domingo, 18 de dezembro de 2011

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 130

Por: Luiz Fontes

25ª Estação – Mítica (parte 4)

TEXTOS: Nm 19:1-3; Ex 12:19-28; 1 Co 5:6-8; Rm 3:23; Rm 5:8-9; Ex 12:3-13; Lv 16; Rm 3:25; Rm 6:6

Vamos dar prosseguimento ao estudo desta 25ª estação (Mítica), onde estamos vendo alguns aspectos acerca da nossa redenção. Precisamos entender a nossa vida hoje, nossa posição cristã, por causa do sangue de Cristo Jesus, por tudo aquilo que Ele cumpriu lá na cruz do Calvário. E isso, olhando para a história de Israel, para essa maravilhosa tipologia que encontramos aqui no Velho Testamento, que, em essência, em sua realidade espiritual, nos é revelada no Novo Testamento. Isso é muito glorioso! Somente Deus, em Sua eterna sabedoria, por meio do Seu Espírito Santo, poderia nos ensinar tudo isso. E é o que estamos vendo, aprendendo neste momento.

Estamos estudando Mítica, mas dando uma pincelada em Ramessés, a primeira estação, que fala justamente da saída do povo de Israel do Egito. E quando olhamos para o Novo Testamento, vemos que aqui Deus tratou com a nossa vida em relação ao mundo, ao pecado, aos pecados, à nossa carne, ao nosso eu (tudo isso é tão glorioso!). E, agora, nós que ainda estamos neste corpo de pecado, neste corpo ainda suscetível a tantas coisas, em relação ao próprio mundo, à carne, a nós mesmos, ao nosso ego, como podemos viver uma vida cristã autêntica? Qual é a base de tudo isso? Nós vamos desfrutar da parte do Senhor. Mas, hoje, gostaria de focar um pouco sobre a Páscoa, considerando Êxodo 12:21-28.

A Páscoa

Antes de o povo de Israel sair do Egito, Deus instituiu a Páscoa, uma celebração que apontava para a cruz de Cristo Jesus. Estudando Êxodo 12:19, vemos que o Senhor diz assim:

19 Por sete dias, não se ache nenhum fermento nas vossas casas; porque qualquer que comer pão levedado será eliminado da congregação de Israel, tanto o peregrino como o natural da terra.”

Observe aqui o termo “fermento”. Biblicamente falando, esse termo é uma referência à figura do pecado. O que aprendemos aqui é que o Senhor quer que nos afastemos do pecado. Isso é arrependimento. Quando vamos ao Novo Testamento, temos que ver a aplicação espiritual dessa verdade. O irmão Mackintosh, em seu comentário sobre o Livro de Êxodo, diz assim: “Deus encontrou um substituto imaculado para Israel, sobre o qual foi executada a sentença de morte”. Foi o que Deus fez. Deus encontrou um substituto lá naquele cordeiro que cada uma das famílias do povo de Israel tomou e sacrificou. Nele Deus exerceu seu juízo, como uma figura daquilo que Ele cumpriu em Seu Filho lá na cruz do Calvário. E Deus fez isso para tratar com o nosso pecado. Por isso, é uma ordenança, um mandamento do Senhor, que nos afastemos de todo fermento, um símbolo do pecado.

Em 1 Coríntios 5:6-8, Paulo diz assim:

6 Não é boa a vossa jactância [orgulho]. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda? 7 Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado [essa é a realidade de Êxodo 12]. 8 Por isso, celebremos a festa não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade.”

Amados, irmãos e irmãs, tudo isso é muito maravilhoso na Palavra de Deus. Por que, se queremos viver uma vida cristã autêntica, verdadeira, cheia de realidade espiritual, precisamos nos afastar daquilo do qual Deus já nos libertou. Quando você olha para esta saída de Ramessés, você compreende a nossa libertação do pecado e do mundo hoje. Isso nos leva a entender o fundamento da cruz, do poder e do sangue do Senhor Jesus na cruz do Calvário. É por isso que necessitamos do sangue e da cruz na nossa vida. O sangue do Senhor Jesus trata com aquilo que fizemos; e a cruz trata com aquilo que somos. O sangue nos purifica da corrupção dos pecados; e a cruz atinge em nós a nossa capacidade de pecar, a nossa própria natureza voltada para o pecado e para pecar. É aqui que a cruz trata, encrava o seu poder, para nos libertar dessa capacidade pecaminosa, que foi constituída na nossa própria natureza, devido à queda de Adão e Eva.

Amados, é por causa do sangue de Cristo que fomos justificados diante de Deus, e não por causa das nossas próprias obras ou por qualquer outra coisa. Romanos 3:23 diz:

23 pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,”.

Depois, em Romanos 5:8-9, Paulo prossegue dizendo:

8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. 9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.”

Tudo isso é tão maravilhoso! Prestem bem atenção, olhem para esses textos na Palavra de Deus. Quando consideramos a natureza da queda do homem, vemos que o pecado entra na forma de desobediência, para criar, em primeiro lugar, a separação entre Deus e o homem. E, ainda, o pecado traz ao homem o sentimento de culpa, pois oferece ao próprio satanás a possibilidade de nos acusar diante de Deus. Mas, amados, a grande obra da salvação que Deus, em Cristo, realizou a nosso favor trata com estas três áreas da nossa vida, especificamente: o pecado, a culpa e a acusação de satanás. Não somente com essas três áreas, sabemos. Mas, nesse aspecto diante de Deus, em relação a satanás, naturalmente, trata diretamente com a questão do pecado, com a questão da culpa e com a questão da acusação de satanás. E é pelo sangue de Cristo que Deus tratou com o pecado, com a culpa e com as acusações de satanás, que havia sobre nós, diante de Deus.

Segundo a Bíblia, o sangue é para a expiação. Por isso, ele se relaciona com a nossa posição diante de Deus. Se desejamos entender o poder do sangue de Cristo, temos que compreender o que ele significou para Deus. O sangue é, pois, em primeira instância para Deus, e não para nós. O sangue de Cristo no eterno propósito de Deus é algo que precisamos ver. O propósito do sangue e da cruz é trazer uma correção na vida do homem. Deus, nosso bendito e eterno Pai Celeste, trata, através do sangue, com tudo o que Adão fez. E trata, através da cruz, com tudo aquilo que Adão, isto é, a natureza adâmica, é em seu estado decaído em nós. Então, temos que entender o que o sangue do Senhor Jesus, derramado lá na cruz, significou e significa para Deus.

Êxodo 12:3-13 nos mostra isso de uma forma muito clara. Nesses textos observamos que o sangue não era para ser apresentado para o homem, nem para ser sentido ou entendido por aquele povo – de modo algum. Segundo esses textos, vemos o sangue aspergido nos umbrais da porta, do lado de fora. Veja que o sangue era inteiramente para o Senhor. Como um ato de fé e obediência, deveriam colocá-lo nas ombreiras da porta, do lado de fora, porque era para Deus ver o sangue. Aqueles que estavam dentro das casas, poderiam crer, com toda segurança, porque o sangue significaria para Deus exatamente aquilo que Deus exigia. O sinal do sangue nas portas era, exclusivamente, inteiramente, absolutamente, para Deus.

Quando vamos para Levítico 16, vemos que é um capítulo que fala sobre o dia da expiação, em que a oferta pelo pecado, por Israel, era realizada publicamente no pátio do Tabernáculo. O sacrifico era realizado à vista de todo o povo, contudo, o sangue era levado para dentro do Santo dos Santos para ser aspergido sete vezes, diante do Senhor, defronte da arca, pelo sumo sacerdote. Isso o povo não via. Por quê? Porque o sangue era para Deus.

Através dessas duas cerimônias, entendemos que o sangue era oferecido em resposta ao mandamento de Deus. Não era para a mente humana entender o significado. O homem deve simplesmente obedecer e acreditar na promessa de Deus a respeito de tudo aquilo que Ele, Deus, diz para nós na Sua Palavra. O sangue do Senhor Jesus é revelado ao homem pecador como a base legal sobre a qual essa pessoa pode apoiar-se para obter o eterno perdão. O homem não precisa saber como ou por que; ele deve aceitar o que a Bíblia diz a respeito daquilo que o Senhor Jesus cumpriu.

Amados, irmãos e irmãs, devemos entender que a obra da cruz está completa, eternamente. Do ponto de vista de Deus, tudo está consumado. Nos primeiros oito capítulos de Romanos são nos apresentados dois aspectos da salvação: a justificação pelo sangue e a libertação através da cruz. Através da cruz o Senhor Jesus eliminou nossa dependência de nossos recursos naturais, de forma que possamos viver através da vida de Cristo Jesus, daquilo que Ele cumpriu, daquilo que Ele fez diante de Deus e daquilo que foi derramado pelo Espírito Santo e está dentro de nós.

Amados, quero considerar este assunto, focando essa Epístola aos Romanos. Quando estudamos os capítulos 1 a 8 de Romanos, compreendemos claramente que essa epístola está dividida em duas seções: na primeira parte, lendo Romanos de 1 a 8, vemos aqui duas referências ao sangue do Senhor Jesus – Rm 3:25 e Rm 5:9; na segunda parte, ainda nesses capítulos de 1 a 8, podemos perceber com muita clareza que é introduzida uma nova ideia, que está em Rm 6:6, quando diz que “fomos crucificados com Cristo”.

O argumento da primeira parte de Rm 1 a 8 centraliza-se em torno daquele aspecto da obra do Senhor Jesus que é representado pelo sangue derramado para o perdão dos nossos pecados: tornar-nos justos, puros, diante de Deus. E a segunda parte, dentro desses capítulos de 1 a 8, tem seu foco na cruz: que fala da nossa união com Ele na Sua morte, sepultamento, ressurreição e ascensão.

O sangue está relacionado com aquilo que fizemos, enquanto a cruz com aquilo que somos. O sangue nos purifica de todos os pecados; e a cruz atinge em nós, como já disse, essa capacidade do poder do pecado na nossa vida. É isso que nos transforma, é isso que nos muda, é isso que faz de nós novas criaturas. É isso que nos torna pessoas completamente adequadas para servir a Deus, para viver uma vida que agrada ao Senhor, porque a vida cristã está toda baseada no sangue e na cruz de Cristo – naquilo que ele cumpriu e naquilo que Ele está fazendo. Do contrário, amados, seria impossível vivermos a vida cristã segundo a Palavra de Deus. Se não acreditamos, se não nos apropriamos dessas verdades doutrinárias na nossa experiência cristã prática, tudo em nós é em vão, toda a vida cristã é simplesmente uma religiosidade.

Deus não tem uma religiosidade para você, Ele tem Cristo. E Ele quer que você ganhe essa verdade, que você experimente essa verdade, que você desfrute dessa verdade, que você viva essa verdade.

Que Deus lhe abençoe. Que o Senhor possa, rica e poderosamente, falar ao seu coração.

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