Taate – 23ª Estação (parte 9)
TEXTOS: Nm 18:20-24; 2Tm 2:4; Gn 14:18-20; Ef 1:3; Gl 3:14; Gn 1:17; Ml 3:10
Os textos relativos a essa estação, Taate, estão em Números 18:20-24. Esses textos dizem assim:
“20 Disse também o SENHOR a Arão: Na sua terra, herança nenhuma terás e, no meio deles, nenhuma porção terás. Eu sou a tua porção e a tua herança no meio dos filhos de Israel. 21 Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da congregação. 22 E nunca mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da congregação, para que não levem sobre si o pecado e morram. 23 Mas os levitas farão o serviço da tenda da congregação e responderão por suas faltas; estatuto perpétuo é este para todas as vossas gerações. E não terão eles nenhuma herança no meio dos filhos de Israel. 24 Porque os dízimos dos filhos de Israel, que apresentam ao SENHOR em oferta, dei-os por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel, nenhuma herança tereis.”
Aqui nós vamos ver outro aspecto que precisamos aprender nessa estação de Taate: o direito do sacerdócio; o apoio financeiro que eles tinham. É nesse contexto que voltamos ao livro de Números, capítulo 18.
Já vimos como Deus separou os levitas, vimos a questão da consagração para o ministério, para o serviço a Deus – como Deus havia separado exclusivamente os levitas para se ocuparem da sua obra. E Deus lhes disse que não teriam nenhuma herança no meio do povo de Israel, mas que o Senhor mesmo seria a herança deles. Deus não lhes deu o direito de comercializarem para que pudessem viver uma vida para eles mesmos. Eles deveriam viver uma vida para Deus.
Em 2 Timóteo 2:4 nós vemos o mesmo versículo que Paulo aplica em relação ao ministério, e diz:
“4 Nenhum soldado em serviço se envolve em negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou.”
Isso é muito claro, porque Deus quer que aqueles que Ele chama para o ministério estejam ocupados com o ministério. Creio que isto deva ser uma coisa muito clara, uma questão prática para a nossa vida, para a obra de Deus. Nós vamos ver isso de uma forma muito abrangente, pois durante alguns dias nós estaremos estudando sobre este assunto.
A primeira questão que quero colocar para vocês hoje é o princípio espiritual do dízimo, que nós vemos aqui. É lógico que esse assunto não inicia aqui, e nem tão pouco em essência o princípio dos dízimos está revelado aqui. Vemos aqui um aspecto dos dízimos em relação aos levitas no Antigo Testamento, mas, acima de tudo isso, há um princípio espiritual que permeia toda a Palavra de Deus. Podemos olhar para isso hoje com muito temor e entender por que os grandes eruditos cristãos, quando estudavam a Palavra de Deus, tinham um princípio que nós precisamos observar: o princípio da primeira menção. Segundo um dos grandes eruditos do passado, toda vez que um apalavra ocorre pela primeira vez na Bíblia, devemos estudá-la com todo cuidado, porque ali se apresenta o princípio dela, ali está o princípio que permeia toda a sua essência, toda a sua natureza, todo o seu ensino. Então, quando nós estamos querendo estudar sobre o princípio dos dízimos, temos que abrir as nossas Bíblias em Gênesis 14:18-20. Esses textos dizem assim:
“18 Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do Deus Altíssimo; 19 abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra; 20 e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo.”
O que aprendemos nesses textos é que Abrão vinha de uma grande vitória e, logo em seguida, Melquisedeque ministra pão e vinho a Abrão. Aqui nós temos que fazer algumas proposições para que, por um lado, venhamos resumir todo esse assunto que é muito amplo e, por outro lado, extrair lições muito práticas para nós, para nosso viver hoje. Precisamos fazer isso, e iremos fazê-lo por meio de proposições.
1ª proposição:
A primeira proposição que lhes quero apresentar nesses textos é que Abrão vinha de uma grande vitória sobre quatro reis. Quando você estuda toda a Palavra de Deus, especificamente o Novo Testamento, você vê também que existem principados e potestades e dominadores desse mundo tenebroso. Além disso, se você fizer um estudo muito claro, verá que a luta do cristão é contra o mundo, contra a carne, e contra a morte. Esses foram os quatro inimigos que o Senhor Jesus venceu. E aqui em Gênesis nós vemos que Abrão venceu quatro reis. Creio que no mundo espiritual esses quatro reis apontam para nós: o mundo, a carne, o diabo e a morte. Desde que Abrão venceu esses quatro reis ele foi estar com Melquisedeque.
2ª proposição:
Assim, vem a segunda proposição, pois, logo surge Melquisedeque, que ministra pão e vinho a Abrão. Ora, o pão e o vinho não são os dois elementos da Mesa do Senhor? Não são esses elementos que proclamam a vitória do Senhor sobre o mundo, sobre a carne, sobre o diabo e a morte? O pão e o vinho não são os elementos da cruz? E agora nós não partilhamos desta mesma vitória, desta mesma vida, participamos deste pão, participamos deste cálice que é o cálice da Nova Aliança do Senhor?
Então eu gostaria que você prestasse atenção e fosse empilhando cada um desses pontos para poder compreender que muitas pessoas têm ensinado sobre a questão de dízimos de uma forma completamente irresponsável, sem nenhum temor, vendo apenas a questão do dinheiro, vendo apenas a questão do lucro financeiro, vendo apenas vantagens humanas. Precisamos estudar isso com muito temor; precisamos tirar as sandálias dos nossos pés e ver a seriedade desse assunto. Vejam o princípio que a Palavra de Deus coloca para nós.
3ª proposição:
Nessa terceira proposição, Melquisedeque abençoa Abrão e declara:
“Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra”.
Esse texto é interessante porque nos transporta para Efésios 1:3 que diz assim:
“Bendito o Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo Jesus”.
Ainda precisamos ver outro texto que está em Gálatas 3:14, que diz assim:
“Para que a benção de Abraão chegasse aos gentios em Jesus Cristo”.
Meus amados, quero que vocês observem a frase “a benção de Abraão”. Sabemos que no contexto de Gálatas 3 esse assunto é muito mais profundo, mas notem que essa frase nos revela que DEUS mesmo é a benção em Abraão. O Senhor Jesus como nosso Sumo Sacerdote está ministrando DEUS para dentro de nós. Isso porque, se você abre a sua Bíblia em Hebreus 7, você vê que o Senhor Jesus foi prefigurado por Melquisedeque. E aqui nós vemos algo muito especial, quando Melquisedeque diz assim para Abraão: “Bendito seja Abraão pelo Deus altíssimo”. A bênção de Abraão não foi a derrota dos quatro reis; a bênção de Abraão era maior do que isso, era o próprio Deus sendo nele a vitória, era o próprio Deus sendo nele a promessa, porque essa promessa vai culminar com a vinda do Senhor Jesus. Era muito mais do que ele podia imaginar, era o próprio Deus sendo dispensado a ele. Essa era sua bênção.
Nós sabemos que quando Paulo diz “Bendito seja o Deus e Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais”, as bênçãos espirituais são as bênçãos eternas. Por isso, o cristão, quando conhece em profundidade essas verdades, não vive uma vida ansiosa em relação ao mundo e nem mesmo às coisas do mundo; ele não é escravizado pela sua carne, não é escravizado pelas compulsões carnais, porque vive uma vida segura em Deus, uma vida sustentada pela dádiva de Deus em Cristo. É assim que se vê a vida cristã, é assim que se vive a vida cristã. A medida da vida cristã é uma medida espiritual, não é uma medida material. Essa media espiritual ultrapassa o material.
4ª proposição:
Nós podemos avançar para a quarta proposição, quando o texto em Gênesis diz assim:
“e de tudo lhe deu”
Quero que você note esta expressão: "deu Abrão o dízimo”. Primeiro. o dízimo não é um pagamento que você faz para Deus trabalhar para você. O dízimo não é um pagamento, o dízimo é uma entrega. Você tem que dar, você não tem que pagar, você tem que dar. Como já vimos, um princípio que os eruditos usam para o estudo da Palavra é considerar o estudo da Palavra obtendo informação da sua primeira menção. E a expressão "deu" ocorre pela primeira vez em Gênesis 1:17. E mais uma vez nós voltamos a esse mesmo princípio que os eruditos estudaram no passado. Gênesis 1:17 diz assim:
"e os colocou no firmamento dos céus para alumiarem a Terra"
Observem esta expressão: "colocou". No hebraico ela é “deu”, que ocorre pela primeira vez aqui em Gênesis 1:17. O que eu entendo é que Abraão colocou este princípio em sua vida como firmamento. Dar a Deus o dízimo tornou-se como um firmamento na vida de Abraão. Ele aprendeu que dar é o verdadeiro ter. Se, por meio dos dízimos ou por meio das ofertas, damos, temos que compreender que damos a Deus. E foi aqui que Abraão pôde compreender.
Você pode ver a mesma experiência na vida de Jacó, na vida do povo de Israel. Isso é muito especial, pois, tanto Israel quanto Jacó, assim como Abraão, entregaram o dízimo ao Senhor. Porque dízimo tem que ser o nosso relacionamento com Deus. Não é o nosso relacionamento com as coisas. Não é que vamos fazer as coisas porque nos pedem para fazer. Não vamos fazer as coisas porque temos que agradar pessoas. Nós temos que fazer diretamente para Deus. É um relacionamento com Deus, é uma vida com Deus. Se você dá com o propósito de coagir, de constranger, que Deus vai fazer algo para você, você está completamente enganado. Alguém deve ter ensinado: mas você não leu lá em Malaquias 3:10: “Trazei todos os dízimos à casa do Senhor, e quem não traz o dízimo está roubando do Senhor. Por isso, você tem que trazer pra você não ser ladrão”. Oh! Meus irmãos e irmãs, espero que você possa estudar esse texto comigo. Vamos abrir a Palavra de Deus e vamos analisar esse texto conforme foi escrito no original hebraico, para podermos entender a profundidade e o significado disso.
Quanto à expressão “A Casa do Senhor”, “A Casa do tesouro”, onde estão os tesouros de Deus? O que significa trazer o dízimo para que haja mantimento na Casa de Deus? Que tipo de mantimento é esse que deve ter na casa de Deus? Precisamos ter uma visão da Casa de Deus. Se você não tem uma visão da Casa de Deus, você não sabe o que significa dízimo. É por isso que hoje existe por aí essa compulsão pelo "ter", enquanto as pessoas, no seu "ser", estão pobres espiritualmente, estão morrendo espiritualmente. Está faltando mantimento na Casa de Deus. Por mais que alguns de nós tenhamos nossos carrões, nossas lindas casas, espiritualmente podemos estar pobres. E Deus não quer isso para o Seu povo. Deus não quer a pobreza. Em nenhum aspecto ela é uma benção de Deus, a não ser que alguém diga que tem que viver assim. Se você sente, amém. Ninguém vai questionar isso se você sente direção vinda do alto. Mas, a mais terrível, a mais perversa pobreza que temos visto nesse tempo é a pobreza espiritual, é a pobreza dos valores espirituais. Eu penso que dentro dessa verdade Deus deseja restaurar em nós, em nossa própria experiência, os valores espirituais perdidos.
Que o Senhor nos ajude pela Sua Palavra. Que o Senhor nos leve a podermos compreender a verdade desse ensino dentro da realidade do nosso contexto, da nossa experiência cristã prática. Que Deus fale ao seu coração.