segunda-feira, 13 de junho de 2011

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 108


Maquelote – 22ª Estação (parte 2)

TEXTOS: Êxodo 18:8-9; Êxodo 19:5-6; Apocalipse 1:4-6; Apocalipse 5:9-10; 1 Pedro 2:4-5 e 9-10

Irmãos, vamos dar continuidade ao maravilhoso assunto que envolve essa 22ª estação – Maquelote. Estamos ainda na introdução, na parte inicial. Como lhes disse no estudo passado, quando você vai estudando os textos correspondentes a essa estação, Êxodo 18:8-19, você vai compreendendo, assim como compreenderam os grandes eruditos do passado, quando, estudando essas passagens, puderam encontrar essas jornadas. Estudando uma passagem após a outra, prosseguindo na direção do Espírito Santo, você vai compreendendo de uma forma maravilhosa o lugar em que cada uma dessas estações se encontra nos textos sagrados.

Na primeira palavra sobre Maquelote, vimos que o Espírito Santo nos dá primeiro o sentido histórico. Quando lemos o Antigo Testamento, vemos, no sentido histórico, que o propósito de Deus, pelo Espírito Santo, é nos lavar ao aspecto cristológico. Temos que encontrar Cristo nas passagens do Antigo Testamento para que venhamos compreender a revelação. E quando você toca o aspecto Cristo nessa revelação, naturalmente a Igreja aparece. Então surge o terceiro aspecto, o eclesiológico. Em Mateus 16:18, Jesus disse para Pedro:

“Pedro, tu és pedra, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja.”

Vejam que o Senhor Jesus disse isso para Pedro porque Pedro havia dito no v 16:

“(...) Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.”

Isso quer dizer que, quando Cristo aparece, naturalmente a Igreja é manifestada. As expressões “Cristo” e “Igreja” formam o fundamento dos dois grandes mistérios da Bíblia: o mistério de Deus e o mistério de Cristo.

Estudando Colossenses encontramos o mistério de Deus: Cristo. E quando estudamos Efésios 3, encontramos o mistério de Cristo: a Igreja. Isso é muito importante. Quando estudamos também a questão do sacerdócio de Arão, vemos, pela Epístola aos Hebreus, que o sacerdócio de Arão é uma figura do sacerdócio de Cristo. Mas o sacerdócio de Arão foi temporário, foi instituído por Deus por causa da rebelião de toda a nação de Israel (Ex 32). Agora, voltando a Êxodo 19:5-6, veremos que o propósito de Deus era ter uma nação de sacerdotes:

5 Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; 6 vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa.”

Este era o propósito de Deus: ter uma nação de sacerdotes. Desde que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, era o propósito de Deus se mover por meio do homem. Quando disse para Adão dominar entre os peixes do mar, as aves dos céus e os répteis da terra (Gn 1:26), Deus estava ali constituindo o homem como expressão do Seu governo na terra. Mas Adão falhou. E depois que se passaram dois mil anos, Deus vem reivindicar Seu governo no homem. E Ele chama a quem? Abraão. Em Gênesis 12:1-3, Deus disse para Abraão:

1 Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; 2 de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! 3 Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.”

A semente de Abraão era uma semente abençoada, por meio da qual Deus iria restaurar o Seu sacerdócio. Mas isso foi possível? Vemos agora que não. Não foi possível por causa do homem. Mas sabemos que para Deus não há impossível. Deus vai alcançar aquilo que Ele propôs em si mesmo. Ainda que Adão tenha falhado, mesmo Israel tendo falhado, os planos de Deus não falharão. Deus alcançará o Seu propósito.

E quando nós adentramos as páginas do Novo Testamento, o que encontramos? Encontramos Deus alcançando o Seu propósito. Em Gênesis 15 Deus faz uma promessa, a promessa do descendente. Nesse capítulo Deus promete algo muito especial para Abraão. Sabemos que o enfoque fundamental desse capítulo não é o descendente; embora o filho seja mencionado, o enfoque do capítulo 15 é a terra. Já no capítulo 17 vemos que o enfoque fundamental é o filho, o descendente. Em Gênesis 15:5 Deus manda que Abraão olhe para os céus e conte as estrelas, pois Ele diz: Assim será a tua descendência. Em Gênesis 22:17 Deus diz para ele que a sua descendência seria como as estrelas dos céus e como a areia na praia do mar. Aqui nós vemos duas coisas: as estrelas dos céus falam da descendência espiritual; e a areia da praia do mar, nos fala da descendência natural. A descendência natural é a nação de Israel e a descendência espiritual é a Igreja.

Tudo isso é extremamente significativo para nós, pois temos aqui algo especial. A descendência natural de Abraão fracassou no seu sacerdócio. Mas na descendência espiritual Deus alcançaria o Seu propósito, pois ela não está fundamentada no sacerdócio de Arão, e sim no sacerdócio de Cristo, no sacerdócio de todos os santos. Esse é um detalhe muito importante. E quando você vai estudando sobre a tribo de Levi, descobre que o sacerdócio de Arão foi temporário, por causa do pecado. Ele foi inserido por causa da idolatria do povo de Israel. Mas estudando a Bíblia, especialmente o Livro de Jeremias, capítulos 1:8, 5:31, 26:7-8, e Lamentações de Jeremias 4:3, vemos que o sacerdócio falhou. A nação de Israel foi levada para o cativeiro porque o sacerdócio falhou. Vemos nesse contexto os sacerdotes e os profetas de mãos dadas levando o povo para o engano, para a idolatria; vemos a complacência do sacerdócio.

Então, no plano natural Israel não conseguiu exercer o seu sacerdócio segundo a vontade de Deus. Mas, agora, no Novo Testamento, temos algo muito especial. Em Apocalipse 1:4-6 diz assim:

4 João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono 5 e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, 6 e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!”

Percebam, então, que a base de Deus para fazer com que Sua palavra se cumpra em nossas vidas é o Seu próprio caráter. E é isso que nós temos que considerar, é nisso quer temos que firmar o nosso coração. Esse sacerdócio do Novo Testamento não é um sacerdócio de uma classe apenas, de um grupo de pessoas, como vemos a tribo de Levi no Antigo
Testamento, mas o sacerdócio universal de todos os santos em Cristo. Deus só pode alcançar isso em Seu Filho. Antes da ordem sacerdotal de Arão havia outra ordem: a ordem de Melquisedeque (Gn 14:18), a ordem da qual Cristo procede no Seu sacerdócio. E é aqui que temos que compreender o fundamento do nosso próprio sacerdócio.

Nesses textos que lemos de Apocalipse 1:4-6 as palavras foram dirigidas às sete Igrejas da Ásia, que no aspecto profético relacionam-se conosco. E esse sacerdócio aqui não está relacionado com o sacerdócio araônico, e sim com o sacerdócio de Cristo. O que esses textos nos ensinam é que todos os salvos em Cristo Jesus são sacerdotes de Deus. Precisamos ter consciência do que isso significa em nossa experiência cristã prática.

Observem ainda algo nos versículos 5 e 6 quando dizem:

(...) pelo seu sangue (Isto é, o Senhor Jesus Cristo), nos libertou dos nossos pecados, 6 e nos constituiu (nos consagrou, nos fez) reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai (...).

Em Êxodo 29:1-9 encontramos os detalhes da consagração dos sacerdotes. Vemos nesses textos que todos os sacrifícios relacionados falam dos distintos aspectos da obra da cruz de Cristo Jesus para nos redimir. Tudo o que Ele fez por nós lá na cruz está representado nesses versículos, pelo novilho, o carneiro sem defeitos, os pães asmos, os bolos asmos amassados com azeite, o óleo da unção derramado. Dessa maneira é que o sacerdote era consagrado no Antigo Testamento. E sabemos que todas essas coisas são símbolos que nos levam a uma realidade no Novo Testamento. Quando lemos essa passagem de Apocalipse 1:4-6 vemos como somos feitos, constituídos sacerdotes para Deus. A Palavra diz que o Senhor Jesus nos amou e em Seu sangue nos lavou de nossos pecados e nos fez, nos consagrou – nós fomos consagrados com o sangue de Cristo Jesus. O que o Senhor Jesus realizou por nós na cruz é uma obra tão grande que, para entendê-la, temos que estudá-la com a ajuda do Espírito Santo. Somente assim entenderemos nossa posição como sacerdotes. Desde que uma pessoa crê e recebe o Senhor Jesus como seu Salvador, sua vida é limpa pelo sangue derramado na cruz. Essa pessoa não é uma pessoa inútil, uma pessoa qualquer. Ela está aqui, dentro de um propósito santo e eterno de Deus para exercer um sacerdócio diante de Deus, como também diante das pessoas.

Em Apocalipse 5:9-10 há algo claro para nós:

9 e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação 10 e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.”

Então, amados, vejam que no Antigo Testamento os sacerdotes eram somente os da tribo de Levi. Mas, agora, no Novo Testamento, os sacerdotes são de toda tribo, língua, povo e nação. Os sacerdotes não podiam entrar no Lugar Santíssimo sem estarem preparados. Eles tinham que se lavar e com muito temor entravam. Mas nós somos lavados por Cristo Jesus em Seu sangue e podemos entrar na santa presença de Deus. É o que diz Hebreus 19:10, que devemos ter intrepidez para entrar no Lugar Santíssimo.

Agora, vamos ler alguns textos muito importantes. Textos que, pela misericórdia de Deus e com a ajuda do Espírito Santo, vêm confirmar tudo isso que temos visto até aqui. 1 Pedro 2:4-5 e 9-10:

4 Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, 5 também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo.”

9 Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; 10 vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia.”

Temos aqui três aspectos.

· Casa espiritual – Somos uma casa espiritual, isto é, a Igreja. A Igreja, nós, os santos, pedras que vivem, somos uma casa espiritual para Deus;

· Sacerdócio santo – Somos um sacerdócio santo;

· Sacrifícios espirituais – Para oferecermos sacrifícios espirituais.

Por um lado, somos a casa espiritual, a habitação de Deus. E qual é a função da casa? O sacerdócio santo. Então, nossa edificação não é apenas como casa espiritual, mas também como sacerdócio santo. E para quê? Para oferecer sacrifícios espirituais a Deus – esse é o nosso culto, o nosso serviço, a nossa própria vida.

Mas não somente oferecer a Ele, mas oferecer dEle, porque diz o texto:

(...) a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.

Essa palavra virtudes no original é grandeza. Temos aqui algo muito especial a considerar. Nós, como um sacerdócio santo, ministramos a Deus – são sacrifícios espirituais, sobretudo o que fazemos e também o que somos. Mas também proclamamos as grandezas de Deus – então, nós ministramos de Deus. Ministramos a Deus e de Deus. Isso é muito importante.

O sacerdócio de Cristo é um sacerdócio extremamente elevado, muito mais elevado do que o sacerdócio de Arão. E os princípios que regiam o sacerdote de Arão eram os princípios da Lei. Agora, o Senhor Jesus tem o Seu sacerdócio da ordem de Melquisedeque. Então, por causa desse sacerdócio é que todos nós fomos inseridos no Seu corpo e na Sua vida. E nós estamos aqui justamente para compreender essa verdade. Não podemos falhar, não podemos menosprezar nossa vida cristã. Temos que entender que o papel do governo e da liderança cristã não é o de fazer o nosso papel, de nos minimizar. Precisamos compreender isso com muita clareza, pois esse é o desejo de Deus. Muitas pessoas estão perdidas com relação a esse assunto. Nós fomos chamados para uma responsabilidade muito grande, e não podemos falhar quanto a ela.

A Igreja não pode se equivocar com relação ao seu serviço, isto é, em relação aos sacrifícios espirituais. Esses sacrifícios espirituais são baseados na obra de Cristo, em tudo o que Ele realizou e consumou lá na cruz do Calvário. Aquilo que ministramos tem que estar de acordo com o caráter da obra da cruz – isso está relacionado ao nosso serviço, ao louvor, à adoração, ao culto em si. Tudo isso tem que estar de acordo com o caráter da obra e da Pessoa do Senhor Jesus. Esses são os sacrifícios espirituais. Temos, então, que ser claros no que se refere à nossa vocação. O cristão não deve fazer coisas sem saber por que faz. Se você não sabe por que vive a vida cristã, então você está sofrendo de ignorância espiritual. Não temos o direito de ser ignorantes, não podemos permitir o direito de ser ignorantes quanto aos assuntos espirituais. A vida cristã é algo que age de dentro para fora, e nunca de fora para dentro. Ela procede de dentro de nós, porque a vida eterna já começou dentro de nós. A vida cristã é algo que se apossa de nós, que nos cativa, nos governa, nos domina. Quando nos convertemos houve o despojamento do velho homem e o revestimento do novo. Não se trata de uma conformidade mecânica, mas sim que ponhamos em prática uma mudança inteligente e coerente com o Evangelho de Cristo Jesus – algo que já ocorreu e que já existe dentro de nós. Nós somos nova criatura e o espírito da nossa mente é que precisa ser tocado profundamente nessa mudança. O cristão não deve fazer coisas sem saber por que faz. Não deve fazer cegamente somente porque alguém disse para ele fazer. Ele precisa agir com discernimento ouvindo sempre a voz de Deus no seu interior, porque aquilo que fazemos tem um grande significado espiritual. Você tem que saber isso, saber que faz parte de um sacerdócio eterno e santo. Essa vocação é a vocação de todos os santos e temos que andar de modo digno dela. Temos um padrão de vida que tem que tocar as pessoas.

Que Deus fale ao seu coração e venha, de uma forma poderosa, revelar-se mais a você e lhe abençoar. Peço ao Senhor que ele venha abrir a sua mente e mostrar a importância de tudo isso que vimos na sua vida cristã prática, dia após dia. Entenda que a sua vida tem um conteúdo poderoso e extraordinário, e você não tem o direito de minimizá-lo. Você tem que maximizar, expandir, expressar aquilo que de Cristo está sendo formado, gerado, aquilo que de Cristo tem sido depositado na sua vida.

Que Deus lhe abençoe ricamente. Que Ele fale ao seu coração.

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