25ª Estação – Mítica (parte 2)
TEXTOS: Nm 19:1-3; Lc 17:26-30; Ap 9:1-4; Ef 2:3; Rm 3:25; 5:12; 6:6; Jo 3:1-7; Rm 8:7,9; 4:7; 7:23,25; 8:2
Vamos prosseguir no estudo desta 25ª jornada, que é Mítica, no capítulo 19 de Números, onde vimos os primeiros pontos que revelam para nós algo sobre a bezerra ruiva, uma figura de Cristo.
Antes de prosseguirmos mais para dentro deste assunto, para entendermos a eficácia da obra de Cristo na nossa vida cristã prática, gostaria de poder retornar, mostrar algo acerca do mundo, da carne, do pecado, dos pecados e do ego na nossa própria vida. Diante de tudo isso, Vamos compreender como Deus está operando em nós. Creio que se estudarmos sobre esta bezerra ruiva e não conhecermos esses pontos, nossa compreensão será muito superficial.
Considerando nosso estudo desde a primeira estação, sabemos que a primeira estação foi Ramessés, no Egito, onde edificavam uma cidade para Faraó. Ramessés é uma figura do mundo. O mundo é um poder perverso na vida do cristão - um poder insidioso, polido -, e muitas vezes não percebemos sua devastação. Nós não nos damos conta da verdadeira tragédia que o mundo pode realizar dentro de nós. O poder do mundo é sutil, e precisamos ser claros quanto a isso. Satanás tem usado do próprio mundo para nos afligir e nos tirar da presença de Deus. O poder do mundo - repito mais uma vez -, é insidioso, perverso e sutil. A palavra de Deus em Lucas 17:26-29 diz assim:
26 Assim como foi nos dias de Noé, será também nos dias do Filho do Homem: 27 comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e destruiu a todos. 28 O mesmo aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; 29 mas, no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre e destruiu a todos."
Irmãos, a questão que o Senhor Jesus levantou aqui não é que todas estas coisas - comida, casamento, negócios, agricultura e construção - são coisas más em si. O que precisamos ver é que elas foram características marcantes, tanto nos dias de Noé quanto nos dias de Ló, e que nos dias finais as coisas seriam uma característica específica, especial. O versículo 30 diz assim:
"30 Assim será no dia em que o Filho do Homem se manifestar."
Aqui está o ponto importante. Tais coisas não são em si mesmas pecaminosas, são simplesmente coisas do mundo. Você tem se dado conta de como as pessoas têm valorizado a questão da boa vida nos dias de hoje? Infelizmente, comida e vestuário estão se tornando as principais preocupações dos filhos de Deus hoje. Não é que não devamos nos preocupar, mas nos preocupar com a forma como essas coisas têm tomado nosso próprio coração. Para muitos esses assuntos são os que dominam suas conversas. Há um poder que faz com que você considere tais assuntos importantes e toda a sua existência clama para que você preste atenção a eles. Então, o problema hoje não está tanto na pecaminosidade, mas no mundanismo. Quem ousaria dizer que você está agindo errado quando come e bebe? Quem desaprovaria o casar-se ou dar-se em casamento? Quem questionaria seu direito de comprar ou vender? Mas, amados, prestem atenção, essas coisas não são erradas em si mesmas; errada é a força espiritual que está por trás delas, a qual, por sua mediação, faz uma pressão implacável sobre cada um de nós que pertencemos a Cristo Jesus. Que nós venhamos nos despertar para o fato de que, apesar de tais coisas serem tão simples e comuns, estão sendo usadas por satanás para atrair os filhos de Deus para a grande rede de sua ordem mundana.
Em Apocalipse 9:1-4 vemos um acontecimento que, para o apóstolo João, está relacionado ao nosso tempo. Diz assim:
"1 O quinto anjo tocou a trombeta, e vi uma estrela caída do céu na terra [essa estrela é uma figura de satanás]. E foi-lhe dada a chave do poço do abismo. 2 Ela abriu o poço do abismo, e subiu fumaça do poço como fumaça de grande fornalha, e, com a fumaceira saída do poço, escureceu-se o sol e o ar. 3 Também da fumaça saíram gafanhotos para a terra; e foi-lhes dado poder como o que têm os escorpiões da terra, 4 e foi-lhes dito que não causassem dano à erva da terra, nem a qualquer coisa verde, nem a árvore alguma e tão-somente aos homens que não têm o selo de Deus sobre a fronte."
Aqui nós temos uma linguagem figurativa, mas sabemos que a estrela caída do céu, obviamente, é satanás. E sabemos que o abismo sem fim é o seu domínio. Amados, apesar de esta figura aparecer no final dos tempos, está marcada por uma especial liberação de suas forças, e os homens encontrar-se-ão lutando contra um poder espiritual contra o qual jamais tiveram de lutar antes. Mas, muito mais, o apelo espiritual nas coisas cotidianas. Certamente, isso está de acordo com toda a verdade, com toda a realidade, do que encontramos nos nossos dias. Apesar de vermos o quanto isso tem sido claro, não temos compreendido, não temos permitido que o Espírito Santo venha falar ao nosso coração sobre essas coisas. Esse é um ponto importante. Precisamos estar claros quanto a isso. Há um poder que faz com que venhamos dar muita atenção a essas coisas, e satanás tem usado esse poder para nos aprisionar.
Quando você estuda Ramessés, descobre que o povo de Israel ali estava construindo Ramessés e Pitom - a serpente e o filho do sol. É isso que essas duas cidades significam. São duas cidades que os israelitas foram obrigados a construir. Aqui está uma figura de todo o poder de satanás. Isso representa, não somente a opressão de satanás, mas também a opressão dos nossos próprios pecados, do nosso pecado e da nossa natureza pecaminosa. Efésios 2:3 diz que "éramos por natureza filhos da ira, vendidos ao poder do pecado". Não só fizemos coisas más, como também somos maus. Não só devemos ser libertados da consequência do que fizemos, como também devemos ser libertados do que somos.
Nos primeiros capítulos de Romanos aparecem os tratamentos dos pecados; e você precisa ver isso na palavra de Deus. Em Romanos 3:25 o Senhor nos mostra isso:
"25 a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;".
Depois, o capítulo 4 versículo 7 diz:
"7 Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos;".
Aqui você vê justamente que o enfoque de Romanos está voltado para a questão dos pecados. Pecados referem-se aos nossos atos, as nossas atitudes, comportamentos, às práticas pecaminosas.
Mas não temos apenas pecados, precisamos entender também o pecado. Depois de compreendermos os pecados, precisamos avançar nessa epístola aos romanos. Avançando veremos a expressão pecado. Essa é uma expressão que ocorre 36 vezes nessa epístola. Romanos 5:12 diz assim:
"12 Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram."
Mas, logo no capítulo 6 e versículo 6 de Romanos, vemos não apenas a questão dos pecados e do pecado, mas também a questão do velho homem. Veja o que Paulo diz:
"6 sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos;".
Agora já não se fala no plural, mas no singular: o pecado. Quero que você perceba algo interessante nesse texto: vemos aqui o velho homem, o corpo do pecado e vemos o pecado. Todas essas expressões são intercambiáveis, porque elas nos falam da nossa natureza carnal decaída. O velho homem é uma expressão para a nossa própria carne. Carne na Bíblia fala da nossa natureza adâmica, perversa, aquela natureza caída, inimiga de Deus. A Bíblia fala que "a carne não está sujeita à lei de Deus, e nem mesmo pode estar". Carne é a natureza humana corrompida, irredimível.
Em João 3 nós temos aquela conversa do Senhor Jesus com Nicodemos. Nessa conversa o Senhor Jesus disse que "o que é nascido da carne é carne". Não adianta mexer com ela. Você pode educar a carne, torná-la tão bonitinha, polida, educadinha, malhada, tão jeitosa, mas não pode mudá-la. A carne não pode ser mudada. Você pode tornar a carne religiosa, mas você não pode transformá-la.
Em Romanos 8:7 Paulo diz:
"7 Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar."
Ainda no versículo 9, ele diz:
"9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de fato, o Espírito de Deus habita em vós."
Deus, em Cristo, nos deu uma nova natureza. "Quem não nascer de novo não pode entrar no reino"; "Quem não nascer da água e do Espírito não pode ver o Reino de Deus". Quando você analisa o versículo 6 do capítulo 6 de Romanos, pode concluir que o pecado é como um senhor e que o velho homem é como um mordomo, enquanto que o pecado é como um fantoche. O pecado dirige o velho homem, isto é, a natureza pecaminosa. Quando o velho homem consente, o corpo do pecado torna-se um fantoche. O corpo do pecado é muito flexível, tudo que você ordena ele faz. Ele não tem domínio sobre si mesmo, ele só age seguindo as ordens do velho homem. Esse velho homem precisa ser crucificado.
Então, meus irmãos e irmãs, quando chegamos aos capítulos 7 e 8 de Romanos, vemos a lei do pecado. Não somente a questão do pecado, da natureza pecaminosa, que faz com que cometamos pecados, mas também da "lei do pecado e da morte na nossa carne". Isso é muito sério. Vejam Romanos 7:23,25:
"23 mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros."
"25 Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado."
Ainda precisamos ler Romanos 8:2, onde veremos outra lei:
"2 Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte."
Então, nascemos escravos da lei do pecado e da morte, nascemos escravos do pecado. Nascemos com a mente corrompida por causa da queda. Éramos, por natureza, filhos da ira; havia uma lei que nos governava. O que é uma lei? É uma regra categórica, aquilo que se impõe sobre nós e exige submissão, exige obediência. Lei fala de poder, autoridade, domínio que é imposto a alguém, aquilo que se impõe ao homem por sua razão, consciência ou por determinadas condições, circunstâncias.
Naturalmente, todos nós nascemos governados pela lei do pecado. Estávamos submissos a essa lei, ela nos dominava. Essa é a lei do pecado e da morte. Mas, agora, olhemos atentamente para o versículo 2 do capítulo 8 de Romanos, quando diz: "a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado da morte". Naturalmente, sabemos que existem algumas leis que só podem ser contrariadas por outra lei; não podem ser revogadas. Por exemplo, a lei da gravidade. Ela não pode ser revogada dentro da atmosfera terrestre. Sabemos que a gravidade é a força de atração mútua que os corpos materiais exercem uns sobre os outros. Do ponto de vista prático, a atração gravitacional da terra confere peso aos objetos e faz com que caiam ao chão quando soltos no ar. Pouco se sabia sobre a lei da gravidade até o século XVIII. Isaac Newton foi o primeiro a pensar nessa hipótese e, a partir daí, deu-se a grande discussão e pesquisa sobre esse assunto.
Então, a gravidade é uma lei. Mas a lei da gravidade pode ser superada, e não revogada. Ela vai continuar agindo em todo tempo, 24h por dia. Enquanto estivermos nesta atmosfera terrestre, ela estará agindo. Mas essa lei pode ser contrariada por outra lei, uma lei que pode superá-la. Por exemplo, o uso correto de outra lei da física, chamada lei da aerodinâmica, pode contrariar a lei da gravidade - não revogá-la, mas contrariá-la, sobrepujá-la. Por isso é claro que o avião pode sair do chão, com todo aquele peso, por causa de outra lei, a lei da aerodinâmica. A lei da aerodinâmica não anula a lei da gravidade, mas faz com que a lei da gravidade possa ser sobrepujada por outra lei maior, uma lei que a supere. Irmãos, se isso é claro no mundo físico - a lei da aerodinâmica superar a lei da gravidade -, vejam o quanto isso é significativo dentro do que Paulo está falando para nós baseado na "lei do pecado e da morte", que nós encontramos em Romanos 7, e na "lei do Espírito de vida, em Cristo", em Romanos 8. Isso é impressionante.
Veja um pássaro. Quando um pássaro está voando, ele está sobrepujando a lei da gravidade. Se um pássaro estiver voando, e morrer, ele para. Mas, enquanto tem vida, a vida inerente ao pássaro faz com que ele também sobrepuje a lei da gravidade. Essa vida pode levar seu peso para cima. Nós não podemos fazer isso, mas um pássaro pode. E no mundo espiritual vemos isso também. Por causa da lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, nós estamos assentados com Cristo nos lugares celestiais, acima da lei do pecado e da morte. Se nós temos a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, podemos viver uma vida que contraria a lei do pecado e da morte. É isso que aprendemos aqui. Essa é a verdade de Deus para nós. Essa é a doutrina que temos que estudar agora, para que possamos compreender o que de fato está ocorrendo ali no capítulo 19 de Números – qual é aquela provisão que Deus fez para nós. Porque, por um lado, sabemos que a nossa natureza é adâmica; por um lado, sabemos que dentro de nós habita a lei do pecado e da morte. Há o pecado, os pecados, o velho homem... Mas tudo isso já foi crucificado lá na cruz. E como agora tenho eu que viver essa vida cristã? Isso é que é importante. Esse fato é importante. É isso que Deus deseja nos falar.
Que a palavra do Senhor venha falar ricamente ao seu coração. Ainda há algumas coisas que precisamos aprender antes de entrarmos mais profundamente no capítulo 19 do livro de Números, para entendermos a mensagem de Deus para nós sobre Mítica.
Que a palavra de Deus lhe abençoe rica e poderosamente.
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