entendido erroneamente. Ele transformara essa diferença numa barreira, manti¬nha-se separado e desprezava os demais. A Circuncisão – A Incircuncisão!
3) Como isto se desenvolve e a que leva?
3.1) Primeiramente leva ao orgulho
Como isto se desenvolve e a que leva? Segundo o apóstolo, parece que o faz da seguinte maneira: primeiramente leva ao orgulho. É certamente um fato que o problema em foco é causado pelo orgulho, pelo ego. Esta é a causa fundamental de toda divisão, de toda barreira, de todo obstáculo. Essa é a causa de todas as barreiras de separação que se interpõem. É a causa basilar de tudo quanto divide as pessoas. O orgulho e o ego! O orgulho cega, o orgulho é um espírito poderoso que nos dirige, nos subjuga e nos domina. Sob a influência do orgulho a pessoa não pensa direito, torna-se preconceituosa. Não é capaz de ver coisa alguma como verdadeiramente é. O preconceito é uma das maiores maldições da vida, e geralmente tem a sua base e as suas raízes no orgulho. Tem o poder de cegar completamente a gente. Como funciona? Primeira¬mente impede-nos de ver os dois lados de uma questão. Para quem é governado pelo preconceito, não existe um segundo lado, há somente um, não há outro. Ele está completamente cego. Ora, essa era a atitude do judeu: "A Circuncisão", "A Incircuncisão"! Ele não admitia os gentios, ele voltava as costas para eles. Não seria essa a essência de todas as contendas?
3.2) Um falso conceito de nós mesmos
Depois, outro modo de funcionar do preconceito é este: sempre nos leva a ter um falso conceito de nós mesmos. O preconceito, e o orgulho que leva ao preconceito, não somente impedem a pessoa de ver que há outro lado; também produzem nela um conceito próprio inteiramente falso. Dessa maneira, o preconceito sempre exagera o que há de verdade a seu respeito. Era uma ordenança de Deus que o judeu fosse circuncidado, porém o judeu exagerava isso ao ponto de dizer que só havia uma verdadeira nação na terra, a nação judaica. Os outros povos eram "cães". Ele exagerava o que era verdade a seu respeito. Ele pensava que simplesmente porque era judeu, necessariamente estava em boas rela¬ções com Deus, e não precisava de mais nada. Por isso os judeus crucificaram o Filho de Deus, porque Ele lhes mostrou que isso não era verdade.
3.3) Incapazes de ver e perceber que o que quer que sejamos, e o que quer que tenhamos, não se devem a nós, mas foi Deus quem nos deu
Outra coisa que o preconceito faz é tornar-nos incapazes de ver e perceber que o que quer que sejamos, e o que quer que tenhamos, não se devem a nós, mas foi Deus quem nos deu. Os judeus tinham esquecido completamente que a circuncisão era um dom de Deus. "Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém" (João 8:33), disseram os judeus a Cristo certa ocasião. Pobres tolos cegos! Como se pudessem responder por si! Todos nós tendemos a fazer a mesma coisa. Vejam como os homens se gabam da sua capacidade. Que direito tem o homem de gabar-se da sua capacidade? Foi ele que a produziu? Foi ele que a gerou? Não, ele nasceu com ela, foi-lhe dada por Deus. Todos estes dons nos são dados por Deus. Um homem se orgulha da sua aparência. Ele é responsável por tê-la? Ele a produziu? Não obstante, é isso que o orgulho faz, como vocês veem. Exagera o que temos, e afirma que nós o produzimos. E não se apercebe, com humildade, de que é tudo dado por Deus e vem das Suas generosas mãos. São estas as sementes da desunião, da guerra e do derramamento de sangue.
3.4) Um falso conceito dos outros
Ademais, o preconceito faz que tenhamos um falso conceito dos outros. Visto que nos faz exagerar o que temos, faz-nos também diminuir o que eles têm. Vocês o reconhecem atuando em sua própria vida, não reconhecem? Como sempre aumentamos o que é do nosso lado e tiramos do outro! Relutamos em reconhecer a bondade quando ela está nos outros: não queremos reconhecê-la. E porque não queremos, não a reconhecemos. De fato, subtraímos, tiramos até não deixar nada. O judeu estava convencido de que não havia nada de valor nos gentios; nem lhes pareciam humanos; eram "cães". Exatamente da mesma maneira o grego, com a sua cultura, considerava os outros como bárbaros, iletrados. O preconceito não se limita a diminuir e a subtrair os valores alheios, mas também passa a desprezar os outros. Pensem nas "castas inferiores e fora da lei", de Kipling, em expressões como "não britânico", "forasteiros", "Herrenvolk"3, "nativos". Aí vocês têm a fonte de muitas contendas e dificuldades. É porque essa mentalidade foi tão propensa a predominar no século passado que o mundo se defronta com tantos problemas hoje, e particularmente este nosso país, talvez. Mas é a mesma coisa com os indivíduos. É o que se dá com todos os que se deixam governar pelo orgulho e pelo ego. É como se desenvolve e funciona – exagero do que nos é lisonjeiro, diminuição e desprezo dos outros. "Chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam (se intitulam) circuncisão feita pela mão dos homens"! Não admira que Paulo tenha sido um tanto sarcástico. Ele queria ridicularizar a coisa, e assim a retratou dessa maneira, para que todos vissem como é horrível e torpe.
4) Uma segunda grande causa de divisão, a saber, um errôneo juízo de valores
Ora, existe uma segunda grande causa de divisão, a saber, um errôneo juízo de valores. Tendo já feito referência a isto em princípio, permitam-me agora dar-lhes os detalhes. Toda a tragédia do judeu, naquele tempo, foi que ele omitiu o ponto essencial. Faltou-lhe um real juízo de valores. Ele achava que o que importava era a circuncisão. O que Paulo e outros tinham para ensinar-lhes era que o que importa é a circuncisão do espírito; que a pessoa pode ser circuncidada na carne e, ao mesmo tempo, estar condenada e perdida; que o homem que está em boas relações com Deus é o que foi circuncidado no espírito; e que isso é tão possível para o gentio como para o judeu. Mas o judeu tinha parado na carne; seu senso de valores estava errado, ele tinha interpretado mal a circuncisão. A circuncisão era meramente um sinal externo de um estado interno, espiritual. Era o que a circuncisão fora destinada a ser, porém, o judeu tinha ficado cego para isso.
4.1) Ênfase dada às aparências, às exterioridades
Notem as duas coisas que Paulo acentua: "na carne", e "feita pela mão dos homens". "Incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens." Com a expressão "a carne" aqui, ele se refere à ênfase dada às aparências, às exterioridades e àquilo que é puramente físico. Nacionalidade! É puramente da carne. É um cabal acidente nascer numa nação, e não noutra. Certamente é um fato a existência de diferentes nações e nacionalidades; mas nós nos inclinamos a fazer exatamente o que os judeus fizeram, transformamos estas coisas em barreiras. Porque sucedeu que eu nasci em determinada nação, essa é a nação. Outro homem diz exatamente a mesma coisa acerca da sua nação. Isso é tomar uma coisa que é legítima na carne, entretanto exagerá-la até se tornar algo tremendo. Nacionalidade! As pessoas lutam por isso, dão a vida por isso, matam outras pessoas por isso. Nacionalidade! Nascimento! Família! Sangue! Como exageramos e inflamos estas coisas! Como desprezamos outras pessoas! Como estas coisas criam barreiras! O povo atribui mais significação à simples linhagem dos homens do que ao seu espírito, à sua alma, ao seu caráter, ao seu entendimento. Aquelas coisas são barreiras literais na vida; muitos são postos no ostracismo por esses motivos. A cor da pele! Pura questão da carne, mas é o tipo de coisa que leva àquela horrível frase – "castas inferiores e fora da lei". Que lástima! A alma, a mente, o espírito, não são levados em consideração. A avaliação é puramente em termos da carne. Capacidade, dinheiro, escola e instrução, posição na vida – são as coisas que têm causado divisões, disputas, miséria e infelicidade no mundo atual, e todas elas pertencem à carne.
Desafortunadamente, quando se chega aos domínios da religião, vê-se a mesma coisa. Nada causa tanta divisão como a concentração em meras exterioridades da religião. Os que mais perseguiram o nosso Senhor e que finalmente foram responsáveis por Sua morte foram os saduceus e os fariseus. Por quê? Porque só estavam interessados nas exterioridades, nas formas, nas cerimônias e nos rituais, ignorando completamente o espírito. E ainda continua sendo assim. Concentração nas formas, em belos cultos, liturgias, cerimônias, vestes e coisas desse tipo relacionadas com o culto de Deus estão dividindo as pessoas. É simplesmente a velha prática dos judeus repetida na sua forma moderna; o que pertence à carne é agarrado até vir a ser uma barreira.
Vejam, porém, por um momento a outra frase. Não somente "a carne", mas também "feita pela mão dos homens", diz Paulo, isto é, puramente humana. Quais são as coisas que estão causando divisão na Igreja hoje? Por que não nos sentamos todos juntos à mesa da comu¬nhão? Ah, diz um, você não pode vir à mesa e comer do pão e beber do vinho se não foi confirmado, se certas mãos não foram impostas sobre a sua cabeça. "Feita pela mão dos homens", vocês veem! Não importa se a pessoa nasceu de novo e tem em si o Espírito de Deus e se está vivendo como um santo a vida cristã. Não participará porque ela não foi confirmada. 4Que valor há em falar em unidade e em re-união, que vale ter grandes conferências e dar-lhes grande publicidade, se os próprios líderes de tais conferências ainda agem em termos dessas barreiras? É irreal, quase chego a dizer que é desonesto. Mas outros dizem: você não virá à mesa se não foi batizado de um modo particular. É o modo como você foi batizado que importa, e você é excluído da mesa do Senhor simplesmente por causa da quantidade de água com a qual foi batizado. "Feita pela mão dos homens"! E há outros círculos que não o admitirão à participação do pão e do vinho por causa de detalhes e minúcias semelhantes. É uma repetição da maneira de ver dos escribas, dos fariseus, dos saduceus e dos doutores da lei. Estas coisas pertencem meramente à periferia. Estamos dispostos a conceder que haja diferen¬ças de opinião sobre estas questões, porém elas jamais deveriam chegar ao centro, jamais deveriam tornar-se barreiras, jamais deveriam inter¬por-se como paredes de separação. Nunca se recuse a vir à mesa do Senhor com outra pessoa por nenhuma dessas razões.
Vocês verão tradições similares também em questões de governo e ordem da Igreja. Há os que são muito mais leais à tradição de sua denominação particular do que ao Senhor Jesus Cristo. É geralmente por acidente que eles pertencem à denominação, é simplesmente porque os seus pais pertenciam a ela, e porque foram criados nela; mas lutam por ela, brigam por causa dela. Isso vem a ser a coisa importante e vital. De algum modo, Cristo e a Sua verdade são inteiramente esquecidos e não são mencionados. "Feita pela mão dos homens", tradições humanas, lealdade a formas, tradicionalismo! São estas as coisas que levam a separações e desuniões.
5) Qual a cura?
São estas, pois, as causas. Qual a cura? O apóstolo a expõe claramente aqui. Unicamente Cristo pode curar, e a razão disso é que é necessária uma mudança do coração. Não basta apenas apelar para a boa vontade, para a bondade, para o amigável e para a fraternidade. Simples¬mente não funciona, e não funcionará; de fato nunca funcionou. Tampouco é suficiente apenas apelar em geral para que os homens e as mulheres apliquem o ensino de Cristo. Esse é o apelo popular hoje. Venham, dizem eles, vamos tornar e aplicar os ensinamentos de Cristo. Alguns pensam que, se você fizesse isso, se este país fizesse isso, de algum modo até a guerra seria banida e não haveria mais problema. A resposta a isso é, de novo, que não é verdade, simplesmente não é fato. Já foi tentado. Foi tentado nas escolas onde não acreditam mais na disciplina. Foi tentado nas prisões, onde também ninguém mais crê realmente na disciplina. E vocês veem os resultados, vocês veem o aumento da barbárie e do destemor de Deus. Mais importante que isso, porém, é algo que vai contra as Escrituras, não é bíblico, não é ensino de Deus, ensino que mostra que, enquanto o homem não vier estar "sob a graça", terá que ser mantido "sob a lei". A natureza humana é má e sempre se expressará, pelo que você tem de refreá-la, você tem que dominá-la. Quando há feras selvagens em volta de você, você tem que estar preparado para enfrentá-las. A ideia de que, se você for falar suavemente com pessoas que têm a mentalidade de Hitler elas lhes darão ouvidos e deixarão de ser agressivas, é quase patética e fátua demais, nem merecendo consideração.
5.1) Há somente um método, o método de Cristo
Não, há somente um método, o método de Cristo. Ele nos diz a verdade sobre nós. Ele faz que nos encaremos a nós mesmos. Face a face com Ele, vejo a minha total inutilidade, a minha indignidade, a minha miséria. Quando contemplo a face de Cristo, vejo que não tenho nada do que me gabar. Esqueço tudo o que tenho exagerado, todas as coisas em que tenho confiado. Aqui não sou nada, sou um mendigo. Cristo faz¬-me ver a verdade sobre mim. Você jamais conseguirá unidade entre os homens, enquanto eles não virem a verdade acerca deles próprios. Ele faz-me ver também que a mesma coisa vale realmente para todos os outros; que vale para aquela outra pessoa de quem não gosto, e vale para a outra nação; que somos todos iguais, que somos um no pecado, um no fracasso; que estamos todos debaixo da ira de Deus; que as coisas cuja importância nós temos exagerado são trivialidades. "Não há um justo, nem um sequer"; somos todos réus condenados diante de um Deus santo. Ele a todos nos humilha até ao pó. Ele já demoliu a maior parte das diferenças.
Depois Ele nos mostra que todos nós necessitamos da mesma graça, da mesma misericórdia, do mesmo amor. E juntos recebemos estas bênçãos e todos juntos as compartilhamos. Prestamos culto à mesma Pessoa e nos regozijamos na mesma salvação. Tendo compreendido isso tudo, daí em diante a minha lealdade não é a mim, e sim a Ele; e a do outro homem não é a si, mas a Ele. Assim nos esquecemos um do outro e não mais somos desconfiados, invejosos e contenciosos; vamos juntos a Ele, e juntos entoamos o Seu louvor.
Esse é o método segundo o qual Cristo o faz. Não é a aplicação do espírito de Cristo feita pelo homem. É a colocação do Espírito de Cristo dentro do homem. O homem não regenerado é incapaz de aplicar o princípio e o espírito de Cristo; ele nem quer fazê-lo. Um homem pode persuadir-se por algum tempo de que deseja fazê-lo, porém, outros não querem, e então vêm divisões, distinções e guerras. Há uma única esperança – que homens e mulheres nasçam de novo, que sejam reconciliados pelo sangue de Cristo, que Deus os perdoe, que Deus lhes dê nova natureza e novo coração, e implante neles um novo Espírito. E ao compartirem este Espírito, eles Lhe prestarão culto e O louvarão e se gloriarão nEle; agora eles já não se gloriam em si mesmos, nem em suas nações, nem em coisa alguma, a não ser no fato de que o Senhor Jesus Cristo foi crucificado por eles, e que por Ele eles foram crucificados para o mundo e o mundo foi crucificado para eles.
Esta é a única base da unidade. Não a organização, nem nenhuma outra coisa, mas a humildade do novo homem em Cristo, a vida dominada por Cristo, a vida centralizada em Cristo. Eis o que derruba todas as paredes interpostas: "de ambos os povos fez um" em Cristo. Queira Deus abrir os nossos olhos para isto em todas as nossas relações pessoais. Queira Deus abrir os olhos da Igreja para isto. Que o mundo veja que só há uma esperança de paz verdadeira, vir reunir-se aos pés do Príncipe da paz, o Rei da justiça.
1 Porque, como. Em latim no original. Nota do tradutor.
2 Esta obra, no original inglês, foi publicada em 1972 (I a edição). Nota do tradutor.
3 Povo ou nação superior. Em alemão no original. Nota do tradutor.
4 Certamente isto se aplica à profissão de fé feita por adultos batizados na infância, como também ao batismo de adultos. Nota do tradutor.
Por; D.M. Martin LLoyd Jones
Que possamos receber do Senhor as verdades espirituais que ele deseja nos comunicar.
DEUS ABENÇOE A TODOS
CAPÍTULO 14
"Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens."
– Efésios 2:11
Este versículo é o começo de uma declaração que tem continuidade no versículo doze: "Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo". Mas agora chamo a atenção para o versículo onze somente.
Chegamos aqui a uma nova seção da declaração que o apóstolo Paulo faz neste capítulo dois desta Epístola. Há uma definida interrup¬ção aqui, e o apóstolo toma uma nova ideia e um novo pensamento. É importante, pois, que tenhamos claro em nossas mentes o seu argumento e o que ele pretende fazer.
O grande objetivo da Epístola é explicar e expor o grandioso propósito de Deus durante a presente era. Vem na forma de sumário no versículo dez do capítulo primeiro – assim, Deus se propusera "tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra". Esse é o grande propósito de Deus durante a presente dispensação, o grandioso propósito de Deus em nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Cristo veio a este mundo – falando em termos do Seu supremo objetivo – a fim de reunir, de colocar de novo sob o Seu comando todas as coisas, tanto as do céu como as da terra. O apóstolo está interessado em explicar e expor isso aos membros da igreja de Éfeso e às outras igrejas às quais esta carta deveria ser enviada. Vimos também que o apóstolo logo passa a dizer que este propósito de Deus, grandioso e final, já está sendo posto em operação, que a própria Igreja é uma ilustração dessa verdade, no sentido de que os efésios, juntamente com outros gentios, tinham sido introduzidos na Igreja, como os judeus. Tendo dito isso, o apóstolo passa a dizer a estes efésios que a coisa mais importante para eles era que tivessem iluminados os olhos do seu entendimento.
Paulo quer que os efésios conheçam particularmente "a sobre excelente grandeza do poder de Deus para com eles". Portanto neste segundo capítulo (da Epístola) ele expõe e demonstra para eles esse grande poder. Ele ilustra para eles o que está querendo dizer. É admirável, é espantoso, que estes efésios, estes gentios, sejam membros da Igreja Cristã, lado a lado com os judeus. E só existe uma coisa que tornou isso possível, esta sobreexcelente grandeza do poder de Deus. É o mesmo poder que Deus manifestou ressuscitando o Senhor Jesus Cristo dentre os mortos.
1) Havia dois obstáculos principais entre os gentios e sua vinda para Deus
1.1) O primeiro obstáculo era o seu estado e condição em pecado
Como isso é demonstrado? Desta maneira: havia dois obstáculos principais entre estes e sua vinda para Deus, a fim de serem cristãos e membros da Igreja. O primeiro obstáculo era o seu estado e condição em pecado. O apóstolo trata disso nos dez primeiros versículos deste capítulo. Já estivemos tratando disso, não o olvidemos. Ele os faz lembrar-se do que eles eram. Mas agora são cristãos. Que foi que os mudou, que foi que os trouxe daquilo para isto? Há só uma resposta: é o poder de Deus – nada menos que isso. Lá estava aquele terrível obstáculo – e continua sendo o grande obstáculo entre todos os homens e Deus – a morte do pecado. Nada, senão o poder de Deus, poderia ter lidado com tal situação.
1.2) O segundo obstáculo era a sua posição, ou o seu "status", na economia de Deus
No entanto, havia um segundo obstáculo, mais uma coisa que se interpunha entre estes gentios e a qualidade de membros da Igreja de Cristo e o conhecimento de Deus. Que seria? Era a sua posição, ou o seu "status", na economia de Deus, e especialmente em termos da sua relação com a lei de Deus. É a esse assunto que o apóstolo se dedica neste versículo onze, continuando até o versículo doze do capítulo três.
Aí está, obviamente, outra questão vitalmente importante. Como esse primeiro obstáculo ainda opera, assim também este segundo obstáculo continua operando. Portanto, não estamos empenhados num estudo acadêmico, puramente objetivo, de algo que era real há dois mil anos. É real hoje como então. As Escrituras são sempre relevantes e contemporâneas, elas falam de nós e de todos os demais. Daí então, é de vital interesse que entendamos o ensino do apóstolo neste ponto.
Proponho-me a tratar disso apenas de maneira geral no momento, pois quero fazer uma introdução geral da seção toda. O apóstolo está desejoso de que estes efésios captem e apreendam verdadeiramente quão tremenda coisa era eles se tornarem cristãos e serem membros da Igreja Cristã. O segundo meio de que se utilizou para conseguir que eles enxergassem isso é o seguinte: "... lembrai-vos", diz ele, "de que vós noutro tempo" – e em seguida vem a descrição. É assim que ele a introduz. Será somente quando eles se lembrarem disso, e somente quando se derem conta de qual é a verdade a seu respeito, que eles poderão realmente começar a entender a grandeza do poder de Deus. Vocês jamais poderão aperceber-se da grandiosidade do poder de Deus, enquanto não se aperceberem da grandiosidade dos obstáculos que aquele poder venceu. Há muitos hoje que não veem nada na salvação cristã, que não ficam admirados face a ela, e que pensam que, provavel¬mente, Paulo era um psicopata, porque ele entrava em êxtase quando contemplava as glórias da salvação. Eles não veem nada disso; para eles não há no cristianismo nada que cause admiração, que cause espanto. Por quê? Porque nunca se deram conta do problema, porque ignoram o pecado e nada sabem da ira de Deus. Não se dão conta da natureza destes obstáculos e dificuldades. O apóstolo tinha consciência disso; e ele quer que os efésios também a tenham. O seu método para essa finalidade é lembrá-los do que eles eram e fazê-los ver como Deus venceu este segundo obstáculo. Isto, num sentido, é tão esplêndido e maravilhoso como o modo pelo qual Ele venceu o primeiro.
1.3) Naqueles tempos antigos o mundo estava dividido em dois principais grupos, judeus e gentios
Qual é o segundo obstáculo? Permitam-me expressá-lo assim: naqueles tempos antigos o mundo estava dividido em dois principais grupos, judeus e gentios. A divisão parecia absoluta, e qualquer conversa sobre reconciliação parecia descomunal e impossível. Judeu e gentio! Os judeus e os "cães"! Mas, por outro lado, os gentios tinham a sua classificação, particularmente os gregos. Para eles o mundo todo estava dividido em gregos e bárbaros – o povo inteligente, os filósofos, os gregos, de um lado; os ignorantes, os iletrados, os bárbaros de outro. Essa era a situação, e parecia completamente impossível que estes dois segmentos, estes segmentos em conflito e que se desprezavam um ao outro tão fortemente, se juntassem e se reconciliassem, muito menos que fossem vistos ajoelhar-se juntos, cultuando e adorando o mesmo Deus e o mesmo Senhor. Todavia aconteceu, diz Paulo. O espantoso é que isso é verdade. Estes efésios foram introduzidos e igualmente são membros da Igreja. Este é o fato espantoso que nada menos que "a sobreexcelente grandeza do poder de Deus" poderia fazer acontecer.
Pois bem, essa é a mensagem. A maneira pela qual o apóstolo a expressa é extremamente interessante. Vejam o versículo onze, que estamos considerando. É onde ele introduz o assunto. Vocês notaram o modo como ele o faz? Pessoas há que com frequência acham este versículo difícil, e o é até que se veja exatamente o que ele significa. Na primeira leitura parece impossível. Vejam-no de novo: "Portanto, (vós efésios), lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne" – e então esta longa declaração, "e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens".
Significa isto: Paulo começa fazendo-os lembrar-se de que de fato eles eram "gentios na carne". Era um simples fato da história, um fato literal, sólido, que como gentios eles não tinham sido circuncidados. Portanto, eram "gentios na carne". "Na carne" aqui não é um contraste com "no espírito", porque, se fosse, o apóstolo pareceria estar dizendo: é verdade que vocês eram gentios na carne, porém, naturalmente, no espírito vocês estavam bem. Não é nada disso que ele quer dizer. Eis o que ele quer dizer: é um duro fato de que vocês eram gentios na carne; não tinham a marca, o sinal, o símbolo de serem judeus – vocês não tinham sido circuncidados. Mas ele não abandona o ponto aí. Poderia fazê-lo, entretanto sai numa espécie de digressão que termina no fim do versículo, e depois volta ao ponto de origem, no princípio do versículo 12. Mas a digressão vem carregada de interesse. "Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne", éreis chamados incircuncisão pelos que a si mesmos se intitulavam ou se chamavam circuncisão, circuncisão na carne, feita pelas mãos. A dificuldade era que os judeus se haviam agarrado a isso, que era realmente um fato, e o tinham transformado num problema. Visto que tinham entendido mal o ensino das suas próprias Escrituras, passaram a pensar que a única coisa que realmente importava era o sinal na carne. Estavam considerando isso de maneira material, carnal, e para eles nada importava, senão a circuncisão qua1 circuncisão. Para eles isso era tudo, era da máxima importância, e nada mais importava. Eles tinham entendido errada¬mente o propósito todo, até mesmo a circuncisão propriamente dita; com isso criaram esta grande barreira, este grande obstáculo no mundo antigo. O apóstolo faz a sua colocação com estas palavras: vocês eram gentios na carne. Sim, e por aquelas pessoas que se diziam A Circuncisão vocês eram apelidados e descritos como A Incircuncisão. Os que falam somente em termos da carne e daquilo que é feito pelas mãos dos homens, pensando unicamente nesse nível, põem-se à parte e dizem: "Nós somos A Circuncisão, e aqueles outros são A Incircuncisão".
Este é um ponto muito importante que vocês devem observar quando leem as Epístolas do Novo Testamento. Vejam, por exemplo, o que Paulo escreve aos filipenses (3:3): "A circuncisão somos nós" – ¬nós, os cristãos! – "que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne". É exatamente o mesmo ponto. Noutras palavras, para termos um verdadeiro entendimento destas Epístolas paulinas, temos que entender o ponto que ele está defendendo neste versículo. Não somente era um fato e uma verdade que os gentios não tinham sido circuncidados; desafortunadamente, os judeus tinham exagerado esse fato, e tinham feito daquilo uma parede de separação que parecia completamente irremovível.
Pois bem, essa pequena exposição é vital para ter-se entendimento de tudo o que temos para dizer. Havia dois aspectos deste segundo obstáculo que Deus tinha que vencer antes de os efésios poderem tornar¬-se cristãos. Primeiramente havia a atitude dos judeus para com os gentios. E depois, em segundo lugar, havia a atitude de Deus para com os gentios. A atitude de Deus tinha que manifestar-se porque, afinal de contas, eles não tinham sido circuncidados, não eram da semente de Abraão. Mas, antes de passarmos a isso, temos que examinar esta atitude judaica, esta "circuncisão e incircuncisão", esta divisão. Há, creio eu, um elemento próximo do sarcasmo na maneira pela qual o apóstolo se expressa – "éreis... chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam (ou se intitulam) circuncisão feita pela mão dos homens". Vocês podem observar a ênfase que ele dá. O grande ponto que ele defende é que Deus venceu este obstáculo duplo. Ambas estas dificul¬dades foram sobrepujadas por Cristo e pelo que Ele fez. A atitude do judeu para com o gentio foi corrigida, se o judeu se tornou cristão; e a atitude de Deus para com eles também mudou. Assim, toda a questão da lei foi solucionada por nosso Senhor e Salvador. Esse é o argumento real e concreto do apóstolo.
1.4) A relevância disso tudo hoje
Permitam-me agora mostrar-lhes a relevância disso tudo hoje, porque continua sendo verdadeiro. Estamos vivendo numa era e num tempo em que há muito pensamento e muita concentração precisamente sobre este problema. O mundo está cheio de divisões e conflitos. Todos nós sabemos destes fatos; vemo-los entre nações – a tensão entre os Estados Árabes e Israel, entre o Oriente e o Ocidente, e todas as diversas subdivisões e ramificações. Divisões! – a Cortina de Ferro2, a Cortina de Bambu, e assim por diante! Contudo, essa verdade não diz respeito somente à esfera das nações e das relações internacionais; aplica-se igualmente ao que ocorre dentro das nações: classes, grupos e várias outras divisões. O mundo, em certo sentido, está repleto desta coisa toda. Assim como o mundo antigo estava dividido da maneira que vimos, assim também o mundo moderno está dividido desses vários modos. E acontece a mesma coisa com a Igreja Cristã: seitas, denominações, grupos e divisões, e barreiras. Que pena! E tudo isso está ocupando muito pensamento e muita atenção no presente. Fala-se disso interminavel¬mente, escreve-se interminavelmente sobre isso. Todo mundo está preocupado em conseguir entendimento, em obter unidade, e em tratar desse problema nestas diversas esferas. E, todavia, não pareceria que grande parte dessa conversa, desses escritos e dessas atividades é completamente vã e inútil? Parece não levar a nada; e a questão é: por quê? A resposta está no que Paulo ensina nesta passagem; pois a sua afirmação aqui, como em toda a sua Epístola, é que a única unidade digna de que dela se fale só é possível sob certas condições. A Igreja Primitiva, que consistia de judeus e gentios, foi a demonstração da verdadeira unidade. Eles foram aproximados e reunidos, dirigiam-se juntos em oração ao mesmo Pai graças ao Espírito, estavam na mesma Igreja, eram concidadãos, na verdade eram membros da mesma família. Esse é o único caminho, e todo e qualquer outro caminho que se tente não levará a nada. Para mim, uma das maiores tragédias da hora presente, especi¬almente na esfera da Igreja, é que a maior parte do tempo parece que é tomada pelos líderes para a pregação sobre unidade, em vez de pregarem o evangelho, o qual, unicamente, pode produzir unidade. O tempo é gasto com falas e conferências, interminavelmente – conferências nas quais eles "averiguam as suas dificuldades". Jamais se conseguirá unidade dessa maneira. Unicamente o evangelho produzirá unidade. E enquanto houver desacordo sobre o evangelho, será desperdício de fôlego e de energia falar sobre qualquer outro caminho para a unidade. Essa é a mensagem desta seção, como eu a vejo; e não se aplica somente à Igreja, mas também se aplica ao mundo de fora.
2) Duas questões principais que terão que ser consideradas antes de haver alguma espe¬rança de unidade e de solução dos problemas e dificuldades
Qual é o ensino, então? Permitam-me resumi-lo da seguinte maneira: o apóstolo queria fazer-nos ver que existem duas questões principais que terão que ser consideradas antes de haver alguma espe¬rança de unidade e de solução dos problemas e dificuldades. Quais são?
2.1) A primeira é que temos de compreender a causa da dificuldade
A primeira é que temos de compreender a causa da dificuldade. E preciso afirmar isso constante e interminavelmente nos dias atuais! Muito do que debalde se fala e se escreve sobre unidade e entendimento hoje deve-se inteiramente a uma só coisa, a saber, que os que o fazem nunca encararam a causa da dificuldade. É preciso ter o diagnóstico antes de fazer o tratamento. Quem se apressa a fazer tratamento sem saber com segurança qual é o diagnóstico, simplesmente não sabe o que faz. Positivamente está se arriscando. Medicar os sintomas ignorando a doença, a causa em suas raízes, é pura loucura. É porque as pessoas simplesmente não reconhecem a causa como esta passagem a ensina, que todas as suas tentativas são comprovadamente inúteis.
2.2) As diferenças tinham¬-se tornado barreiras
Aqui o apóstolo fala sobre a causa, sobre a moléstia. Vejam este caso dos judeus, como ele o coloca no versículo onze. Podemos expressá-lo da seguinte forma, como um postulado: a divisão do mundo antigo era devida a uma só coisa, e essa era que as diferenças tinham¬-se tornado barreiras, as diferenças tinham-se tornado uma "parede de separação que estava no meio". As diferenças existem, e menosprezá¬-las é tolice. As diferenças são fatos. E mesmo quando se tem verdadeira unidade, permanecem as diferenças. Todavia a tragédia é que os homens exageram as diferenças e as transformam em barreiras, em obstáculos, em "cortinas", em paredes de separação no meio. Era exatamente o que aqueles judeus estiveram fazendo. A ordenação de Deus era que houvesse judeus e gentios. Deus é que tinha formado a nação dos judeus. Havia uma real diferença. Os judeus eram circuncisos, os outros não. Mas isso não era para ser uma barreira. Deus não criou uma nação para não se importar com as outras; Ele criou a nação dos judeus para falar por meio deles ao mundo inteiro. Entretanto o judeu o tinha entendido erroneamente. Ele transformara essa diferença numa barreira, manti¬nha-se separado e desprezava os demais. A Circuncisão – A Incircuncisão!
3) Como isto se desenvolve e a que leva?
3.1) Primeiramente leva ao orgulho
Como isto se desenvolve e a que leva? Segundo o apóstolo, parece que o faz da seguinte maneira: primeiramente leva ao orgulho. É certamente um fato que o problema em foco é causado pelo orgulho, pelo ego. Esta é a causa fundamental de toda divisão, de toda barreira, de todo obstáculo. Essa é a causa de todas as barreiras de separação que se interpõem. É a causa basilar de tudo quanto divide as pessoas. O orgulho e o ego! O orgulho cega, o orgulho é um espírito poderoso que nos dirige, nos subjuga e nos domina. Sob a influência do orgulho a pessoa não pensa direito, torna-se preconceituosa. Não é capaz de ver coisa alguma como verdadeiramente é. O preconceito é uma das maiores maldições da vida, e geralmente tem a sua base e as suas raízes no orgulho. Tem o poder de cegar completamente a gente. Como funciona? Primeira¬mente impede-nos de ver os dois lados de uma questão. Para quem é governado pelo preconceito, não existe um segundo lado, há somente um, não há outro. Ele está completamente cego. Ora, essa era a atitude do judeu: "A Circuncisão", "A Incircuncisão"! Ele não admitia os gentios, ele voltava as costas para eles. Não seria essa a essência de todas as contendas?
3.2) Um falso conceito de nós mesmos
Depois, outro modo de funcionar do preconceito é este: sempre nos leva a ter um falso conceito de nós mesmos. O preconceito, e o orgulho que leva ao preconceito, não somente impedem a pessoa de ver que há outro lado; também produzem nela um conceito próprio inteiramente falso. Dessa maneira, o preconceito sempre exagera o que há de verdade a seu respeito. Era uma ordenança de Deus que o judeu fosse circuncidado, porém o judeu exagerava isso ao ponto de dizer que só havia uma verdadeira nação na terra, a nação judaica. Os outros povos eram "cães". Ele exagerava o que era verdade a seu respeito. Ele pensava que simplesmente porque era judeu, necessariamente estava em boas rela¬ções com Deus, e não precisava de mais nada. Por isso os judeus crucificaram o Filho de Deus, porque Ele lhes mostrou que isso não era verdade.
3.3) Incapazes de ver e perceber que o que quer que sejamos, e o que quer que tenhamos, não se devem a nós, mas foi Deus quem nos deu
Outra coisa que o preconceito faz é tornar-nos incapazes de ver e perceber que o que quer que sejamos, e o que quer que tenhamos, não se devem a nós, mas foi Deus quem nos deu. Os judeus tinham esquecido completamente que a circuncisão era um dom de Deus. "Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém" (João 8:33), disseram os judeus a Cristo certa ocasião. Pobres tolos cegos! Como se pudessem responder por si! Todos nós tendemos a fazer a mesma coisa. Vejam como os homens se gabam da sua capacidade. Que direito tem o homem de gabar-se da sua capacidade? Foi ele que a produziu? Foi ele que a gerou? Não, ele nasceu com ela, foi-lhe dada por Deus. Todos estes dons nos são dados por Deus. Um homem se orgulha da sua aparência. Ele é responsável por tê-la? Ele a produziu? Não obstante, é isso que o orgulho faz, como vocês veem. Exagera o que temos, e afirma que nós o produzimos. E não se apercebe, com humildade, de que é tudo dado por Deus e vem das Suas generosas mãos. São estas as sementes da desunião, da guerra e do derramamento de sangue.
3.4) Um falso conceito dos outros
Ademais, o preconceito faz que tenhamos um falso conceito dos outros. Visto que nos faz exagerar o que temos, faz-nos também diminuir o que eles têm. Vocês o reconhecem atuando em sua própria vida, não reconhecem? Como sempre aumentamos o que é do nosso lado e tiramos do outro! Relutamos em reconhecer a bondade quando ela está nos outros: não queremos reconhecê-la. E porque não queremos, não a reconhecemos. De fato, subtraímos, tiramos até não deixar nada. O judeu estava convencido de que não havia nada de valor nos gentios; nem lhes pareciam humanos; eram "cães". Exatamente da mesma maneira o grego, com a sua cultura, considerava os outros como bárbaros, iletrados. O preconceito não se limita a diminuir e a subtrair os valores alheios, mas também passa a desprezar os outros. Pensem nas "castas inferiores e fora da lei", de Kipling, em expressões como "não britânico", "forasteiros", "Herrenvolk"3, "nativos". Aí vocês têm a fonte de muitas contendas e dificuldades. É porque essa mentalidade foi tão propensa a predominar no século passado que o mundo se defronta com tantos problemas hoje, e particularmente este nosso país, talvez. Mas é a mesma coisa com os indivíduos. É o que se dá com todos os que se deixam governar pelo orgulho e pelo ego. É como se desenvolve e funciona – exagero do que nos é lisonjeiro, diminuição e desprezo dos outros. "Chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam (se intitulam) circuncisão feita pela mão dos homens"! Não admira que Paulo tenha sido um tanto sarcástico. Ele queria ridicularizar a coisa, e assim a retratou dessa maneira, para que todos vissem como é horrível e torpe.
4) Uma segunda grande causa de divisão, a saber, um errôneo juízo de valores
Ora, existe uma segunda grande causa de divisão, a saber, um errôneo juízo de valores. Tendo já feito referência a isto em princípio, permitam-me agora dar-lhes os detalhes. Toda a tragédia do judeu, naquele tempo, foi que ele omitiu o ponto essencial. Faltou-lhe um real juízo de valores. Ele achava que o que importava era a circuncisão. O que Paulo e outros tinham para ensinar-lhes era que o que importa é a circuncisão do espírito; que a pessoa pode ser circuncidada na carne e, ao mesmo tempo, estar condenada e perdida; que o homem que está em boas relações com Deus é o que foi circuncidado no espírito; e que isso é tão possível para o gentio como para o judeu. Mas o judeu tinha parado na carne; seu senso de valores estava errado, ele tinha interpretado mal a circuncisão. A circuncisão era meramente um sinal externo de um estado interno, espiritual. Era o que a circuncisão fora destinada a ser, porém, o judeu tinha ficado cego para isso.
4.1) Ênfase dada às aparências, às exterioridades
Notem as duas coisas que Paulo acentua: "na carne", e "feita pela mão dos homens". "Incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens." Com a expressão "a carne" aqui, ele se refere à ênfase dada às aparências, às exterioridades e àquilo que é puramente físico. Nacionalidade! É puramente da carne. É um cabal acidente nascer numa nação, e não noutra. Certamente é um fato a existência de diferentes nações e nacionalidades; mas nós nos inclinamos a fazer exatamente o que os judeus fizeram, transformamos estas coisas em barreiras. Porque sucedeu que eu nasci em determinada nação, essa é a nação. Outro homem diz exatamente a mesma coisa acerca da sua nação. Isso é tomar uma coisa que é legítima na carne, entretanto exagerá-la até se tornar algo tremendo. Nacionalidade! As pessoas lutam por isso, dão a vida por isso, matam outras pessoas por isso. Nacionalidade! Nascimento! Família! Sangue! Como exageramos e inflamos estas coisas! Como desprezamos outras pessoas! Como estas coisas criam barreiras! O povo atribui mais significação à simples linhagem dos homens do que ao seu espírito, à sua alma, ao seu caráter, ao seu entendimento. Aquelas coisas são barreiras literais na vida; muitos são postos no ostracismo por esses motivos. A cor da pele! Pura questão da carne, mas é o tipo de coisa que leva àquela horrível frase – "castas inferiores e fora da lei". Que lástima! A alma, a mente, o espírito, não são levados em consideração. A avaliação é puramente em termos da carne. Capacidade, dinheiro, escola e instrução, posição na vida – são as coisas que têm causado divisões, disputas, miséria e infelicidade no mundo atual, e todas elas pertencem à carne.
Desafortunadamente, quando se chega aos domínios da religião, vê-se a mesma coisa. Nada causa tanta divisão como a concentração em meras exterioridades da religião. Os que mais perseguiram o nosso Senhor e que finalmente foram responsáveis por Sua morte foram os saduceus e os fariseus. Por quê? Porque só estavam interessados nas exterioridades, nas formas, nas cerimônias e nos rituais, ignorando completamente o espírito. E ainda continua sendo assim. Concentração nas formas, em belos cultos, liturgias, cerimônias, vestes e coisas desse tipo relacionadas com o culto de Deus estão dividindo as pessoas. É simplesmente a velha prática dos judeus repetida na sua forma moderna; o que pertence à carne é agarrado até vir a ser uma barreira.
Vejam, porém, por um momento a outra frase. Não somente "a carne", mas também "feita pela mão dos homens", diz Paulo, isto é, puramente humana. Quais são as coisas que estão causando divisão na Igreja hoje? Por que não nos sentamos todos juntos à mesa da comu¬nhão? Ah, diz um, você não pode vir à mesa e comer do pão e beber do vinho se não foi confirmado, se certas mãos não foram impostas sobre a sua cabeça. "Feita pela mão dos homens", vocês veem! Não importa se a pessoa nasceu de novo e tem em si o Espírito de Deus e se está vivendo como um santo a vida cristã. Não participará porque ela não foi confirmada. 4Que valor há em falar em unidade e em re-união, que vale ter grandes conferências e dar-lhes grande publicidade, se os próprios líderes de tais conferências ainda agem em termos dessas barreiras? É irreal, quase chego a dizer que é desonesto. Mas outros dizem: você não virá à mesa se não foi batizado de um modo particular. É o modo como você foi batizado que importa, e você é excluído da mesa do Senhor simplesmente por causa da quantidade de água com a qual foi batizado. "Feita pela mão dos homens"! E há outros círculos que não o admitirão à participação do pão e do vinho por causa de detalhes e minúcias semelhantes. É uma repetição da maneira de ver dos escribas, dos fariseus, dos saduceus e dos doutores da lei. Estas coisas pertencem meramente à periferia. Estamos dispostos a conceder que haja diferen¬ças de opinião sobre estas questões, porém elas jamais deveriam chegar ao centro, jamais deveriam tornar-se barreiras, jamais deveriam inter¬por-se como paredes de separação. Nunca se recuse a vir à mesa do Senhor com outra pessoa por nenhuma dessas razões.
Vocês verão tradições similares também em questões de governo e ordem da Igreja. Há os que são muito mais leais à tradição de sua denominação particular do que ao Senhor Jesus Cristo. É geralmente por acidente que eles pertencem à denominação, é simplesmente porque os seus pais pertenciam a ela, e porque foram criados nela; mas lutam por ela, brigam por causa dela. Isso vem a ser a coisa importante e vital. De algum modo, Cristo e a Sua verdade são inteiramente esquecidos e não são mencionados. "Feita pela mão dos homens", tradições humanas, lealdade a formas, tradicionalismo! São estas as coisas que levam a separações e desuniões.
5) Qual a cura?
São estas, pois, as causas. Qual a cura? O apóstolo a expõe claramente aqui. Unicamente Cristo pode curar, e a razão disso é que é necessária uma mudança do coração. Não basta apenas apelar para a boa vontade, para a bondade, para o amigável e para a fraternidade. Simples¬mente não funciona, e não funcionará; de fato nunca funcionou. Tampouco é suficiente apenas apelar em geral para que os homens e as mulheres apliquem o ensino de Cristo. Esse é o apelo popular hoje. Venham, dizem eles, vamos tornar e aplicar os ensinamentos de Cristo. Alguns pensam que, se você fizesse isso, se este país fizesse isso, de algum modo até a guerra seria banida e não haveria mais problema. A resposta a isso é, de novo, que não é verdade, simplesmente não é fato. Já foi tentado. Foi tentado nas escolas onde não acreditam mais na disciplina. Foi tentado nas prisões, onde também ninguém mais crê realmente na disciplina. E vocês veem os resultados, vocês veem o aumento da barbárie e do destemor de Deus. Mais importante que isso, porém, é algo que vai contra as Escrituras, não é bíblico, não é ensino de Deus, ensino que mostra que, enquanto o homem não vier estar "sob a graça", terá que ser mantido "sob a lei". A natureza humana é má e sempre se expressará, pelo que você tem de refreá-la, você tem que dominá-la. Quando há feras selvagens em volta de você, você tem que estar preparado para enfrentá-las. A ideia de que, se você for falar suavemente com pessoas que têm a mentalidade de Hitler elas lhes darão ouvidos e deixarão de ser agressivas, é quase patética e fátua demais, nem merecendo consideração.
5.1) Há somente um método, o método de Cristo
Não, há somente um método, o método de Cristo. Ele nos diz a verdade sobre nós. Ele faz que nos encaremos a nós mesmos. Face a face com Ele, vejo a minha total inutilidade, a minha indignidade, a minha miséria. Quando contemplo a face de Cristo, vejo que não tenho nada do que me gabar. Esqueço tudo o que tenho exagerado, todas as coisas em que tenho confiado. Aqui não sou nada, sou um mendigo. Cristo faz¬-me ver a verdade sobre mim. Você jamais conseguirá unidade entre os homens, enquanto eles não virem a verdade acerca deles próprios. Ele faz-me ver também que a mesma coisa vale realmente para todos os outros; que vale para aquela outra pessoa de quem não gosto, e vale para a outra nação; que somos todos iguais, que somos um no pecado, um no fracasso; que estamos todos debaixo da ira de Deus; que as coisas cuja importância nós temos exagerado são trivialidades. "Não há um justo, nem um sequer"; somos todos réus condenados diante de um Deus santo. Ele a todos nos humilha até ao pó. Ele já demoliu a maior parte das diferenças.
Depois Ele nos mostra que todos nós necessitamos da mesma graça, da mesma misericórdia, do mesmo amor. E juntos recebemos estas bênçãos e todos juntos as compartilhamos. Prestamos culto à mesma Pessoa e nos regozijamos na mesma salvação. Tendo compreendido isso tudo, daí em diante a minha lealdade não é a mim, e sim a Ele; e a do outro homem não é a si, mas a Ele. Assim nos esquecemos um do outro e não mais somos desconfiados, invejosos e contenciosos; vamos juntos a Ele, e juntos entoamos o Seu louvor.
Esse é o método segundo o qual Cristo o faz. Não é a aplicação do espírito de Cristo feita pelo homem. É a colocação do Espírito de Cristo dentro do homem. O homem não regenerado é incapaz de aplicar o princípio e o espírito de Cristo; ele nem quer fazê-lo. Um homem pode persuadir-se por algum tempo de que deseja fazê-lo, porém, outros não querem, e então vêm divisões, distinções e guerras. Há uma única esperança – que homens e mulheres nasçam de novo, que sejam reconciliados pelo sangue de Cristo, que Deus os perdoe, que Deus lhes dê nova natureza e novo coração, e implante neles um novo Espírito. E ao compartirem este Espírito, eles Lhe prestarão culto e O louvarão e se gloriarão nEle; agora eles já não se gloriam em si mesmos, nem em suas nações, nem em coisa alguma, a não ser no fato de que o Senhor Jesus Cristo foi crucificado por eles, e que por Ele eles foram crucificados para o mundo e o mundo foi crucificado para eles.
Esta é a única base da unidade. Não a organização, nem nenhuma outra coisa, mas a humildade do novo homem em Cristo, a vida dominada por Cristo, a vida centralizada em Cristo. Eis o que derruba todas as paredes interpostas: "de ambos os povos fez um" em Cristo. Queira Deus abrir os nossos olhos para isto em todas as nossas relações pessoais. Queira Deus abrir os olhos da Igreja para isto. Que o mundo veja que só há uma esperança de paz verdadeira, vir reunir-se aos pés do Príncipe da paz, o Rei da justiça.
1 Porque, como. Em latim no original. Nota do tradutor.
2 Esta obra, no original inglês, foi publicada em 1972 (I a edição). Nota do tradutor.
3 Povo ou nação superior. Em alemão no original. Nota do tradutor.
4 Certamente isto se aplica à profissão de fé feita por adultos batizados na infância, como também ao batismo de adultos. Nota do tradutor.
Por; D.M. Martin LLoyd Jones
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