sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

ESTUDO DA EPÍSTOLA AOS HEBREUS

POR: ROMEU BORNELLI

Disciplina para Santidade

Hb 12:4-13

“Deus, porém, nos disciplina para sermos participantes da sua santidade.”

Estamos diante de um dos textos mais amplos de toda a Bíblia a respeito deste assunto da disciplina de Deus. Esse texto é considerado uma menção completa sobre disciplina. A disciplina é o que acontece quando nosso Pai amoroso intervém para nos desviar de nossa procura destrutiva e infrutífera. Veja Dt 8:5, (NVI)

“Como um homem disciplina o seu filho, da mesma forma o Senhor, o seu Deus, o disciplina.

No livro de Hebreus três figuras são dominantes. Duas se refere ao nosso Senhor: Apóstolo e Sumo Sacerdote. Mas podemos dizer que há uma figura adicional, uma metáfora complementar, que nós podemos colocar junto com as duas figuras relacionadas ao nosso Senhor. Essa terceira figura importante para o contexto do livro, para o tema do livro é a figura do Pai que disciplina.

Então paralelo a esta visão nós temos este complemento do cap. 12 – o Pai que disciplina aos muitos filhos. Aqui temos a figura do Pai em relação a esses muitos filhos, com os quais o Senhor Jesus já se colocou em aliança. Esse Pai que é o Pai do Filho, o Senhor Jesus, Ele também é o Pai dos muitos filhos por meio do Filho. Então o que Ele vai fazer com estes muitos filhos? Tornar estes filhos “participantes” da sua Santidade. Veja Hb 12:10:

“Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento,(aprovação) a fim de sermos participantes da sua santidade.”

Essa palavra “participantes” é muito importante no contexto de Hebreus. Nós já sabemos disso. Essa palavra diz que a nossa posição não é de “observação, contemplação”, mas de sermos um com Cristo. Nós e Cristo somos cabeça e corpo. Temos uma única vida.

Então qual o caminho para sermos conduzidos à glória? O caminho da Santidade. Sem disciplina não chegamos a lugar algum. E é por meio da disciplina que chegamos à Santidade.

Então podemos dizer o seguinte: Nós já somos de Cristo. Já temos a vida de Cristo. Já temos a natureza de Cristo. Mas... precisamos ter o caráter de Cristo. Natureza não é igual ao caráter. Caráter é uma natureza que passou por uma disciplina. Todos os filhos de Deus têm a natureza de Deus. Mas... nem todos os filhos de Deus têm o caráter de Deus. É muito difícil equacionar a vida cristã. Mas vamos sugerir uma equação: VIDA + DISCIPLINA = CARÁTER. Precisamos da disciplina de Deus para termos o caráter de Cristo formado em nós. É por isso que o cap. 12 de Hebreus foi escrito. Veja o que nos diz o vers. 6:

“porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.”

Nesse versículo aprendemos alguns princípios importantes:

· A disciplina vem de Deus;

· Deus disciplina a todo cristão;

· Deus sempre age por amor.

Por que um Deus amoroso desejaria nos causar dor, ainda que pequena...? Para chamar nossa atenção e obter um resultado altamente desejado em nossa vida. Ele utiliza-se da disciplina (Boa Dor) para moldar o seu caráter de forma que nós venhamos a viver de forma que O glorifique. Admitamos, muitas pessoas compreendem de forma errada a disciplina de Deus por causa das experiências negativas que sofreram na infância. Talvez você seja uma delas. Eu quero encorajá-lo a permitir que a verdade sobre seu Pai celestial mude seu modo de pensar. Esse Pai jamais o disciplinará por raiva ou desejo egoísta. Ele jamais perde o controle. As ações de Deus são todas para impeli-lo com amor, sabedoria e persistência – em direção à vida e ao caráter que você deseja ter, mas não consegue atingir sem ajuda de Deus.

Aqui no versículo 6 de Hebreus 12 podemos ver duas coisas distintas: “corrige” e “açoita”. Veja o que isso significa:

· corrige - “educar”, “formar o caráter pela repreensão e admoestação”;

· açoita- “punição”; “algo penoso que alguém é obrigado a suportar”.

A disciplina tem um objetivo definido – levar-nos a participar da santidade de DEUS. A punição é o castigo de DEUS sobre aqueles que menosprezaram a “disciplina”. Veja o que diz Hb 12:5: “não desprezes a correção (educação) do SENHOR”. Essa é uma advertência. Se desprezarmos a disciplina do SENHOR, naturalmente seremos corrigidos.

O apóstolo Paulo disciplinado por Deus como foi, conheceu muito bem essa disciplina de Deus apresentada em Hebreus. Veja o que ele diz em Fp 4:11:

“... porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação”.

Paulo foi disciplinado por Deus. Aprendeu a disciplina de Deus em toda e qualquer situação.

Veja o que nos diz também o vers. 7:

“É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho que o pai não corrige?”

Aqui nós temos de novo a palavra disciplina. Mostrando que este é o propósito. Ela aprece em Hb 12:7; 10; 11. Deus está tratando conosco para disciplina. O sentido é um aluno seguindo seu mestre e aprendendo dele. A relação mestre/aluno naquele tempo era muito diferente de hoje. Naquele tempo o professor não tinha uma mensagem para ensinar. O mestre ensinava com a vida. Diferente de hoje. Os mestres de hoje tem a mensagem e não tem a vida. A idéia é aprender da vida daquele que ensina.

Ainda o vers. 8, veja o que nos diz.

“Mas, se estais sem correção, (educação) de que todos se têm tornado participantes, logo, sois bastardos e não filhos.”

A disciplina parece agradável para a criança? Não! E disciplinar é agradável para o pai? Não! Se você é pai ou mãe, deve saber como reluta em trazer dor a seu filho. Há uma tremenda revolta contra a disciplina neste mundo, que rejeita toda autoridade, controle, governo. A Palavra diz que é assim que será no tempo do fim: “desobedientes aos pais” e assim por diante. Isto de modo algum é bom para o verdadeiro propósito que Deus tem para a família, não de crianças, mas de filhos adultos, disciplinados para uma responsabilidade eterna. — uma posição governamental no Reino vindouro. A disciplina está relacionada com a nossa responsabilidade. Quando falhamos nas nossas responsabilidades, somos disciplinados.

Precisamos ver ainda outro versículo de Hebreus 12 que nos revela o propósito de toda a disciplina do Senhor. Veja o vers. 10:

“Deus, porém, nos disciplina para aproveitamento, a fim de sermos participantes da sua santidade.”

Podemos concluir a leitura desse texto com três assertivas:

DEUS nos disciplina a fim de podermos participar da Sua santidade.

Nosso querido e maravilhoso Pai Celeste só cessará de nos disciplinar quando Sua santidade for manifestada em nós.

A santidade é a natureza de DEUS; então, participar da santidade de DEUS é participar da Sua natureza.

Então quando somos disciplinados por Deus o caráter do Seu Filho é formado em nós. E o motivo da disciplina de DEUS é que sejamos participantes da Sua santidade.

A DISCIPLINA DE DEUS

“Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te”.

(Ap 3.19)

A disciplina de DEUS é uma clara demonstração do Seu amor por nós. Olhando para Laodicéia vemos o SENHOR dizer que essa Igreja estava morna, indiferente a Ele; sua condição exterior é digna de lástima; quanto a sua espiritualidade ela era pobre, como um mendigo que rasteja pedindo esmolas; Laodicéia era uma Igreja sem visão espiritual; ela estava mentalmente cega; e por último, o SENHOR diz que essa Igreja se encontra moralmente exposta, isto é, sua vergonha está exposta.

Agora o SENHOR diz a esta Igreja que Ele a ama apesar dela ser o que é. Mas, também, Ele diz que irá discipliná-la. É sobre esse tema que estaremos estudando.

A palavra “disciplino” que o SENHOR usa aqui em Apocalipse 3.19, é o termo grego elegcho, que significa: “corrigir”, “admoestar energicamente”. Toda a carta a Igreja de Laodicéia é uma clara admoestação do SENHOR. Nessa carta o SENHOR JESUS está atraindo a Igreja para Si. Quando lemos a Bíblia, vemos que não há nenhum versículo que nos ensine que DEUS disciplina os incrédulos. A esfera da disciplina se limita aos cristãos salvos em CRISTO JESUS; e o motivo da disciplina de DEUS é que sejamos participantes da Sua santidade.

Em 1 Coríntios 11.32, diz:

“Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo SENHOR, para não sermos condenados com o mundo”.

Há uma razão clara na disciplina de DEUS. Ela visa nos livrar da condenação que há de vir sobre o mundo. Nosso Pai nos disciplina para que não caiamos na condenação que o mundo receberá. Uma grande lição que nos aprendemos com esta disciplina de DEUS é que ela preserva a nossa salvação.

Vamos retornar para Laodicéia, onde o SENHOR JESUS diz: “Sê pois zeloso” (Ap 3.19). Ser “zeloso” significa que tem ou demonstra zelo; que demonstra cuidado, esmero, atenção e aplicação no que faz; cuidadoso, diligente, que vigia, vela, permanece atento; cuidadoso, cauteloso, precavido; que dispensa grande atenção, afeto, interesse e cuidados para com alguém; cuidadoso. Por não ter sido cuidadosa quanto às verdades espirituais, ele estava pobre, sem visão, exposta.

Quando você estuda as quatro últimas Igrejas (Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia), você verá que a mensagem do SENHOR a essas Igrejas tem a mesma tônica, isto é, antes da promessa aos vencedores, o SENHOR solenemente adverte e encoraja a Igreja quanto ao caráter espiritual. E isso está representado por aquilo que CRISTO tem e é na Igreja.

Textos sobre disciplina

· Dt 8:5 - Sabe, pois, no teu coração, que, como um homem disciplina a seu filho, assim te disciplina o SENHOR, teu Deus.

· Jó 5:17 - Bem-aventurado é o homem a quem Deus disciplina; não desprezes, pois, a disciplina do Todo-Poderoso.

· Pv 3:11 - Filho meu, não rejeites a disciplina do SENHOR, nem te enfades da sua repreensão.

· Jr 5:3 - Ah! SENHOR, Tu os feriste, e não lhes doeu; consumiste-os, e não quiseram receber a disciplina; endureceram o rosto mais do que uma rocha; não quiseram voltar.

· Jr 17:23 - Mas não atenderam, não inclinaram os ouvidos; antes, endureceram a cerviz, para não me ouvirem, para não receberem disciplina.

· Sf 3:2 - Não atende a ninguém, não aceita disciplina, não confia no SENHOR, nem se aproxima do seu Deus.

“Oh Senhor ajuda-nos a nos dobrar ante a tua disciplina”

domingo, 25 de dezembro de 2011

"ONDE ESTÁ AQUELE QUE É NASCIDO REI DOS JUDEUS?"

Tenho verificado que à medida que a humanidade se vai afastando da Verdade e dando ouvidos à mentira, não só a Realeza e a Divindade de Jesus, mas também a Sua identificação judaica e direitos de soberania vão sendo esquecidos e menosprezados.
E subitamente, nesta época do solstício de Inverno, e como que por encanto, lá sai do velho baú a crónica e doentia tradição do presépio, do menino na manjedoura, da árvore de natal, dos cansativos e tantas vezes hipócritas e estourados desejos e mensagens de "boas-festas"...
O pior é quando se veem cristãos mais iluminados pelo simbolismo pagão desta celebração - através da desmesurada troca de presentes, gestos precipitados anuais de solidariedade, iluminação e adorno do pinheiro, comezainas exageradas - em desfavor do verdadeiro culto e adoração d'Aquele que é nascido Rei dos Judeus...
Jesus voltará para reinar como REI DOS REIS
Questiono-me quando vejo alguns ditos cristãos membros de Igrejas ditas cristãs andarem nesta lufa-lufa dos festejos natalícios (à custa de Alguém que nasceu mas que continua oculto na maioria das pessoas), enchendo até as igrejas para as chamadas "festas de natal", mas não os vejo na verdadeira Celebração desejada pelo Messias, ou seja, a verdadeira Eucaristia (acção de graças), ou seja, a Ceia do Senhor. Interrogo-me quando não os vejo expressar contentamento nas celebrações e nos cultos bíblicos, inquieto-me quando os vejo gastarem centenas (deixem-me ser comedido) de euros em prendas de natal e fecharem as suas carteiras quando se trata de investir regularmente no avanço do Reino de Deus aqui na terra...
Percorro as ruas, olho para as parcas iluminações natalícias, olho para as expressões de quem comigo se cruza, ouço os insultos e ameaças desta manhã num aparcamento automóvel pela conquista de alguns metros quadrados para estacionar o bem material de um cidadão que daí a minutos estará certamente a desejar "boas festas" aos amigos, enfim, procuro aqui e acolá "Onde está Aquele que é nascido Rei dos Judeus?", e não O consigo encontrar por estes lados.
Leio e ouço cada vez mais falar de um "Jesus" passível de pecar, casar, viver uma vida oculta, mas não identificado como Deus nem como Rei dos Judeus e Rei dos Reis.
Leio de um "Jesus" que andou a pregar numa tal "palestina", quando essa invenção foi criada por Roma para humilhar o Seu povo eleito, o povo do Messias.
Jesus foi crucificado como Rei dos Judeus
Vejo cada vez mais alguns evangélicos "esvaziando" Jesus do Seu judaísmo, esquecendo que Ele é, foi e sempre será Judeu, nascido de mulher judia, descendente de David, fruto da tribo de Judá, nascido e crucificado como Rei dos Judeus.
Vejo cada vez mais surgirem aqueles que querem um "Jesus" à sua maneira, ao seu gosto, segundo as suas pretensões anti-semitas e politicamente correctas.
Lamento ver não poucos líderes ditos cristãos transformarem "Jesus" num Pai-Natal, ou Papai-Noel, alguém cuja existência só se justifica pela dádiva de boas prendas e satisfação dos caprichos daqueles que lhos exigem, ensinando um evangelho desprovido de preço e sacrifício, mas adocicado com vãs promessas de riqueza e prosperidade...

"ONDE ESTÁ AQUELE QUE É NASCIDO REI DOS JUDEUS?"
Ah, finalmente, abrindo as Sagradas Escrituras, consegui encontrá-l'O "na casa" onde pessoas vindas de muito longe O adoram e Lhe oferecem dádivas que representam não só o sentimento, mas a realidade d'Aquele diante de Quem se prostram:
ouro, porque Ele é Rei; incenso, porque Ele é sacerdote eterno; mirra, porque Ele é o profeta de Deus.
Só pelo estudo da Revelação da Palavra e pela oração O poderemos conhecer
Essa casa é o lugar onde Ele se encontra, para onde foi convidado para estar, independentemente do tamanho, lugar ou posição.
Essa casa é o coração de todo aquele que o declara como Yeshua, o Salvador dos seus pecados, o Rei da sua vida e o Messias, o Ungido, o enviado de Deus para a humanidade.
Essa casa é cada coração que Lhe abre as portas para que Ele possa entrar e ali habitar para sempre, tomando o governo dessa vida e conduzindo-a até à Casa do Pai.
"Onde está Aquele que é nascido Rei dos Judeus?" - Talvez Ele já esteja no teu coração também. Tal como no meu.
Mas se ainda não O encontraste, abre hoje a tua "casa", o teu coração, e deixa o Rei entrar. Ele traz paz, justiça e amor. Ele é o Deus Shalom, o Deus de paz para todos nós. Ele vem para cear contigo, para estar e conviver sempre contigo. Não O deixes passar sem O convidares. Hoje mesmo. Agora mesmo. Ele quer entrar.
"Fica connosco" - suplicaram os discípulos. - "E entrou para ficar com eles. E aconteceu que, estando com eles à mesa, tomando o pão, o abençoou e partiu-o e lho deu. Abriram-se-lhes, então, os olhos, e O conheceram". (Lucas 24:29-31).
A todos vós um cordial e festivo Shalom!

Fonte: http://shalom-israel-shalom.blogspot.com

O FIM DE NÓS MESMOS


Por

Gonzalo Sepúlveda

"Miserável de mim! quem me livrará deste corpo de morte?"

(Romanos 7:24).

Bem conhecida exclamação de Paulo em Romanos 7:24, costuma desconcertar muitos cristãos. Muitos chegam a duvidar de que esta expressão represente a um renascido; ao contrário, parece à condição de um mundano sem relação alguma com o Salvador Jesus Cristo. No entanto, devemos reconhecer que, na sabedoria divina, este famoso capítulo 7 do livro de Romanos está muito bem localizado no Novo Testamento.

A revelação de nós mesmos

Até a metade do capítulo 5 de Romanos, Paulo expõe amplamente a respeito da obra do nosso Senhor Jesus Cristo na cruz em seu aspecto externo ao homem em si: o perdão dos pecados cometidos, por meio do sangue derramado (3:25), o repouso da consciência ou a bem-aventurança de quem sabe que está perdoado (4:7) e em paz para com Deus (5:1).

Mas, a partir da segunda parte do capítulo 5 desta importante epístola, o Espírito Santo começa a nos revelar a condição de "nós mesmos"; não somente os delitos e pecados que nos afastavam do Deus santo, e sim a "constituição" do próprio homem por causa da herança adâmica (5:19).

Nenhum dos frutos do verdadeiro cristianismo poderá ser vistos na vida e testemunho prático do crente, a menos que consiga compreender esta vital revelação que as Escrituras nos mostram a respeito de nós mesmos. A tão sonhada restauração da igreja, a vida corporativa, o funcionamento de todos os membros, a unidade dos filhos de Deus renascidos em Cristo, o testemunho do evangelho por meio da igreja às nações, etc., não será possível, nada será uma prazerosa realidade, a menos que todos, ou a maioria, ou ao menos muitos irmãos e irmãs em Cristo, cheguem a uma clara e inteligente experiência de Romanos capítulos 6 e 7.

Uma das maiores desgraças do cristianismo contemporâneo consiste em que a grande maioria dos irmãos não passa de Romanos 4 em sua experiência de fé, o qual os torna tremendamente vulneráveis na hora de enfrentar situações de provações, tribulações, perseguições, desilusões, conflitos entre irmãos, (leia-se divisões), e batalhas espirituais com o inimigo, Satanás, o acusador.

Quando lemos Romanos capítulos 12 a 16, nos encontramos com uma igreja sonhada: com todos os membros amando-se, preferindo-se e abençoando uns aos outros (12), com um fiel testemunho diante do próximo, diante das autoridades civis, desprezando as obras das trevas e revestindo do Senhor Jesus Cristo (13), recebendo uns aos outros, sem lutas, menosprezos nem julgamentos, vivendo para o Senhor (14), suportando, recebendo e abundando em esperança pelo poder do Espírito Santo, cheios de todo conhecimento (15), e todos os santos servindo com gozo ao Senhor, abrindo as suas casas para a comunhão da igreja e para a evangelização, atentos contra toda divisão e tropeços contra a doutrina (Cristo), servindo sempre a "nosso Senhor Jesus Cristo" e esmagando a Satanás debaixo dos seus pés (16).

Bendita igreja de Cristo, bendita noiva que espera o seu amado, bendito testemunho para quem jaz em seus pecados, bendita luz a um mundo egoísta e escravo de paixões infames. Essa é a igreja sonhada por todo servo fiel e - por que não dizê-lo -, pelo próprio Cristo. É a igreja gloriosa, é a glória posterior (maior que a primeira), pela qual o Senhor virá, fechando a história da graça e iniciando a nova era do seu bendito reinado (como é anunciado em Apocalipse 12:10; 19:7 e 20:6).

Mas, amados irmãos, nada disto poderá se realizar, se não passarmos pelo "máquina de moer" de Romanos 6 e 7. Temos que chegar ao fim de "nós mesmos", a ter-nos por homens e mulheres miseráveis, incapazes de realizar os propósitos divinos; nossas forças devem ser enfraquecidas ao extremo, para dar lugar à vida sempre poderosa e triunfante do Espírito Santo. Quando um cristão não passou por este tipo de crise, costuma tornar-se perigoso - mais ainda, de pouco confiança - na obra de Deus.

Quando Pedro sugeriu ao Senhor que não fosse a Jerusalém, sem dar-se conta, estava recorrendo às suas próprias idéias, ou seja, à sua força natural, às suas "boas intenções". Como sabemos, o Senhor Jesus atribuiu ao próprio Satanás tais intenções (Mateus 16: 22-23). (Neste episódio Pedro representa a muitos cristãos inexperientes, meio formados, cheio de boas opiniões, mas longe de agradar ao seu Senhor). Foi só depois do triste episódio da negação, que este servo chegou a conhecer a si mesmo. Tal experiência é o melhor exemplo do relatado pelo apóstolo Paulo em Romanos 7:24. Naquele pranto amargo (Mateus 26:75), Pedro tomou real conscientização da sua miséria pessoal.

Em Lucas 5:8, Pedro tem consciência dos pecados cometidos em sua vida antes de conhecer o senhor Jesus, mas em Mateus 26 chega a ter consciência de sua incapacidade natural de agradar ao Senhor com as suas próprias forças: teve o "querer fazer o bem, mas não a capacidade de realizá-lo" (Romanos 7:18). Isto é o que tecnicamente poderíamos definir como "a operação ou experiência subjetiva da cruz". No Antigo Testamento este tema está amplamente tipificado em todos os fracassos de Israel em sua peregrinação pelo deserto e também na circuncisão de todos os homens na colina de Haaralote, relatado no livro de Josué capítulo 5, entre outras passagens.

A necessidade de uma experiência mais profunda

Amados irmãos e irmãs que de coração limpo invocam o precioso nome de nosso Jesus Cristo em todo lugar, vivemos uma hora crucial no desenvolvimento do propósito de Deus nesta geração. É urgente e necessário que inclinemos o coração diante do trono do nosso bendito Deus e Pai e reconheçamos que, a menos que a vida da ressurreição do nosso Senhor Jesus Cristo se manifeste em cada um de nós, não seremos de muita utilidade no seu reino. Para isto, é necessário que a Sua palavra faça-se vida em nós, que deixemos atrás os tempos de preguiça e negligência, os tempos em que só líamos passagens devocionais favoritos em nossas Bíblias, e roguemos ao Senhor que nos revele a sua palavra da cruz (1ª Cor.1:18) tal como ele deseja que a conheçamos; que passemos para uma etapa mais elevada, mais madura, de nossa experiência em Cristo Jesus.

Até quando o nosso testemunho estará limitado à experiência do perdão dos nossos pecados por Seu sangue? Já não é tempo de levantarmos e proclamar que em Cristo morremos para o pecado e que, além disso, morremos para a lei? Não descansemos (na realidade não há descanso possível), até que o que está escrito em Romanos 6, 7 e 8 venha a ser parte da nossa própria vida, de nossa bendita experiência em Cristo. De outra maneira, passaremos a fazer parte da extensa lista de cristãos frustrados, que jamais entraram nas riquezas da graça do nosso Deus e que estão expostos a ter grande perda no tribunal de Cristo.

Deus nos chama a sermos protagonistas do nosso tempo, vencedores em meio de um cristianismo morno e conformista. É hora de nos levantar com o poder da "lei do Espírito de vida em Cristo Jesus", para que o Senhor Jesus Cristo obtenha a Sua igreja gloriosa. Ele a obterá sem dúvida, mas nossa aspiração deve ser estar lá: ser parte da noiva vestida de linho fino, ser um dos vencedores de Apocalipse 2, ser dos servos fiéis de Mateus 25.

É fácil reconhecer a vida de Cristo fluindo em outro irmão. Torna-se bela e singela a relação de comunhão, de amor e até de serviço entre os servos, irmãos e irmãs, cujo único centro das suas vidas é o próprio Cristo. De outra forma, se tão somente nos encontrarmos com um 'sábio cristão', de conhecimentos fora do nosso alcance, com uma vida cristã teórica e religiosa, ao relacionarmos com tal irmão, nos encontraremos talvez com boas doutrinas, com uma linda história, mas, enfim, só tocaremos 'no homem' que sustenta certas verdades (pelas quais lutará até render a sua vida), mas infelizmente, ao não encontrarmos com a inconfundível vida de Cristo nele, a comunhão é algo quase impossível… A cruz não foi provada na experiência; a arrogância e a auto-suficiência do homem natural ainda estão muito presentes.

Certamente para muitos dos nossos leitores este tema já lhes é conhecido e repetitivo nesta publicação, mas de algum forma sentimos que não devemos deixar de insistir sobre o mesmo, pois a ignorância de muitos filhos de Deus os mantém cativos, sem saída nem resposta diante das grandes interrogações do estancamento da fé. É triste ver multidões de cristãos, em muitos lugares, seguindo lideranças e/ou doutrinas heréticas. Muitas vezes, as ovelhas do Senhor terminam exauridas por quem - como profetizou Paulo em Atos 20:29 - não poupando o rebanho, fazem dos santos uma mercadoria, enquanto estes jazem em sua ignorância, ofuscados pelas coisas externas da fé.

Muitos terminarão frustrados, desiludidos, pois nunca amadurecerão; viveram pela fé de outros, até terminarem enredados em sua própria ruína.

Digamos, finalmente, que Deus quer que, além de reconhecermos que somos pecadores por causa das faltas cometidas, cheguemos ao fim de nós mesmos, a reconhecer que, a menos que Cristo viva em nós (isto implica nossa crucificação nele), não poderemos jamais agradar-lhe. Então nos firmaremos no Espírito Santo, poderoso para nos vivificar interiormente e, em comunhão com todos os que se negaram a si mesmos, veremos os dias mais gloriosos da história da igreja… a igreja gloriosa pela qual nosso Marido celestial não tardará em retornar!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

ESTUDO DE HEBREUS


Correndo a carreira pela fé

Por: Romeu Bornelli

Hb 11:13,39-12:3

Como vimos somos chamados à perseverança. Essa palavra “perseverança” é um termo muito importante dentro deste livro. Veja o que nos diz Hb 10:36:

“Com efeito, tendes necessidade de perseverança...”

Esse termo nos diz que a intenção do livro de Hebreus é que tenhamos desenvolvida, encorajada a nossa perseverança. Porque o assunto de Hebreus é a “carreira cristã” ou o “correr” esta carreira ou ainda, o “progresso” desta carreira. O livro de Hebreus todo se relaciona com progresso.

Vimos que Hebreus conecta fé a perseverança. É o instrumento necessário para que corramos a carreira cristã. Hebreus não coloca o foco no futuro. Coloca o foco no presente. No correr a carreira. O escritor diz que a fé é o único instrumento espiritual capaz de preservar (conservar) a alma. Correndo esta carreira até o fim, guardando a Palavra de Deus, guardando o testemunho de Jesus. Por isso ele vai insistir no cap. 11 o assunto da fé. Os Heróis da fé. Eles correram as suas carreiras, perseveraram pela sua fé. Avançando um pouco vimos Hb 11:1, veja o que nos diz:

“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.”

Então aqui o escritor vai nos ajudar a entender a fé. Ele diz que a fé é: “a certeza”. O significado aqui é “substância”, “conteúdo”. A fé é o conteúdo, a substância de coisas que se esperam. A fé nos trazendo conteúdo de coisas que iremos “herdar” plenamente naquele Dia. Então ele diz que a fé é esse instrumento que nos traz certeza. Fé que tem substância. Fé que tem apoio. Então fé em Hebreus está ligada à carreira cristã, à vocação celestial.

Estivemos compartilhando alguns exemplos de vida de fé no cap. 11 de Hebreus. Agora veja o que o autor nos diz em Hb 11:13:

“Todos estes morreram na fé, sem ter obtido as promessas; vendo-as, porém, de longe, e saudando-as...”

Porque toda esta vida que eles viveram, pela fé, apontava para a realidade a ser revelada na pessoa de Cristo. Quando Cristo veio em carne toda a esperança de Abel, Enoque, Noé se cumpriram. Então eles não “obtiveram” porque viveram antes de Cristo. Mas não nós. Nós vivemos depois de Cristo. Agora veja Hb 11:39:

“todos estes que obtiveram bom testemunho por sua fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa

Também Hb 11:40:

“por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados.”

O autor diz que Deus proveu coisa melhor a nosso respeito. Com que razão? Para que eles fossem aperfeiçoados. Porque nós vivemos depois da concretização de todas as promessas em Cristo.

Avançando o autor vai concluir o assunto da fé. Veja Hb 12:1:

Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas...”

Portanto” olhando estes exemplos. Quais? A nuvem de testemunhas. É assim que eles são chamados. A idéia aqui é de uma arena. Onde eles estão assentados nas arquibancadas gritando para corrermos a carreira. Essa é a idéia metafórica. Como se dissessem: “corram com perseverança porque o resultado é certo”. De que maneira devemos correr esta carreira? Veja Hb 12:1 na sequência:

desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta

Pela fé precisamos nos desembaraçar de “peso e pecado”. Como a nuvem de testemunhas se desembaraçou? Vamos tomar de exemplo Moisés. Qual era o embaraço dele? O trono do Egito. Como ele conseguiu? Olhando pela fé nos fatos. Qual era o fato? Hb 11: 26:

“... porque contemplava o galardão.”

Essa exortação do cap. 12 está colocada sobre o cap. 11. Qual é a exortação? Façam como eles. Tirem todo peso e pecado. O que será que na nossa vida é peso? Veja que a preocupação do autor, inspirado pelo Espírito, traz o “peso” antes mesmo do “pecado”. Qual a razão? Porque o engano do mundo é mais sutil do que o engano do pecado. A capacidade que o mundo tem de “pesar” sobre nós é maior. É mais sutil do que o peso do pecado. O pecado de certo forma é mais discernível. Então desembaraçando de todo o peso e do “pecado”. E aqui parece especificar um pecado em especial. O da incredulidade. Esse pecado “tenazmente” nos assedia. Esse pecado é destacado no livro. E o assunto aqui é fé. Temos que crer para correr a carreira.

De maneira particular em que fato não estamos crendo? Em que áreas, aspectos da nossa vida têm faltado descanso? Família, filhos, trabalho, dinheiro, ansiedades, preocupações, cuidados de pessoas? O peso dessas coisas nos impede de correr a carreira. Nós precisamos tocar Deus e os fatos de Deus relacionados a cada assunto.

Vamos avançar um pouco mais até o cap. 12:3. O tema do nosso estudo é: Correndo a carreira pela fé. Cada personagem que foi escolhido pelo autor inspirado do livro de Hebreus, visa nos deixar uma lição central como estimulo para a nossa própria vida de fé, para o nosso próprio correr a carreira. Desde Abel no verso 4 de Hebreus 11 até o próprio Senhor Jesus citado no verso 3 de Hebreus 12. Ele próprio correu esta carreira pela fé. Quando diz que Ele contemplava uma alegria que lhe estava proposta, fala da sua corrida pela fé. Veja Hb 12:2:

“... Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz...”

Ele não tinha ainda esta alegria diante dele antes da cruz. Ele tinha uma alegria que lhe estava proposta. Este era o fato. Que Ele iria tanto proporcioná-la ao Pai, uma família de filhos, quanto a si mesmo uma noiva, Sua Igreja, após a morte na cruz. Então a própria carreira do Senhor Jesus, sem duvida alguma, foi uma carreira de fé. Veja o que diz Is 50:10:

“... Aquele que andou em trevas, sem nenhuma luz, confie em o nome do SENHOR e se firme sobre o seu Deus.”

Então a vida do Senhor Jesus foi uma vida de fé. Por isso o verso 2 de Hebreus 12 diz que Ele é o Autor e Consumador da fé. O sentido destas duas palavras – Autor e Consumador – dentro do contexto da carta aos Hebreus é muito claro. Significa que Ele é o pioneiro, aquele que fez o curso primeiro, chamado de precursor. Veja Hb 6:20:

“onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre...”

Ele é aquele que já está além do véu. Fez o curso antes de nós. Ele é o precursor ou segundo o verso 2, Autor. Não apenas precursor, Autor, mas Finalizador, Consumador da nossa fé. Então como que nós adquirimos fé para corrermos esta carreira? Não é fazendo pensamento positivo. Mentalização. Não é sendo otimistas. Mas... olhando firmemente para Jesus. Veja Hb 12:2:

olhando firmemente para o Autor e Consumador da , Jesus...”

Olhando para Ele a vida da fé é alimentada nos nossos corações. Ele é a fonte da fé. Toda a vida do Senhor Jesus consuma todos os exemplos da vida da fé citados até aqui. Nós não corremos a carreira olhando para Abel, Enoque, Noé, Abraão, etc. Nós temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas. Sim. Mas... corremos a carreira olhando para o Autor e Consumador da fé. O próprio Senhor Jesus. Lembra lá no monte da transfiguração quando apareceu duas grandes figuras ao Seu lado. Figuras tão importantes dentro do contexto do Velho Testamento. Moisés representante da Lei e Elias representante dos profetas. Eles foram vistos ao lado do Senhor Jesus por Pedro, Tiago e João. Agora veja o que Deus disse. Veja Mt 17:5:

Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi.”

Deus disse: “a ele ouvi.” Veja o verso seguinte Mt 17:8:

“Então, eles, levantando os olhos, a ninguém viram, senão Jesus.”

Então o cap. 11 de Hebreus consuma com o próprio Senhor Jesus como aquele que alimenta a nossa fé. Ele é o próprio Autor da fé, Consumador da fé. Todos os Heróis da fé somem diante dEle.

Então o livro de Hebreus nos apresenta diversos “fatos” em Cristo para que possamos olhar pela fé e assim, correr a carreira com perseverança. Assim como a nuvem de testemunhas de Hebreus 11 puderam olhar os fatos na sua época e correr as suas carreiras. Quais são estes “fatos” apresentados em Hebreus até aqui? Vamos relembrá-los para que tenhamos desenvolvida e encorajada na nossa fé. Vamos procurar extrair esses fatos em cada capítulo do livro. Vejamos:

· Cap. 1As sete glórias de Cristo.

1 - Herdeiro de todas as coisas.

2 - Criador do universo.

3 - Resplendor da glória.

4 - Expressa imagem do seu Ser.

5 - Sustentador de todas as coisas.

6 - Purificação de pecados.

7 - Assentou-se à direita da Majestade

· Cap. 2 – A tão grande Salvação. Salvação completa – espírito, alma e corpo. Salvação nos três tempos – passado, presente e futuro. Temos ainda aqui a humanidade do Senhor Jesus.

· Cap. 3 – A Vocação Celestial.

1- Casa espiritual.

2- Companheiros de Cristo.

3- Descanso de Deus.

· Cap. 4 – O Sacerdócio de Cristo. O alimento sólido da carta. Aqui é apresentado o nosso grande Sumo Sacerdote.

· Cap. 5 – a superioridade do Sacerdócio de Cristo.

· Cap. 6Chamado à maturidade.

· Cap. 7 – A ordem de Melquisedeque.

· Cap. 8 – Cristo Ministro do Santuário e do verdadeiro Tabernáculo.

· Cap. 9 – O caminho do Santo dos Santos.

· Cap. 10Permanecendo no Santo dos Santos.

· Cap. 11Cristo Autor e Consumador da nossa . A carreira cristã pela fé. A fé é o único instrumento, é o conteúdo.

Estão diante dos nossos olhos os “fatos” apresentados pelo autor de Hebreus a nós. Possamos firmar-nos nAquele que é o Autor e Consumador da fé, Jesus. Somos chamados a colocar os nossos olhos, fixá-los nEle, atentamente. Somente assim poderemos nos desembaraçar para correr a carreira, a nossa Vocação Celestial.

Atos 16:5

“Assim, as igrejas eram fortalecidas na fé e, dia a dia, aumentavam em número.”

domingo, 18 de dezembro de 2011

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 130

Por: Luiz Fontes

25ª Estação – Mítica (parte 4)

TEXTOS: Nm 19:1-3; Ex 12:19-28; 1 Co 5:6-8; Rm 3:23; Rm 5:8-9; Ex 12:3-13; Lv 16; Rm 3:25; Rm 6:6

Vamos dar prosseguimento ao estudo desta 25ª estação (Mítica), onde estamos vendo alguns aspectos acerca da nossa redenção. Precisamos entender a nossa vida hoje, nossa posição cristã, por causa do sangue de Cristo Jesus, por tudo aquilo que Ele cumpriu lá na cruz do Calvário. E isso, olhando para a história de Israel, para essa maravilhosa tipologia que encontramos aqui no Velho Testamento, que, em essência, em sua realidade espiritual, nos é revelada no Novo Testamento. Isso é muito glorioso! Somente Deus, em Sua eterna sabedoria, por meio do Seu Espírito Santo, poderia nos ensinar tudo isso. E é o que estamos vendo, aprendendo neste momento.

Estamos estudando Mítica, mas dando uma pincelada em Ramessés, a primeira estação, que fala justamente da saída do povo de Israel do Egito. E quando olhamos para o Novo Testamento, vemos que aqui Deus tratou com a nossa vida em relação ao mundo, ao pecado, aos pecados, à nossa carne, ao nosso eu (tudo isso é tão glorioso!). E, agora, nós que ainda estamos neste corpo de pecado, neste corpo ainda suscetível a tantas coisas, em relação ao próprio mundo, à carne, a nós mesmos, ao nosso ego, como podemos viver uma vida cristã autêntica? Qual é a base de tudo isso? Nós vamos desfrutar da parte do Senhor. Mas, hoje, gostaria de focar um pouco sobre a Páscoa, considerando Êxodo 12:21-28.

A Páscoa

Antes de o povo de Israel sair do Egito, Deus instituiu a Páscoa, uma celebração que apontava para a cruz de Cristo Jesus. Estudando Êxodo 12:19, vemos que o Senhor diz assim:

19 Por sete dias, não se ache nenhum fermento nas vossas casas; porque qualquer que comer pão levedado será eliminado da congregação de Israel, tanto o peregrino como o natural da terra.”

Observe aqui o termo “fermento”. Biblicamente falando, esse termo é uma referência à figura do pecado. O que aprendemos aqui é que o Senhor quer que nos afastemos do pecado. Isso é arrependimento. Quando vamos ao Novo Testamento, temos que ver a aplicação espiritual dessa verdade. O irmão Mackintosh, em seu comentário sobre o Livro de Êxodo, diz assim: “Deus encontrou um substituto imaculado para Israel, sobre o qual foi executada a sentença de morte”. Foi o que Deus fez. Deus encontrou um substituto lá naquele cordeiro que cada uma das famílias do povo de Israel tomou e sacrificou. Nele Deus exerceu seu juízo, como uma figura daquilo que Ele cumpriu em Seu Filho lá na cruz do Calvário. E Deus fez isso para tratar com o nosso pecado. Por isso, é uma ordenança, um mandamento do Senhor, que nos afastemos de todo fermento, um símbolo do pecado.

Em 1 Coríntios 5:6-8, Paulo diz assim:

6 Não é boa a vossa jactância [orgulho]. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda? 7 Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado [essa é a realidade de Êxodo 12]. 8 Por isso, celebremos a festa não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade.”

Amados, irmãos e irmãs, tudo isso é muito maravilhoso na Palavra de Deus. Por que, se queremos viver uma vida cristã autêntica, verdadeira, cheia de realidade espiritual, precisamos nos afastar daquilo do qual Deus já nos libertou. Quando você olha para esta saída de Ramessés, você compreende a nossa libertação do pecado e do mundo hoje. Isso nos leva a entender o fundamento da cruz, do poder e do sangue do Senhor Jesus na cruz do Calvário. É por isso que necessitamos do sangue e da cruz na nossa vida. O sangue do Senhor Jesus trata com aquilo que fizemos; e a cruz trata com aquilo que somos. O sangue nos purifica da corrupção dos pecados; e a cruz atinge em nós a nossa capacidade de pecar, a nossa própria natureza voltada para o pecado e para pecar. É aqui que a cruz trata, encrava o seu poder, para nos libertar dessa capacidade pecaminosa, que foi constituída na nossa própria natureza, devido à queda de Adão e Eva.

Amados, é por causa do sangue de Cristo que fomos justificados diante de Deus, e não por causa das nossas próprias obras ou por qualquer outra coisa. Romanos 3:23 diz:

23 pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,”.

Depois, em Romanos 5:8-9, Paulo prossegue dizendo:

8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. 9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.”

Tudo isso é tão maravilhoso! Prestem bem atenção, olhem para esses textos na Palavra de Deus. Quando consideramos a natureza da queda do homem, vemos que o pecado entra na forma de desobediência, para criar, em primeiro lugar, a separação entre Deus e o homem. E, ainda, o pecado traz ao homem o sentimento de culpa, pois oferece ao próprio satanás a possibilidade de nos acusar diante de Deus. Mas, amados, a grande obra da salvação que Deus, em Cristo, realizou a nosso favor trata com estas três áreas da nossa vida, especificamente: o pecado, a culpa e a acusação de satanás. Não somente com essas três áreas, sabemos. Mas, nesse aspecto diante de Deus, em relação a satanás, naturalmente, trata diretamente com a questão do pecado, com a questão da culpa e com a questão da acusação de satanás. E é pelo sangue de Cristo que Deus tratou com o pecado, com a culpa e com as acusações de satanás, que havia sobre nós, diante de Deus.

Segundo a Bíblia, o sangue é para a expiação. Por isso, ele se relaciona com a nossa posição diante de Deus. Se desejamos entender o poder do sangue de Cristo, temos que compreender o que ele significou para Deus. O sangue é, pois, em primeira instância para Deus, e não para nós. O sangue de Cristo no eterno propósito de Deus é algo que precisamos ver. O propósito do sangue e da cruz é trazer uma correção na vida do homem. Deus, nosso bendito e eterno Pai Celeste, trata, através do sangue, com tudo o que Adão fez. E trata, através da cruz, com tudo aquilo que Adão, isto é, a natureza adâmica, é em seu estado decaído em nós. Então, temos que entender o que o sangue do Senhor Jesus, derramado lá na cruz, significou e significa para Deus.

Êxodo 12:3-13 nos mostra isso de uma forma muito clara. Nesses textos observamos que o sangue não era para ser apresentado para o homem, nem para ser sentido ou entendido por aquele povo – de modo algum. Segundo esses textos, vemos o sangue aspergido nos umbrais da porta, do lado de fora. Veja que o sangue era inteiramente para o Senhor. Como um ato de fé e obediência, deveriam colocá-lo nas ombreiras da porta, do lado de fora, porque era para Deus ver o sangue. Aqueles que estavam dentro das casas, poderiam crer, com toda segurança, porque o sangue significaria para Deus exatamente aquilo que Deus exigia. O sinal do sangue nas portas era, exclusivamente, inteiramente, absolutamente, para Deus.

Quando vamos para Levítico 16, vemos que é um capítulo que fala sobre o dia da expiação, em que a oferta pelo pecado, por Israel, era realizada publicamente no pátio do Tabernáculo. O sacrifico era realizado à vista de todo o povo, contudo, o sangue era levado para dentro do Santo dos Santos para ser aspergido sete vezes, diante do Senhor, defronte da arca, pelo sumo sacerdote. Isso o povo não via. Por quê? Porque o sangue era para Deus.

Através dessas duas cerimônias, entendemos que o sangue era oferecido em resposta ao mandamento de Deus. Não era para a mente humana entender o significado. O homem deve simplesmente obedecer e acreditar na promessa de Deus a respeito de tudo aquilo que Ele, Deus, diz para nós na Sua Palavra. O sangue do Senhor Jesus é revelado ao homem pecador como a base legal sobre a qual essa pessoa pode apoiar-se para obter o eterno perdão. O homem não precisa saber como ou por que; ele deve aceitar o que a Bíblia diz a respeito daquilo que o Senhor Jesus cumpriu.

Amados, irmãos e irmãs, devemos entender que a obra da cruz está completa, eternamente. Do ponto de vista de Deus, tudo está consumado. Nos primeiros oito capítulos de Romanos são nos apresentados dois aspectos da salvação: a justificação pelo sangue e a libertação através da cruz. Através da cruz o Senhor Jesus eliminou nossa dependência de nossos recursos naturais, de forma que possamos viver através da vida de Cristo Jesus, daquilo que Ele cumpriu, daquilo que Ele fez diante de Deus e daquilo que foi derramado pelo Espírito Santo e está dentro de nós.

Amados, quero considerar este assunto, focando essa Epístola aos Romanos. Quando estudamos os capítulos 1 a 8 de Romanos, compreendemos claramente que essa epístola está dividida em duas seções: na primeira parte, lendo Romanos de 1 a 8, vemos aqui duas referências ao sangue do Senhor Jesus – Rm 3:25 e Rm 5:9; na segunda parte, ainda nesses capítulos de 1 a 8, podemos perceber com muita clareza que é introduzida uma nova ideia, que está em Rm 6:6, quando diz que “fomos crucificados com Cristo”.

O argumento da primeira parte de Rm 1 a 8 centraliza-se em torno daquele aspecto da obra do Senhor Jesus que é representado pelo sangue derramado para o perdão dos nossos pecados: tornar-nos justos, puros, diante de Deus. E a segunda parte, dentro desses capítulos de 1 a 8, tem seu foco na cruz: que fala da nossa união com Ele na Sua morte, sepultamento, ressurreição e ascensão.

O sangue está relacionado com aquilo que fizemos, enquanto a cruz com aquilo que somos. O sangue nos purifica de todos os pecados; e a cruz atinge em nós, como já disse, essa capacidade do poder do pecado na nossa vida. É isso que nos transforma, é isso que nos muda, é isso que faz de nós novas criaturas. É isso que nos torna pessoas completamente adequadas para servir a Deus, para viver uma vida que agrada ao Senhor, porque a vida cristã está toda baseada no sangue e na cruz de Cristo – naquilo que ele cumpriu e naquilo que Ele está fazendo. Do contrário, amados, seria impossível vivermos a vida cristã segundo a Palavra de Deus. Se não acreditamos, se não nos apropriamos dessas verdades doutrinárias na nossa experiência cristã prática, tudo em nós é em vão, toda a vida cristã é simplesmente uma religiosidade.

Deus não tem uma religiosidade para você, Ele tem Cristo. E Ele quer que você ganhe essa verdade, que você experimente essa verdade, que você desfrute dessa verdade, que você viva essa verdade.

Que Deus lhe abençoe. Que o Senhor possa, rica e poderosamente, falar ao seu coração.