segunda-feira, 2 de maio de 2011

AS 42 JORNADAS NO DESERTO – CAPÍTULO 104


21ª ESTAÇÃO – MONTE SEFER (PARTE 2)

Por: Luiz Fontes

TEXTO: Números 33:24; Números 18:1-7

Vamos dar continuidade ao estudo desta 21ª estação da peregrinação do povo de Israel pelo deserto. Estamos agora em Harada. O texto relativo a esta estação está em Números 18:1-7:

1 Disse o SENHOR a Arão: Tu, e teus filhos, e a casa de teu pai contigo levareis sobre vós a iniquidade relativamente ao santuário; tu e teus filhos contigo levareis sobre vós a iniquidade relativamente ao vosso sacerdócio. 2 Também farás chegar contigo a teus irmãos, a tribo de Levi, a tribo de teu pai, para que se ajuntem a ti e te sirvam, quando tu e teus filhos contigo estiverdes perante a tenda do Testemunho. 3 Farão o serviço que lhes é devido para contigo e para com a tenda; porém não se aproximarão dos utensílios do santuário, nem do altar, para que não morram, nem eles, nem vós. 4 Ajuntar-se-ão a ti e farão todo o serviço da tenda da congregação; o estranho, porém, não se chegará a vós outros. 5 Vós, pois, fareis o serviço do santuário e o do altar, para que não haja outra vez ira contra os filhos de Israel. 6 Eu, eis que tomei vossos irmãos, os levitas, do meio dos filhos de Israel; são dados a vós outros para o SENHOR, para servir na tenda da congregação. 7 Mas tu e teus filhos contigo atendereis ao vosso sacerdócio em tudo concernente ao altar, e ao que estiver para dentro do véu, isto é vosso serviço; eu vos tenho entregue o vosso sacerdócio por ofício como dádiva; porém o estranho que se aproximar morrerá.”

Nessa estação o Senhor vem nos mostrar a responsabilidade quanto ao serviço. Ao estudarmos todo o contexto que envolve essa jornada, veremos, em Números 16, que o povo de Israel, através de Datã, Coré e Abirão, que eram da tribo de Levi, ministros que serviam, tentou usurpar a autoridade delegada por Deus na vida de Arão e Moisés. E sabemos que eles foram julgados, a terra se abriu e os tragou vivos. Esse tipo de comportamento, de rebelião contra a autoridade, é algo gravíssimo. O pecado concernente ao governo de Deus é gravíssimo, porque ofende a autoridade direta de Deus. Depois, em Números 17, Deus legitima sua autoridade através da vida de Arão, quando a vara de Arão e as varas dos príncipes de Israel, doze varas, foram colocadas na tenda do testemunho, em frente à arca da aliança. Ali o Senhor fez com que a vara de Arão florescesse. O Senhor estava ali legitimando a autoridade espiritual na vida de Arão, apresentando para nós uma verdade tão preciosa, mostrando que a autoridade deve fluir do poder da vida em ressurreição.

Autoridade espiritual não é uma autoridade intelectual; autoridade espiritual não é uma autoridade que o homem tem fluente da sua própria personalidade. A autoridade espiritual flui da vida em ressurreição em nós, e tem que ser legitimada por Deus. Ninguém de si e por si pode constituir-se uma autoridade espiritual. Temos que compreender que esse é o desejo de Deus. Quando Ele criou o homem, lá em Gênesis 1:26-27, deu ao homem autoridade aqui nesta terra:

“(...) tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra (...).”

Nesse texto, podemos ver claramente Deus outorgando sua autoridade ao homem, para que o homem tivesse o governo de Deus, para que ele pudesse reinar aqui na terra para a glória de Deus. Você lembra que em Lucas 4 e também em Mateus 4, quando ocorre a tentação do Senhor Jesus, satanás, tratando da questão da sua autoridade, diz para o Senhor Jesus que essa autoridade lhe foi entregue, porque, através do pecado da rebelião de Adão e Eva ele usurpou essa autoridade sobre o mundo. Quando ele mostra os reinos do mundo para o nosso Senhor Jesus, diz: “tudo isso te darei se me adorares”. Vejam o quanto isso é sério. Essa questão de autoridade na Bíblia é uma das questões mais sérias para a qual precisamos atentar, sem vacilar.

Estamos aqui estudando uma série de jornadas em torno do Monte Sefer (Monte Shaphar). Essas estações são relativas a todas essas questões que envolvem o governo de Deus, aos assuntos referentes à liderança cristã, e é por isso que nós precisamos estar atentos. Precisamos da ajuda do Espírito Santo de Deus para compreender este assunto. Não podemos pensar na igreja, em sua edificação, menosprezando esse assunto ou distorcendo sua essência, trazendo-o em termos humanos. A igreja hoje está constituída nessa esfera. Essa é a razão pela qual vemos um evangelho tão diluído. Por mais que haja crescimento numérico, não temos visto o crescimento espiritual, temos perdido o testemunho de Deus. Nós não temos sido vistos como uma igreja, mas como muitas denominações, como muitos grupos, como muitas comunidades. A despeito de estarmos espelhados por tantos grupos, comunidades, denominações, precisamos entender que somos o povo de Deus, a igreja, que estamos debaixo do nome de Cristo Jesus. Nós não somos um grupo separado do outro, somos a igreja do Senhor Jesus. Onde quer que você reúna, você é a igreja, é parte do corpo de Cristo. Você não vive para uma denominação, vive para o corpo de Cristo, para esta vida. Isso precisa ser resgatado dentro de nós. O Senhor está reivindicando Sua igreja, deseja ter Seu testemunho entre nós. Sua vida, minha vida pertencem a Ele. Nós não somos clientes consumidores de uma religião, somos membros de um corpo vivo, de um organismo vivo, não de uma organização. Precisamos entender isso.

Então, amados, sabemos que na estação anterior Deus havia confirmado a Sua autoridade em Arão. Agora, aqui em Harada, Deus está designando o encargo da responsabilidade governamental. Vejam o que Ele diz a Arão:

“Tu, e teus filhos, e a casa de teu pai contigo levareis sobre vós a iniquidade relativamente ao santuário (...).”

Trazendo para nossos dias, temos aqui uma referência à igreja.

“(...) tu e teus filhos contigo levareis sobre vós a iniquidade relativamente ao vosso sacerdócio.”

Agora temos uma referência ao ministério. Então, temos aqui a casa de Deus e o ministério espiritual. Podemos ver que Deus está colocando sobre os ombros de Arão e seus filhos a questão da autoridade, isto é, responsabilidade. O Senhor está dizendo que eles deveriam levar a iniquidade do santuário, de todo o povo, diante de Deus.

Precisamos ter a visão de quando Arão entrava no Lugar Santíssimo. Em Êxodo 28 nós vemos toda a designação de Deus quanto ao sumo sacerdote e aos sacerdotes. Vemos ali os assuntos referentes às vestes sacerdotais. Vemos que o sumo sacerdote trazia em suas vestes dozes pedras, o peitoral, e cada uma das pedras conforme o nascimento dos filhos de Israel. E sobre os seus ombros ele trazia duas pedras de ônix. Em cada uma dessas pedras estavam os nomes dos filhos de Israel. Assim, no peito, ou no peitoral, havia doze pedras, cada uma delas relativas aos filhos de Israel, cada uma delas tendo o nome de um dos filhos de Israel. E também no éfode, no ombro, havia duas pedras de ônix. E quando entrava no Lugar Santíssimo, fazendo a expiação pelos pecados do povo, era como se estivesse levando todos os filhos de Israel consigo para dentro do santuário perante o Senhor. Essa é uma figura linda, maravilhosa, que revela para nós aquilo que Cristo fez e está fazendo. Aquilo que Ele fez uma vez, para sempre, quando foi diante de Deus como o nosso Sumo Sacerdote oferecendo a oferta do Seu próprio corpo para nos livrar da condenação do pecado, conforme está em Hebreus, capítulo 5, parte final do capítulo 6 e todo o capítulo 7. Estudando todos esses textos vamos ver o Senhor Jesus como o nosso “Sumo Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque”.

Amados, irmãos e irmãs, temos aqui a questão do governo de Deus. Homens que estão comprometidos com o governo de Deus, com a vontade de Deus. Isso significa fazer parte do ministério cristão, significa que você tem sobre si o encargo sobre o povo. E esse encargo está relacionado ao serviço, à intercessão. Significa que é o nosso papel levar diante de Deus a iniquidade do povo, orar por eles, rogar a Deus por eles. Nós não podemos mudar o sentido daquilo que significa o ministério. Não somos profissionais do púlpito, cujo único objetivo é pregar para satisfazer o anseio de consumidores religiosos. Não é o nosso papel pregar o Evangelho com o único sentido de mostrar para o povo o quanto temos para lhes oferecer, o quanto somos interessantes, importantes. Não, ao ler 2 Coríntios 12, você vê Paulo dizer que de boa vontade ele se gastava, se deixava gastar, em prol do Evangelho. Precisamos aprender isso, se o Senhor tem nos chamado para este maravilhoso encargo do ministério. Você vai ver que nosso papel é interceder pela igreja, levar os irmãos conosco, no nosso peito (uma obra de amor) e no ombro (uma obra de poder, “um gastar-se”, “deixar-se gastar”). Olhem para Paulo, ele é um grande exemplo para nós nesse sentido. Em Efésio 1, a partir do versículo 15, quando ele diz que sempre orava, dava graças a Deus por aqueles irmãos, fazendo menção deles em suas orações, para que Deus pudesse iluminar os olhos do entendimento deles, para que pudessem ter o Espírito de sabedoria e de entendimento no pleno conhecimento de Cristo, para que pudessem experimentar, saber que eram uma herança para Deus, e que compreendessem o grande poder que Deus exerceu em Cristo, ressuscitando-o de entre os mortos, fazendo-o assentar acima dos céus, de todo o nome, acima de todo principado e de toda potestade, e que Cristo era o cabeça da igreja, o qual Deus deu à igreja, a qual é o Seu corpo, a plenitude dAquele que enche todas as coisas. Olhem que conteúdo grandioso da oração de Paulo. Era nesse nível que Paulo orava pela igreja, era nesse nível que Paulo entrava diante de Deus, levando os irmãos consigo, orando por ela.

Em Filipenses 1, a partir do versículo 4, ele diz:

4 fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações, 5 pela vossa cooperação no evangelho, desde o primeiro dia até agora.”

Pelo que Paulo orava? Quando diz que orava fazendo súplicas a Deus pelos irmãos é para que houvesse o que está no versículo 5: para que houvesse cooperação, cooperação no Evangelho. Que coisa linda! Paulo orava para que aqueles irmãos cooperassem no Evangelho. Isso é tão importante, tão maravilhoso! Se você puder olhar para isso com atenção, vai ver o verdadeiro significado dessas orações.

Ainda em Filipenses 1, versículo 9, ele diz:

“E também faço esta oração: que o vosso amor aumente mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção, 10 para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e inculpáveis para o Dia de Cristo, 11 cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de Deus.”

Paulo queria que esses irmãos amassem o Senhor, mas que esse amor fosse aumentando. E à medida que esse amor fosse aumentando, eles tivessem o conhecimento de Cristo. E a característica desse amor seria o conhecimento de Cristo. Além disso, que tivessem percepção para aprovar as coisas excelentes, elevadas, para que fossem sinceros, inculpáveis, para o dia de Cristo. Isso é tão importante, isso é tão importante! Como necessitamos compreender isso!

Vejam que em Filipenses 1:7 Paulo diz:

“(...) porque vos trago no coração(...).”

Que coisa linda! Era assim que o sumo sacerdote fazia. Quando entrava na presença de Deus, ele levava aquelas pessoas todas ali representadas por aquelas pedras preciosas e também por aquelas duas pedras de ônix. Quando entrava no Lugar Santíssimo, estava levando-as. Isso é tão maravilhoso, pois esse é o sacerdócio espiritual hoje. Precisamos aprender esse princípio. O Senhor está nos chamando para exercermos verdadeiramente a vocação cristã. Nós não somos profissionais do púlpito, que pregam para satisfazer consumidores religiosos. Nós temos uma posição sacerdotal diante de Deus, temos o encargo da intercessão pelo povo de Deus. O povo de Deus está sofrendo muito, não pela falta da palavra, mas pela falta de homens que se gastem e se deixem gastar pela vida deles.

Que o Senhor fale ao seu coração. Que o Senhor ministre a você a Sua palavra. Que o Senhor possa abrir os seus olhos e mostrar o verdadeiro sentido, o verdadeiro significado e a responsabilidade do encargo do serviço aos santos.

Que Deus nos abençoe pela Sua palavra.

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