quinta-feira, 9 de junho de 2011

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 107

Maquelote – 22ª Estação (parte 1)

Textos: Números 33:25 e Números 18:8-9

Hoje nós vamos dar início ao estudo de mais uma estação – Maquelote. Esta, que é a 22ª estação, está em Números 33:25:

“partiram de Harada e acamparam-se em Maquelote”.

Meus amados irmãos e irmãs, quando nós estudamos cada uma dessas estações, sempre descobrimos algo novo da parte de Deus, algo que Deus ministra com o propósito de nos ajudar. Sempre há um novo acontecimento, alguma revelação na qual o Senhor nos conduz mais e mais acerca dEle mesmo, nos levando para dentro dEle. Todas essas peregrinações são para conduzir-nos a uma possessão maior, que é o próprio Cristo. Nesse sentido, vamos agora dar mais um passo, vamos avançar um pouco mais. Saindo de Harada nós vamos para Maquelote. Sabemos que eles acamparam em cada uma dessas estações para aprenderem algumas lições espirituais e aqui nós podemos ver um pouco do caráter da escola da edificação de Deus.
Em Harada vimos acerca da responsabilidade, da reverência, quanto ao ministério que temos recebido da parte de Deus – um apalavra muito específica, principalmente para aqueles que têm o encargo do ministério da Palavra. Um detalhe que precisamos notar é que esse nome Maquelote tem a sua pronúncia no hebraico muito similar a uma estação que nós já estivemos estudando – Queelata. Esse termo Queelata fala de uma assembleia, mas uma assembleia em rebelião, em confusão. Nós já estudamos sobre isso. Agora, o significado da palavra Maquelote, termo hebraico da mesma raiz de Queelata, é também assembleia, mas uma assembleia não em confusão, uma assembleia que se reúne adequadamente.
Vamos atentar para dois textos que estão em Atos dos Apóstolos 19:32 e 39. Esses dois textos vão mostrar para nós com muita clareza o verdadeiro significado de Queelata e de Maquelote:

“32 Uns, pois, gritavam de uma forma; outros, de outra; porque a assembleia caíra em confusão. E, na sua maior parte, nem sabiam por que motivo estavam reunidos.”

Vejam essa frase: a assembleia caíra em confusão. Isso é Queelata. Nós já estudamos sobre isso. O texto seguinte, versículo 39, diz:

“39 Mas, se alguma outra coisa pleiteais, será decidida em assembleia regular.”

Na sua maior parte, nem sabiam por que motivo estavam reunidos, mas, se alguma outra coisa pleiteavam, seria decidido em assembleia regular. Observem: assembleia regular. Aqui nós temos Maquelote. Podemos, então, pela ajuda do Espírito Santo, entender a diferença entre Queelata e Maquelote.
Queelata começa ali pelo capítulo 16 do livro de Números. Você vai subindo para cada uma dessas estações até chegar aqui em Maquelote, porque todas essas estações fazem parte de um grupo de estações cujos assuntos convergem num só ponto – a liderança espiritual. É isso que Deus deseja ministrar a nós, sobre esses assuntos referentes ao governo de Deus no meio do Seu povo. Primeiro nós vimos uma assembleia em confusão, Queelata; agora, vemos uma assembleia ordenada, regular, adequada. Estritamente falando, essa frase, assembleia regular, é uma referência a Igreja do Senhor Jesus, ao modo pelo qual ela deve viver diante de Deus. Lá em Queelata houve confusão, mas agora o Senhor está conduzindo o Seu povo a uma assembleia onde Ele vai legitimar a Sua autoridade.
Vamos considerar a partir daqui os textos referentes a essa estação de Maquelote – Números 18:8-19. Neste momento, vamos ler apenas os versículos 8 e 9:

“8 Disse mais o SENHOR a Arão: Eis que eu te dei o que foi separado das minhas ofertas, com todas as coisas consagradas dos filhos de Israel; dei-as por direito perpétuo como porção a ti e a teus filhos. 9 Isto terás das coisas santíssimas, não dadas ao fogo: todas as suas ofertas, com todas as suas ofertas de manjares, e com todas as suas ofertas pelo pecado, e com todas as suas ofertas pela culpa, que me apresentarem, serão coisas santíssimas para ti e para teus filhos.”

Prosseguindo a leitura até o versículo 19 vamos perceber que aqui nós temos o sentido histórico da Palavra de Deus e entender esses textos conforme os grandes eruditos do passado estudaram nas 42 Jornadas. Este não é um assunto novo. Então, conforme estudaram, eles puderam perceber claramente, nitidamente, onde se insere, sempre, o falar direto de Deus. Sempre que há um novo assunto, sempre que aparece a frase “disse mais o SENHOR”, significa que há um passo além, uma próxima estação. É assim que os grandes eruditos e estudiosos do passado puderam organizar essas 42 estações dentro dos livros de Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio (agora, especialmente, estamos vendo o livro de Números). Então, quando estudamos esses versículos, percebemos que eles se referem ao sentido histórico dessa jornada, dessa estação.
Nesse sentido, precisamos considerar 2 Coríntios 3:14-16, pois trata-se de um texto por meio do qual vemos algo muito especial. Diz assim:

“14 Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido. 15 Mas até hoje, quando é lido Moisés – isto é, o Pentateuco –, o véu está posto sobre o coração deles. 16 Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é retirado.”

É possível perceber, então, que se fizermos uma leitura desses textos tendo uma visão histórica apenas, não compreenderemos a realidade no Novo Testamento? É como um véu. Os judeus, no tempo de Paulo, como também no tempo do Senhor Jesus, não puderam ver a realidade dos caminhos de Deus, dos propósitos de Deus na Antiga Aliança, porque quando eles olhavam viam apenas história. O propósito do Espírito Santo não é o de nos levar apenas a ler história, Ele quer nos levar adiante, Ele quer aprofundar a Sua obra em nós. O que aprendemos é que o sentido espiritual está por detrás do véu. Vejam que essa leitura que nós fizemos em Números 18:8-9 é no sentido histórico, e nós temos que ler sem o véu, para que vejamos Cristo, para que vejamos a realidade daquilo que significa o Mistério de Cristo. Se você não consegue fazer esse tipo de leitura, você precisa, carece, urgentemente, da ajuda do Espírito Santo. No estudo do Velho Testamento lemos o sentido histórico procurando ver o sentido cristológico. E quando conseguimos tocar o aspecto cristológico, naturalmente encontramos o aspecto eclesiológico. Primeiro nós temos o aspecto histórico. Quando estudamos o Velho Testamento, especialmente como nós estamos fazendo agora, pela ajuda do Senhor, vemos primeiro o aspecto histórico. Ao olharmos o aspecto histórico, tendo a luz do Novo Testamento, vemos o quê? O aspecto histórico nos leva a ver o aspecto cristológico. E quando tocamos o aspecto cristológico da Palavra, para onde esse aspecto nos leva? Ele nos leva ao aspecto eclesiológico.
Meus amados, quando estivemos estudando o capítulo 17 do livro de Números, nós vimos a questão da autoridade sacerdotal, quando Deus, de uma maneira tão poderosa, legitima a autoridade de Arão como sacerdote diante dEle e perante o povo – também porque a autoridade é o meio do mover de Deus diante do Seu povo. Depois, em Harada, nos versículos de 1 a 7 do capítulo 18, Deus fala a Arão sobre a responsabilidade em relação à autoridade que foi divinamente delegada a ele e aos seus filhos. Deus diz para ele que ele deveria levar a iniquidade relativa ao santuário e também a iniquidade relativamente ao próprio sacerdócio que Deus lhe estava dando. Isso envolvia o quê? Reverência, temor, responsabilidade. Então, no capítulo 17, nós temos a origem divina, isto é, o testemunho divino sobre o sacerdócio. Aqui nós temos a origem divina espiritual do significado da expressão do sacerdócio. Agora, nós vamos para a segunda parte do capítulo 18, porque na primeira parte nós temos uma estação que é Harada – a qual já estudamos – e, agora, nós vamos para a segunda parte que corresponde a Maquelote, onde temos o direito do sacerdote. O primeiro nível é o histórico. Nesse nível percebemos Cristo e a Igreja, o aspecto histórico. Cristo é o Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque e a Igreja, no Novo Testamento, constitui o sacerdócio de todos os santos. Assim, à medida que estudamos, vamos tendo essa visão, compreendendo o verdadeiro significado da liderança cristã, entendendo que o papel da liderança não é assumir uma função sobre o povo, mas assumir uma posição diante de Deus, uma posição especialmente diante de Deus para com o povo. Nós não estamos aqui definindo uma classe clerical, pois isso é reprovado pela Palavra de Deus. Ao estudarmos os capítulos 2 e 3 de Apocalipse vamos ver as mensagens às sete Igrejas da Ásia. Ali o Senhor nos fala de uma maneira muito clara e específica acerca da posição que a igreja deve ter diante dEle, e também da posição que aqueles que foram chamados em relação ao ministério precisam também ter – a responsabilidade da Igreja e a responsabilidade do ministério.
Na primeira carta a Igreja de Éfeso havia os nicolaítas; em Pérgamo, que é a terceira carta, vemos que os nicolaítas estavam se infiltrando ali na Igreja de Éfeso. Esse assunto já era um ensinamento, já era doutrina lá em Pérgamo. E quando estudamos a palavra nicolaíta, aprendemos que ela vem de dois vocábulos gregos – nikos e laos – e significa dominadores do povo comum; dominar sobre o povo comum. Deus abomina esse tipo de classe, porque o ministério não é para exercer domínio, o ministério é para expressar o governo de Deus, o pastoreado de Cristo, o ministério do próprio Cristo, aquilo que é Cristo dispensado por Deus para a edificação da Sua Igreja, para o desempenho da própria Igreja, da sua própria edificação. O ministério não constitui uma classe de executivos, profissionais que dominam a Igreja como se fosse uma propriedade deles. Tudo isso requer aquilo que nós estudamos lá em Harada: reverência, temor. Nós não podemos ser ignorantes concernentes a esse assunto. É isso que o Senhor está nos falando, parque nós precisamos ver que o Senhor vai nos mostrar essa verdade. Olhando o aspecto histórico, tendo uma visão no Novo Testamento, você vai entender o que o Senhor quer nos dizer, pois, em certo sentido, Arão, como sacerdote, tipifica Cristo.
Ao estudarmos a epístola aos Hebreus, veremos que essa epístola é feita de uma forma paradoxal, e na sua foram paradoxal ela vai nos mostrar a excelência da vida e da obra do Senhor Jesus. Dessa foram paradoxal, o escritor da epístola aos hebreus nos mostra a excelência da vida e da obra do Senhor Jesus Cristo em relação a Moisés, em relação aos anjos e, também, em relação ao próprio Arão, porque Arão no seu sacerdócio é uma figura de Cristo. Arão era o sumo sacerdote, assim também o nosso Senhor Jesus é o nosso Sumo Sacerdote para sempre. O sacerdócio de Arão foi temporário, e o sacerdócio de Cristo é eterno. O sacerdócio de Arão foi designado por Deus porque o povo falhou. Êxodo 19:5-6 nos diz:

“5 Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre todos os povos; porque toda a terra é minha; 6 vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as palavras que falarás aos filhos de Israel.”

Vemos aqui que o Senhor queria uma nação de sacerdotes. E por que Ele não teve em Israel uma nação de sacerdotes? Porque lá em Êxodo 32, quando Moisés estava no monte Sinai recebendo as tábuas da aliança, o povo lá embaixo estava adorando o bezerro de ouro. Ali o povo falhou. Eles não corresponderam ao caráter de Deus, à Palavra de Deus, às exigências do próprio Deus, e somente a tribo de Levi não se maculou adorando o bezerro de ouro. Ali a tribo de Levi foi instituída para ser uma tribo de sacerdotes e dentre eles Deus levantaria o Sumo Sacerdote. Portanto, vemos aqui que Israel perdeu o sacerdócio de todos os santos e isso Deus, de uma forma tão grandiosa e poderosa, vai mostrar para nós no Novo Testamento.
Esse é o assunto que desejo compartilhar nos próximos dias. Espero que Deus, de forma uma poderosa, venha falar a todos nós.

Por: Luiz Fontes

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