terça-feira, 13 de dezembro de 2011

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 129


Por: Luiz Fontes

25ª Estação – Mítica (parte 3)

TEXTOS: Nm 19:1-3; 1 Co 15:50; Rm 5:19; 7:14-20; Rm 7:22-25; Ex 13:3; 9; 14 e 16

Vamos prosseguir estudando esta maravilhosa jornada – Mítica, 25ª estação.

No capítulo 19 do Livro de Números, aprendemos alguns princípios preciosos acerca da novilha ruiva. Mas, antes de entrar nos detalhes deste capítulo 19, nos textos relativos a esta 25ª estação da peregrinação do povo de Israel pelo deserto, tenho compartilhado acerca da nossa própria condição natural, daquilo que herdamos em Adão.

Quando estudamos essas jornadas, vemos, por meio da tipologia, como o Espírito Santo vai nos revelando a nossa própria trajetória espiritual. Primeiro vimos nossa condição em Ramessés, a primeira estação. Ramessés tipifica uma vida de escravidão, uma condição de verdadeira escravidão. Devemos, pois, entender o que significa sair de Ramessés. Sair de Ramessés é sair do Egito, pois Ramessés está no Egito. Era lá que o povo de Israel estava edificando as cidades de Ramessés e Pitom, cidades para Faraó.

A intenção de Deus através da redenção pelo Cordeiro, por Seu sangue e por Sua carne, pelo pão sem levedura, pelas ervas amargas, pela saída, pelo cruzamento do Mar Vermelho – por tudo isso que está relacionado com a saída de Ramessés –, significa sair do Egito. Esse êxodo significa sair do pecado, dos pecados, do poder do mundo.

Primeiro, vemos a questão de “sair do mundo” – que é a saída de Ramessés. Quando nós somos salvos em Cristo Jesus, temos que sair do mundo, deixar o mundo, porque o mundo é uma entidade espiritual. Depois, vemos que o Senhor deseja não apenas nos libertar do mundo, mas “nos libertar do pecado”. O pecado refere-se à natureza pecaminosa, escrava do pecado, daquilo que herdamos de Adão. Além disso, temos que sair não somente do pecado, mas também “dos pecados”. Os pecados referem-se às transgressões, a tudo o que temos praticado. E não somente ser libertos do pecado e dos pecados, mas também daquilo que somos – “do nosso próprio eu”. O pecado é algo muito grave, mais do que os pecados. Mas, ao se dizer “o pecador”, não só temos problemas com o que fizemos, mas também com o que somos. De maneira que, a saída aqui do pecado, dos pecados, não é apenas sair da culpa, mas sair do que somos. Devemos ser libertos do que fizemos e também do que somos.

Desse modo, temos que sair – sair do pecado, dos pecados, do nosso próprio eu, sair do mundo. Voltando para Gênesis, vemos que a raiz do pecado, os pecados e nós como pecadores, nós, com nossa própria constituição, o próprio homem, no seu eu, na sua natureza, deram origem a um sistema, a uma civilização que se chama mundo. E a intenção de Deus é também a de nos livrar do mundo. A Bíblia fala não apenas de sermos libertos dos pecados, mas também do pecado, do velho homem, da carne, de nós mesmos, e também do mundo. Amados irmãos, o mundo quer dizer uma entidade espiritual. É disso que Deus deseja nos libertar.

Então, quando você estuda, passa por aquela primeira estação que é Ramessés, que revela para nós o trono de satanás, o mundo espiritual maligno e sua expressão natural aqui na terra, vê também ali o modo de vida do homem natural, caído, vendido ao poder do pecado. Tudo isso é uma situação complexa de mundanismo. Não é uma situação simples. Podemos ver que o homem não saiu do Egito como quis; o povo saiu através das mãos e Deus. Precisamos saber que ser escravo do mundo é algo muito sério; precisamos saber, na prática, o que significa estar escravo em Ramessés e, também, o que significa sair de Ramessés. Sabemos que se trata do mundo. Significa estar escravo no mundo e também sair do mundo.

Olhem bem. Temos que entender primeiro que Ramessés nos mostra justamente o mundanismo. Isso nos leva a dois pontos: o Senhor não deseja apenas nos perdoar do que fizemos, mas também livrar-nos do que somos e nos fazer uma nova criatura, para que não tenhamos um coração mundano. O propósito do Senhor é fazer-nos novas criaturas, porque a velha carne não pode herdar o reino dos céus. Em 1 Coríntios 15:50, Paulo diz:

50 Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção.”

Alguns pensam que têm que educar um pouco o homem. Como dizem alguns sociólogos, alguns educadores, “Educa a criança e não terá necessidade de corrigir o adulto”. Aparentemente essa frase está perfeita, mas espiritualmente falando ela é um fracasso, pois essa criança educada será um pecador refinado, muito astuto. Vai ser um pecador disfarçado, porque não vai mudar. Quanto a mudar, não é a educação que muda o homem. O que muda o homem é “nascer de novo”; tem que ser constituído, com o Senhor Jesus, com o Cordeiro, em uma nova criação, em um novo nascimento – uma nova constituição.

Meus irmãos, sei que muitos podem não concordar comigo, porque o mundo possui alguns slogans, alguns chavões de retórica que nos impressionam. E muitas vezes esses chavões de retórica tendem a suplantar a palavra de Deus. Olhem o que diz Romanos 5:19:

19 Porque, como, pela desobediência de um só homem, muitos se tornaram pecadores, assim também, por meio da obediência de um só, muitos se tornarão justos.”

Aqui no original grego, o termo para tornaram pecadores” é kathistemi, que significa “constituído”. Na Versão Brasileira está assim: “Assim como pela desobediência de um só homem foram todos constituídos pecadores (...)”. De acordo com o original grego, a Bíblia afirma que todos nós somos pecadores por constituição. Isso é muito sério. Quando você vai para Romanos 7, vê lá sobre a lei do pecado e da carne em nossos membros. Quer dizer que nossos membros estão programados, debaixo de uma lei? É isso mesmo. A Bíblia fala isso categoricamente. Isso quer dizer que estamos debaixo de uma lei que nos escraviza naturalmente, por constituição, ao pecado. É isso mesmo que a Bíblia diz. Romanos 7:14 nos diz, com toda clareza:

14 Porque bem sabemos que a lei é espiritual; eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado.”

Amados, vejam que amar a Deus sobre todas as coisas é espiritual. Mas, “eu”, “eu”... Esse é o problema. A lei é muito boa, a constituição pode ser magnífica, mas “eu”... Esse é o problema. “O problema sou eu”. Vamos ler Romanos 7:15-20:

15 Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. 16 Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. 17 Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. 18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. 19 Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. 20 Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim.”

Meus amados, irmãos, sempre achamos que os problemas que nos envolvem são o pecado na vida dos outros, e não em nós. Geralmente achamos que o pecado em nosso cônjuge, em nossos filhos, em nossos irmãos, amigos, é que é o grande problema – não o pecado em nós. A Bíblia não mostra isso. Ela mostra que o problema é que o pecado reside em cada um de nós. Não é o pecado na minha esposa e nem nos meus filhos, é o pecado me mim. Não é o pecado nos outros, e sim o pecado em mim. Espiritualmente falando, é isso que significa “estar trabalhando”, como você vê lá em Ramessés, lá no Egito. Isso é “fazer ladrilhos”, é estar escravo de uma condição. O problema do homem natural é um problema grave, porque é um problema constitucional. O problema não são os pecados que cometo, e sim o pecado que habita em mim. Há uma lei em minha natureza caída que foi herdada de Adão e Eva. Em Romanos 7:22-23, Paulo diz:

22 Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; 23 mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.”

Como, então, podemos ser libertos desse cativeiro do mundo? O poder do pecado, meus atos pecaminosos, meu próprio ego, a lei do pecado e da morte que me governa, a força do mundo, me levam cativo a quem? À minha alma. O poder da minha alma não é suficiente para vencer o poder do pecado, do ego e do mundo. Não podemos ser libertos pela nossa própria força. Somente pela mão do Senhor nosso Deus é que podemos ser libertos. Vejam Êxodo 13:3; 9; 14 e 16:

3 (...) pois com mão forte o SENHOR vos tirou de lá; portanto, não comereis pão levedado.”

9 (...) pois com mão forte o SENHOR te tirou do Egito.”

14 (...) O SENHOR com mão forte nos tirou da casa da servidão.”

16 (...) porque o SENHOR com mão forte nos tirou do Egito.”

Irmãos, isso tem que nos impressionar. Porque a nossa salvação é um dom de Deus, um ato soberano de Deus. Vejam que em Romanos 7:24 Paulo diz:

24 Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”

E no versículo 25 ele encontra a resposta:

25 Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado.”

“Graças” – essa é a palavra – “Graças a Deus por Cristo Jesus”. Se não fosse a graça de Deus, jamais poderíamos ser libertos do mundo, do pecado, de quem somos, dos pecados, da nossa própria carne, do nosso próprio eu. Graças a Deus que fomos libertos. Agora, como viver essa vida liberta, como viver debaixo desta graça, deste poder maravilhoso do sangue de Jesus? É isso que Deus deseja nos mostrar, é isso que precisamos aprender.

Esse é o sentido espiritual que vamos encontrar aqui em Mítica. É a isso que o Senhor vai nos conduzir. Primeiro temos que olhar a nossa própria condição, para que possamos entender o que Deus tem para nós. Que Ele fale. Que Ele lhe abençoe, de uma forma gloriosa, através da Sua palavra.

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