domingo, 18 de abril de 2010

O Sentido Central da Cruz

Por: Stephen Kaung

Publicação: 12/04/2010
"A vontade de Deus é que a vida da alma morra"
Preciso Ser Crucificado

Gostaria de ler para vocês algo escrito por Jessie Penn-Lewis, porque acho que ela conseguiu colocar isso de uma maneira bonita e clara que eu não conseguiria colocar.


Temos falado da cruz e de nossa morte para o pecado conforme Romanos 6; a respeito da cruz e de nossa morte para o mundo conforme Gálatas 6; e algumas vezes sobre a vida pela morte do "grão de trigo" descrito em João 12:24. Porém é possível receber luz a respeito de todos esses aspectos da cruz e experimentar uma certa libertação através da verdade e mesmo assim não conhecer, bem lá no profundo do nosso ser, a retirada do EGO como centro em nossas vidas conforme o apóstolo coloca em 2 Coríntios 5:14. Em outras palavras, há mais profundo a ser tratado do que a morte para o "pecado” e para o "mundo". É o EGO, o EU. Será que a cruz já penetrou lá? É até a essa profundeza que precisamos chegar para trazer a cruz. Não há outro feio do Senhor liberar os seus rios de água viva ou de sermos trazidos ao lugar de autoridade sobre o poder das trevas, porque o EU está envenenado em sua fonte pela natureza caída do primeiro Adão. Irmãos e irmãs, esse é o sentido central da cruz.

Agora é verdade que na cruz nosso Senhor Jesus carregou nossos pecados levando-os, pagando por eles. É verdade que na cruz nosso velho homem foi crucificado e que nós fomos libertos do poder do pecado que habita em nós. Também é verdade que pela cruz fomos separados do mundo. O mundo irá olhar para nós como estando mortos e nós iremos olhar para o mundo como morto, é verdade. Porém é o EU, o EGO, que você precisa detestar. Não é algo fora de você. É a sua própria vida, você mesmo. O EU precisa ser crucificado na cruz. De outra maneira você não saberá o significado da cruz. O Senhor ilustrou essa verdade com um grão de trigo. Sabemos que, em primeiro plano, Ele estava se referindo a si mesmo quando usou aquela parábola porque Ele foi o grão de trigo que caiu na terra e morreu. Mas o princípio dessa verdade se aplica a todos nós. Deus muitas vezes usa coisas naturais, coisas terrenas, para ilustrar coisas celestiais porque os princípios são os mesmos. Ele disse: "Um grão de trigo..." Quando você olha para o grão de trigo ele pode até ter uma casca muito bonita, mas aquela casca é dura.

A vida do trigo está trancada dentro daquela casca e mesmo que você coloque o grão em cima de uma mesa e o deixe lá por cem anos, ele vai ficar lá sem mudar. A vida dentro daquela casca ainda estará vivendo, mas só haverá aquele grão vivendo sozinho lá. Para que ele se reproduza e multiplique o grão de trigo precisa cair na terra e ser enterrado nas trevas. A casca exterior irá se deteriorar e será destruída. Porém, a vida começará a explodir para fora da terra e produzirá a cem, sessenta e trinta por um.


O Caminho da Cruz

Agora é claro que isso se refere ao nosso Senhor Jesus porque antes de termos sido salvos nós éramos todos ervas daninhas. Não éramos nada. Tínhamos aparência de trigo comestível, mas, na verdade, não éramos nada além de ervas daninhas. Mas graças a Deus que Jesus Cristo foi o primeiro grão de trigo. Ele desceu do céu para a terra e da terra para as regiões inferiores. Ele morreu, foi sepultado, mas ressuscitou e em ressurreição Ele deu vida para muitos de nós. Hoje temos aquela "vida do grão de trigo" dentro de nós. Temos vida eterna em nós. Temos a vida do Espírito em nós. Temos a vida de Deus em nós. Dentro de nós há vida - a vida do grão de trigo, a vida de Cristo, a vida espiritual está em nós, em nosso espírito, mas por fora dessa vida está a casca.

A Vida da Alma

O que é aquela casca? Aquela casca é a nossa alma. A vida do espírito está envolvida pela vida da alma. Dentro de nós há a vida do espírito, a vida de Cristo, vida eterna, vida abundante, plenitude de vida, mas que tem sido aprisionada pela vida da alma. Enquanto estiver aprisionada pela vida da alma, a vida do espírito não terá chance de explodir e gerar mais grãos. De uma coisa precisamos nos lembrar: não é a alma que morre, mas a vida da alma. Às vezes as pessoas pensam que precisamos deixar a alma morrer, mas a alma é um órgão criado por Deus, e é uma parte muito importante do homem porque o homem é chamado de alma vivente. A alma nos dá a nossa personalidade. Podemos pensar, sentir, decidir a respeito das coisas, podemos raciocinar e escolher. Essas coisas representam nossa personalidade. Em outras palavras, a alma é a pessoa. Não é a alma que precisa ser destruída.


Não é a alma que precisa ser crucificada e jogada fora de maneira que você se tome uma pessoa desprovida de alma. Essa não é a vontade de Deus. É a vida da alma que morre.


O que é a vida da alma? A vida da alma é o EU – a natureza caída. O Senhor Jesus disse: "Quem quiser salvar sua vida perdê-la-á; quem perder a sua vida por minha causa, esse a salvará" (veja Lucas 9:24). A palavra vida lá é a mesma palavra para alma. É a vida da alma - o ego, Eu, o homem caído. Se você ama a sua vida da alma, você vai perdê-la. Se você tentar satisfazer ou realizar a sua vida da alma – seu ego, seu eu - então você irá perdê-la. Mas se você estiver disposto a perdê-la – como se você não fosse mais satisfaze-Ia, realizar-se nela - por amor de Cristo, você irá assim ganha-Ia para a eternidade.


Se alguém quer me servir, siga-me (João 12:26). Ele está nos chamando para seguir o caminho da cruz. Não é uma questão de ser liberto do poder do pecado; não é uma questão de apenas vencer as tentações que vêm de fora; mas é o morrer para nós mesmos. Talvez tenhamos experimentado o perdão, talvez tenhamos experimentado a separação, ou mesmo a libertação até um certo ponto, ou até vitória às vezes. Mas a menos que o ego seja colocado para morrer, a vida de Cristo não terá como fluir como rios de água viva Não é uma questão de estar morto para o pecado, é uma questão de estar morto para si mesmo, para o ego, o eu.


Quanto a cruz já trabalhou verdadeiramente em nossas vidas? Irmãos e irmãs, nosso problema mais profundo está aqui - não apenas individualmente mas como um corpo.


O Caminho da Cruz


Um dia, como Jó, teremos que dizer que abominamos a nós mesmos. Jó era um homem perfeito. Mesmo Deus pôde desafiar Satanás a respeito de Jó dizendo: "Observaste meu servo Jó?" (Jó 1 :8). Certamente que Satanás o tinha observado. Jó era um homem perfeito, justo e, contudo, o ego na vida dele era muito forte. Ele tinha justiça própria e esta justiça própria era muito forte nele. Todas as suas coisas poderiam ser levadas, todos os seus filhos poderiam ser retirados, sua esposa não podia tentá-lo, nem seus amigos podiam discutir com ele para derrotá-lo. Jó era pessoa tão perfeita, tão forte, com uma justiça própria tão grande, mas era do ego. Então Deus Se revelou a Jó e ele disse: "Eu te conhecia só de ouvir falar, mas agora os meus olhos Te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza." (veja Jó 42: 5-6). Irmãos e irmãs, se você possui um ego bonito, justo, você não irá se orgulhar de si mesmo? Você não pensa ser isto a vida? Porém, se esta não for vida de Cristo, você tem que morrer, caso contrário, não haverá esperança. Precisamos de uma revelação de Deus, a revelação de quem o EU é, do que somos, de nós mesmos. Precisamos de uma revelação a tal ponto que, ao olharmos para nós mesmos, nos assustemos, nos abominemos, nos odiemos. É só sob tal luz que estaremos dispostos a morrer diariamente. Como Paulo disse: "Para que possamos trazer em nosso corpo o morrer de Cristo para que a vida de Cristo possa estar nas pessoas". Isso é cruz.


O problema básico com os crentes hoje, especialmente com crentes que realmente estão procurando o Senhor é a questão do ego - aquele justo, perfeito e bom ego. Essa é a casca dura. Você nunca foi quebrado. Não houve nenhum barulho, não houve ferimentos, nenhuma cicatriz. Você é tão perfeito que nem mesmo Deus pode alcançar você. Talvez haja a vida de Deus em você, mas ela está aprisionada. Como precisamos da cruz trabalhando em nossas vidas. Essa vida da alma precisa ser perdida por amor a Cristo.

FONTE – A CRUZ, Stephen Kaung – Editora Restauração.

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