sexta-feira, 8 de junho de 2012

O MISTÉRIO DO ESPÍRITO


Capítulo VII
O ministério do Espírito – parte 4
O Espírito nas reuniões da Igreja

A partir do dia de Pentecostes, o Espírito Santo ocupa uma posição inteiramente nova. Toda a administração dos assuntos da Igreja de Cristo, desde aquele dia, foi delegada a Ele... ofício que Ele exercerá soberanamente, de acordo com as necessidades que surgirem. Há somente um outro grande evento para o qual as Escrituras nos ordenam que olhemos, a segunda vinda do Senhor. Até lá, vivemos na era de Pentecostes, e sob o governo do Espírito Santo. — James Elder Cumming, D. D.

2. O Espírito Santo na adoração e nas reuniões da igreja.

O Espírito Santo nas missões da igreja.

Nos Evangelhos, que contêm a história da vida terrena de Cristo, encontramos o registro da Grande Comissão: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações”. No livro dos Atos dos Apóstolos, que registra a história da vida do Espírito, encontramos a promessa da vinda do Executor dessa Comissão: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Em nenhum outro lugar se vê tão distintamente a mão do Espírito na origem e superintendência das missões. O campo é o mundo, o semeador é o discípulo, e a semente é a Palavra. O mundo só pode ser alcançado por meio do Espírito — “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado”; o semeador recebe poder unicamente pelo Espírito — “recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo”; e a semente só é produtiva pela vivificação do Espírito — “o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna” (Gl 6.8). Na história das missões primitivas, como está registrado em Atos 13, vemos como cada passo da tarefa se originou e foi dirigida pelo Espírito Santo. Observamos o seguinte:

(1) A seleção dos missionários: “disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado” (13.2).
(2) O envio deles ao campo: “Enviados, pois, pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia” (13.4).
(3) A capacitação para falar: “Paulo, cheio do Espírito Santo, fixando nele os olhos, disse” (13.9).
(4) O conforto na perseguição: “Os discípulos, porém, transbordavam de alegria e do Espírito Santo” (13.52).
(5) A colocação do selo de Deus sobre o ministério deles entre os gentios: “Ora, Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, concedendo o Espírito Santo a eles, como também a nós nos concedera” (15.8).
(6) A deliberação em assuntos difíceis relacionados à política missionária: “Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós” (15.28).
(7) O Espírito proibiu os missionários de entrar em determinados campos: “E, percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu” (16.6,7).

É impressionante o registro da direção sempre presente, infalível e minuciosa do Espírito Santo em todos os passos dessa tarefa divinamente ordenada. Alguém pode dizer que isso foi nos tempos apostólicos. Sim, mas a promessa referente ao Espírito é que Ele estaria conosco “para sempre”. Até a consumação dos séculos Ele estará aqui, exercendo o Seu ministério, empenhado na responsabilidade de executar a preciosa obra do nosso Senhor glorificado. Quem pode dizer que em nossos dias não se faz necessário um retorno aos métodos primitivos e uma restauração dos primitivos dons da igreja? A única restrição do Espírito Santo se encontra em nós; não há restrição nenhuma nEle mesmo. Se a igreja tivesse fé para apoiar-se menos na sabedoria humana, para confiar menos em métodos mesmo que sejam sábios, para ministrar menos baseada em regras mecânicas, e para reconhecer uma vez mais o grande fato que, sendo-lhe confiada uma obra sobrenatural, ela tem à disposição um poder sobrenatural, quem poderia duvidar que nossa maquinaria missionária — ruidosamente emperrada e movendo-se com dificuldade — poderia ser amplamente reduzida, e se tornar bem mais visível a manifestação do Espírito?

O Espírito Santo e Missões
Andrew Murray

Havia na igreja de Antioquia profetas e mestres (...). E, servindo eles ao Senhor ejejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os despediram.Enviados, pois, pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre.
Atos 13:1-4

Já foi dito que os Atos dos Apóstolos bem poderiam ser chamados os Atos do Senhor Exaltado ou os Atos do Espírito Santo. A promessa de Cristo ao partir: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.” (Atos 1:8) é sem dúvida uma daquelas palavras-semente na qual está contida o reino dos céus no poder de um infinito crescimento, com a certeza de sua manifestação e a profecia de seu cumprimento. No livro de Atos vemos traçado o caminho pelo qual a promessa recebeu seu cumprimento inicial, na jornada de Jerusalem para Roma. Ele nos dá o divino relato da vinda, habitação e obra do Espírito Santo como o poder dado aos discípulos de Cristo para serem testemunhas Dele perante judeus e pagãos, e do triunfo do nome de Cristo em Antioquia e Roma como os centros para a conquista das partes mais remotas da terra. O livro revela, como que com uma luz celestial, que o único propósito e objetivo da descida do Espírito de nosso Senhor glorificado dos céus para os discípulos – para revelar neles Sua presença, Seu governo e Seu poder – era equipá-los para serem Suas testemunhas até as partes mais longínquas da terra. Missões para alcançar os perdidos são o objetivo máximo do Espírito.
Na passagem que tomamos por texto, temos o primeiro relato de que parte da igreja é chamada para se encarregar da obra das missões. Na pregação de Filipe em Samaria e de Pedro em Cesaréia temos o exemplo de homens exercendo individualmente sua função de ministros, sob a liderança do Espírito, entre aqueles que não eram judeus. Na pregação dos homens de Chipre e Cirene aos gregos em Antioquia temos o instinto divino do Espírito do amor e da vida levando homens a abrir novos caminhos onde os líderes da igreja ainda não haviam ido. Mas esta condução do Espírito em separar indivíduos específicos estava para se tornar agora parte da organização da igreja, e toda a comunidade de crentes deveria ser ensinada a fazer sua parte na obra para a qual o Espírito veio especificamente à terra. Se Atos 2 é importante para nos mostrar a capacitação da igreja para sua obra em Jerusalém, Atos 13 é de não menos importância no que se refere à igreja ser separada para a obra das missões. Não podemos agradecer suficientemente a Deus pelo aumento do interesse em missões nos nossos dias. Se desejamos que nosso interesse seja permanente e pessoal, se queremos que ele seja expresso em amor e devoção entusiasmados ao nosso bendito Senhor e aos perdidos que Ele veio salvar, e se almejamos que ele seja frutífero em elevar a obra da igreja ao verdadeiro nível de poder do Pentecostes, devemos aprender a lição de Antioquia. A obra missionária deve ter sua iniciativa e poder no reconhecimento direto e distinto da liderança do Espírito Santo.
Diz-se freqüentemente que a verdadeira obra missionária sempre nasce de um avivamento da espiritualidade da igreja. A obra de despertamento do Espírito Santo nos encoraja à nova devoção ao bendito Senhor a quem Ele revela e à dedicação aos perdidos por quem Ele morreu. É em tal condição do coração e da mente que o anseio do Espírito é ouvido. Assim foi em Antioquia. Havia certos profetas e mestres ali que passavam parte de seu tempo ministrando ao Senhor em jejum e oração. Ao serviço público a Deus na igreja eles combinaram um espírito de separação do mundo. Eles sentiram a necessidade de comunhão íntima e contínua enquanto esperavam pelas Suas ordens dos céus. Eles acreditaram que o Espírito que habitava neles não poderia ter livre e pleno governo a menos que mantivessem direta comunhão com Ele. Estes eram seu estado mental e seus hábitos de vida quando o Espírito Santo lhes revelou que Ele havia chamado dois deles para um ministério especial e pediu-lhes que os separassem, na presença de toda a igreja, para esta obra.
A lei do reino não mudou. Ainda é o Espírito Santo quem está encarregado de todo o trabalho missionário. Ele revelará Sua vontade na designação de tarefas e na seleção daqueles que estão esperando no Senhor. Uma vez que o Espírito Santo, em qualquer tempo, ensina homens de fé e oração a levar a cabo Sua obra, torna-se mais provável que outros, admirando e aprovando o que estes fazem, vejam a harmonia da conduta deles com com a Escritura e desejem seguir seu exemplo. Ainda assim, o verdadeiro poder da liderança  e da obra do Espírito, bom como o amor e devoção pessoais a Jesus como Senhor podem estar presentes apenas em um pequeno nível. É porque tanto do interesse na causa missionária é devido a isso que, muitas vezes, há dificuldade em convencer seus cooperadores de sua genuína necessidade e validade. O mandamento do Senhor é conhecido da forma em que é registrado na Bíblia; a viva voz do Espírito, que revela o Senhor em viva presença e poder, nem sempre é ouvida. Não é suficiente que os crentes sejam incitados e encorajados a ter mais interesse em missões, a orar ou colaborar mais financeiramente. Há uma necessidade mais urgente. Na vida do indivíduo, a habitação do Espírito Santo e a presença e governo do Senhor da glória que Ele preserva devem novamente se tornar o objetivo primeiro da vida cristã. Na comunhão de igreja devemos aprender a esperar mais diligentemente pela liderança do Espírito na seleção dos obreiros e dos campos de trabalho e no despertamento do interesse e busca por suporte. A missão que se origina em oração e espera no Espírito pode esperar por Seu poder.
Que ninguém imagine que quando falamos dessa maneira pretendemos desviar os crentes dos aspectos práticos da obra que deve ser feita. Há muita coisa que necessita de cooperação e diligência para que se realize uma obra em outro país ou mesmo em outra cidade. A informação deve circular, pessoas devem ser recrutadas, fundos devem ser levantados, oração suficiente deve ser feita e diretores devem se reunir, consultar e decidir. Tudo isso é necessário. Mas só será bem feito, e feito como um serviço agradável ao Mestre, na medida em que é feito no poder do Espírito Santo. O Espírito chamou a igreja para ter mente missionária, inspirar e capacitar os discípulos de Cristo para espalhar o evangelho aos ocnfins da terra.
A origem, o progresso, o sucesso das missões são Dele. É Ele quem desperta nos corações dos crentes o zelo pela honra do Senhor, a compaixão pelas almas dos perdidos, a fé em Suas promessas, a obediência voluntária aos Seus mandamentos, pelos quais um ministro cresce e é bem sucedido. É Ele quem planeja um esforço conjunto, que chama obreiros para enviá-los, que abre as portas e prepara os corações daqueles que irão ouvir a Palavra. É Ele que minuciosamente abençoa a colheita, e nos lugares em que o poder de Satanás está estabelecido, se reúne aos redimidos do Senhor para destruir as fortalezas. As missões são a obra especial do Espírito Santo. Ninguém pode esperar ser cheio do Espírito se não deseja ser usado de alguma forma na colheita. E ninguém que deseja trabalhar ou orar pelas missões precisa temer sua prórpia fraqueza ou pobreza. O Espírito Santo é o poder que é capaz de equipá-lo para tomar seu lugar divinamente designado na obra do evangelho. Que todos os que oram pelas missões, que anseiam por um maior espírito missionário na igreja, orem primeiro para que em cada um que delas toma parte, o poder do Espírito de habitação possa ter plena influência e controle.
O envio de obreiros é igualmente a obra da igreja e do Espírito. Esse é o ponto comum. Mas há alguns que são enviados pelo Espírito somente, de entre a oposição ou indiferença da igreja. Contrariamente, alguns vão sob a tutela da igreja sem a bênção e sanção do Espírito Santo. Bem-aventurada é a igreja cujos esforços missionários são originados no Espírito, onde Lhe é permitido liderar, guiar e enviar. Após dez dias orando e esperando na terra, o Espírito desceu em fogo: este foi o nascimento da igreja em Jerusalém. Após ministrar e jejuar, esperar e orar, o Espírito enviou a Barnabé e a Saulo: esta foi, em Antioquia, a consagração da igreja como igreja missionária.
Eu diria para qualquer missionário que esteja lendo este texto em sua casa longe de casa: “eu o encorajo, irmão ou irmã! O Espírito Santo, qué o poder de Deus, que é a presença de Jesus dentro de você, está com você, em você e é por você. A obra é Dele: dependa Dele, renda-se a Ele, espere Nele; a obra é Dele e Ele a cumprirá.
Para todos os crentes, sejam diretores de missões, cooperadores em oração, contribuidores financeiros, ou de qualquer outra maneira obreiros que apressam a vinda do reino, “sejam encorajados”. Do tempo de espera e do recebimento do batismo do Espírito, os discípulos prosseguiram até atingir Antioquia. Lá eles esperaram, oraram, jejuaram, e então seguiram para Roma e as regiões ao redor. Que nós aprendamos o segredo de poder desses nossos irmãos. Convidemos todos os crentes que se interessam por missões a virem conosco e serem cheios do Espírito, cuja obra é a obra de missões. Levantemos claro testemunho de que a necessidade da igreja e do mundo é um grupo de crentes que podem testificar de um Cristo interior que neles habita pelo Espírito e que provem que Seu poder é operoso. Reunamo-nos na antecâmara da presença do Rei – a espera em Jerusalém, o ministério e jejum em Antioquia. O Espírito ainda vem da maneira que vinha nessa época. Ele ainda se move e envia; Ele ainda é poderoso para convencer de pecado e revelar a Jesus Cristo e trazer multidões a Seus pés. Ele espera por nós: esperemos Nele e estejamos prontos para receber Seu chamado.
        

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