segunda-feira, 9 de maio de 2011

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 105


POR: LUIZ FONTES

21ª ESTAÇÃO – MONTE SEFER (PARTE 3)

TEXTOS: Números 18:1; Romanos 15:16; Mateus 8:17

Prosseguindo nesse estudo acerca de Harada, a 21ª estação, nós vamos ler Números 18:1, capítulo relativo a essa estação:

Disse o SENHOR a Arão: Tu, e teus filhos, e a casa de teu pai contigo levareis sobre vós a iniquidade relativamente ao santuário; tu e teus filhos contigo levareis sobre vós a iniquidade relativamente ao vosso sacerdócio”.

Graças ao Senhor nós estamos estudando esse assunto tão precioso acerca da responsabilidade espiritual, da responsabilidade do governo, da responsabilidade da liderança. E isso com base na figura do sacerdócio no Antigo Testamento, para que possamos entender com fundamento. Como já vimos, toda a escritura é divinamente inspirada por Deus e o desejo de DEUS através da Sua Palavra é nos mostrar com fundamento o que é a liderança cristã. Muitas pessoas têm procurado conhecer esse assunto de liderança cristã numa visão mundana, caracterizada pelos padrões mundanos. Meu irmão e minha irmã, não é isso que DEUS tem para nós, não é isso que DEUS quer para nós, precisamos ser cuidadosos quanto a esse assunto. Eu e você precisamos olhar com atenção o que é que DEUS tem para nos falar aqui, pois não podemos e nem temos o direito de ser ignorantes quanto a isso. Nós temos o Espírito Santo de DEUS, ansioso, desejoso, por falar a nós, à Igreja do Senhor Jesus. Vejamos o que o Senhor diz a Arão nesse versículo de Números 18:1.

Quando estudamos desde o livro de Êxodo, vemos Deus falando sempre a Moisés. Mas agora DEUS está estabelecendo, legitimando, a Sua autoridade espiritual na vida de Arão, conforme vimos lá no Monte Sefer, quando a vara de Arão floresceu. Então, falando a Arão, Deus diz que ele e seus filhos e a casa de seu pai, a tribo de Levi, levariam a iniquidade relativamente ao santuário, isto é, a iniquidade de todo o povo. Veja que Deus chama o povo de santuário. E essa é a visão do Novo testamento, pois a Igreja é o corpo de Cristo. A Igreja não é o prédio onde nós nos reunimos. A Igreja é que se reúne dentro de um prédio, dentro de um salão, dentro de um galpão, dentro de um local. A Igreja somos nós e é isso que DEUS está falando.

Quero enfatizar esse primeiro ponto, pois está relativamente ligado ao serviço ministerial. Nós podemos imaginar que aquele que tem o encargo do ministério, da liderança espiritual, tenha o papel de administrar, um papel burocrático, de um administrador de empresas, um advogado, ou um psicólogo. Essas coisas em nada, em sentido algum, poderão ajudar uma pessoa concernente ao ministério. Se você discorda de mim, procure na Palavra de Deus fundamento para isso. Não estou desmerecendo essas funções, só estou dizendo que essas prerrogativas em nada cooperam para o serviço e ministério cristão. O ministério cristão é espiritual. Moisés, por exemplo, foi um dos homens mais bem preparados intelectualmente. Ele estudou durante 40 anos, preparando-se lá no Templo do Sol. Se você puder estudar história antiga e voltar para o tempo de Moisés, verá que o Templo do Sol, no Egito, onde Moisés estudou toda a ciência do Egito (Atos 7), nem se compara às grandes faculdades como Harvard, Yale, ou talvez como a nossa USP aqui no Brasil. Naquele tempo o Egito era um país extremamente desenvolvido em relação a outras nações. Lá havia a ciência médica extremamente desenvolvida, a engenharia e muitas outras áreas nas quais Moisés pode estudar, se formar e se preparar. Segundo os escritos de Flávio Josefo e de tantos outros historiadores antigos, Faraó não tinha nenhum filho homem, mas tinha uma filha, uma grande princesa que criou Moisés. Ela o criou para que fosse Faraó Moisés I. Nesse sentido é que ele se preparou ali no Templo do Sol, durante 40 anos.

Mas sabemos que Deus o tirou do Egito e, de uma forma maravilhosa e misteriosa, o levou para o deserto de Midiã. Ali, durante 40 anos, Moisés foi treinado por Deus e aprendeu algumas coisas muito importantes, algumas matérias da faculdade de DEUS: o segredo da obscuridade, o poder do silêncio, a graça no deserto. Ele pode aprender tudo isso aos pés de DEUS. De uma maneira silenciosa e misteriosa DEUS foi trabalhando na vida de Moisés e, agora, tendo Moisés 80 anos, DEUS se revela para ele, revela o Seu propósito. Estude a vida de Moisés ao longo dessas 42 Jornadas, cada passo dele, e você vai entender como é que DEUS forma um homem para servi-lo, para que, através desse homem, DEUS mesmo possa se expressar.

Se você não está satisfeito, vá par o Novo Testamento, onde você encontrará Paulo. Paulo estudou aos pés de Gamaliel, foi um dos homens mais bem preparados no seu tempo para poder servir a religião judaica. Sabe o que ele diz em Filipenses 3:7? Diz que considerava todas as coisas que havia alcançado, como refugo, como o lixo do lixo, para poder ganhar a Cristo, ser achado em Cristo, ser participante dos Seus sofrimentos, da Sua ressurreição, ser conformado com Ele na Sua ressurreição. Creio que esse é o caminho, porque de intelectualismo, como temos visto, as religiões estão cheias. De teólogos, de filósofos, as religiões estão cheias, mas falta uma expressão viva da realidade de uma vida que se vive em Cristo. E é quanto a isso que DEUS deseja nos tocar, quanto ao verdadeiro papel do ministério, da devoção, da piedade cristã. A fim de compreender o que Deus deseja de nós, precisamos voltar à prática da vida de Cristo, do ministério de Cristo.

Então, em Números 18:1 DEUS estabelece a autoridade de Arão, legitima a autoridade de Arão diante de todo o povo. Deus agora está colocando sobre os ombros de Arão a responsabilidade de carregar a iniquidade relativa ao santuário, isto é, todo o povo. Temos aqui a figura da Igreja no sentido coletivo. Considerando as questões relativas ao governo de DEUS, aqueles que DEUS levanta no santo encargo do ministério têm a responsabilidade quanto aos pecados da Igreja. O foco, nesse sentido, não é quanto ao pecado individual, e sim coletivo. Trata-se de quando a Igreja se afasta de DEUS, quando ela macula sua própria identidade, se apostata e se desvia do alvo para o qual foi destinada, quando o mundo imprime a sua forma na vida da Igreja. A palavra “iniquidade”, no hebraico, é “avown”perversidade, depravação, uma coisa que vai surgindo gradualmente na vida da Igreja. Estudando a raiz dessa palavra,avah, vemos que significa dobrar, torcer, distorcer. No Novo Testamento essa palavra é “anomos”, que significa quebra de princípio. A questão que envolve essa palavra sempre está relacionada com a nossa responsabilidade, quando nós falhamos no nosso caráter cristão, na nossa responsabilidade cristã.

Meus amados irmãos e irmãs, quando estudamos todas essas verdades devemos perguntar a nós mesmos, nós que temos recebido do Senhor o santo encargo do ministério para servir aos santos: O que tudo isso implica na nossa fé? Quanto a nossa vida cristã, quais são as implicações que recaem sobre nós? Creio que aqui não há apenas uma relação de privilégios, mas também de responsabilidade. Servir ao Senhor no ministério não é uma questão de privilégio, mas de grande responsabilidade. Fomos chamados a corresponder a uma vocação celeste. Hebreus 1:3 diz que participamos de uma vocação celestial, e Efésios 4:1 diz que nós devemos andar de modo digno desta vocação. Aqui repousa o fundamento da responsabilidade governamental na obra de Deus. O ministério não é uma questão de privilégio, mas também de responsabilidade. Paulo, escrevendo aos irmãos em Roma, em Romanos 15:16, diz assim:

“para que eu seja ministro de Cristo Jesus entre os gentios, no sagrado encargo de anunciar o evangelho de Deus, de modo que a oferta deles seja aceitável, uma vez santificada pelo Espírito Santo”.

Gostaria que você atentasse para esta frase: de anunciar o evangelho de Deus. Precisamos fazer uma análise desse texto. O termo que Paulo usa para a expressão “anunciar” é hierourgeo. A terminação dessa palavra, na gramática grega, é o que chamamos em português de gerúndio. Portanto, esse termo grego hierourgeo significa “sacerdotando”. A frase completa é a seguinte: “sacerdotando o evangelho”. Isso mostra a nossa responsabilidade. O sumo sacerdote levava em seus ombros as duas pedras de ônix, como já lhes falei no estudo passado, e em cada uma daquelas pedras, no éfode, havia os nomes dos filhos de Israel. Quando ele entrava no Santo dos Santos, levava o povo diante de Deus. Aqueles os quais Deus chama para o santo serviço do ministério têm o encargo de levar os santos diante de Deus. Quanto ao serviço ministerial, meus amados, Paulo não está falando de evangelizar com o único propósito de levar as pessoas a se converterem, e sim que elas se tornem uma oferta agradável diante de Deus. Sabemos que a tradução desse versículo está completamente fora do seu original. A tradução revista, atualizada e corrigida dá a ideia da oferta deles. Mas não é isso que o texto está dizendo. Numa versão mais livre, mas que obedece aos princípios do original, esse texto está assim: “de ser servo de Cristo Jesus para trabalhar em favor dos gentios eu sirvo como sacerdote ao anunciar o evangelho que vem de Deus e faço isso para que os gentios sejam uma oferta que DEUS aceite, dedicada a ELE pelo Espírito Santo”. O que está explícito nesse texto é que os gentios são uma oferta para DEUS; não uma oferta deles para DEUS, mas eles como uma oferta. Paulo pregava o Evangelho sacerdotando o Evangelho para que os gentios fossem uma oferta para DEUS. Isso é tão importante, pois temos aqui uma descrição exata, clara, do verdadeiro significado do que é o ministério cristão, do que é a nossa responsabilidade de levar os irmãos sobre os nossos ombros, como também sobre o nosso peito.

Romanos 15:1 nos mostra que um dos aspectos do ministério é que nós somos intercessores dos nossos irmãos. Temos a necessidade diante de Deus de levá-los em nossos corações à Sua presença, de levá-los sobre os nossos ombros. Em Romanos 15:1, Paulo diz:

“Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos”.

Em Gálatas 6:2 ele diz a mesma coisa:

Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo”.

Observe que Paulo usa a palavra “levai”. No grego é “bastazo”. Quando analisamos essa palavra no estudo do original grego, no Novo Testamento, entendemos algo impressionante. Creio que podemos exemplificar com a própria Palavra de Deus, em Mateus 8:17:

para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: Ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou com as nossas doenças”.

Vejam: carregou as nossas doenças”. É essa palavra, “carregar” as fraquezas dos outros, dos nossos irmãos. João 19:17 diz assim:

“Tomaram eles, pois, a Jesus; e ele próprio, carregando a sua cruz, saiu para o lugar chamado Calvário, Gólgota em hebraico”.

Então, meus amados, o termo “bastazo” significa pegar a fim de carregar, colocar sobre si mesmo algo para o fim de ser carregado, levar consigo mesmo. Quando o sumo sacerdote entrava nos Santo dos Santos, ele tinha sobre os seus ombros aquelas duas pedras de ônix contendo os nomes dos filhos de Israel. Ele estava levando perante DEUS todas essas pessoas. Vemos, assim, o encargo no sentido governamental, porque sobre os ombros do sumo sacerdote estavam os nomes de todos os filhos de Israel, isto é, dos patriarcas daquelas 12 tribos, e também cada um deles escrito em 12 pedras no peitoral. “Carregar nos ombros” nos fala da intercessão coletiva; e, “no peito”, da intercessão individual.

Esse é o trabalho de DEUS, essa é a obra de DEUS. Que eu e você possamos compreender essa grande, suprema, extraordinária responsabilidade que temos diante de DEUS pelos santos. Que você venha compreender que foi chamado por DEUS para poder levar a Igreja consigo diante de DEUS em intercessão. Que tudo isso possa nos constranger, nos quebrantar e nos levar a viver de acordo com o princípio da Palavra de DEUS. Nós não somos profissionais de púlpito, nós somos servos de DEUS, servos de DEUS que servem à Igreja. Precisamos sacerdotar o Evangelho com o propósito de levar as pessoas a serem uma oferta agradável diante de DEUS. Nossa responsabilidade, em primeira instância, é sempre diante de DEUS, e não diante do povo. Isso porque diante de DEUS nós temos algo para poder ministrar ao povo.

Que DEUS nos ajude. Que DEUS fale ao seu coração. Que DEUS possa, de uma forma gloriosa, se revelar a você através dessa palavra e que Ele lhe abençoe.

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